sábado, 27 de setembro de 2014

Caminhar a vida



Um caminho
Uma história
Que se junta a tantas outras
De vidas simples ou difíceis
Todas com os seus quês
E sem grandes porquês
Que a caminhar se faz o caminho.


Caminho fácil para uns
Difícil para outros
O mesmo para todos.


É o sentimento,
A intenção
Talvez a aflição
Que dá cor ao momento.


Um caminho
Uma vida
Que se percorre a andar;
Venham as companhias
E com elas alegrias
Que eu não quero parar.

Frei Filipe

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Amor de Complemento


Não há como se livrar do sofrimento
O sofrimento é natural
Tudo que é natural na vida é aquilo que não foi acrescentado
Faz parte da condição humana
O sofrimento está em mim, está em você
Nós experimentamos de forma pequena ou grande
Por que somo limitados
O nosso limite é tão grande que a gente não sabe viver sem o outro
Por isso a gente sofre quando os outros vão embora da nossa vida
A condição de limite, nos faz pensar o outro como parte de nós
Eu por que sou limitada, por que tenho limites, eu preciso amar
O amor nasce do limite
Quando a gente reconhece que não da conta da vida sozinhos
Talvez seja por isso que dói tanto no coração da gente no momento que a gente é traído por quem a gente ama
Talvez seja por isso que doa tanto no coração da gente no momento em que a gente trai quem a gente ama
Por que quando eu sou traído eu fico ainda mais limitado
O amor do outro me faz viver a experiência do complemento
Eu me torno maior por que você me ama
E eu fico maior quando eu amo alguém
Por isso que o sofrimento é natural quando as pessoas vão embora das nossas vidas
Por isso a gente sente tanta saudade
A gente sente tanta saudade das pessoas que são especiais na nossa vida
A saudade é uma concretização do limite
Eu sinto tanto a sua falta
A saudade nos ajuda a mensurar o quanto que nós amamos
Retire aquela pessoa da sua vida, pense na sua vida sem essa pessoa
E você vai descobrir o quanto você a ama
É experiência de limite, por isso que o amor é dor
O amor é sofrimento
E quanto mais a gente mergulha na capacidade de amar
Maior será no sensibilidade para o sofrimento
Você se pergunta " Quanto mais a gente ama, mais a gente sofre?"
Lamento informar que é
Por que a experiência de amar é a experiência de tocar o limite
Por isso o sofrimento está tão atrelado ao amor
A gente não sofre quando não ama
Não há causas para sofrer quando você não ama
Eu me perguntou: " É possível viver nessa vida sem o envolvimento do amor?"
Não é possível!
Eu me experimento limitada o tempo todo
E o tempo todo eu estou precisando de alguém do meu lado
Alguém que olhe nos meus olhos e diga, eu estou aqui
Alguém que segure na minha mão na hora de atravessa um túnel difícil
"Júlia eu estou aqui do seu lado"
É o momento em que mergulhamos na mais bonita aventura humana
que é quando você sabe EU PRECISO DE VOCÊ
Quando a vida vai te apertando tanto, que não resta outro grito nessa vida a não ser
EU PRECISO DE VOCÊ
Por que você foi amado você sofre
Não há amor sem sofrimento, nem sofrimento sem amor
Por isso não temos que criar uma ilusão dentro de nós
A partir de hoje minha vida vai ser linda, não vai ter dificuldades
Infelizmente essa notícia não podemos dar aos amantes
As pessoas que verdadeiramente amam nessa vida, elas sofrem por grandes causas sim
Seja honesto com você!
O momento que você mais sofreu na sua vida, foi o momento que você mais amou
Ou por que você identificou o amor traído, ou o amor ausente
Nossa caixa de sofrimento não é tão feia assim!
Ela está cheia de amores, de situações bonitas que você precisa reorganizar
Aparentemente embrulhadas em papéis feios e estranhos
A gente não chora por quem não fez diferença na vida da gente não!
Se a gente está sofrendo por alguma causa é por que aquilo é importante pra nós
Por isso não podemos fechar a porta e dizer: "Aqui você não entra"
Eu não tenho como deixar de sofrer por que eu não tenho como deixar de amar
As melhores coisas da vida, para serem boas de verdade você precisa ter alguém do seu lado as piores também.
Seja para viver a alegria extrema ou a dor extrema precisamos de pessoas do nosso lado dizendo EU TÔ AQUI
Não tem como mudar essa perspectiva, o sofrimento nasce do limite
O limite nos esbarra o tempo todo seja por que traí, por que fui traído, seja por que tem ciúme, por que sou ciumento, por que quero aprisionar, por que sinto dor...
De repente você acorda e a vida não é mais do jeito que você queria, as pessoas que você ama foram embora e nós ficamos aqui com essa vida precisando dar um jeito nela
A vida me expulsando e dizendo :"E agora, o que você vai fazer?"
Primeiro ponto - Eu não posso mudar o fato de ter que sofrer

