sábado, 31 de agosto de 2013

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Parar para refletir


Às vezes a distância é a melhor coisa que pode acontecer.

Períodos de recuo são essenciais. Ou simplesmente acontecem, atropelando nossa vontade - mesmo assim, continuam sendo estarrecedoramente úteis. 
Eles nos forçam a enxergar a situação com mais frieza e, por isso mesmo, de forma mais acertada e isenta dos erros de julgamento...

O grande barato de, vez por outra, nos distanciarmos do que nos importa é sentir o que esse redimensionamento nos causa. 
E, seja ele qual for, a retomada nunca é insípida: ou nos faz enxergar a placa de 'rua sem saída' que teimávamos em não ver ou devolve o brilho ao que o tempo havia enegrecido. 
Talvez por isso alguns casais só se entendam depois de uma separação: a dor, a sensação de ficar sem centro gravitacional, não ter mais ali ao lado quem se ama pode provocar verdadeiros milagres na dinâmica de uma vida em comum. 

Mas não podemos contar com milagres, precisamos da razão.  
Qualquer extremismo nos isola. Só compreendemos o valor do que nos rodeia e mora dentro de nós quando mergulhamos na solidão.

Depois de sofrer feito o cão por encarar tudo na base do oito ou oitenta, fiz um pacto comigo mesma: jamais levaria coisa alguma a ferro e fogo porque nada importa tanto. 
Absolutamente nada é imprescindível. Nem ninguém. 
Esse não é um discurso de auto-suficiência, pelo contrário, é uma reflexão de alguém que aprendeu no choro que só relativizando, tornando a existência e o coração mais leves é que se pode ser feliz, e, então, ser feliz com alguém. 

Pare de arrastar correntes, levar tudo tão a sério: a única coisa que você vai conseguir é uma úlcera. 
Cuide de quem ama, mas não faça disso o objetivo da sua vida, porque ficará inevitavelmente frustrado quando não tiver dele o que você ACHA que ele deveria devolver. 
Não existe prêmio para quem doa amor. Por isso, distanciar-se deveria ser uma tarefa cotidiana: evitaria que fôssemos sugados pelo redemoinho que sempre começa logo ali a nossos pés, mas estamos ocupados demais pra ver. 
Evitaria que exercêssemos de forma tão eficaz, e perigosamente despercebida, nossos piores defeitos.

Quando algo começar a te enlouquecer, infernizar ou te fazer surtar, use a técnica dos grandes admiradores de arte: recue diante da tela, mude de ângulo, observe as cores, os traços e os detalhes que, na correria, sempre passaram despercebidos. Então notará que ela é muito mais do que aquele ponto preto que ficava, insistentemente, diante dos seus olhos.

Ser feliz, no final das contas, não é questão de sorte ou azar. É questão de perspectiva.

Ailin Aleixo 



terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Sentido da Vida


Não é nenhuma novidade que dinheiro, viagens, status, beleza e outras coisinhas mundanas são sonhos de consumo de muita gente, mas não dão sentido à vida de ninguém.
A única coisa que justifica nossa existência são as relações que a gente constrói. 
Só os afetos é que compensam a gente percorrer uma vida inteira sem saber de onde viemos e para onde vamos. 

Diante da pergunta enigmática - por que estamos aqui? - só nos consola uma resposta: para dar e receber abraços, apoio, cumplicidade, para nos reconhecermos um no outro, para repartir nossas angústias, sonhos, delírios. Para amar, resumindo.

Piegas? Depende de como essa história é contada. Se for através de um filme inteligente, sarcástico, tragicômico como Invasões Bárbaras, o piegas passa à condição de arte. O filme é uma espécie de continuação de O Declínio do Império Americano. Naquele, um grupo de amigos se encontrava numa casa à beira de um lago e discutia sobre vida, morte, sexo, política, filosofia. Em Invasões Bárbaras, estes mesmos amigos, quase 20 anos depois, se reencontram por causa da doença de um deles, que está com os dias contados. Descobrem que muitos dos seus ideais não vingaram, que muita coisa não saiu como o planejado, só o que sobrou mesmo foi a amizade entre eles. 

E a gente se pergunta: há algo mais nesta vida pra sobrar? 
Quando chegar a nossa hora, o que realmente terá valido a pena? 
Os rostos, risadas, mulheres, decotes, pernas, beijos, confidências e olhares que nos fizeram felizes por variados instantes de sexo, que não preenchiam o vazio da alma.

Mas, Pais e filhos, maridos e esposas, amigos: são eles que sustentam a nossa aparente normalidade, são eles que estimulam a nossa funcionalidade social. 
Se não for por eles, se não houver um passado e um presente para com eles compartilhar, com que identidade continuaremos em frente, que história teremos para carregar, quem testemunhará que aqui estivemos? 

Só quem nos conhece a fundo pode compreender o que nos revira por dentro, qual foi o trajeto percorrido para chegarmos neste exato ponto em que estamos, neste estágio de assombro ou alegria ou desespero ou seja lá em que pé estão as coisas pra você. 
Se não nos decifraram, se não permitimos que aplicassem um raio x na gente, então não existimos, o sentido da vida foi nenhum.

Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca. 
É a velha história do livro, do filho e da árvore, o trio que supostamente nos imortaliza. 
Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. 
A única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória daqueles que nos amaram e foram fiéis.

 (Martha Medeiros)

domingo, 25 de agosto de 2013

Crise da meia idade: que crise?

Mesmo focando o lado bacana de ter 60 anos, não é por isso que a gente deixa de pensar o que é ter 60 anos. Sem dúvida, as mudanças são constantes e enormes e muitas vezes paramos pra refletir em tantas coisas da vida: passadas e futuras. 

Li esse artigo na revista Psychology Today e adorei. Por isso compartilho com vocês. É uma bela reflexão sobre a melancolia natural da meia idade e a possibilidade da reinvenção.  Foi escrito por Kathryn Betts Adams.


