terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Arreda, 2013!


Mineiro que é mineiro, quando quer apartar, remover alguma coisa de um lugar para outro, diz “arreda”. 

Passagem de ano, então, é arredar o ano que passou a fim de dar espaço para o outro que chegou, de acordo com o nosso calendário. Arredamos 2013. 
Resta, agora, encarar 2014. Provavelmente será um ano igualzinho ao anterior. Mais um ano feito de dias, porém dias que se repetem sem serem ameaçados pela repetição. 

Os dias, na verdade, são iguais. Mas nós fazemos alguns deles mais festivos, de acordo com a nossa cultura e, sobretudo, conforme o nosso estado de espírito: realizando viagens, apreciando paisagens, comemorando a efeméride humana. 
Consumimos, assim, o bolo da vida, datando cada fatia em dia, mês e ano. 

Para Carlos Drummond de Andrade, quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Indivíduo que, continua Drummond, industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão: doze meses dão para qualquer pessoa se cansar e entregar os pontos. 

Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente.

Eh! Se você pensa como Roberto Carlos, daqui pra frente tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente. 
Seu orgulho não vale nada. Nada! Nada! Essa, uma boa dica para começar o ano: nosso orgulho não vale nada. Nada! Nada!...

Um amigo meu, holandês, me disse que, para ele, na terra onde ele nasceu, a Torre de Epe, no meio da floresta de pinheiros natalinos, é símbolo de que, para os homens de boa vontade, tudo aponta para o alto. 

Desejar feliz ano-novo é desejar ano bom. 
E ano bom significa poder dizer boa-noite, toda noite, em casa, de boa vontade, o ano inteiro. 
De novo ele, Carlos Drummond, acredita que este mundo pode mudar, para ser do jeito que Deus desejou: sinal do seu reino entre nós. 

Então, venha a nós o vosso reino! Feliz 2014!

Prof. Antônio de Oliveira
http://www.nsrainha.com.br

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Despedida...


O ano aos poucos se despede...
Levando tudo que fez e aconteceu.
Levando lindas datas, comemorações... alegrias e tristezas... pensamentos... histórias de encontros e desencontros... de chegadas e partidas... de tudo um pouco.

Mas marcou... e não há Ano que apague o que foi feito e registrado com amor... podendo ser apenas acrescentado... somado e guardado bem lá no fundo... do coração.

Ano em que muita fé foi plantada... e "floriu".
Em que a esperança foi renovada dia a dia... e partilhada com amor.
Em que fizemos planos... depositamos nossos sonhos... e ADOÇAMOS nossos caminhos...
Ele se despede... aos poucos... com a certeza de que em seu lugar nós é continuaremos acreditando, que dias (ANOS) melhores virão.

Arvores da vida - Luandrade

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Conto de Natal: O pinheiro de St. Martin


Na véspera de Natal, o padre da igreja no pequeno vilarejo de St. Martin, nos Pirineus franceses, se preparava para celebrar a missa, quando começou a sentir um perfume delicioso. Era inverno, há muito as flores tinham desaparecido – mas ali estava aquele aroma agradável, como se a primavera tivesse surgido fora de tempo.

Intrigado, ele saiu da igreja para buscar a origem de tal maravilha, e foi dar com um rapaz sentado na frente da porta da escola. Ao seu lado, estava uma espécie de árvore de Natal dourada.

- Mas que beleza de árvore! – disse o pároco. – Ela parece ter tocado o céu, já que irradia uma essência divina! E é feita de ouro puro! Onde foi que a conseguiu?

O jovem não demonstrou muita alegria com o comentário do padre.

- É verdade que isso que carrego comigo foi ficando cada vez mais pesado à medida que eu andava, suas folhas ficaram duras. Mas não pode ser ouro, e estou com medo da reação de meus pais.

O rapaz contou sua história:

- Tinha saído hoje de manhã para ir até a grande cidade de Tarbes, com o dinheiro que minha mãe havia me dado para comprar uma bela árvore de Natal. Acontece que, ao cruzar um povoado, vi uma senhora de idade, solitária, sem nenhuma família com quem comemorar a grande festa da Cristandade. Dei-lhe algum dinheiro para a ceia, pois estava certo que poderia conseguir um desconto na minha compra.

