domingo, 25 de agosto de 2013

Crise da meia idade: que crise?

Mesmo focando o lado bacana de ter 60 anos, não é por isso que a gente deixa de pensar o que é ter 60 anos. Sem dúvida, as mudanças são constantes e enormes e muitas vezes paramos pra refletir em tantas coisas da vida: passadas e futuras. 

Li esse artigo na revista Psychology Today e adorei. Por isso compartilho com vocês. É uma bela reflexão sobre a melancolia natural da meia idade e a possibilidade da reinvenção.  Foi escrito por Kathryn Betts Adams.


As muitas perspectivas da meia idade.
Melancolia e reinvenção na meia idade.
"Reinvenção" soa fabuloso, mas às vezes nos sentimos tristes e sobrecarregadas.

É um clichê dizer que na meia idade estamos nos reinventando. Para aqueles que tiveram crianças, é um clichê fácil de ser entendido, pois nosso papel de pais muda dramaticamente à medida que nossas crianças crescem. Nós estávamos acostumados a ser requisitados em tudo, todos os dias, mas adolescentes e crianças adultas não precisam mais da gente da mesma maneira que antes. Essa mudança em relação ao relacionamento que temos com nossos filhos requer naturalmente alguma reinvenção de outros aspectos de nossas vidas.

Muitas outras diferentes transições acontecem tipicamente durante os anos que vão dos 45 aos 55; nossa situação depende de onde nós viemos, se somos mulher ou homem, dos nossos recursos sociais e financeiros, e de uma boa dose de sorte. Nós podemos ser premiados com uma promoção no auge de nossa vida profissional, ou nós podemos nos encontrar indesejavelmente desempregados. Nós podemos encontrar com uma antiga paixão, divorciar e casar novamente, se comprometer com um parceiro, decidir ser solteira, ou finalmente encontrar o grande amor de nossas vidas. Nós podemos ser forçadas a mudar de casa ou felizes, decidir diminuir o estilo de vida.

Por volta dessa idade, muitos de nós notam o envelhecimento físico. Pela primeira vez, nós podemos ser diagnosticados com uma doença crônica como artrite ou pressão alta, ou pelo menos, a gente começa a aguentar uma série de pequenas cutucadas como tênis elbow, refluxo, tratamento de canal dentário e joanetes. Nós temos que usar óculos para leitura, visitar o podólogo, tomar remédios e pular a sobremesa. E a maioria de nós descobre que temos parentes e amigos próximos com doenças sérias, ou, mais triste ainda, que temos mais funerais para ir.

Cada um de nós tem o seu próprio jeito de perceber que estamos envelhecendo e sentimos as pequenas e às vezes enormes perdas que isso traz a cada dia.

"Reinvenção" soa fabuloso e excitante, sugerindo novas possibilidades e oportunidades, uma "nova você". Mas às vezes a gente se sente simplesmente triste, desorientada e sobrecarregada tentando olhar para frente quando se sente pesada e puxada para trás. O que estou descobrindo na minha própria vida e na vida de amigos e daqueles que têm compartilhado suas histórias comigo, é isso: às vezes a reinvenção tem que vir acompanhada do luto, da melancolia, que é a resposta natural para as perdas que acontecem durante as transições da vida.

Para alguns de nós, um período de depressão se segue às difíceis perdas ou transições. Nós sabemos que estamos deprimidas quando as coisas não parecem importar muito, quando sentimos os ossos cansados e dormir não adianta muito, quando nos sentimos sem esperança, sem ajuda, ou inúteis. Quando isso acontece, não devemos cuidar disso sozinhas, é preciso procurar um terapeuta ou médico e pedir ajudar.

Mas a maioria de nós não está em depressão, mesmo assim sentimos a natureza agridoce do envelhecer. E seguindo o caminho para a reinvenção, temos duas maneiras de fazê-lo: as duas feitas simultaneamente ou uma e logo depois a outra. Uma é sentir verdadeiramente o luto pelas perdas, a tristeza e a saudade, melancolicamente pensando como as coisas eram e agora, não são mais; em outras palavras, sentindo o luto. A outra envolve "restauração" : criando novos hábitos, se engajando em novas atividades, fazendo planos: a reinvenção da vida depois da perda. A mudança flui de um maneira para outra naturalmente.

Não estou sugerindo que envelhecer seja a mesma coisa que estar de luto, mas esses dois processos convivendo um com o outro, me parece ser o jeito de ser da meia idade. Nós estamos rodeadas por lembranças do que passou e do que perdemos: pais, crianças, irmão, amigos; nossos antigos empregos e casas, as escolhas que fizemos para seguir esta ou aquela carreira, nosso lugar, ou interesse romântico... Então nos encontramos de luto em momentos privados, enquanto cochilando ou sonhando acordada, limpando os armários de nossas mães ou décadas de papéis com desenhos das crianças, mergulhadas numa melancólica nostalgia.

Ainda assim, nós sabemos que o futuro pode ser longo...

... e esperamos ter boa saúde. A meia idade é o tempo reavaliar nossos hábitos de saúde, tentar fazer o que a gente pode para se sentir bem e adiar a fragilidade e incapacidade na idade avançada.

... e esperamos que nossas vidas tenham um significado e que tenhamos objetivos. A meia idade é o tempo de pensar em nossos pontos fortes e talentos e como podemos fazer o melhor uso de ambos para agradar a nós mesmas e ainda ajudar outros.

... e nós também sabemos que na análise final, a vida é surpreendentemente tão curta quanto longa. A meia idade é o tempo de varrer a poeira das nossas esperanças e sonhos, nossas infindáveis listas de desejos a realizar para ver onde realmente estamos.

Nós refletimos sobre o passado e sentimos por tudo aquilo que não temos e não somos mais, mas nós podemos ver a reinvenção nas possibilidades que temos à frente.

www.avidaaos60.com.br


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