As muitas perspectivas da meia idade.
Melancolia e reinvenção na meia idade.
"Reinvenção" soa fabuloso, mas às vezes nos sentimos tristes e sobrecarregadas.

É um clichê dizer que na meia idade estamos nos reinventando. Para aqueles que tiveram crianças, é um clichê fácil de ser entendido, pois nosso papel de pais muda dramaticamente à medida que nossas crianças crescem. Nós estávamos acostumados a ser requisitados em tudo, todos os dias, mas adolescentes e crianças adultas não precisam mais da gente da mesma maneira que antes. Essa mudança em relação ao relacionamento que temos com nossos filhos requer naturalmente alguma reinvenção de outros aspectos de nossas vidas.

Muitas outras diferentes transições acontecem tipicamente durante os anos que vão dos 45 aos 55; nossa situação depende de onde nós viemos, se somos mulher ou homem, dos nossos recursos sociais e financeiros, e de uma boa dose de sorte. Nós podemos ser premiados com uma promoção no auge de nossa vida profissional, ou nós podemos nos encontrar indesejavelmente desempregados. Nós podemos encontrar com uma antiga paixão, divorciar e casar novamente, se comprometer com um parceiro, decidir ser solteira, ou finalmente encontrar o grande amor de nossas vidas. Nós podemos ser forçadas a mudar de casa ou felizes, decidir diminuir o estilo de vida.

Por volta dessa idade, muitos de nós notam o envelhecimento físico. Pela primeira vez, nós podemos ser diagnosticados com uma doença crônica como artrite ou pressão alta, ou pelo menos, a gente começa a aguentar uma série de pequenas cutucadas como tênis elbow, refluxo, tratamento de canal dentário e joanetes. Nós temos que usar óculos para leitura, visitar o podólogo, tomar remédios e pular a sobremesa. E a maioria de nós descobre que temos parentes e amigos próximos com doenças sérias, ou, mais triste ainda, que temos mais funerais para ir.

Cada um de nós tem o seu próprio jeito de perceber que estamos envelhecendo e sentimos as pequenas e às vezes enormes perdas que isso traz a cada dia.

"Reinvenção" soa fabuloso e excitante, sugerindo novas possibilidades e oportunidades, uma "nova você". Mas às vezes a gente se sente simplesmente triste, desorientada e sobrecarregada tentando olhar para frente quando se sente pesada e puxada para trás. O que estou descobrindo na minha própria vida e na vida de amigos e daqueles que têm compartilhado suas histórias comigo, é isso: às vezes a reinvenção tem que vir acompanhada do luto, da melancolia, que é a resposta natural para as perdas que acontecem durante as transições da vida.

Para alguns de nós, um período de depressão se segue às difíceis perdas ou transições. Nós sabemos que estamos deprimidas quando as coisas não parecem importar muito, quando sentimos os ossos cansados e dormir não adianta muito, quando nos sentimos sem esperança, sem ajuda, ou inúteis. Quando isso acontece, não devemos cuidar disso sozinhas, é preciso procurar um terapeuta ou médico e pedir ajudar.

Mas a maioria de nós não está em depressão, mesmo assim sentimos a natureza agridoce do envelhecer. E seguindo o caminho para a reinvenção, temos duas maneiras de fazê-lo: as duas feitas simultaneamente ou uma e logo depois a outra. Uma é sentir verdadeiramente o luto pelas perdas, a tristeza e a saudade, melancolicamente pensando como as coisas eram e agora, não são mais; em outras palavras, sentindo o luto. A outra envolve "restauração" : criando novos hábitos, se engajando em novas atividades, fazendo planos: a reinvenção da vida depois da perda. A mudança flui de um maneira para outra naturalmente.

Não estou sugerindo que envelhecer seja a mesma coisa que estar de luto, mas esses dois processos convivendo um com o outro, me parece ser o jeito de ser da meia idade. Nós estamos rodeadas por lembranças do que passou e do que perdemos: pais, crianças, irmão, amigos; nossos antigos empregos e casas, as escolhas que fizemos para seguir esta ou aquela carreira, nosso lugar, ou interesse romântico... Então nos encontramos de luto em momentos privados, enquanto cochilando ou sonhando acordada, limpando os armários de nossas mães ou décadas de papéis com desenhos das crianças, mergulhadas numa melancólica nostalgia.

Ainda assim, nós sabemos que o futuro pode ser longo...

... e esperamos ter boa saúde. A meia idade é o tempo reavaliar nossos hábitos de saúde, tentar fazer o que a gente pode para se sentir bem e adiar a fragilidade e incapacidade na idade avançada.

... e esperamos que nossas vidas tenham um significado e que tenhamos objetivos. A meia idade é o tempo de pensar em nossos pontos fortes e talentos e como podemos fazer o melhor uso de ambos para agradar a nós mesmas e ainda ajudar outros.

... e nós também sabemos que na análise final, a vida é surpreendentemente tão curta quanto longa. A meia idade é o tempo de varrer a poeira das nossas esperanças e sonhos, nossas infindáveis listas de desejos a realizar para ver onde realmente estamos.

Nós refletimos sobre o passado e sentimos por tudo aquilo que não temos e não somos mais, mas nós podemos ver a reinvenção nas possibilidades que temos à frente.

www.avidaaos60.com.br


Pessoas felizes fazem diferente

Existem pessoas que escolhem ser felizes e aquelas que preferem (consciente ou inconscientemente) ser infelizes. A felicidade não vem da fama, da fortuna ou de bens materiais, ela vem de outros lugares. 


As pessoas felizes se fazem felizes. Ficam imensamente tristes, se aborrecem como toda gente, contudo, elas têm uma visão positiva da vida. Como elas fazem isso?