“Ao chegar em Tarbes, passei diante da grande prisão, e havia uma série de pessoas esperando a hora da visita. Todas estavam tristes, já que passariam a noite longe de seus entes queridos. Escutei algumas delas comentando que sequer tinham conseguido comprar um pedaço de torta. Na mesma hora, movido pelo romantismo de gente da minha idade, decidi que iria dividir meu dinheiro com aquelas pessoas, que estavam precisando mais que eu. Guardaria apenas uma ínfima quantia para o almoço; o florista é amigo de nossa família, com certeza me daria a árvore, e eu poderia trabalhar para ele na semana seguinte, pagando assim a minha dívida”.

“Entretanto, ao chegar ao mercado, soube que o florista que conhecia não tinha ido trabalhar. Tentei de todas as maneiras conseguir alguém que me emprestasse dinheiro para comprar a árvore em outro lugar, mas foi em vão”.

“Convenci a mim mesmo que conseguiria pensar melhor o que fazer, se estivesse com o estômago cheio. Quando me aproximei de um bar, um menino que parecia estrangeiro, perguntou se eu podia lhe dar alguma moeda, já que não comia há dois dias. Como imaginei que certa vez o menino Jesus deve ter passado fome, entreguei-lhe o pouco dinheiro que me sobrava, e voltei para casa. No caminho de volta, quebrei um galho de um pinheiro; tentei ajeita-lo, corta-lo, mas ele foi ficando duro como se feito de metal, e está longe de ser a árvore de Natal que minha mãe espera”.

- Meu caro – disse o padre – o perfume desta árvore não deixa dúvidas de que ela foi tocada pelos Céus. Deixe-me contar o resto desta sua história:

“Assim que você deixou a senhora, ela imediatamente pediu à Virgem Maria, uma mãe como ela, que lhe devolvesse esta benção inesperada. Os parentes dos presos se convenceram que tinham encontrado um anjo, e rezaram agradecendo aos anjos pelas tortas que foram compradas. O menino que você encontrou, agradeceu a Jesus por ter sua fome saciada”.

“A Virgem, os anjos, e Jesus escutaram a prece daqueles que tinham sido ajudados. Quando você quebrou o galho do pinheiro, a Virgem colocou nele o perfume da misericórdia. À medida que você caminhava, os anjos iam tocando suas folhas, e as transformando em ouro. Finalmente, quando tudo ficou pronto, Jesus olhou o trabalho, abençoou-o, e a partir de agora, quem tocar esta árvore de Natal, terá seus pecados perdoados e seus desejos atendidos”.

E assim foi. Conta a lenda que o pinheiro sagrado ainda se encontra em St. Martin; mas sua força é tão grande que, todos aqueles que ajudam seu próximo na véspera de Natal, não importa quão longe estejam do pequeno vilarejo dos Pirineus, são abençoados por ele.

Paulo Coelho

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A materialidade do Papai Noel e a espiritualidade do Menino Jesus


Um dia, o Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando Ele andou entre nós,“as tocava e as abençoava” e das quais que dissera: ”Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino de Deus” (Lucas, 18,15-16).

À semelhança dos mitos antigos, montou num raio celeste e chegou à Terra, umas semanas antes do Natal. Assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. Assim podia ver melhor os passantes, as lojas todas iluminadas e cheias de objetos embrulhados para presentes, e principalmente seus irmãos e irmãs menores que perambulavam por aí, mal vestidos e muitos com forme, pedindo esmolas. Entristeceu-se sobremaneira, porque verificou que quase ninguém seguira as palavras que deixou ditas: ”Quem receber qualquer uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe” (Marcos 9,37).

