sábado, 29 de junho de 2013

Pontualidade


Não me importo de esperar vinte minutos com a mão na maçaneta enquanto diz que já está pronta para trocar novamente de vestido.

Não me importo de esperar dez minutos no saguão do cinema cumprimentando conhecidos e tentando segurar o refrigerante e dois baldes de pipoca enquanto vai ao banheiro.

Não me importo de esperar chegar em casa para que me diga quem é o amigo que a abraçou efusivamente na festa.

Não me importo de esperar três horas na salinha do hospital para saber se a nossa criança nasceu.

Não me importo de esperar as longas conversas de sua mãe sobre o meu temperamento.

Não me importo de esperar seu corte de cabelo, que sempre envolve pintura, hidratação e escova.

Não me importo de esperar a aprovação de suas amigas.

Não me importo de esperar nossos filhos regressarem das baladas para me enfurnar em seu cheiro.

Não me importo de esperar que tranque as portas antes de tirar o salto.

Não me importo de esperar que volte das lojas com as sacolas dentro das outras sacolas para parecer que gastou menos.

Não me importo de esperar que faça as pazes com Deus.

Não me importo de esperar quando arruma o armário e doa metade das roupas.

Não me importo em esperar que encontre a roupa que já deu na semana passada.

Não me importo de esperar que o filme acabe para namorar.

Não me importo de esperar que devolva as cobertas que rouba para seu lado de noite.

Não me importo de esperar você consultar suas mensagens antes de sair.

Não me importo de esperar sua irritação em dias de chuva.

Não me importo de esperar você nunca me retornar ligações depois das reuniões.

Não me importo de esperar que se acorde no domingo, com receio de que fique nublada.

Não me importo de esperar que o ciúme desapareça e volte a me ver como se eu fosse somente seu.

Não me importo de esperar sua TPM.

Não me importo de esperar o melhor momento para viajar.

Não me importo de esperar o tempo que precisa para descobrir que me ama. Ou o tempo que precisa para descobrir que não me ama.

Não me importo de esperar que venha de repente nossa música no rádio.

Não me importo de esperar as revelações de fotografias de sua máquina antiga.

Não me importo de esperar o embrulho de um presente.

Não me importo de esperar suas discussões de fim de noite.

Não me importo de esperar seu beijo de café cortado.

Não me importo de esperar sua ressaca depois da dança.

O que desejo dizer é que não precisa se apressar.

Nunca chegará atrasada porque sempre estarei a esperando.

Fabrício Carpinejar
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

On ou off. De que lado você está ?


As mudanças climáticas estão aumentando;
O trânsito está caótico;
As pessoas estão mais amargas; sabem buzinar, mas não sabem quando parar!

24 horas é pouco para responder todos os e-mails que recebemos.
Nossas redes sociais e nossos amigos, agora são virtuais.
Antes curtíamos a terra, o mato, o vento, a água, ou simplesmente uma conversa na cozinha, agora nós simplesmente damos um “curtir”!

Licença, por favor, obrigado, você primeiro e desculpe, são expressões que diminuíram em nosso vocabulário. Costumes que vão sumindo.

Nosso prazer não está mais em nossas relações e em nossas experiências, mas sim naquilo que consumimos. Nossa geração “Y” quer chegar ao topo na mesma velocidade de sua conexão na internet, mas não querem aprender coisas básicas tais como: arrumar a cama, fazer uma faxina no quarto, fazer as compras, fazer seu próprio alimento ou cuidar de um filho que, talvez, tenha chegado cedo demais.

As experiências não servem mais para nada. Os jovens querem chegar ao resultado sem saber fazer a conta. Afinal, para que ouvir os mais velhos se podem simplesmente consultar o amigo GOOGLE. Respeite os mais velhos, afinal eles têm mais experiência que você

On ou off - De que lado você está?
Está passando da hora de reiniciar!

Tudo pode ser diferente.
Basta você se ligar!
Não adianta você querer a SUSTENTABILIDADE sem SER SUSTENTÁVEL!
De que lado você está?

Consumir desnecessariamente pode ser evitado.
O desperdício deve ser combatido.
O colapso econômico do planeta não se resolve com a elevação das suas compras, mas talvez com o retorno às suas origens!
Humildes, sinceras, despretensiosas, colaborativas e autoprodutivas.

On ou off - De que lado você está?
Está passando da hora de se ligar!

Quem planta, colhe!
Onde se planta, tem vida.

Temos que ajudar o Planeta!
Temos que ajudar os filhos destes pais e os pais destas crianças!
Temos que deixar filhos melhores para que tenhamos netos melhores!

Sustentabilidade é isso.
Saber se desligar na hora certa e respeitar o meio ambiente.
Viver em comunidade e para a comunidade!
Buscar o crescimento, mas respeitando uma regra básica: “seu direito termina onde começa o do seu vizinho”!

Lembre-se: não existem flores sem sementes.
O mundo está ficando carente de gentileza e intolerância gera intolerância.
Somos capazes de reclamar uns dos outros, mas não somos capazes de devolver uma indelicadeza com um sorriso.
Isso é difícil, mas essencial.
Se não mudarmos, o mundo não muda!

On ou off - De que lado você está?
Está passando da hora de você se ligar. O nosso planeta não pode ser desligado! Então, se ligue!

Deivison Pedroza
*Presidente da Verde Ghaia


E se....

Quantas vezes deixamos de ser feliz por medo?


Quando a gente pensa que está chegando lá... surge a seguinte dúvida: E se...? E se o quê?
E se eu não conseguir?
E se ele não me ligar?
E se eu morrer?
E se eu ficar sozinha para o resto da vida?
E se eu não conseguir emprego?
E se eu não passar no concurso?
E se eu tomar muito sol?
E se eu for naquela festa?
E se eu amar demais? E de menos?
E se eu me entregar de cabeça naquela relação? E se não?
E se ele quiser voltar? E se não?