Ai vem a pergunta 
 -Se eu vou ter que sofrer nessa vida então eu preciso descobrir COMO SOFRER

Pe. Fábio de Melo

sábado, 13 de setembro de 2014

Nosso mundo interior


A maior e mais bela viagem que fazemos é a que nos leva ao nosso interior. Eis a romaria das romarias.
Luzes e trevas nos habitam, lodo e ouro estão dentro de nós, feridas e potencialidades coabitam em nosso íntimo. 
Normalmente não somos ajudados a entrar em nós mesmos, temos medo e nos sentimos ameaçados.

Todos que entram no seu mundo interior tornam-se iluminados, livres, leves, ousados, criativos. 
São homens e mulheres corajosos nas dificuldades, pacíficos na adversidade, alegres na aridez, compreensivos e compassivos com os que erram. 
Quem vai ao seu interior acaba encontrando Deus, com sua presença iluminadora, criadora, irradiante. 
Quanto mais descemos às profundezas tanto mais alçaremos altos voos.

Quando fugimos do nosso interior, somos obrigados a criar máscaras, aparências, artificialidades, duplicidades, atitudes postiças para poder sobreviver, mas isso, é um desgaste colossal de energias e acabamos nos sentindo incompletos, insatisfeitos, desintegrados, interiormente divididos, quebrados, inadequados. 
Somos condenados a viver na obscuridade, na dependência e até no vicio.

Para entrar no santuário interior da nossa alma, há uma condição: não ter medo de nossas sombras. Pelo contrario, é preciso abraçá-las, aceitá-las, reconhecê-las para então poder curá-las ou com elas nos reconciliarmos.

Iremos perceber que nossas sombras, fraquezas, feridas quando aceitas, nos jogam nos braços de Deus, transformam-se em potencialidades, tornam-se nossas aliadas para a libertação, nos jogam para o alto, proporcionam descobertas de valores, são verdadeiros remédios. 
No fundo isso significa que sem espinho na carne, não há progresso, nem ascensão, nem maturidade e profundidade.

Para podermos entrar e habitar no nosso interior necessitamos de humildade e compaixão. 
Vale a pena pagar o preço de tudo isso, pois, viajar para o nosso interior é ir ao encontro de nosso maior tesouro, da riqueza que nos habita. 
Negociando com nossas sombras crescemos em lucidez e nos sentimos completos e alegres por habitar em nossa casa, nos sentimos alicerçados, encontramos o descanso, a paz.

No fundo de nós mesmos habitam a luz, a fonte, o amor, valores que foram soterrados pelos escombros das feridas, decepções e golpes da vida, deixando-nos amarrados por couraças defensivas, golpeando-nos com flagelações e sempre procurando os culpados de tudo isso. 
As feridas não permanecem inativas. Elas continuam a nos condicionar e nos tiranizam na busca de compensações, gratificações, perfeccionismo, ativismo, infantilismo.

Quando descemos aos nossos abismos nos libertamos dos laços que nos aprisionam e saltamos para o reino de liberdade porque Deus, do mal, tira o bem e “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus “. 
Vamos descobrindo que nossas feridas são santuários onde encontramos Deus, que nossas fraquezas são fonte de grandes alegrias porque Deus manifesta sua grandeza na nossa fraqueza. 
Ainda mais, pecados, fraquezas, feridas nos movem à luta pela superação das mesmas, nos amadurecem e são uma escola de humildade, de experiência com a misericórdia de Deus e de compaixão pelas limitações dos outros.

Dom Orlando Brandes

Educar para a felicidade

Suas crianças podem (e devem) ajudar você em casa


As crianças quando pequenas querem ajudar e fazer as coisas por si mesmas.

Podemos aproveitar esses primeiros anos para que desenvolvam a autonomia e a vontade, através do fomento de sua colaboração na vida diária do lar.