E viu também que já ninguém falava do Menino Jesus que vinha, escondido, trazer, na noite de Natal, presentes para todas as crianças. O seu lugar foi ocupado por um velhinho bonachão, vestido de vermelho com um saco às costas e com longas barbas, que a toda hora grita bobamente:”Oh, Oh, Oh…olhem o Papai Noel aqui”. Sim, pelas ruas e dentro das grandes lojas lá estava ele, abraçando crianças e tirando do saco presentes que os pais haviam comprado e colocado lá dentro. Diz-se que veio de longe, da Finlândia, montado num trenó puxado por renas. As pessoas haviam esquecido de outro velhinho, este verdadeiramente bom: São Nicolau. De família rica, dava pelo Natal presentes às crianças pobres dizendo que era o Menino Jesus que lhos estava enviando. Disso tudo ninguem falava. Só se falava do Papai Noel, inventado há mais de cem anos.

Tão triste como ver crianças abandonadas nas ruas, foi perceber como elas eram enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes para serem distribuídos por ocasião da ceia do Natal.

Propagandas se gritam em voz alta, muitas enganosas, suscitando o desejo nas crianças que depois correm para os pais, suplicando-lhes para que comprem o que viram. 
O Menino Jesus, travestido de gari, deu-se conta de que aquilo que os anjos cantaram de noite pelos campos de Belém — ”Eis que vos anuncio uma alegria para todo o povo, porque nasceu-vos hoje um Salvador… glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lucas 2,10-14) — não significava mais nada. 
O amor tinham sido substituído pelos objetos, e a jovialidade de Deus, que se fez criança, tinha desaparecido em nome do prazer de consumir.Uma carta do Menino Jesus foi encontrada debaixo da porta dos casebres dos morros da cidade, chamados de favelas

Triste, tomou outro raio celeste e, antes de voltar ao céu, deixou escrita uma cartinha para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade, chamados de favelas. Aí o Menino Jesus escreveu:

Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas,

Se vocês, olhando o presépio e virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o Filho de Deus Pai que se fez um menino, menino qual um de nós e que Ele é o Deus-irmão que está sempre conosco,

Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presenca escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles.

Se vocês fizerem renascer a criança escondida no seus pais e nas pessoas adultas para que surja nelas o amor, a ternura, o carinho, o cuidado e a amizade no lugar de muitos presentes.

Se vocês ao olharem para o presépio descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e se decidirem já agora, quando grandes, mudar estas coisas para que nunca mais haja crianças chorando de fome e de frio,

Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino Jesus e pensarem que até os reis, os grandes deste mundo e os sábios reconheceram a grandeza escondida desse pequeno Menino que choraminga em cima das palhinhas,

Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, como as ovelhas, o burro e a vaquinha, pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela Menino Jesus e que todos, galáxias, estrelas, sois, a Terra e outros seres da natureza e nós mesmos formamos a grande Casa de Deus,

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma Estrela como a de Belém sobre vocês, iluminando-os e mostrando-lhes os melhores caminhos,

Se vocês aguçarem bem os ouvidos, e escutarem a partir dos sentidos interiores uma música celestial como aquela dos anjos nos campos de Belém que anunciavam paz na terra,

Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que está chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade, para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.

Belém, 25 de dezembro do ano 1.

Assinado: Menino Jesus

Leonardo Boff

Estatuto de Natal

Alguém, que eu não sei quem é, teve a ideia de compor um Estatuto de Natal.
É uma boa reflexão.


Art. I: Que a estrela que guiou os Reis Magos para o caminho de Belém, guie-nos também nos caminhos difíceis da vida.

Art. II: Que o Natal não seja somente um dia, mas 365 dias.

Art. III: Que o Natal seja um nascer de esperança, de fé e de fraternidade.
Parágrafo único: Fica decretado que o Natal não é comercial e sim, espiritual.

Art. IV: Que os homens, ao falarem em crise, lembrem-se de uma manjedoura e uma estrela, que como bússola, apontem para o Norte da Salvação.

Art. V: Que no Natal, os homens façam como as crianças: deem-se as mãos e tentem promover a paz.

Art. VI: Que haja menos desânimos, desconfianças, desamores, tristezas. E mais confiança no Menino Jesus.
Parágrafo único: Fica decretado que o nascimento de Deus Menino é para todos: pobres e ricos, negros e brancos.

Art. VII: Que os homens não sigam a corrida consumista de "ter", mas voltem-se para o "ser", louvando o Seu Criador.

