O fato de nos irritarmos quando alguém não satisfaz nossos
desejos, não realiza nossas vontades, quando não nos deixa passar à sua frente
em qualquer situação que se apresente, denota a importância que nos damos e que
nos julgamos merecedores. Pensamo-nos, de fato e de direito, sermos melhores do
que todos aqueles que de nós se aproximam, mais importantes para o outro do que
realmente somos. E isso faz com que nos imaginemos no direito de agir e julgar
conforme nossos parâmetros, tão nossos, tão melhores que os do outro.
Mas, o que nos faz pensar que somos os privilegiados,
aqueles que foram escolhidos para brilhar e ofuscar o outro, com o direito de sair
à frente de todos?
A soberba?
Quem foi que disse que devemos ser os primeiros em qualquer
lugar?
Quem o disse esqueceu-se de dizer que se todos nós nos
supomos merecedores do primeiro lugar, não haverá quem ocupe os demais. Ou não?
Quem ocupará o segundo, o terceiro se estamos todos no topo,
no ponto mais alto da importância humana, sem nos atermos a que existe uma gama
imensa de outros lugares, que vão até o infinito?
Por que será que nos endeusamos tanto, nos sentimos com o
direito de conseguir tudo de bom que há no mundo e não o outro?
Por que nos presumimos no direito de receber os créditos por
tarefas realizadas e das quais só participamos com caras e bocas e que denotam
o quanto estamos incomodados com tal situação?
O competir? Mas para que competir se o primeiro lugar já nos
coloca em situação privilegiada?
Andamos por falsos caminhos...
Atemo-nos à realidade assumida por nossas ações.
Incomoda-nos pensar que o primeiro lugar não nos pertence.
Na tentativa de deixar a justiça de lado, esquecemo-nos que
melhor que estar à frente de tudo e de todos, é assumir a responsabilidade de
ser aquele que dá o melhor de si, para que tudo seja feito da melhor maneira
possível.
Para si e para o outro. Sempre.
Como se possível fosse. Ou não?
Heloisa Pereira de Paula Reis
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