O objetivo é que elas se sintam úteis e importantes na vida familiar e na administração da casa.

No último post, falamos da educação “no positivo” de nossos filhos como ferramenta muito eficaz para que cresçam em autonomia e responsabilidade.

As crianças quando pequenas querem ajudar e fazer as coisas por si mesmas.

Podemos aproveitar esses primeiros anos para que desenvolvam a autonomia e a vontade, através do fomento de sua colaboração na vida diária do lar.

O objetivo é que elas se sintam úteis e importantes na vida familiar e na administração da casa.

Na vida moderna, todos membros da família devem contribuir com as atividades e serviços da casa, ou seja, a vida no lar é uma tarefa em comum.

Dentro dessa perspectiva, é muito saudável que as crianças ajudem com algumas tarefas em casa.

Mesmo que quebrem algum prato ou objeto, ou no início não consigam fazer as atividades de forma perfeita e rápida, é importante os pais darem essa oportunidade aos filhos.

Isso faz com que cresçam em espírito de serviço e também em autoestima, porque se sentem úteis.

Também aprendem a serem mais prudentes, a segurarem as coisas com mais cuidado.

Percebem causas e consequências de suas atitudes e comportamentos.

As orientações para as crianças devem ser bem concretas: como, onde e quando devem fazer uma tarefa.

Cada criança ou filho deveria ter um ou mais encargos a realizar como:

- colocar a mesa

- tirar a mesa

- lavar a louça

- tirar os lixos

- regar as plantas

- apagar as luzes

- recolher a roupa suja

- atender ao telefone

- fazer pequenos concertos

- repor o papel higiênico nos banheiros

- ajudar os irmãos menores na lição de casa

- lavar o carro

Através desses e de outros encargos, os filhos desenvolvem, além da autonomia e força de vontade a ordem, a constância, a responsabilidade pelas consequências, a organização do tempo e, principalmente, o respeito e o afeto pelos outros membros da família.

JÚLIA MANGLANO - Blog Estadão

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Para a educação dos seus filhos

Vão aqui quatro preciosos conselhos dos santos para a educação dos seus filhos. Nem todas são exortações muito agradáveis aos ouvidos, mas, com certeza todas serão de grande valor para a sua família.

“Como poderão os filhos ser bons, se os pais não prestam? 
Só por milagre”. 
Com essa frase, Santo Afonso de Ligório resume a grave responsabilidade dos pais na formação da consciência de seus filhos. 
Como ensinou Nosso Senhor, pelos seus frutos os conhecereis. 
São muitíssimos os nomes de santos que tiveram pais ou mães igualmente virtuosos: Santo Agostinho e Santa Mônica, São Gregório Magno e Santa Sílvia, Santa Catarina da Suécia e Santa Brígida… e a lista se estende. São verdadeiramente almas gigantes, que só puderam se elevar porque receberam uma educação exemplar de seus pais.

Vão aqui quatro conselhos dos santos para você educar os seus filhos. Nem todas são exortações muito agradáveis aos ouvidos, mas, com certeza todas serão de grande valor para a sua família.

1. Ser obediente a Deus


“ Se queremos saber mandar, temos primeiro de saber obedecer, procurando impor-nos mais com o amor do que com o temor.” (São João Bosco)

Antes de impor a autoridade sobre os filhos, é preciso lembrar que há uma autoridade à qual todos os homens devem obedecer. Tanto maior será o respeito dos filhos por seus pais, quanto maior for o respeito destes ao Pai dos céus. 
O filho que vê o pai trabalhando, tratando com respeito a sua mulher, cuidando das necessidades da casa e rezando - em suma, cumprindo o seu dever de cristão e pai de família -, não só será dócil às suas instruções, como seguirá o seu exemplo, ao crescer. 
Portanto, em primeiro lugar, o Reino de Deus, isto é, o cumprimento da Palavra. As outras coisas virão por acréscimo.