Art. VIII: Que os canhões silenciem, que as bombas fiquem eternamente guardadas nos arsenais, que se ouça os anjos cantarem Glória a Deus no mais alto dos céus.
Parágrafo único: Fica decretado que o Menino de Belém deve ser reconhecido por todos os homens como Filho de Deus, irmão de todos!

Art. IX: Que o Natal não seja somente um momento de festas, presentes.

Art. X: Que o Natal dê a todos um coração puro, livre, alegre, cheio de fé e de amor.

Art. XI: Que o Natal seja um corte no egoísmo. Que os homens de boa vontade comecem a compartilhar, cada um no seu nível, em seu lugar, os bens e conquistas da civilização e cultura da humildade.

Art. XII: Que a manjedoura seja a convergência de todas as coordenadas das ideias, das invenções, das ações e esperanças dos homens para a concretização da paz universal.

Parágrafo único: Fica decretado que todos devem poder dizer, ao se darem as mãos:

 - FELIZ NATAL!

https://www.facebook.com/PFelipeAquino

domingo, 22 de dezembro de 2013

Vida e morte


Se queres amar a vida, eu preferiria dizer, se queres apreciá-la lucidamente, não te esqueças que morrer faz parte dela. 
Aceitar a morte -a sua, a dos próximos- é a única maneira de ser fiel à vida até o fim.
Mortais e amantes de mortais: é o que somos e o que nos dilacera. Mas essa dilaceração que nos faz homens ou mulheres, também é o que dá a vida o seu preço mais elevado.
Se não morrêssemos, se nossa existência não se destacasse assim contra o fundo tão escuro da morte, seria a vida tão preciosa, rara, perturbadora? 
“Um pensamento insuficientemente constante sobre a morte, escrevia Gide, “nunca deu valor suficiente ao mais ínfimo instante de vida.”
Portanto é preciso pensar a morte para amar melhor a vida -em todo caso, para amá-la como ela é: frágil e passageira- para apreciá-la melhor, para vivê-la melhor, o que é uma justificação suficiente para este capítulo.

André Comte-Sponville

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Presente...


"Tem gente que adora presentear com flores. 
Outros dão bombons, livros e até os mais ousados, joias... 
Eu te presenteio com meu mundo, embrulhado no mais precioso papel: a SINCERIDADE. 

Tem um laço também, de fita da AMIZADE, com aquele nó bem apertado, atado para sempre. 
Mas o melhor está dentro do meu mundo, alegrias, vitórias, esperança. 
Tem também, um pouco de tristeza, lágrimas, calos, decepções, afinal, todos estes sentimentos fazem parte de uma história normal, de um ser humano tal. 

Pode ser pouco para você, quando o receber. 
Não o julgue só pela embalagem, aparência. 
O desembrulhe com cuidado, conquiste aos poucos os vários países do meu mundo. 

Encontrará um porto seguro, aquele que deseja, um abrigo para todas as horas. 
Não importa de quais sentimentos. 
Sê de tristezas, choraremos juntos. 
Sê de alegrias, sorriremos do mesmo modo. 

O meu mundo tem catástrofe também, terremotos, maremotos se soltando pelos meus olhos. 
Mas muitos botes salva vidas ancorados naquele porto seguro que te falei. 

E recheando tudo isso, temos carnaval das alegrias, das energias, dos dons, da sabedoria e o principal de todos: SOLIDARIEDADE, aquela sem cor, sem nome, sem sexo, preconceito... sem rosto. 

Aceita meu presente?" 

G.Fernandes

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Vamos brincar de gangorra?


Quando um está mal, o outro deve estar bem.

Quando um está irritado, o outro deve ser paciente.

Quando um está cansado, o outro deve encontrar disposição.

Quando um adoece, o outro deve mostrar saúde.

Quando um se envaidece de razão, o outro deve ser humilde no
cuidado.

No casal, as fraquezas não podem convergir. Não podem ocorrer
simultaneamente.

Se vê que sua parceira explodiu, escolha um momento distinto
para desabafar e reclamar. Recue de sua catarse. Deixe para o
dia seguinte. Ela nem irá ouvi-lo no acesso de cólera.