São muitas as dúvidas que nos paralisam quando o assunto é experimentar a vida em totalidade; e outras tantas oportunidades perdidas pela proporção que temos de só imaginar.

Se martirizar antes da hora, além sofrer por antecipação, anula o que realmente queremos pelo 'inesperado' "E se" que surge na hora errada... e, enquanto isso, o tempo acelera frente aos nossos olhos.

Agimos de forma incoerente conosco. Tudo se modifica e nós... permanecemos ali, intactos diante do espelho, carregando uma trajetória medíocre e levando na bagagem muitos desencontros. Mas de que vale?

É preciso resgatar uma saída quando se sente por baixo, quando as coisas não correm no ciclo que gostaríamos. E se eu for feliz? E se eu for muito feliz? Você já se perguntou isso?

Chega de derramar lágrimas inúteis, é hora de reinventar-se, é como diz aquela música: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima! Sem mais menções de 'E se'!

Nossa existência se limita ao hoje; o ontem não volta mais e o amanhã é um mistério assumido.
O Agora é que importa: é errar e saber tirar vantagem disso, afinal, nem sempre acertamos; é conviver com o inesperado sem cronometrar os minutos da ocasião; é ter várias interpretações de um mesmo contexto, sem se preocupar com o que os outros vão achar disso.

Não existe "se doar pela metade", ou você perde o controle - no sentido mais positivo da expressão - na vida, ou você escolhe 'vegetar' no mundo e passar despercebido.

Eu escolho passar a borracha no 'E Se...' e comecei a me surpreender com as respostas do universo, porque aprendi que regras nem sempre precisam ser seguidas.

Abrir o armário das exceções, também faz apimentar as relações humanas que mantemos uns com os outros.
Desabroche para o mundo que está além da sua janela.

Bibiana Benites

Sementes


Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!
Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.
Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...
Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.
Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...
Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...
Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...
Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...
Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Padre Fábio de Melo

Da cobra


Muitas vezes procuramos conscientemente algo que irá nos causar sérios problemas.

Eduardo Vieira conta uma interessante fábula a respeito.

Um homem cruzando uma tempestade de neve escuta um ruído. Vê uma cobra, ferida e quase morta de frio. “Me ajuda!”, diz ela.

“Você é perigosa”, responde o homem. “Não vê que estou quase morrendo, e não posso lhe fazer mal nenhum?”, implora a serpente.

Compadecido, o homem a recolhe, e a leva para sua casa. Durante algum tempo convivem em harmonia. Mas um dia, enquanto acariciava a cabeça da cobra, ele recebe uma mordida fatal. 

“O que é isso?”, diz o homem, a beira da morte. “Salvei sua vida, lhe dei comida, carinho – e agora você me envenena?” 

E a serpente respondeu: “Mas você sabia que eu era uma cobra, não sabia?”

Paulo Coelho

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A rua da palavra


O marido bate na mulher quando não tem mais palavras.

A mãe bate no filho quando não tem mais palavras.

O motorista sai do carro para brigar quando não tem mais palavras.

Manifestantes invadem lojas e depredam a cidade quando não tem mais palavras.

A palavra é o último reduto da sensibilidade. A fronteira derradeira.

Quem perde a palavra perde o respeito.

Quem perde a palavra perde o silêncio.

Quem perde a palavra perde o direito de protestar.

Quem perde a palavra perde a solidão, o lugar para voltar.

Quem perde a palavra perde a causa, perde o fôlego, perde a justiça.

Perde-se definitivamente.

A palavra é contundência. Depois dela, só vem a crueldade, a truculência, a covardia.

A palavra é firmeza. Depois dela, só vem medo e desconfiança.

A palavra é ouvinte. Depois dela, a memória desaparece.

A palavra é o rosto da voz, essa digital do vento. Depois dela, não restam traços, não resta tinta.

A palavra é responsabilidade, é decisão, é destino. Depois dela, o anonimato é inconsequente e criminoso.

A palavra é fé. Depois dela, seja o que Deus quiser.

A palavra é paz de estar com a verdade. Depois dela, vem o exagero, a distorção, a mentira.

Abdicar da palavra é entregá-la para os sinônimos errados, para as pessoas erradas.

A palavra é o quintal derramado na rua. Depois dela, as vitrines são becos.

A palavra é ter espaço para frente e para trás. Já a violência sem palavras é um avião que não recua, que não dá ré, que somente avança ao desastre.

A palavra é tempo oferecido. Tempo de justificar. Tempo de convencer. Tempo de explicar as escolhas.

Sem palavra, o tempo é ruína, o tempo é explosão, o tempo é avareza.

A palavra é confiança da resposta. Depois dela, somos animais. Só quebramos para mostrar força, só destruímos porque não entendemos o mundo.

A palavra é generosidade. Depois dela, só vem a soberba, a arrogância, o preconceito.

Palavra é vidro. Tem que se preservar inteira para não cortar.


Fabrício Carpinejar


terça-feira, 25 de junho de 2013

Do livro: Tempo de Esperas


"Eu ainda continuo na busca por mudar meu destino."

"A beleza anda de braços dados com a simplicidade."

"Dor que não recebeu o abrigo da palavra corre o risco de virar amargura."

"Só as flores respondem o que as palavras ainda não sabem perguntar."

"Ir embora é um processo que se dá aos poucos.Minha realização depende desta partida."

"Não se apresse em forjar as respostas para suas perguntas."

"É só modificar o jeito de olhar para a realidade."