2. Corrigir por amor, não por ira

“ Tome-se como regra nunca pôr as mãos num filho enquanto dura a ira ou cólera; espere-se até que se tenha aquietado por completo.” (Santo Afonso de Ligório)

“Quando, porém, se tornarem necessárias medidas repressivas, e consequentemente a mudança de sistema, uma vez que certas índoles só com o rigor se podem dominar, cumpre fazê-lo de tal maneira que não apareça o mínimo sinal de paixão.” (São João Bosco)

Os conselhos de Santo Afonso e São João Bosco são o mesmo conselho do Autor Sagrado: “Vós, pais, não provoqueis revolta nos vossos filhos” (Ef 6, 4). 
Se é verdade que, como adverte o Livro dos Provérbios, “quem poupa a vara, odeia seu filho” (13, 24), também é verdade que toda correção deve ser feita de modo racional e equilibrado, inspirada pelo amor, não pela ira. 
Caso contrário, também a criança aprende a irar-se, sem que mude de comportamento. 
Aqui, é importante evitar não só as agressões físicas, mas também os gritos e as palavras exasperadas, que mais servem para intimidar as pessoas que para melhorar o seu caráter.

3. Dar bom exemplo

“ Os pais estão igualmente obrigados a dar bom exemplo a seus filhos. 
Estes, principalmente quando pequenos, imitam tudo o que veem, com a agravante de seguirem mais facilmente ao mal, ao qual nos sentimos inclinados por natureza, que o bem, que contraria nossas inclinações perversas. 
Como poderão os filhos comportar-se irrepreensivelmente, se ouvirem seus pais blasfemar a miúdo, falar mal do próximo, injuriá-lo e desejar-lhe mal, prometer vingar-se, conversar sobre coisas indecentes e defender máximas ímpias, como estas: Deus não é tão severo como dizem os Padres; ele é indulgente com certos pecados, etc.? 
O que se tornará a filha que ouve sua mãe dizer: É preciso deixar-se ver no mundo e não se enclausurar como uma freira em casa? 
Que bem se pode esperar dos filhos que veem o pai o dia inteiro sentado na taberna e, depois, chegar bêbado a casa, ou então visitar casas suspeitas, confessando-se uma só vez no ano ou só muito raramente? 

S. Tomás diz que tais pais, de certo modo, obrigam seus filhos a pecar.” (Santo Afonso de Ligório)

As palavras de Santo Afonso são suficientemente claras. 
Aqueles que dão mau exemplo de vida, “de certo modo, os obrigam seus filhos a pecar”. 
Se essa sentença é verdade para o mal, também o é para o bem. 
Pais que vivem uma vida de oração e virtudes excitarão o coração de seus filhos para o serviço de Deus e das almas. 
O casal de beatos Luís Martin e Zélia Guérin educou tão bem suas cinco filhas, que todas elas se tornaram religiosas, entre elas Santa Teresinha do Menino Jesus, que é doutora da Igreja.

O pai que, lendo essas linhas, lamentou não ter dado uma boa educação a seus filhos - pois não tinha conhecido Nosso Senhor quando começou a sua família - deve, antes, louvar a Deus pelo conhecimento que agora tem e ainda pode dar a seus filhos, por meio de conselhos. 
É preciso, agora, buscar a conversão da própria família, sobretudo com uma vida de muita oração e penitência, evitando inquietações e escrúpulos desnecessários, afinal, Deus não nos pede conta daquilo que ignoramos. 
Uma vez conscientes da Sua vontade, todavia, é importante trabalhar com temor e tremor na própria salvação e na dos outros, sabendo que a quem muito foi dado, muito será cobrado.

4. Agir com prudência e vigilância

“Os pais são os culpados, pois quando se trata de seus cavalos, eles mandam aos cavalariços que cuidem bem deles, e não deixam que cresçam sem serem domados, e desde cedo põem neles freio e outros arreios. 
Mas quando se trata de seus filhos jovens, deixam-nos soltos por todas as partes durante muito tempo, e assim perdem a castidade, se mancham com desonestidades e jogos, e desperdiçam o tempo com espetáculos imorais. (...)
Cuidamos mais de nossos asnos e de nossos cavalos, do que de nossos filhos. 
O que possui uma mula, se preocupa em encontrar um bom cuidador, que não seja nem rude, nem desonesto, nem ébrio, mas um homem que conheça bem o seu ofício. 
Todavia, quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece. E, no entanto, não há arte superior a esta. 
O que é comparável à arte de formar uma alma, de plasmar a inteligência e o espírito de um jovem? Quem professa esta ciência deve proceder com mais cuidado que um pintor ou um escultor ao realizar sua obra.” (São João Crisóstomo)

São João Crisóstomo viveu no século IV, mas esse conselho é válido sobretudo para os nossos tempos, em que as crianças são entregues a um sistema educacional corrompido, muitas vezes com a displicência dos pais, que querem passar toda a sua responsabilidade de educá-las para o Estado.

“Quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece”. 
Essa sentença convida todos os pais a um exame de consciência: como me relaciono com a escola dos meus filhos? Sei ou procuro saber o que os professores estão passando para eles, quais livros estão sendo usados para a sua instrução e como é o ambiente em que convivem? Em casa, deixo os meus filhos jovens “soltos por todas as partes”, deixando que façam o que querem, sem freios e sem disciplina? Converso com eles com frequência, agindo verdadeiramente como pai? O exame deve incluir, evidentemente, o propósito de agir com mais pulso e cuidado na orientação da prole.

É preciso empregar muita diligência nesses exames, pois, como diz Santa Teresinha do Menino Jesus, as crianças “são como uma cera mole sobre a qual se pode depositar tanto as impressões das virtudes como do mal”, e os primeiros responsáveis por moldar essas pequenas almas são justamente os pais. A santa religiosa de Lisieux exclamava: “Ah! quantas almas chegariam à santidade se fossem bem dirigidas!...”

Lembremo-nos sempre que Deus pedirá conta daquilo que fizemos com as almas de nossos filhos e peçamos a Sua graça para imitarmos a Sagrada Família de Nazaré, na qual Nosso Senhor cresceu, rodeado de carinho, atenção e amor.

https://padrepauloricardo.org/blog/quatro-conselhos-dos-santos-para-a-educacao-dos-seus-filhos?

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Desesperadamente


Sigo desesperadamente o sorriso,
pois é ele que relativiza minha história.

Sigo desesperadamente a alegria,
pois é ela que me traz a leveza.

Sigo desesperadamente a esperança,
pois é ela que me faz alcançar as estrelas.

Sigo desesperadamente a Fé,
pois é ela que me faz seguir em frente.

Sigo desesperadamente a vida,
pois é ainda a melhor opção.

Desesperadamente me vejo em desespero,
pois sei que não há certezas...

E diariamente a cama se encontra obsessivamente arrumada
nessas idas e vindas,

Desesperadamente blindei o que não suportei,
guardei as fotos e os fatos, deixei apenas na memória.

Aceitei o que não respondi.
ainda assim, apesar dos pesares,
desesperadamente procuro caminhos, novos lugares.

Outras emoções.
E nesse emaranhado todo,
“calmamente” ainda me encontro em mim.

Heloísa Bittar Gimenes, psicóloga

sábado, 6 de setembro de 2014

Momentos felizes


Para mim a felicidade pode estar em um vaso de flores. E quando vem de pessoas a quem amo, descubro que sou amada também. Consigo visualizá-la em potes de temperos, ingredientes essenciais para uma existência.

Penso nisso quando me lembro de que fui inúmeras vezes àquele lugar e no seu interior bem me acomodei. A cada aceno, um bom pedido de “quero mais”. Foi justo lá que tantas coisas aconteceram. Vi, espantada, um menino entrar literalmente dentro de uma televisão de 40 polegadas. Participei de rodas. Assustei-me com a história da Velha Palmira. 
Desci ladeira abaixo com carrinhos de rolimã, pés descalços e jabuticaba pretinha na boca. Fiz guerra de travesseiro. Joguei baralho à noitinha, corri pela casa e aprontei muita bagunça. Disputei o último pedaço de pizza e caí na piscina. Joguei água para o alto e brindei à passagem do ano e à vida. Entrei de cabeça no brincar de ser feliz. Mas tinha alguém ali, talvez ainda muito mais feliz por nós...

O tempo passou. E num certo dia estou atravessando a mesma avenida, observando as mesmas casas, talvez até as mesmas pessoas, quem sabe? Sim, estava voltando e a via com um brilho claramente resgatado. Atrevo-me a dizer que o tempo às vezes é um labirinto, mas basta uma só recordação, uma única memória, para achar a saída que tanto procurávamos.

Ela achou, ela estava ali, naquele lugar que escolheu para fazer morada, quando finalmente descobriu que dentro do seu coração já havia uma morada também. Recebeu-me com um sorriso que parecia brotar mel. De cada espaço, quadro pendurado, objeto organizado, orquídea na parede evolavam carinhosas boas-vindas.