Quando os dois decidem ser a parte mais fraca do relacionamento, os laços sucumbem.

Não podem ocupar o mesmo papel, o mesmo script. Só há vaga para um protagonista em cada crise. Alguém terá que ser coadjuvante.

Dois vilões no mesmo filme geram divórcio.

A alternância é o segredo da convivência. Mudar de lugar sempre, analisar quem mais precisa e ceder se for necessário.

O que traz estabilidade é a gangorra: quando a mulher cai, o
homem estende o braço, quando o homem vacila, a mulher acode.

A separação acontece quando duas chagas conversam procurando
mostrar qual é a mais funda. É quando duas feridas travam uma
guerra buscando sangrar mais, e nenhum dos lados estanca a
própria carência.

O sofrimento acentua o orgulho, a dor agrava a cegueira, a
ansiedade de resolver logo a discordância apenas abre a porta
para o fim.

É uma disputa do desespero, e o casal se afoga nas mágoas. Não
haverá sequer um salva-vidas acordado.

Ainda que sobre paixão, ainda que reste confiança, nada segura
o momento em que os dois coincidem em enlouquecer. A loucura
exige troca de plantão.

O casal é capaz de destruir uma história linda e promissora por
uma noite de fúria.

A esposa e o marido se transformam em crianças, e crianças
abandonadas em casa berrando e com medo. Tentarão gritar alto
para chamar os vizinhos e denunciar os maus-tratos. E vão se
indispor e se ofender tanto, e vão se provocar e se agredir tanto, que depois é difícil cicatrizar.

Um tem que ser adulto na hora do pânico. Um tem que ser responsável. Um tem que ser forte o suficiente para preservar as fraquezas do amor.

Fabricio Carpinejar

Reflexão


Faz mal para a saúde e para a convivência humana viver na companhia de quem só critica e ver erros em tudo e em todos. Pessoas assim geralmente não se enxergam e azedam as relações humanas. 

Já tem muita coisa azeda e estragada no mundo. 

Criticar por criticar não muda o mundo e nem torna as pessoas melhores. 
Toda vez que eu quiser opinar, falar sobre algo e exercer um julgamento sobre fatos, pessoas e realidades eu preciso olha primeiro para minha conduta e apontar para mim mesmo o que eu faço diferente ou melhor. 

Claro que precisamos ter senso analítico e critico e de preferencia bem apurados. 
Porém, sejamos críticos e analíticos primeiro com nossa vida, com nossa conduta e com nossas próprias responsabilidades. 

A melhor contribuição que podemos dar ao mundo para que ele seja melhor não é acusar as pessoas pelos seus erros e nem apontar os defeitos dos outros. 

Quando eu consigo cumprir com minhas obrigações e ajudo com caridade a quem não enxerga bem o caminho que esta seguindo, eu estou dando o melhor de mim para o mundo ser diferente. 

Roger Araujo

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mentirinhas e mentironas


Quem nunca teve medo de dizer a verdade e contou aquela mentirinha para não ficar mal diante do olhar de alguém?
Pode até haver quem nunca tenha se rendido à sedução de parecer perfeito diante dos outros, mas muitos dos que estão lendo este texto já perderam a retidão e cruzaram os dedinhos na hora de contar um caso.

Sim, a mentira é, nada mais, nada menos, que insegurança, medo de não ser acolhido, de não ser amado. 
É, na verdade, falta de coragem de ser o que é, falta de consciência da própria identidade. Sobretudo, diante de Deus. 

Mentira se veste de tantas coisas, sugere tantas coisas e nunca é fiel a nada, a nenhuma ideia.
Muitas vezes recorremos a ela porque não somos capazes de nos decidir pela mudança interior. 
Rejeitamos a verdade e não aceitamos nossa condição limitada, que precisa de Deus, precisa dos outros. 

Então, longe de Deus, da Palavra, vivemos uma vida de faz de conta, uma mentira.
Eu já menti, já senti esse medo, já deixei que minhas inseguranças fossem maiores do que o amor, já me aprisionei no olhar dos outros e me esqueci de que fui criada para o amor.
E eu sei bem que tanto faz se é mentirinha ou mentirona. 