"Quando amamos e somos amados, o futuro é apenas um detalhe, porque o presente torna-se imenso, determinante."

"Respostas apressadas são perigosas."

"Há pesos que só percebemos depois que deles nos livramos."

"Para quem tem no presente um amor a ser vivido, o futuro é apenas um detalhe que pode esperar."

"O fato é que um dia a gente acorda e percebe que a roupa não nos serve mais."

Padre Fábio de Melo


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um diálogo possível


Vivemos em uma época de constantes mudanças, em que estrutura familiar também é afetada. 
Na tentativa de incentivar os filhos e evitar um comportamento repressor, muitos pais sentem-se perdidos sobre quais medidas devem tomar ao educá-los. 
É importante que alguns princípios norteados sejam recordados, para uma educação saudável e fundamentada na realidade: Diga “não” à inversão de papéis. Filhos são filhos e pais são pais!

Os papéis não precisam se inverter. 
A vida familiar, como um todo, não deve girar única e exclusivamente em torno dos filhos em detrimento dos demais familiares e dos próprios pais.

Amar não significa atender a todos os desejos e anseios dos filhos. 
Muitos pais, não querendo que seus filhos enfrentem as dificuldades que eles mesmos viveram em sua infância, acabam por dizer “sim” a todos os desejos e caprichos. 
Criam, sem perceber, uma pessoa egocêntrica e arrogante, incapaz de lidar com respostas negativas e com a frustração.

Amar é, também, colocar limites
A frase “Nós amamos você, mas não concordamos com seus erros e vícios” precisa ser assumida por pais que queiram filhos maduros. 
O limite é educativo, pois tem implícito em si uma mensagem: você não é o centro do mundo!

Ninguém educa filhos saudáveis e autoconfiantes apenas com criticas. 
No entanto, somente com elogios e mimos, você não cria pessoas aptas a suportarem as contrariedades da vida. 
O segredo para uma boa educação dos filhos está no equilíbrio. São dois temperos que precisam ser bem dosados, constantemente.

Você educa mais com o exemplo do que com as palavras. No final de tudo, restará aquilo que você ensinou sem nada dizer: um gesto de honestidade, de fidelidade, de fé, de superação e de gratuidade tem o fantástico poder de moldar sadiamente o caráter de nossos filhos!

É sempre bom recordar: enquanto seus filhos estiverem sob seus cuidados, morando sob o mesmo teto, eles têm, sim, regras a obedecer. Horário para chegar, dizer aonde vão, quem são seus amigos e amigas. Informações básicas que, por mais que não agradem os filhos, fazem a diferença quando o assunto é cuidado integral. 
Eles podem até não concordar com tamanha preocupação, mas, lá adiante, quando tiverem seus próprios filhos e filhas, irão agradecer porque além se preocupou com eles. 
Afinal, quem ama, cuida, zela, aponta caminhos.
No entanto, não existem fórmulas mágicas na educação dos filhos. 
O que existe é a reta intenção de sempre acertar. O maior tesouro que você, como pai e mãe, poderá deixar a seu filho é a formação do caráter. 
Coisas materiais serão esquecidas com o passar do tempo, mas os ensinamentos que formam a mente e o coração permanecem para a vida toda como um tesouro de inestimável valor.

Pe. Sérgio Jeremias de Souza - Revista Ave Maria


sábado, 22 de junho de 2013

Acontece com qualquer um

Ela estava insatisfeita com pequenos detalhes e se calou. Fingiu não ver o que a incomodava, pensou ser uma fase ruim. 

O tempo passou. 
A distância entre eles aumentou. 
Os compromissos sempre em primeiro lugar. 
A falta de tempo era a desculpa mais usada para justificar a ausência. 

Culpa de quem? Da modernidade? Dele? Dela? 
Não sei dizer. Só sei que o coração já estava aflito, muito aflito. Ela já não tinha forças para fazer mais nada. 

Estava cansada de lutar. Falar mais o quê? Sentimentos não podem ser cobrados como se fossem contas a pagar. 
Aonde foi parar aquele amor? Aonde será que se escondeu aquele homem por quem ela se apaixonara? E a euforia dos reencontros? A ansiedade pela chegada dele?

A saudade estava doendo tanto que até lhe faltava o ar. 
Era uma saudade de momentos que se perderam no tempo. 

Fisicamente, ele estava ali, mas o olhar não a buscava mais com a mesma urgência de antes. 
A razão o fez cego. 

Ela se deixou levar pelas ocasiões e foi conivente com o comodismo. O amor? 

Este pede pausa para descanso. 
Preferiu esperar pela recuperação da morada: o coração. 

Os mortais tentam se reencontrar nesse caos. 
Lutam para desembaraçar os seus caminhos. Desistir? Jamais! 

Desistir de nós mesmos, do amor é o mesmo deixar de viver. 
Respire, levante o olhar e permita que a vida retire o véu que confunde sua alma.

Aline Cabral  - Nossas Letras 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Agenda do Prazer


"É idosa, mas o seu rosto é tão calmo! As dificuldades não a pouparam, mas parece ser superior a todas as preocupações e a todos os aborrecimentos que são o quinhão das mulheres."

Assim falava uma pessoa que se impacientava facilmente.

Perguntou à velha senhora o segredo da sua felicidade.

Com um sorriso luminoso, esta última respondeu-lhe:

- Cara amiga, tenho a minha Agenda do Prazer.

- O quê?

- A minha agenda do prazer. Há já muito tempo que aprendi isto: nenhum dia é assim tão triste que não tenha algum raio de luz, e comecei a escrever todas as pequenas coisas boas que me aconteciam.

Desde que saí da escola, mantive fielmente todos os anos a minha agenda em dia.