É quase simples. As pessoas felizes têm hábitos que melhoram suas vidas. Alguns passos rumo à paz…

1. Não guarde rancor.
As pessoas felizes entendem que é melhor perdoar e esquecer que deixar que sentimentos corrosivos as consumam. Guardar rancor pode causar depressão, ansiedade e estresse. Por que deixar que uma ofensa exerça poder sobre você? Se esquecer seus rancores, vai ganhar clareza de consciência e energia suficiente para apreciar as coisas que realmente importam nesta vida.

2. Veja os problemas como desafios.
A palavra “problema” não é do uso rotineiro de uma pessoa feliz. Um problema, na maioria das vezes, é visto como uma desvantagem, uma luta ou uma situação difícil. Quando encarado como um desafio, pode se transformar em boa oportunidade. Sempre que você enfrentar um obstáculo, enxergue ali um desafio.

3. Sonhe grande.
As pessoas que têm o hábito de sonhar grande são mais propensas a realizar seus objetivos. Se você se atreve a sonhar grande, sua mente se concentra no desafio e no fazer produtivo.

4. Não se preocupe com as pequenas coisas.As pessoas felizes se perguntam: “Será que este problema terá grande importância daqui a um mês, um ano?” Entendem que a vida é curta para se descabelar com situações triviais. Deixar problemas menores ou adiáveis se resolverem por si – sem a sua interferência – vai liberar para desfrutar de assuntos mais preponderante.

5. Fale bem dos outros.
Fofocar pode ser divertido, mas, geralmente, deixa a gente se sentindo culpada e ressentida. Dizer coisas agradáveis sobre as pessoas leva seu pensamento a um ponto de leveza, ao lugar dos que não se ocupam com o julgamento de atitudes alheias.

6. Não procure culpados.
Pessoas felizes não culpam os outros por seus fracassos. Em vez disso, assumem seus erros e, ao fazê-lo, mudam para melhor.

7. Viva o presente.
Pessoas felizes não vivem do passado nem se preocupam muito com o futuro. Saboreiam o presente. Se envolvem em tudo o que estão fazendo no momento. Param e cheiram as rosas. Ohhh.

8. Acorde no mesmo horário todos os dias.Reparou que muitas pessoas bem-sucedidas tendem a ser madrugadoras? Acordar no mesmo horário estabiliza o metabolismo, aumenta a produtividade e coloca em um estado calmo e centrado. O corpo gosta desta rotina.

9. Medite.
Ficar no silêncio ajuda você a encontrar paz interna. Não é preciso ser um mestre zen para alcançar a meditação. Pessoas felizes sabem como silenciar suas mentes em qualquer hora e lugar, e o fazem para se acalmar.

10. Coma bem.
Tudo o que você come afeta a capacidade de seu corpo produzir hormônios, o que vai definir seu humor, energia e enfoque mental. Certifique-se de comer alimentos que vão manter seu corpo em boa forma, sua mente bem e tranquila.

11. Faça exercícios.
Estudos têm mostrado que exercício físico aumenta os níveis de felicidade e até produz sensação de autorrealização.

12. Viva com o que é realmente importante.Pessoas felizes mantêm menos coisas a seu redor porque sabem que excessos as deixam sobrecarregadas e estressadas. Estudos concluíram que, de maneira geral, os europeus são mais felizes que os americanos, porque vivem em casas menores, dirigem carros mais simples, em suma, possuem menos itens. Contanto que não estejam submersos, como agora, em uma crise de falta de empregos e perspectivas, bem entendido.

13. Diga a verdade.
Mentir corrói a autoestima e o torna desagradável. A verdade liberta.

14. Estabeleça um controle pessoal.
Pessoas felizes sabem direcionar seus destinos. Elas não precisam e não permitem que os outros digam como devem viver suas vidas.

15. Aceite o que não pode ser alterado.
A vida não é justa, ou não parece ser. Aceite, concilie-se com isso e fique em paz. Concentre-se apenas no que você pode melhorar.

Maitê Proença - Essa é a adaptação que fiz de um texto de Chiara Fucarino.

sábado, 24 de agosto de 2013

Sobre a perfeição

"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito." (Fernando Pessoa)



Se tudo fosse perfeito, se as coisas fossem perfeitas, não existiria lições de vida,
não haveria arrependimentos e nem descobertas.

Se tudo fosse perfeito, mãos não se uniriam e sonhos não seriam valorizados.

Se tudo fosse perfeito, olhares não se completariam e gestos passariam despercebidos.

Se tudo fosse perfeito, as lágrimas não existiriam, as palavras seriam perfeitas.

Se tudo fosse perfeito, eu pularia no abismo sem medo da morte, pois asas eu ganharia.

Se tudo fosse perfeito, eu atravessaria o oceano sem medo de ser levado pelas ondas, sem receios de me perder em suas profundezas.

Se tudo fosse perfeito, dores não existiriam e a cura não seria procurada. Nada é por acaso, pois nem o destino é perfeito.

autor desconhecido

Quanto tempo demora?


... Quanto tempo demora? - perguntou ele. - Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.

- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. 
Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. 

A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. 

Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."

Khaled Hosseini
(O Caçador de Pipas)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Não pense duas vezes


A felicidade é um susto.
Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. 
Chega sem chegar, insinua mais que propõe… Felicidade é animal arisco. 
Tem que ser admirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. 
Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.

Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.

Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes. 

Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.

Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.

Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira… Eu vivo assim…
Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira.
Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas.

O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas.
O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.

Felicidades pequenas… O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância, sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.

A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.
E então sorrio, como quem sabe,que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças… E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.
O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso? Não pense duas vezes…

Autor: Padre Fábio de Melo

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cada dia é uma pequena vida...