Esse pecado faz grandes estragos, rompe relações, constrói castelos de areia, não permite que a vida seja vivida em profundidade, intensamente.

Só podemos amar profundamente se somos capazes de ser igualmente verdadeiros uns com os outros. Profundamente transparentes...

É evidente que a verdade é um caminho constante e puro, que respeita o tempo do revelar-se e se insere neste mesmo tempo. Bendito tempo do conhecimento.

Partilho também, com a vida, que só o amor consegue mudar, libertar e nos fazer recomeçar, sair dos enganos, viver o real e não o ilusório.
Portanto, a verdade é o nosso grande tesouro. 

A Deus pertence, aos amados pertence. 
No tempo, no caminho de confiança e na vivência profunda de uma relação de amor. 

Porque não há amor sem verdade, não há verdade sem amor.

"A Verdade vos Libertará" (Jo 8,32)

desconheço a autoria

domingo, 8 de dezembro de 2013

Possua



Um coração que nunca endureça

Uma emoção que nunca pressione

Um toque que nunca magoe

Um carinho que nunca envelheça

Uma doçura que não estacione

Um coração que, por vezes, perdoe

Uma paixão que não enfraqueça

Um prazer que nunca relaxe 

Um silêncio que nunca destoe

Uma verdade que nunca encareça 

Um medo que não ameace 

Uma tristeza que não amontoe

Uma amargura que não amanheça 

Uma alegria que nunca entristeça 

Uma fantasia que não voe

Uma felicidade que não empobreça 

Um desejo que nunca se apague 

E um amor que te abençoe...

Blandinne

sábado, 7 de dezembro de 2013

Internet Love


Estava em torno dos quarenta quando foi surpreendido com o pedido de divórcio da esposa que, após ensaiar mal arranjadas desculpas, confessou-lhe nova paixão. 
Sofreu calado por vários dias, mas como não via possibilidades de volta, porque ela confessara ainda que a nova relação, iniciada em um grupo de bate-papo no facebook, já ultrapassara a barreira do mundo virtual, resolveu, também, aderir ao novo universo da intercomunicação sem limites. 

Adquiriu um tablet de última geração e, após rápido curso de navegação, entrou na rede. 
Em questão de dias já se sentia reconfortado e a esposa amada, a vida de casado, iam se tornando lembranças distantes. 

Inseriu logo o seu perfil e uma foto em que aparece sorridente ao novo endereço e, em pouco tempo, estava integrado a uma infinita comunidade de novos amigos. 
E, como era de se esperar, logo apareceu alguém com quem passou a se identificar de modo surpreendente. Era loura, calma, discreta. 
Exatamente o oposto da ex-esposa, detentora de personalidade expansiva e comunicativa. 
Embora já se conhecessem há dias e conversassem por horas a fio, vira dela apenas uma foto, que confirmava sua discrição. 

Ele, após a separação também adquirira personalidade nova e mais “descolada”, como referia. 
Decidira se tornar ousado, dinâmico, atualizado, enfim. Passara a cuidar do próprio físico, entrara em uma academia e praticava halterofilismo três vezes por semana. 

Naturalmente, na foto que postou em sua página aparecia em trajes esportivos, exibindo o perfil atlético que aos poucos estava moldando. 
E causou impacto no círculo de amizades. E mais ainda, e para sua surpresa, causou um pedido da nova namorara. 

Após muito rodeio e evasivas ela pediu, meio reticente, que postasse fotos em que aparecesse nu, ainda que à distância. 
Ele hesitou no primeiro momento, mas evitando se demorar no assunto e, antes que a velha personalidade decidisse pelo “não”, aceitou a proposta e cuidou de preparar o material. Afinal, ousadia e dinamismo eram os principais traços da sua nova maneira de ser. 

Escolheu bem um “close” de frente e uma espécie de paisagem discreta no registro de fundos, anexou a uma mensagem, pressionou o cursor no ícone “enviar” e foi dormir, deixando aos cuidados da nova musa o próximo contato. 

No dia seguinte, estava em destaque na sua página e nos principais sítios de fofocas da rede, alternando intermitentemente, o seu rosto sorridente e seus fundilhos, já não muito discretos e, em destaque, a frase que enviara com as fotos à nova paixão: “Com carinho, para alguém que estou aprendendo a amar”. 

