quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Momentos especiais


A vida presenteia a todos nós com momentos especiais, únicos!

Alguns não percebem quando eles chegam e simplesmente os ignoram, perdendo a alquimia existencial. 
Outros os vivem profundamente, sabendo o quanto eles deixarão saudades... 

Todos têm momentos mágicos que podem ser vividos em janeiro, junho, julho ou em um doce novembro. 
Independente de datas eles surgirão e se estivermos despertos os guardaremos, feito tesouros, para todo o sempre! 

Essa é a grande diferença entre quem vê a vida em preto e branco e quem a vê colorida, com poesia, perfume e música...

Lígia Guerra

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O que é a vida?

O que é a vida? 
A vida é a nossa participação na história. 



Como as estações do ano ou como as paisagens, 
a vida vai mudando e nós com ela. 
Mas nós também mudamos a história. 
A história era diferente antes de nós 
e não será igual depois de nós. 
Nós mudamos a história com a nossa vida: 
as nossas acções, boas e más, 
as nossas palavras, 
as nossas opiniões 
e as nossas decisões, 
os nossos amores e os nossos ódios... 
Tudo é vida, tudo é história.

Mas a vida não se cruza só com a história. 
Na nossa vida temos factos e temos pessoas. 

Cruzamo-nos com os outros, 
que também têm as suas vidas e as suas histórias. 
Como os castelos. 
Pedra sobre pedra, 
fortalezas, onde só entra quem deixamos, 
o sítio de encontro, 
o lugar da segurança, 
para os que amam, o lugar do amor. 

Bem situados, 
normalmente nos altos das vilas ou das cidades, 
de lá nós vemos quem se aproxima: 
amigos que nos querem bem, 
os mal intencionados, 
que nos deixam assustados, 
os desconhecidos que nos visitam, 
os amores que vêm à procura do nosso coração...

O que é a vida? 
É mostrar-se e esconder-se, 
é arriscar e recuar, 
observar e participar, 
é duvidar e acreditar.

E é amar. 
Amar tudo e todos, é certo, é cristão,
mas amar quem vive no nosso coração. 
Grande castelo o nosso coração! 
Amamos com mais ou menos intensidade, 
com mais ou menos paixão, 
mais presentes ou mais ausentes, 
mas amamos os que trazemos dentro de nós. 
Com esses, 
muitos ou poucos, que importa?, 
construímos a nossa vida de cada dia. 
Porque nascemos para amar, 
vivemos a amar 
e morremos amados.

O que é a vida? 
É o livro do qual se é o autor 
e talvez o seu único leitor. 
São as páginas que lemos, 
escrevemos 
e voltamos a ler 
para ver o que ficou escrito lá atrás 
e que já não nos lembramos; 
são os capítulos que o ordenam, 
lhe dão sentido e força, 
são os outros personagens, 
os que estão sempre em cena 
e os que vão e vêm; 
são as folhas por escrever, 
desafios desconhecidos numa história em construção.

No livro da vida não há ficção. 
Tudo aconteceu, 
tudo é real, tal e qual, 
não adianta ter vergonha.

O que é a vida? 
É ler o seu próprio livro: 
chorar, rir, sonhar... 
E não desistir de amar.


Fr. Filipe


Pense em mim


Pense em mim
Se você me ama,

Não chore...

Se você conhece o mistério insondável do céu onde me encontro...

Se você pudesse ver e sentir o que eu sinto e vejo nestes horizontes sem fim e nesta luz
que tudo alcança e penetra você jamais choraria por mim.

Estou agora absorvida pelo encanto de Deus, pelas suas expressões de infinita beleza.

Em confronto com esta nova vida, as coisas do tempo passado são pequenas e insignificantes.

Conservo ainda todo o meu afeto por você
e uma ternura que jamais lhe pude, em verdade, revelar.

Amamo-nos ternamente em vida,
mas tudo era então muito fugaz e limitado.

Pense em mim assim.
Nas suas lutas, pense nesta maravilhosa morada, onde, juntos, viveremos no enlevo mais puro e mais intenso, junto à fonte inesgotável de alegria e do amor.

Se você verdadeiramente me ama, não chore mais por mim.

"Eu estou em paz."

do site: http://www.paulinas.org.br/

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Pedido


Ouço os sinos:
Dobram, redobram,
Anunciando aos homens
A chegada do Menino.

Onde estão os homens?

Olho a estrela:
Brilha, rebrilha,
Indicando aos homens
O caminho do Menino.
E onde os homens estão?

Vejo o Menino esperando,
Deitadinho entre as palhas,
E renascendo, a cada ano...
E cansando de esperar.

Menino, não te vás embora,
Espera mais um pouquinho!
Sei de uma estrela enorme
Que brilha no alto da noite
Saudando a Tua chegada.