Nossa casa é onde o nosso coração está e este coração é capaz de transpor blocos de cimento e concreto. É tão forte, que a ele ficamos atados, sem vontade de ir embora. Ela desdobrou seu lar ao mostrar que a felicidade não é mais clandestina. Dela tenho mais uma vez a honra de compartilhar.


Talita Machiavelli, professora

De primeiro


De primeiro, o pai e a mãe, analfabetos, ensinavam a primeira lição: respeitar as pessoas mais velhas.

O pai e a mãe, analfabetos, eram sábios, desenvolviam Pedagogia própria, embora desconhecessem as ciências do relacionamento humano. Transmitiam valores e comportamentos através da repetição de palavras e exemplos. Corrigiam lapsos e distrações também com castigos que transitavam desde o puxão de orelha até o tapa ou a correiada na bunda.

A Psicologia, a Pedagogia e as leis modernas condenam tais métodos de educação, que consideram quase medievais. Apesar do arcaico da metodologia, a meninada, aos trancos e barrancos e quedas e castigos, aprendia o básico. Chegavam visitas, o menino se adiantava:

- Bênção, senhor. Bênção, senhora.

As visitas elogiavam o comportamento das crianças. Então, quando se iam, o pai dava níquel aos filhos que corriam até a venda, lá na esquina.

- Sô Zé, dá tudo isso aqui de bala Chita.

Os adolescentes do quarteirão, à noite, à luz do poste, contavam, ouviam histórias de assombração, de lendas e ídolos.

- Lá em São Paulo teve um ladrão chamado Meneghete que fugiu da cadeia mais de quarenta vezes. Não adiantava prender que ele escapulia.

-- O Frederracha chutava mais forte que um canhão. Uma vez ele jogou contra o seu irmão, que era goleiro. Teve um pênalti e o Frederracha avisou – “não fique na frente, senão você vai morrer”. Mas o irmão teimou que ia pegar o pênalti. O Frederracha chutou e o irmão encaixou. Mas o chute foi tão forte que o goleiro morreu.

- O maior goleiro que já teve foi o Oberdã. Ele não aceitava fazer barreira. Mandava chutar e defendia, segurava a bola com uma mão só.

De repente, a narrativa era cortada por assovio distante.

- É o pai, chamando pra dormir.

Um assovio, um pigarro, uma pequena tosse, um chamado baixo, e a rodinha de amigos se ia desmanchando, o resto da história ficava para a noite seguinte, para o próximo encontro.

De primeiro era assim.

Os professores eram humildes, mas os discípulos aprendiam bastante. Pediam licença para passar entre duas pessoas que conversavam. Aguardavam, não interrompiam conversas. Não furavam filas. Externavam, em gestos e atitudes, profundo respeito pela mulher, sobretudo pela grávida.

No entanto, as crianças eram crianças. Às vezes cometiam peraltices tamanhas.

De primeiro era assim...


Luiz Cruz de Oliveira, professor, escritor, membro da Academia Francana de Letras

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Voar sobre o pântano


Um pássaro vivia resignado em uma árvore apodrecida, no meio do pântano.
Havia se acostumado a estar ali, comia larvas da lama e estava sempre sujo.
Suas asas estavam inutilizadas pelo peso da sujeira.

Certo dia um vendaval derrubou sua morada.
A árvore apodrecida foi tragada pelo pântano e ele se deu conta de que ia morrer.
Para salvar-se, começou a agitar suas asas com força, tentando voar.
Era muito difícil pois havia esquecido como voar. Mas enfrentou a dor, conseguiu alçar voo e cruzou o amplo céu, chegando, finalmente, a um bosque fértil e formoso.

Os problemas são como um vendaval que destrói sua vida e o obrigam a ‘levantar voo ou morrer’.
Nunca é tarde para ser feliz.

Não importa o que se viveu, não importa os erros cometidos, não importa as oportunidades que se deixou passar, não importa a idade.

Sempre é tempo de dizer BASTA, entender que é preciso melhorar, sacudir a lama e voar alto, para bem longe do pântano.
Abandone sua comodidade, enfrente seus medos e inseguranças e, só assim, começará a voar.

Deus o acompanhará e mostrará qual caminho tomar. Eu tenho certeza que você chegará até o bosque do seu merecimento.

Voar sobre o pântano
Trecho do livro “Voar sobre o pântano” como criar um blog
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