Nos últimos meses, especialmente, tenho buscado uma compreensão ainda mais profunda de mim mesma e, conseqüentemente, de cada alma que de mim, de alguma forma, se aproxima...
Nesta jornada, tenho descoberto e confirmado, cada vez com maior lucidez, uma verdade que pode ser ótima (ou não) dependendo da forma como lidamos com ela: cada dia é uma pequena vida!

Cada situação é uma encruzilhada. 
Cada passo é uma escolha que pode mudar tudo. 
Talvez seja exatamente por isso que é tão difícil nos mantermos fiéis aos sentimentos que mais desejamos experimentar: alegria, auto-estima, gentileza, amor...

Um passo vacilante... E tudo se modifica. 
O que era amor pode se transformar em ciúme, egoísmo, raiva, medo. 
O que era alegria pode se transformar em dúvida, desesperança, tristeza. 
O que era auto-estima pode se transformar em insegurança, agressividade, dor. 
O que era gentileza pode se transformar em intolerância, desistência, arrogância.
Uma atitude, uma escolha... E tudo pode mudar! 
E isso me faz lembrar à máxima ?Orai e vigiai?. Quando a gente ora, pede o que deseja, entra em estado de humildade, receptividade, esperança... Mas um minuto depois, é preciso que entremos em vigília constante.

Somos passionais, motivados por reações. Ainda não aprendemos a ponderar. 
Reagimos automaticamente a partir de crenças limitantes, de preconceitos e defesas internas. 
Reagimos: este é o problema.
Precisamos começar a agir. Sempre agir. Cada passo precisa ser uma ação consciente, atenta, lúcida. E para que isso se torne possível, só há uma maneira: treino, prática, repetição... 
Dia após dia até que se torne hábito.

Só podemos destruir um velho hábito que já não nos interessa se no lugar dele construirmos um novo, que revele uma nova direção, um novo caminho. 
Os sentimentos difíceis continuarão dentro da gente, mas em vez de reagirmos a eles, podemos decidir por uma nova ação.
Em último caso, tenho feito assim: quando ainda não sei qual a nova ação que posso ter diante de um sentimento difícil, opto pelo silêncio.

Respiro fundo, entro em contato com o que estou sentindo, reconheço que estou me deixando atingir pelo que está acontecendo e simplesmente espero, em silêncio, até que consiga encontrar, dentro de mim, uma nova maneira de agir diante de velhos sentimentos.

E assim, de vida em vida, um dia de cada vez, pretendo acordar amanhã mais positiva do que fui hoje...

Rosana Braga

sábado, 17 de agosto de 2013

Falar comigo mesma


Quando eu quero falar silenciosamente comigo mesmo, eu desligo a TV, tiro o telefone do gancho, deito no chão da sala e fico olhando o vazio que se instala à minha volta. Neste ritual, que é só meu, é como se eu me alimentasse de pensamentos crus, numa espécie de banquete antropofágico onde eu devoro as minhas idéias mais absurdas com a máxima calma e ternura. Só assim eu consigo degustar o verdadeiro sabor dessa vida tão corrida e que se esvai aos poucos com a enxurrada do tempo.

Sempre que posso, eu me reservo alguns momentos de solidão para que eu possa refletir friamente sobre os meus atos e o meu modo de encarar a vida. Esse momento de reflexão pessoal é uma forma de exercitar sentimentos que existem dentro de mim, mas que foram atrofiados pela falta de uso. Fazer uma auto-crítica de tempos em tempos é uma forma voluntária que eu encontrei para tentar aperfeiçoar o homem que eu sou e o mundo em que vivo. Eu vivo melhor quando eu penso na vida e me antecipo aos meus passos. O pensamento é fonte de lucidez e de compreensão. O pensamento é o elo que une a quietude da minha alma imortal a este mundo decadente que só sabe exaltar a morte.

Por mais que viver seja uma árdua empreitada, sempre haverá um caminho que me leve à solução dos problemas que afligem os meus dias e noites. Por mais intensa que seja a escuridão que esconde o chão dos meus passos, o simples ato de me preocupar em relembrar o passado e vislumbrar o futuro, serve para que eu possa manter acesas as luzes que iluminam a atmosfera dos meus melhores dias. Porque o pensamento é o prenúncio de todas as minhas razões. Porque as minhas razões só vêm à tona depois que o meu pensamento reconhece a origem e o destino de suas verdadeiras intenções.

Ao mesmo tempo em que o pensamento é uma porta de entrada para o autoconhecimento, ele também é uma porta de saída para essa estupidez mórbida que ousa contrariar a inteligência dos homens e que insiste em querer minar o amor entre as pessoas. Pensar oxigena o espírito, dá asas ao coração e enche a nossa vida de motivos para seguirmos em frente sem jamais esquecer que ser feliz, mais do que uma obra feita por nossas mãos, é uma conquista silenciosa do nosso pensamento.

Renée Venâncio


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Deixe tudo no passado e viva o agora


Não seja desnecessariamente sobrecarregado pelo passado.

Vá fechando os capítulos que você já leu; não há necessidade de ficar voltando e voltando de novo.

E nunca julgue nada do passado pela nova perspectiva que está chegando, porque o novo é o novo, incomparavelmente novo e o antigo foi certo dentro de seu próprio contexto, e o novo é o certo dentro de seu próprio contexto, e os dois são incomparáveis.

Com o tempo, a poeira das nossas experiências, do nosso conhecimento, da vida que vivemos, do passado, vai se acumulando. Essa poeira se torna o ego. O ego é apenas uma crosta sem vida em volta de você, ela tem de ser quebrada e abandonada a todo momento, para que essa crosta não se torne uma prisão.

A melhor maneira de viver a vida é fazendo o que seu coração clama, é ir em direção ao que lhe faz vibrar de emoção.