Na caixa de mensagens havia apenas uma onomatopeia, em linguagem da nova mídia, postada pela namorada: “Ha! Ha! Ha!”.

Nossas Letras - Letras, Arte e Cia - José Borges da Silva

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Porque?


Por que temos esse estranho jeito de querer resolver tudo?
As vezes até o que não é do nosso meio, nem da nossa capacidade.
Nos perdemos em discussões tolas,
esforços em vão, suor a toa.
Para o nada…

Perdemos um tempão com coisas bobas, brigas tolas.
Discutimos muito para saber quem tem razão.
Lógico que, querendo sempre ter a razão.

E assim, perdemos tempo precioso,
perdemos amigos, amores, conhecidos.
Tudo porque queremos ter a razão,
reafirmar que somos “superiores”.

O que realmente importa é fazer o que nos faz bem
e que pode ser repartido, compartilhado,
dividido com outros.

Não perca saúde, alegria, vida e amigos discutindo o vazio.
Melhor é ter emoção, coração do que razão.
A razão passa, se perde.
A emoção pode ser eterna.

Paulo Roberto Gaefke

Aprendi a ser feliz


Aprendi que nossa idade é medida mais pelas nossas vivências do que pelo tempo que passamos...
Que a vida tem o gosto que queremos que ela tenha...
Depende do jeito que a gente vê e sente as coisas....

Podemos vê-la...
Com alegria no rosto desfrutando das pequenas coisas que Deus nos dá
ou com tristeza... estampada no coração...

Aceitar os caminhos de Deus com alegria.
Amar as pessoas que passam pela nossa vida... com a intensidade querida e necessária
agarrá-las em nossos braços e fazê-las felizes...

Viver intensamente esse sentimento divino que é o amor...
O amor por tudo que é de Deus, mostrado pelos pequenos e grandes gestos da nossa vida...

Não se abata pelos obstáculos que aparecerem em sua vida!
Cada um deles teve sua missão e seu aprendizado...

Nenhuma flor nasce sem que seja consentimento do Criador... DEUS!
Curta a vida!
Abra os Olhos...

Olhe para o céu e sinta-se envolver pela magia da natureza!
Porque tudo que Deus faz e maravilhoso.

Deixe o palco dos medos e das dúvidas.
Dê um sorriso e enfrente os desafios e os sonhos.

Não venha com esse olhar de dúvidas.
Não fique espantado...

Acredite!
Você pode sonhar e realizar seus sonhos.
Viva suas fantasias.

Deixe o arco-íris passas na sua vida!
Sinta o poder de Deus ao seu redor.
Você pode!

Acredite em Deus.

Thais Fonseca

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sugestão


Onde há um pouco de ti, encontrarás, por certo,
um pouco de minha alma, um pouco do meu sonho,
porque surgiste, assim, no meu viver tristonho,
rasgando o véu do amor que eu trazia encoberto...


Vencido à sugestão do teu olhar risonho,
sigo, no meu destino, os teus rastros, de perto,
e busco achar no céu, nos mares, no deserto,
um tema que enriqueça os versos que componho.


Andes por onde andar, sigo-te, passo a passo!
Sinto que estás em mim, no cérebro, nas veias,
giro em torno de ti, satélite no espaço!


Para onde vais, me vou, cativo, acorrentado,
e embora tendo ao lábio a frase por que anseias,
não ouso revelar e sigo-te ignorado...

Lago Burnett

domingo, 1 de dezembro de 2013

Meu tempo


“Contei meus anos e descobri
Que terei menos tempo para viver do que já tive até agora....
Tenho muito mais passado do que futuro...

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas...
As primeiras, ele chupou displicentemente..............
Mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço...

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades...
Inquieto-me com os invejosos tentando destruir quem eles admiram.
Cobiçando seus lugares, talento e sorte.....

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas
As pessoas não debatem conteúdo, apenas rótulos...
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
Quero a essência.... Minha alma tem pressa....
Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana...muito humana...
Que não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...."


Rubem Alves