Contém muitos detalhes insignificantes: um vestido novo, uma conversa com uma amiga, uma atenção do meu marido, uma flor, um livro, um passeio de carro, um por do sol, a lua cheia, um bom almoço, tudo isto está na minha agenda e quando me sinto um pouco triste ou com o moral em baixa, releio algumas páginas para me rememorar que mulher feliz eu sou.

Mostro-lha, se isso lhe interessa.

A mulher descontente e entediada pegou na agenda que lhe estendia a amiga, e virou lentamente as páginas.

Num dia, líamos isto: "Recebi uma carta amorosa de minha mãe, vi um lindo lírio, brinquei com uma criança na rua, tomei chuva. 
Encontrei a joia que pensava ter perdido. 
Encontrei uma jovem alegre e bonita. 
O meu marido trouxe-me rosas hoje à noite.
Ouvi uma música que me encheu de alegria "

Fragmentos de leituras feitas durante o dia também figuravam na agenda, de tal maneira que esta última era uma mina de verdade e de beleza.

- Descobriu um prazer todos os dias para anotar? perguntou a amiga ansiosa.

- Sim, todos os dias; queria que a minha teoria se tornasse uma realidade, foi-lhe respondido com uma voz grave.

A outra continuou a virar as páginas e chegou a uma que continha estas palavras:

"Morreu segurando a minha mão na dele e o meu nome nos seus lábios."

Até a morte contém a sua parte de positivo.

Até os nossos desassossegos são mensageiros e professores, mas para isso é necessário saber descodificar as suas mensagens.

Será que você também tem uma Agenda do Prazer?

Mesmo que não tenha fisicamente uma, todas as noites, antes de adormecer, pense em todos aqueles prazeres da vida e faça um álbum mental de felicidade.


Autor desconhecido

terça-feira, 18 de junho de 2013

A vida é isso...

"Quando pequeno eu ia pra praça, via a paineira, eu não conseguia subir na paineira, tinha aqueles espinhos na paineira. 
É uma árvore cheia de espinhos, espinhos grossos. 
Sempre pensei, “Ai que árvore triste, ninguém sobe nela.” Me dava uma compaixão daquela árvore. 

Quando adulto, na mesma praça, quando eu estava embalando meu filho, embalando, no balanço, eu vi uma criança subindo a paineira, e ela subia a paineira de um jeito que eu nunca tinha imaginado, usando o próprio espinho como degrau. 

Daí eu me dei conta, a vida é isso! Usar a dor para subir mais alto. O espinho não nos atrapalha."

 “A vida é feita de escolhas porque a gente escolhe a própria casualidade. A gente tem o direito de escolher o nosso destino. 

E nunca recuse uma tristeza, porque com certeza ela servirá de apoio para uma alegria!"


Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Saudade


Há quem diga que é bom sentir saudade; esse alguém não sou eu. 

Saudade é boa e poética para quem tem a possibilidade de matá-la. 

Do contrário, é ela que mata a gente de mansinho, assim como ferrugem em contato com o ar. 

Preferiria viver a poética da presença à saudade. 

Me parece mais harmônica e até mais justa. 

Porém, como não me cabe escolher, fiz por companhia a ausência que habita em mim. 

Vivo acompanhada de quem não se vê.

Heloísa Bittar Gimenes - Nossas Letras

domingo, 16 de junho de 2013

Mais Saudades....

Minha Tia Gilberta, querida....

Até o céu; lá nos voltaremos a ver, ensinam os santos.
 
Que grande felicidade será para nós poder encontrá-la, depois de ter chorado tanto a sua ausência!

A saudade é amarga e as lágrimas não podem deixar de rolar quando perdemos uma pessoa querida. Chore, pode chorar, pois chorar não é um mal, Cristo chorou quando perdeu o amigo Lázaro.

Fé não é insensibilidade e dureza de coração. Pode chorar, mas chore como quem tem fé na ressurreição.

Podemos chorar os mortos; as lágrimas são o tributo da natureza, mas sem desespero e sem desilusão.
Veremos os mortos na eternidade.

Diante da morte da pessoa amada, é preciso ver e contemplar Nossa Senhora aos pés da cruz do seu Amado. Ela perdeu o Filho Único, que é Deus, e que foi morto de uma maneira tão cruel como nenhum de nós o será. Ela perdeu muito mais do que nós e não se desesperou.
Certamente chorou muito, mas nunca se desesperou e nunca perdeu a fé... [Felipe Aquino]

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer".

A morte e a vida não são contrárias. São irmãs.

A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 

Santa Teresinha disse ao morrer: “não morro, entro para a vida”.

sábado, 15 de junho de 2013

Olha pra mim

Olha pra mim. Quero ver se tu consegues. Olha sem medo. Sem mágoa. Sem rancor. Sem culpa. Sem ressentimentos. Sem arrependimentos. Olha no fundo dos meus olhos.

O vento leva as palavras. O tempo faz morrer a esperança. Os dias se tornam longos demais para um coração aflito. Palavras reconfortantes se tornam insignificantes. Caos. Vazio. Turbulência.

Olha pra mim. Não sei se és capaz. Tira essa máscara. Tira o véu. Tira a nuvem. Olha no fundo do meu coração.

Os livros foram guardados. Os bilhetes foram escondidos. O coração dilacerado.

Olha pra mim. Vamos lá, olha pra mim agora! Verdadeiramente. Olha no fundo da minha alma. E me dá, pelo menos, a certeza absoluta e completa de que não estavas fingindo.