E lembre-se:

“Sempre que houver alternativas, tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. 
Opte pelo que faz o seu coração vibrar. 
Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências.” - OSHO

Felicidade


Eu gosto de quando a felicidade não se anuncia.
Ela vai invadindo, chegando sem pedir, tomando conta, deixando o ar leve e contaminando. 
Desse jeito, não há tempo para sentir medo ou frear. 
Quando vê, já se é feliz! 
Sente-se que é feliz. 
Não se corre o risco de estragá-la antes do momento ou fechar as portas para ela. 
Ninguém a vê. 
Ela é invisível demais para os nossos olhos descrentes. 
Por isso, gosto do jeitinho atrevido dela de chegar sem ser percebida. 
Gosto de um dia descobrir que aquele sorriso sem motivo, é só a felicidade.

Camila Costa

domingo, 11 de agosto de 2013

Ler...


Ler é o melhor remédio.

Leia jornal...

Leia outdoor...

Leia letreiros da estação do trem...

Leia os preços do supermercado...

Leia alguém!

Ler é a maior comédia!

Leia etiqueta jeans...

Leia histórias em quadrinhos...

Leia a continha do bar...

Leia a bula do remédio...

Leia a página do ano passado perdida no canto da pia enrolando chuchus...

Leia a vida!

Leia os olhos, leia as mãos. Os lábios e os desejos das pessoas...

Leia a interação que ocorre ou não entre física, geografia, informática, trabalho, miséria e chateação...

Leia as impossibilidades...

Leia ainda mais as esperanças...

Leia o que lhe der na telha...

...mas leia, e as idéias virão!

Luís Fernando Veríssimo


sábado, 10 de agosto de 2013

O dia em que parei de mandar minha filha andar logo

O texto abaixo foi publicado originalmente em inglês no blog “Hands free mama” e é de autoria de Rachel Macy Stafford, uma professora de educação especial. A tradução para o português foi feita pela equipe doPortal Aprendiz.

Quando se está vivendo uma vida distraída, dispersa, cada minuto precisa ser contabilizado.
Você sente que precisa estar cumprindo alguma tarefa da lista, olhando para uma tela, ou correndo para o próximo compromisso. 
E não importa de quantas maneiras você divide o seu tempo e atenção, não importa quantas obrigações você cumpra em modo multi-tarefa, nunca há tempo suficiente em um dia.

Essa foi minha vida por dois anos frenéticos. 
Meus pensamentos e ações foram controlados por notificações eletrônicas, toques de celular e uma agenda lotada. 
Cada fibra do meu sargento interior queria cumprir com o tempo de cada atividade marcada na minha agenda super-lotada, mas eu nunca conseguia estar à altura.

Sempre que minha criança fazia com que desviasse da minha agenda principal, eu pensava comigo mesmo: “Nós não temos tempo pra isso.”

Veja bem, seis anos atrás, eu fui abençoada com uma criança tranquila, sem preocupações, do tipo que para para cheirar flores.

Quando eu precisava sair de casa, ela estava levando seu doce tempo pegando uma bolsa e uma coroa brilhante.

Quando eu precisava estar em algum lugar há cinco minutos, ela insistia em colocar o cinto de segurança em seu bichinho de pelúcia.

Quando eu precisava pegar um almoço rápido num fast-food, ela parava para conversar com uma senhora que parecia com sua avó.

Quando eu tinha 30 minutos para caminhar, ela queria que eu parasse o carrinho e acariciasse todos os cachorros em nosso percurso.

Quando eu tinha uma agenda cheia que começava às 6h da manhã, ela me pedia para quebrar os ovos e mexê-los gentilmente.

Minha criança sem preocupações foi um presente para minha personalidade apressada e tarefeira – mas eu não pude perceber isso. 
Ó não, quando se vive uma vida dispersa, você tem uma visão em forma de túnel – sempre olhando para o próximo compromisso na agenda. 
E qualquer coisa que não possa ser ticada na lista é uma perda de tempo.

Sempre que minha criança fazia com que desviasse da minha agenda principal, eu pensava comigo mesmo: “Nós não temos tempo pra isso.” Consequentemente, as duas palavras que eu mais falava para minha pequena amante da vida eram: “anda logo”.

Eu começava minhas frases com isso:

Anda logo, nós vamos nos atrasar.

Eu terminava frases com isso:

Nós vamos perder tudo se você não andar logo.

Eu terminava meu dia com isso.

Anda logo e e escove seus dentes. Anda logo e vai pra cama.

Ainda que as palavras “anda logo” fizessem pouco ou nada para aumentar a velocidade de minha filha, eu as dizia de qualquer maneira. Talvez até mais do que dizia “eu te amo”.

Anda logo!

A verdade machuca, mas a verdade cura… e me aproxima da mãe que quero ser.

Até que em um dia fatídico, as coisas mudaram. 
Eu havia acabada de pegar minha filha mais velha de sua escola e estávamos saindo do carro. Não indo rápido o suficiente para o seu gosto, minha filha mais velha disse para sua irmã pequena, “você é lenta”. 
E quando, após isso, ela cruzou seus braços e soltou um suspiro exasperado, eu me vi – e foi uma visão de embrulhar as tripas.

Eu fazia o bullying que empurrava e pressionava e apressava uma pequena criança que simplesmente queria aproveitar a vida.

Meus olhos foram abertos; eu vi com clareza o dano que minha existência apressada estava causando às minhas duas filhas.

Com a voz trêmula, olhei para os olhos da minha filha mais nova e disse: “Me desculpe por ficar fazendo você se apressar, andar logo. Eu amo que você, tome seu tempo e eu quero ser mais como você”.

Ambas me olharam surpresas com a minha dolorosa confissão, mas a face da mais nova sustentava o inequívoco brilho da aceitação e do reconhecimento.

“Eu prometo ser mais paciente daqui em diante”, disse enquanto abraçava minha filha de cabelos encaracolados. Ela estava radiante diante da promessa recém-descoberta de sua mãe.