Clarissa Corrêa

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Só porque estou vivo

- Eu retribuo o sorriso. Eu correspondo ao abraço. Eu digo sim. Eu quero sim. Eu sinto sins. Só porque estou vivo.
- Tinha esquecido do perigo que é colocar o seu coração nas mãos do outro e dizer: toma, faz o que quiser.
- Sempre há alguma coisa que falta. Guarde isso sem dor, embora, em segredo, doa.
- Livrai-me de tudo que trava o riso, amém!
- Livrai-me, Senhor, de tudo aquilo que for vazio de amor.
- Decepções são apenas uma forma de Deus dizer: eu tenho algo melhor para você.
- Não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. 
Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda.
- 'E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo: - Amanhã fico triste, hoje não.
- Nem que eu lute contra mim todos os dias. As coisas vão mudar.
- Deus sabe quem colocar na sua vida, da mesma forma que sabe quem tirar.
- Desnecessário é sofrer por alguém que você sabia que nunca iria dar certo.
- Pare de correr atrás, pare de se importar. Seja indisponível, desapegue. 
Pessoas gostam, do que não têm.
- Você se foi e eu afundei numa melancolia de dar gosto.
- Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa.
- Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? (...)

Caio Fernando de Abreu

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Mensagem especial para os namorados

A preparação para o seu casamento começa no namoro, quando você conhece o outro e verifica se há afinidade dele com você e com os seus valores.
Se o seu namoro for sério, seu casamento não será um tiro no escuro, e nem uma roleta da sorte. O seu casamento vai começar num namoro. 
Por isso, mão brinque com ele, não faça dele apenas um passatempo, ou uma “gostosa” aventura; você estaria brincando com a sua vida e com a vida do outro. 
Só comece a namorar quando você souber “porque” vai namorar. 
Mais importante do que a idade para começar a namorar, 15 anos, 17 anos, 22 anos, é a sua maturidade. 
A idade em que você deve começar a namorar é aquela na qual você já pensa no casamento, com seriedade, mesmo que ele esteja ainda longe.

Quando você vai comprar um sapato ou um vestido, não leva para casa o primeiro que experimenta, é claro. Você escolhe, escolhe… até gostar da cor, do modelo, do preço, e servir bem nos seus pés ou no seu corpo. 
Se você escolhe com tanto cuidado um simples sapato, uma calça, quanto mais cuidado você precisa ter ao “escolher” a pessoa que deve viver ao seu lado para sempre, construir uma vida a dois com você, e dando vida a novas pessoas.
Talvez você possa um dia mudar de casa, mudar de profissão, mudar de cidade, mas não acontece o mesmo no casamento. 
É claro que você não vai escolher a futura esposa, ou o futuro marido, como se escolhe um sapato. Já dizia o poeta que “com gente é diferente. 

Mas, no fundo será também uma criteriosa escolha”. 

Prof. Felipe Aquino



terça-feira, 11 de junho de 2013

Estourou, e agora?

“O reservatório emocional é como um saco, com capacidade-limite. 
Quando cheio, explode e joga nos outros o seu lixo emocional: tensões, frustrações, lembranças, dores não faladas e não protestadas, rejeições acumuladas, tudo voa furiosamente pelos ares.” 
Lá em casa tem brigas, sabia?!” Para o escritor Peter Wyden, a concepção de que, no lar, um clima emocional desprovido de brigas e tensões trará uma autêntica harmonia não passa de um mito despropositado, nascido da ignorância das realidades psicológicas dos relacionamentos humanos.

[.......]

O combate familiar é uma realidade. Encontramo-nos, emocionalmente, despreparados para o conflito e o manejo com sentimentos hostis.
Somos “treinados” para lidar com pessoas alegres, amorosas e realizadas. Situações de confronto com sentimentos agressivos nos deixam taquicardíacos, cegos na razão e congelados na emoção. 
Na briga íntima, ficamos sem teto, nem chão.

Será que a doce harmonia familiar existe? A convivência real rompe com o mito da eterna paz e nos alfabetiza a lidar com raivas, tristezas, mágoas e frustrações. 
Nascemos psicologicamente imaturos.
Na escola do convívio, amadurecemos ou não. 
Na cartilha da vida, experimentamos a polaridade dos sentimentos: tristeza e alegria, ódio e amor, realização e frustração, agressividade e doçura.

Por que brigamos? − Uma figura pode ajudar a compreender a briga. Pegue um saco de lixo cheio de entulhos. Não há mais espaço e você continua empurrando dejetos para dentro, ignorando a capacidade real do saco. Bum! Estourou! Caiu lixo por todo lado, nos pés, no chão, estrago feito. 
Você enfurece, xinga. Poderia, porém, ter respeitado a capacidade-limite do saco.

As brigas são assim: explode o saco da queixa, da mágoa, da raiva. 

O reservatório emocional é como um saco, com capacidade-limite. 
Quando cheio, explode e joga nos outros o seu lixo emocional: tensões, frustrações, lembranças, dores não faladas e não protestadas, rejeições acumuladas, tudo voa furiosamente pelos ares. 
É assim que se inicia o combate familiar. 
Segundo Peter Wyden, pessoas íntimas e honestas não podem ignorar seus sentimentos hostis, pois estes sentimentos são inevitáveis.

Crescer com as brigas − Pessoas íntimas brigam. 
Há momentos em que a batalha conjugal hostil aproxima as pessoas de forma doida, às vezes doída e machucada. 
Casais digladiam-se e depois têm intenso momento. 

A briga faz crescer quando se souber extrair, do bate-boca, informações úteis para o autoconhecimento, como:
*Identifique o lixo falado, as velhas mágoas mofadas, as raivas corrosivas verbalizadas.
*Reconheça as palavras ásperas que revelam as frustrações.
*Aceite que possui sentimentos hostis, agressivos. Segundo George R. Bach, quase todo mundo experimenta dificuldade em administrar sentimentos hostis, até para si mesmo. Isso faz parte do constrangimento que o ser humano sente em relação ao seu lado agressivo inato. É, portanto, com frequência que as pessoas transferem suas hostilidades para os outros.
Íntimos aprendem a reconciliar.

O combate familiar sadio supõe controle no confronto, cuidado no ataque, amparo na queda.
*Situações de ódio severo, agressões físicas, requerem tratamento psiquiátrico. Brigas têm limites!
*Civilize a raiva e a impulsividade.
*Preserve a espontaneidade de falar o que sente e pensa.
*Faça concessões, viabilizando uma convivência que favoreça as diferenças.
*Aprenda a ceder quando a colisão ficar acentuada. Conserve sua identidade
*Procure sempre compreender a razão da briga.
*Transforme brigas em pontes de conhecimento mútuo, crescimento e aproximação.
*Faça de sua casa um lar. Evite morar em castelos de areia.
*Torne-se íntimo e amoroso.
*Aprenda a aparar suas arestas
*Recicle seu lixo emocional.

Acredite: “Não pode existir um relacionamento maduro entre pessoas íntimas sem que ocorra um nivelamento agressivo, sem que o parceiro coloque tudo para fora, se expresse, pergunte ao outro o que está incomodando e negocie ajustes realistas das diferenças”, Peter Wyden. 

Diz a sabedoria popular: uma briga por dia é bom, mantém o médico afastado.
Reze! Perdoe! Ame! Amém!

* Cleusa Thewes é terapeuta familiar, especialista em orientação familiar.

Fonte: Família Cristã 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Tristeza

Quando triste, fique realmente triste, mergulhe na sua tristeza.

O que mais você pode fazer quando estiver triste? A tristeza é necessária. Ela é muito relaxante,uma noite escura que o envolve. Adormeça com ela, aceite-a e perceberá que, no momento em que aceita a tristeza, ela começa a ficar bela.

A tristeza é feia porque a rejeitamos; em si mesma, não é feia. Uma vez aceita, você perceberá quanto ela é bela, quanto é relaxante, calma, serena, silenciosa. Ela tem algo a dar que a felicidade nunca poderá dar. Escute o que a tristeza quer lhe dizer.
A tristeza dá profundidade, a felicidade dá elevação.
A tristeza dá raízes, a felicidade dá ramos. 
A felicidade é como uma árvore dirigindo-se ao céu, e a tristeza é como as raízes dirigindo-se ao útero da terra. 
Ambas são necessárias, e quanto mais alto a árvore, maiores serão suas raízes. Na verdade, sempre há uma proporção. Esse é o seu equilíbrio.

Você não pode trazer o equilíbrio. O equilíbrio que você traz não tem utilidade, será forçado. O equilíbrio vem espontaneamente; ele já existe.

Na verdade, quando você está feliz, você fica tão extasiado que se torna cansativo. 
Você já percebeu? 
O coração imediatamente se move para outra direção, ele lhe dá um repouso. 
Você o sente como tristeza. Ela está dando um repouso a você, porque você estava ficando muito excitado. Ela é medicinal, terapêutica. É como quando você trabalha duro durante o dia e, à noite, cai profundamente no sono. 
Pela manhã, você estará novamente rejuvenescido. 
Após a tristeza, você ficará novamente rejuvenescido, pronto para ficar excitado e feliz novamente.

Osho

Arte da tolerância

Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o divergente. 
Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e idéias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto.

Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade. Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse não é a verdade”. O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Anunciei o que me foi revelado pelos céus!” O objetante retrucou: “Existem três verdades.

A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira”.

Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Assim ocorre com Bin Laden, ao manter-se intransigente e não admitir os direitos dos não-muçulmanos, e com Bush, ao decidir que suas armas são o melhor argumento para convencer o mundo de que a Casa Branca tem sempre razão.

Todo intolerante é inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como náufrago à tábua que o mantém à tona. 
Não é capaz de ver o outro como outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo ou, como diz um personagem de Sartre, “o inferno”. Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.

O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. 
Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.

Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por são Paulo no Hino ao Amor da carta aos Coríntios: “é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. 
Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a verdade. 
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice. 
O tolerante não desata tempestade em copo d’água, não troca o atacado pelo varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe. 
Jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter princípios e agir conforme a sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.

Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu. 
Quem somos nós para, em nome de Deus, decretar se esses são os eleitos e, aqueles, os condenados?
Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. 
Porque quem ama não contabiliza ações e reações do ser amado e faz da sua vida um gesto de doação.

Frei Betto


domingo, 9 de junho de 2013

Vontade de ser feliz


Ando com tanta vontade de ser feliz
Aprendi que a gente não se deve acostumar com a dor,
a gente até pode, mas não deve. 
Como outras coisas nessa vida:
Aprendi que o primeiro clarão do sol
faz as sereias irem de volta pra casa.
E que ficar de mal dura apenas até a vontade de riso.
Que saudade é um aperto bem no meio do seu sossego.
E abraço é também morada pro coração.
Que carregar sonhos faz bem pra gente, 
mas que se esquecê-los, acontecem mais rápido.
Que um sopro não apaga só uma vela. 
Um sopro reacende o que for pra ficar.
Que coisas pequenas ficam grandes quando olhadas com olhos de dentro.
Que sentir pouco é muito e que uma pessoa, só uma pessoa no meio de bilhões, muda tudo.
Vou plantar um pé de bolha de sabão no meu quintal,
Pra levar esse mundo dentro de uma bolha
Ou então sair por ai flutuando levinho... 