Foi bem fácil banir o “anda logo” do meu vocabulário. O que não foi tão fácil foi adquirir a paciência para esperar pela minha vagarosa criança. Para nos ajudar a lidar com isso, eu comecei a lhe dar um pouco mais de tempo para se preparar se nós tivéssemos que ir a algum lugar. Algumas vezes, ainda assim, ainda nos atrasávamos. Foram tempos em que eu tive que reafirmar que eu estaria atrasada, nem que se fosse por alguns anos, se tanto, enquanto ela ainda é jovem.

Quando minha filha e eu saíamos para caminhar ou íamos até a loja, eu deixava que ela definisse o ritmo. Toda vez que ela parava para admirar algo, eu afastava os pensamentos de coisas do trabalho e simplesmente a observava as expressões de sua face que nunca havia visto antes. 
Estudava com o olhar as sardas em sua mão e o jeito que seus olhos se ondulavam e enrugavam quando ela sorria. 
Eu percebi que as pessoas respondiam quando ela parava para conversar. 
Eu reparei como ela encontrava insetos interessantes e flores bonitas. 
Ela é uma observadora, e eu rapidamente aprendi que os observadores do mundo são presentes raros e belos. Foi quando, finalmente, me dei conta de que ela era um presente para minha alma frenética.

Minha promessa de ir mais devagar foi feita há quase três anos e ao mesmo tempo eu comecei minha jornada de abrir mão das distrações diárias e agarrar o que importa na vida. 
E viver num ritmo mais devagar demanda um esforço concentrado. 
Minha filha mais nova é meu lembrete vivo do porquê eu preciso continuar tentando. 
E de fato, outro dia, ela me lembrou de novo.

Nós duas estávamos fazendo um passeio de bicicleta, indo para uma barraquinha de sorvetes enquanto ela estava de férias. 
Após comprar uma gostosura gelada para minha filha, ela sentou em uma mesa de piquenique e observou deliciada a torre gélida que tinha em suas mãos.

De repente, um olhar de preocupação atravessou seu rosto. “Devo me apressar, mamãe?”

Eu poderia ter chorado. Talvez as cicatrizes de uma vida apressada nunca despareçam completamente, pensei, tristemente.

Enquanto minha filha olhava para mim esperando para saber se ela poderia fazer as coisas em seu ritmo, eu sabia que eu tinha uma escolha. 
Poderia continuar sentada ali melancolicamente lembrando o número de vezes que eu apressei minha filha através da vida… ou eu poderia celebrar o fato de que hoje estou tentando fazer as coisas de outra forma.

Eu escolhi viver o hoje.

“Você não precisa se apressar. Tome seu tempo”, eu disse gentilmente. Toda sua cara instantaneamente abrilhantou-se e seus ombros relaxaram.

E então ficamos sentadas, lado a lado, falando sobre coisas que crianças de 6 anos que tocam ukelele gostam de falar. Houve momentos em que ficamos em silêncio, sorrindo uma para a outra e admirando os sons e imagens ao nosso redor.

Eu imaginei que ela fosse comer todo o sorvete – mas quando ela chegou na última mordida, ela levantou uma colheirada repleta de cristais de gelo e suco para mim. “Eu guardei a última mordida pra você, mamãe”, disse orgulhosa.

Enquanto aquela delícia gelada matava minha sede, eu percebi que consegui um negócio da China. 
Eu dei tempo para minha filha e em troca ela me deu sua última mordida de sorvete e me lembrou que as coisas tem um gosto mais doce e o amor vem mais dócil quando você para de correr apressada pela vida.

Seja comendo sorvete, pegando flores, apertando o cinto de bichinhos de pelúcia, quebrando ovos, encontrando conchinhas, observando joaninhas ou andando na calçada.

Nunca mais direi: “Não temos tempo pra isso”, pois é basicamente dizer que não se tem tempo para viver.

Tomar seu tempo, pausar para deleitar-se com as alegrias simples da vida é o único jeito de viver de verdade – acredite em mim, eu aprendi da especialista mundial na arte de viver feliz.


O pai que não conheci


Pai, eu não te conheci.....
Mas vi a tua foto e pude vislumbrar
O teu coração!
És lindo Pai! Teu coração era muito grande!

Fui desembrulhá-lo e sabe o que nele encontrei?
Amor, carinho, paz, alegria, poesia, música, ética,
Solidariedade...
Saibas, Pai, onde te encontrares agora, que eu Te
Amo!!! 
Eu sinto a tua falta, sempre senti, desde criança!

Às vezes, sinto um grande vazio dentro de mim;
A lacuna de tua presença!
Entretanto, Deus me deu a graça do consolo, a graça
da esperança, a graça de saber que Tu estás num bom lugar!
Tudo isto, me consola o coração!

Obrigado, Pai, por me ter gerado a vida! 
Eu te agradeço de todo o meu coração! 
E mesmo à distância, nutro um grande
sentimento de amor e carinho por Ti!

Que Deus te proteja sempre! 
Um belo dia, nos encontraremos
Ai em cima no céu!

Antoni BigCuore

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Em silêncio, viver a cantar


Um dia disseram-me: os pássaros que não cantam podem voar mais alto. 

Vivem o silêncio na concentração de chegar mais longe e não perdem o rumo. 
Mas os pássaros sem voz são aqueles que eu vejo descansar nos ramos mais escondidos das árvores. 
São os que se aninham nas sombras na expectativa de um raio de sol que os inspire. 

Para mim, esses são os pássaros que ainda não sabem o que é a inspiração. 
Não sabem que têm voz e que as melodias desenhadas no vento tornam os dias mais intensos. 

Estão perdidos entre os fins-de-tarde que se esquivam dos dias e aqueles que descansam nas horas que abrem as portas à noite. 
Estão esquecidos nas folhas que caem das árvores a cada amanhecer, ficam em silêncio sem saber como cantar. 

Para mim, esses pássaros voam alto mas não respiram fundo, não sorvem o ar mais puro porque não conhecem a alegria das melodias que podem entoar.

Mas acredito que, um dia, também eles vão aprender a cantar.

autor desconhecido

Lição de filha


Enfrentei divórcio no ano passado e fui premiado com Gripe A. Além disso, estava brigado com a minha filha. Quando jurava que ficaria sozinho, ela apareceu subitamente em casa e eu perguntei:

- O que você está fazendo aqui, não estava chateada comigo?

Ela respondeu:

- Sim, estou. Só que antes você precisar melhorar para eu voltar a ter raiva. Dependemos de igualdade de condições.

E me deu chá e me deu sopa e zelou meu sono durante três dias.

Quando me recuperei, ela me olhou e seguiu seu rumo:

- Agora posso retomar a minha brabeza. Está de novo com saúde para discutir.

Salvar primeiro o outro para depois salvar o relacionamento; esta foi a lição que minha filha me alcançou.

Neste final de semana, não direi Feliz Dia dos Pais, mas Feliz Dia dos Filhos!

Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Cheia de sol


Dias e noites se somavam pra mudar o que ia dentro dela.
Histórias tristes, mesmo que passadas, causavam pesadelos. Mas na boca, o gosto de eternidade era de momentos lindos.

Enquanto ela não sabia o que fazer do passado, ela ia se alimentando de versos e falava em cores, flores e passarinhos. Passava horas anotando sonhos e pedidos às estrelas cadentes.

E num faz de conta que esquecia histórias tristes, redescobria magias escondidas em algum canto. 
E pintava um amor novinho em folha, com direito à cartinhas e versinhos de amor para distrair os olhos.

Bordava uma porção de amizades por onde passava e escolhia a dedo as pessoas que continuariam em seu caminho. Plantava boas intenções e colhia um monte de surpresas.

Quando a menina se desestabiliza e desmorona, Deus vai lá e reconstrói. Dá a ela uma página em branco, pra ver se dessa vez ela não comete tantos erros. E aprenda de uma vez por todas que pensar só com o coração dói e pensar em quem não merece é besteira.

Então ela faz assim: pela janela debruça o olhar sobre uma vida bonita. E renasce. Fica forte outra vez. De sol em sol ela armazena energia e recupera sorrisos. Bota bobagens pra dormir e pisa forte no medo.

Algumas vidas, olhadas de perto, fascinam os olhos e salvam o dia.
Mesmo sem saber, algumas pessoas têm o dom de transmitir paz e harmonia pra menina que gosta de descansar o olhar sobre outras vidas que, mesmo complicadas, não deixam de ser poesia. 

E todas as manhãs a menina envia um sorriso de sol como forma de agradecimento pela poesia que ela lê todos os dias.

Cris Carvalho

Sementes


Um homem trabalhava em uma fábrica cinquenta minutos de ônibus da sua casa.
No ponto seguinte entrava uma senhora idosa que sempre sentava-se junto à janela.
Ela abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora.

A cena sempre se repetia e um dia, curioso o homem lhe perguntou o que jogava pela janela.
-Jogo sementes, respondeu ela.
-Sementes? Sementes de quê?
-De flores. É que eu olho para fora e a estrada é tão vazia...Gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo caminho. Imagine como seria bom!
-Mas, as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos ... A senhora acha mesmo que estas sementes vão germinar a beira da estrada?
-Acho, meu filho. Mesmo que muitas se percam, algumas acabam caindo na terra e com o tempo vão brotar.
-Mesmo assim... demoram para crescer, precisam de água...
-Ah, eu faço minha parte. Sempre há dias de chuva. E se alguém jogar as sementes, as flores nascerão.
Dizendo isso, virou-se para a janela aberta e recomeçou seu trabalho.
O homem desceu logo adiante, achando que a senhora estava senil.

Algum tempo depois...
Um dia no mesmo ônibus, o homem ao olhar para fora percebeu flores na beira da estrada.
Muitas flores... A paisagem colorida, perfumada e linda!
Lembrou-se então daquela senhora. Procurou-a em vão. Perguntou ao cobrador, que conhecia todos os usuários no percurso.
-A velhinha das sementes? Pois é... morreu há quase um mês.
O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela.
Quem diria, as flores brotaram mesmo, pensou! Mas de que adiantou o trabalho dela?
Morreu e não pode ver esta beleza toda.
Nesse instante, ouviu risos de crianças. No banco à frente, uma garotinha apontava pela janela, entusiasmada.
-Olha, que lindo! Quantas flores pela estrada... Como se chamam aquelas flores?
Então, entendeu o que aquela senhora havia feito.
Mesmo não estando ali para ver, fez a sua parte, deixou sua marca, a beleza para a contemplação e a felicidade das pessoas.
No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se junto à janela e tirou um pacotinho de sementes do bolso...
E assim, deu continuidade à vida, semeando amor, a amizade, o entusiasmo e a alegria.
O futuro depende das nossas ações no presente.
E se semearmos boas sementes, os frutos serão igualmente bons.

Autor desconhecido

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Não percam a esperança


A presença de Sua Santidade, o Papa Francisco, em nosso país, foi marcante, empolgante, emocionante. Milhões de pessoas, especialmente os jovens, aplaudiram-no entusiasticamente e, em profundo silêncio, escutaram as suas pregações. Das mensagens deixadas pelo Papa, na minha opinião, a mais significativa foi:

“Não percam a esperança.”

Sem dúvida, a perda da esperança é o sinal mais evidente do desânimo, do fracasso, da derrota. 
Não se pode perder a esperança mesmo diante da corrupção, do ódio racial, político e religioso. 
Não se pode perder a esperança perante a crueldade, a injustiça, as torturas, a indiferença, a insensibilidade. Não se pode perder a esperança jamais. 
Esperança de reconstruir um novo mundo, uma sociedade mais justa, uma nova vida de alegria e paz.