Vanessa Leonardi


sábado, 8 de junho de 2013

Beleza real é aquela que não morre

Eu admiro a beleza. Gosto de coisas bonitas. Aliás, qual mulher não gosta?
Creio que todas as mulheres querem uma casa bonita. Então ficamos admirando aquelas casas lindas que vemos por aí pelas revistas, pela internet... ou na vida real, família e amigos, talvez?

Mas eu penso também que de nada vale ter tanta beleza à volta e não ter o mais importante: Deus. De que vale tudo isso sem Ele?

É isso o que muitos não entendem ao achar que os pobres são infelizes porque não tem muitas posses, muito dinheiro, muita beleza à volta deles. Mas é preferível mil vezes não ter dinheiro e ter Fé, do que ter tudo no mundo e ser morto espiritualmente.

Não há dinheiro que compre uma consciência tranquila depois de uma confissão bem feita! 
Não há dinheiro que compre o enlevo que sentimos ao comungar bem. 
Não há dinheiro que pague o sorriso de uma criança amada ao ser batizada*.
Não há paz sem Deus. 

A verdadeira riqueza é a interior. 
Tesouro bom é aquele que a traça não rói... 
Beleza real é aquela que não morre.

*Quando meu filho foi batizado aconteceu algo muito bonito. Ele estava dormindo e quando a madrinha o posicionou em cima da pia batismal e o padre jogou água na cabecinha dele, ele fez um bico de choro e imediatamente depois abriu um sorriso. 

Foi lindo demais! Ele recebeu o Espírito Santo e sorriu. Deus é bom.

Andrea Patrícia

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Vamos para a Casa do Senhor


Deve ser da idade, mas estava aqui a pensar que o tempo vai passando, e que se vai aproximando o tempo de partir desta vida.

Claro que este aproximando não é nos dias, nem nos anos mais próximos, penso eu, mas curiosamente, ou talvez não, a ideia da morte é algo que se vai cruzando comigo, sem qualquer drama ou tristeza, mas apenas como algo inevitável à condição de estar vivo neste mundo.

Não tenho qualquer preocupação com isso e será quando Deus quiser, apenas cuido de vigiar e orar para estar pronto para daqui a pouco, daqui a um mês, daqui 30 anos!

Mas enquanto pensava nisso, veio à minha memória um cântico que muitas vezes entoo em surdina, nos mais diversos momentos.

«Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor.
Os nossos passos se detêm às tuas portas, Jerusalém.»

Realmente, pensei eu, gostaria que fosse uma alegria, sobretudo porque naquele dia e naquela hora, os meus passos, pela graça de Deus, não se deterão às portas, mas entrarão decididos na Casa do Senhor, porque será Ele que os conduzirá.

E essa alegria, gerada pelo amor, será então para sempre!

Que bom é estar vivo e saber que Ele está connosco, nos ama, nos conduz e nunca nos abandona!

Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O outro Brasil que vem aí

Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.

Gilberto Freyre
Poema escrito em 1926 e publicado no livro "Poesia Reunida"


20.000 visitas!


A gente não precisa aprender da forma mais difícil

A vida me faz pensar na morte. A linha é tão tênue. O que nos separa do outro lado é um quase nada. Coisa pequena. 
Somos frágeis, pequenos perto desse mundão. 
Valorizamos nosso corpo quando algo ruim nele se instala. Uma enfermidade, uma simples dor de cabeça ou um câncer raro.

Infelizmente, o ser humano valoriza tudo que tem quando se vê em uma encruzilhada. 
A possibilidade de perder algo ou alguém é o que nos faz ter medo. 
O beijo que você deu em quem ama pela manhã pode ter sido o último. Mas, ocupados e cegos, não paramos para pensar nisso. 
Posso morrer ao atravessar a rua. 
Posso descobrir uma doença incurável. 
Posso sofrer com dores avassaladoras. 
Ou posso viver muitos e muitos anos sem valorizar quem tenho na vida.

Não é à toa que quem fica muito doente passa a enxergar a vida com outros olhos. 
Olhos mais puros, talvez. 
Olhos mais francos, certamente. 
Olhos mais vivos, pode crer. 

Quem adoece não quer perder um segundo. 
Quer amar, conhecer o outro e a si mesmo, deixar algo para os dias que virão. 
Me pergunto: temos que sofrer para aprender? Não podemos valorizar o simples e o comum sem dor?

Por que você não se preocupa com o outro, com o mundo, com a sua saúde física e mental, com a sua alma, com a natureza e com tudo que te cerca hoje? 
Por que uma tragédia precisa acontecer para você dar importância para as coisas? 
Por que você não pensa que pode ajudar as pessoas doando sangue? 
Por que você não pega uma cartinha nos Correios e ajuda uma criança? 
Por que você não diz para a sua família que quando morrer quer doar seus órgãos? 
Por quê?

A gente precisa, com urgência, deixar o egoísmo de lado. 
Olhar para a vida e enxergar o que está ao nosso redor de fato. 
Sem véu, sem máscara, sem make up. 
Olhar nu, olhar cru, olhar limpo. 
E entender que a luta é diária. Que nem sempre é fácil viver.
 Que tropeços virão, sim. Que apesar de tudo vale a pena. 
E que a gente não precisa aprender da forma mais difícil e dolorosa.