A juventude brasileira e, porque não dizer, a juventude do mundo aqui representada por quase duas centenas de nações, acolheu a mensagem do Papa e, com toda certeza, vai colocá-la em prática. 
A pregação do Papa caiu em terreno fértil. Atingiu o coração dos jovens que, por sua própria natureza, são os guardiões da eterna esperança. 
O futuro está nas mãos dos moços e moças. Cabe a eles a sua construção. 
Compete-lhes moldá-lo de acordo com as suas idéias e a sua consciência. 
Compete-lhes esculpi-lo de acordo com sua intuição e arte.

Foi bom ver o Papa no Brasil. Foi muito bom ver milhares e milhares de jovens cantando, gritando, sorrindo, aplaudindo e vibrando com as palavras do Vigário de Cristo.

A esperança é o combustível da vida. Quem tem esperança não desanima. 
Vai adiante com sua fé e a certeza de que pode transformar o mundo. 
A esperança traz confiança e alegria, a mesma alegria demonstrada nas ruas do Rio de Janeiro e de Aparecida do Norte. 
A mesma alegria que encantou o Papa do Povo.

Chiachiri Filho /Nossas Letras /Letras, Arte e Cia  

domingo, 4 de agosto de 2013

Princípio do vácuo - (desprendimento)


Você tem o hábito de juntar objetos inúteis no momento, acreditando que um dia (não se sabe quando) poderá precisar deles?
Você tem o hábito de juntar dinheiro só para não gastá-lo, pois no futuro poderá fazer falta?
Você tem o hábito de guardar roupas, sapatos, móveis, utensílios domésticos e outros tipos de equipamentos que já não usa há um bom tempo?

E dentro de você? Você tem o hábito de guardar mágoas, ressentimentos, raivas e medos?

Não faça isso!!! É anti prosperidade!

É preciso criar um espaço, um vazio, para que as coisas novas cheguem em sua vida.
É preciso eliminar o que é inútil em você e na sua vida para que a prosperidade venha.

É a força desse vazio que absorverá e atrairá tudo o que você almeja.

Enquanto você estiver material ou emocionalmente carregado de coisas velhas e inúteis, não haverá espaço aberto para novas oportunidades.
Os bens precisam circular.

Limpe as gavetas, os guarda roupas, o quartinho lá do fundo, a garagem.
Dê o que você não usa mais. Venda, troque, movimente e não acumule.
Dê espaço para o novo. (Não estou falando do capitalismo/consumismo!)

A atitude de guardar um monte de coisas inúteis amarra sua vida. Não são os objetos guardados que emperram sua vida, mas o significado da atitude de guardar. 
Quando se guarda, considera-se a possibilidade da falta, da carência. É acreditar que amanhã poderá faltar e você não terá meios de prover suas necessidades.

Com esta postura você estará enviando duas mensagens para o seu cérebro e para a vida:
- primeira: você não confia no amanhã;
- segunda: você acredita que o novo e o melhor não são para você, já que se contenta em guardar coisas velhas e inúteis.

O princípio de não acreditar que o melhor é para você pode se manifestar, por exemplo, na conservação de um velho e inútil liquidificador.

Esse princípio, expresso num objeto, denota um comportamento que pode também estar presente em outras áreas da sua vida, gerando entraves ao sucesso e à prosperidade.

O simples fato de doar para alguém o velho liquidificador,colocando o objeto em circulação, cria um vácuo para que algo melhor ocupe o espaço deixado.
Emocionalmente, também. Você passa a acreditar que o novo compensará o objeto doado.

Olha, uma faxina básica, apesar da trabalheira e do cansaço que provoca, ao final é sempre bem vinda!

Arejar espaços, fora e dentro da gente, faz um bem enorme!

Vamos lá... mãos à obra! 
Desfaça-se do que perdeu a cor e o brilho e deixe entrar o novo em sua casa, em sua vida e dentro de você!

As pessoas são solitárias porque constroem paredes ao invés de pontes...

Joseph Newton

sábado, 3 de agosto de 2013

É a vida que a gente precisa reaprender a amar...


Bom é perceber o que a vida não consegue esconder
Quando a gente menos espera ela nos revela
O amor, o amigo, a paz, a melodia
A surpresa, a dor, a superação.

Jeito bom de viver é se apaixonar pela vida
Respeitar suas idas e deixar cicatrizar as feridas
Saborear os encontros, esquecer os desencontros
Agradecer o hoje e torcer com fé pelo amanhã.

Se ela vier pesada e angustiante
Dobrada de tristeza e desilusão
Que a escolha seja acreditar
Porque é a vida que gente precisa reaprender a amar.

Mariane Braga

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Quando eu não aguentar…


Quando eu não me aguentar, e desistir, por favor, siga comigo, ainda que em silêncio. 
Sei que é difícil, é mais do que ser amigo, é amparar quem talvez, nem queira amparo. 

Quando eu não me suportar, e resistir, quando o remédio for muito amargo, não deixe de me dar a dose certa, ainda que eu não te entenda, isso é ser mais do que amigo, é ser anjo. 

Há dias em que precisamos de um anjo, de alguém que vele o nosso sono, que nos sacuda quando estivermos em meio a um pesadelo, quando nossa boca fica amarga, quando não queremos aceitar que acabou, que quem partiu não volta.

Quando eu desistir da vida, por favor, seja meu anjo, me mostre um jardim, diga que é só um recomeço, que não é o fim. 

E seja mais do que um amigo, mais do que um anjo, seja o meu reflexo, e por um instante, um momento de luz, seja para mim, o próprio Jesus.


Paulo Roberto Gaefke