Clarissa Corrêa 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Na casa do amor

Minha mãe sabe das minhas vontades
Do meu gostar, do meu querer
Minha mãe sabe a hora que eu levanto, a hora que durmo
Sabe o que vai dentro, no bolso, grudado na alma 

Minha mãe ouve meus apelos mudos. Ela sabe do meu medo do escuro
Do meu medo de crescer e não ter mais espaço pra moleca travessa
Minha mãe entende de ternura. Mas também sabe onde colocar a palavra não

Ela impede os meu gritos. Ela abafa os meus medos
Ela borda cuidados, tinge de azul pensamentos ruins
Ela faz preocupação virar marmelada
Converte dor em amor

Tem sempre remédio pra tudo
Tem até licorzinho pra levantar baixo-astral
Tem sorrisos e suspiros em potes
Tem até prosa gostosa no café da manhã

Minha mãe cultiva jardins na alma da gente
Na minha ela plantou um girassol
e me fala de cores, de sonhos, de vida

Me fala de Deus como se fosse alguém da família
E me fala em esperança, essa palavra tão linda

Me perdoa as artes, as teimas, as manhas
Empresta o colo pra eu chorar as mágoas
Me oferece o ombro, a cama e a calma

Diz que é pra eu ter paciência, afinal, tudo passa
Me cerca de intenções bonitas

Acredito que toda mãe tem um fiozinho ligado a Deus.

A você, mãe, que me ensinou o caminho do amor, eu agradeço.

Cris Carvalho


Saudades do simples da vida

Sinto saudades de quando o mais o importante para mim, era uma folha e um lápis, e tudo o que eu precisava era desenhar, para depois mostrar o desenho para minha mãe, meu pai, minha família..

É… o que a atualidade tem feito com a gente ? Aquilo que era o necessário, hoje, nem se quer mais é lembrado, estamos tão preocupados com o amanhã, que simplesmente esquecemos de viver o agora, e dar a atenção merecida aos momentos que passam e não voltam mais.
A sociedade tem nos obrigado de uma forma tal, a acharmos que precisamos de carros novos, roupas de marca, maquilagens novas, bolsas caríssimas, comidas absurdamente caras em restaurantes, e esquecemos de quando a melhor comida do mundo, era aquela que comíamos na casa vovó, e aquela que nossa mãe fazia quando estávamos morrendo de fome.

Mas a culpa não é só da sociedade, também temos essa parcela de culpa, de deixar aquela humildade infantil, de quem pouco conhecia o mundo, mas na verdade o conhecia melhor do que hoje, esquecida dentro de nós, e tentar preencher este vazio gastando dinheiro com futilidades, correndo atrás do vento! Não deixe que a futilidade te torne uma pessoa fútil, não dê tanta importância as futilidades, dê sim importância aquelas coisas que no fundo você sabe que irão te dar muito mais felicidade e menos trabalho, e que você levará por toda a sua vida.

Lembre-se do tempo em que a vida era simples de ser vivida, e traga isto para os seus dias de hoje! Não deixe de lado a suas responsabilidades adquiridas, mas só não esqueça, que isto tudo, irá passar. 
Viver não é só correr atrás do vento, e estar com as coisas do ano, a vida é observar aquelas simples coisas, que geralmente, estamos muito ocupados para enxerga-las . 
O tempo que passa, não volta mais.
“Viva a vida, não deixa que a vida te viva!”

Do Blog We in the tape!

terça-feira, 4 de junho de 2013

O homem bom também é provado

Devemos refletir sobre a nossa vulnerabilidade diante dos acontecimentos do nosso dia a dia e de como todos nós estamos expostos às provações, mesmo que pratiquemos “obras de justiça”. 

Tobias, homem justo e que tinha o coração voltado para servir a Deus através do próximo, experimentou a cegueira por causa de um dejeto de passarinho que lhe caiu nos olhos. 
Um incidente que pode acontecer com qualquer pessoa comum. Desta forma Tobias já estava, há dois anos, tentando curar a cegueira de que foi acometido, mas mesmo assim ele mantinha-se firme e temente a Deus recusando qualquer espécie de favorecimento que não estivesse em conformidade com a lei do Senhor. 
 
A mulher de Tobias, Ana, no entanto, caiu na armadilha do inimigo que também, muitas vezes, nos questiona e nos leva a pensar se vale a pena ser fiel a Deus e levar uma vida honesta dentro do sentido da caridade. 

Às vezes, nós também só admitimos praticar a justiça e ajudar às outras pessoas quando tudo está correndo maravilhosamente na nossa vida. 
Esperamos ser recompensados pelas nossas boas obras e não percebemos que elas são um meio para que alcancemos a santidade e não nos isentam de passar por dificuldades e tribulações

O caminho da salvação passa pelo sofrimento, pela dificuldade e pelo exercício das nossas virtudes
Se não fossem as nossas provações nós não teríamos a dimensão do nosso grau de fé e de confiança nos planos de Deus. 

Também o tempo em que passamos enfermos é precioso para que possamos treinar a nossa paciência, aceitação, humildade e também para fazer crescer aquelas pessoas que se dispõem a nos ajudar. 

Se pensarmos assim talvez consigamos ultrapassar esses momentos da nossa vida com mais conformação esperando o livramento do Senhor.

– Você já passou por alguma dificuldade desse tipo? 
– Você se considera isento de provação por ser uma pessoa justa e temente a Deus? 
– Você sabe se deixar cuidar pelos outros quando está enfermo? 
– Você admite passar pelo sofrimento sem reclamar?
Reflitamos....

http://www.umnovocaminho.com



segunda-feira, 3 de junho de 2013

O encanto nosso de cada dia


A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura.
Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência.

Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado.
Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia.
Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado.
Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.

O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar. Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre.
O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida.
O encanto alivia a existência...

Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!

Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto...

Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza.

Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.

Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida.

Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.

Há uma beleza escondida nas passagens...

Vida antiga que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem. Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna. Nem felicidade.

Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos...

E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar.

Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando...

Uma redenção está sendo nutrida nessa hora...

Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só pra você. Ele só é encantado porque você não o possui.

E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.

Padre Fábio de Melo

domingo, 2 de junho de 2013

Ele não sabe


Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada.

Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto.

Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco. Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos. Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim.

Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.

Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.”

Marla de Queiroz