Menino, não te vás embora,
Espera um pouquinho mais!
Sei de três nobres senhores
Que, partindo do Oriente
E seguindo a Estrela-Guia,
Logo Te irão encontrar,
E com ouro, mirra e incenso,
Irão e Te presentear.
E sei também de pastores 
Que, seguindo a Fé e a Palavra,
Logo Te irão adorar.

(Não nos shoppings,
Nem nas luzes
De outras muitas estrelas,
Geradas nas mãos dos homens.
- Eis os homens! -
Não nas mil e uma caixas
Vestidas de ouros e pratas
Que se amontoam nas lojas,
Nas casas, nos olhos...
E em muitos corações.
Não no farfalhar das sedas
Ou nos laços de celofane
Que se compram e se vendem
- Filas enormes! - 
Em mercados vazios de Fé).

Não, Menino, não vás embora:
Fica e me mostra o caminho
Da Tua estrela luminosa.
Revela-me a paz do Teu ninho.
Envolve-me no hálito-agasalho
Do Amor, 
Da confiança na essência do Homem.

Não, Menino, não vás embora:
Fica. E me mostra o caminho
Que leva ao singelo, à ternura,
Às palhas da manjedoura;
A novo sopro de esperança
No humano coração.

Eis o que procuro
Nas madrugadas nebulosas 
(Onde a Estrela?) 
Destes dias seculares:
O espírito do Teu Natal.
Hoje tão difícil... tão difícil...
Ah, Menino, não te vás!

Eny Miranda

domingo, 14 de dezembro de 2014

Ler o mundo


Fui convidada pela Juliana, da Escola Dante Guedini, que faz um belo trabalho, na Sala de Leituras, para dois encontros com uma escritora (eu) e os alunos, basicamente das 7ª e 8ª séries. 

Pedi que os alunos me ajudassem com perguntas e elas foram ótimas: 
qual o meu sonho; 
como começou a minha paixão por ler; 
qual a primeira dificuldade minha ao escrever; 
como lido com o tema e com o título do que escrevo (escrevo o que realmente sinto e penso?); 
quais as minhas referências como escritora-leitora. 
Perguntas que me ajudaram a conhecê-los.

Lembrei-me, antes de encontrá-los, da minha experiência como alfabetizadora. Descobri maravilhas sobre o ato de ler, tantos anos atrás. 
Cada um aprende a ler segundo uma experiência íntima, particular. 
Vi uma criança aprender, pelo som da letra, o método fonético desenvolvido (e criticado) por Maria Montessori. 
Na época era popular o método global, de Paulo Freire, na alfabetização dos adultos (o famoso MOBRAL, extinto pela ditadura militar, considerado subversivo). 
Muitas crianças eu vi aprenderem a ler com frases e até mesmo textos criados, oralmente, por elas, seguindo Freire.

Mas também vi criança aprendendo pelo antiquado método silábico, usado nas cartilhas. 
As cartilhas eram criticadas, nos idos dos anos 70, como método arcaico de alfabetização, que impedia a criatividade da criança. 
Mas vi criança se alfabetizar com a junção de letras: “b” + “a” = “ba”, considerado um péssimo método.

Aprendi, como alfabetizadora, que a gente aprende a ler, de maneira pessoal, da mesma maneira como se bebe, ou se come, ou se cheira e se toca o mundo ao redor. 
Há os detalhistas que, enquanto não veem todos os detalhes, não conseguem apreender a experiência e dar nome a ela. 
Há o que precisa de uma visão panorâmica, para situar o detalhe senão se perde, sem perceber o contexto.

Há pessoas que necessitam viver sensações: a experiência tem de ser concreta, sensorial, para conseguirem registrar experiência: são incapazes de abstrair. 

Em geral, crianças pequenas precisam de experiências sensoriais, antes de alcançar a abstração, e apreendem as experiências por “tentativa e erro”.

Outros apreendem um padrão e, através dele, encontram um sentido na experiência, organizando a sua percepção e, finalmente, alcançam o aprendizado.

Alfabetizar revela os diferentes tipos, humanos, de inteligência. 

Ler cria o futuro escritor e suas diferentes escritas também. 

É milagroso, para o alfabetizador, ver pipocar, um aqui, outro acolá, o leitor e o escritor futuros da nossa língua portuguesa. 

Quando nada parece estar a acontecer, silenciosa metamorfose vai ocorrendo. 
Alguém cego e surdo para os sinais crípticos, misteriosos, se torna, finalmente, alguém letrado e culto: cidadão da própria língua.

Obrigada, turma da E.E. Dante Guedini pela conversa sobre leitura/escritura: meu mundinho se alfabetizou mais, em leitura e escrita, com a experiência de nosso encontro. 

Alfabetização é um processo infinito, quando queremos ler o mundo, mais do que ler livros.


Maria Luiza Salomão, psicóloga, psicanalista

Quatro conselhos dos santos para a educação dos seus filhos


“Como poderão os filhos ser bons, se os pais não prestam? Só por milagre”. 
Com essa frase, Santo Afonso de Ligório resume a grave responsabilidade dos pais na formação da consciência de seus filhos. 

Como ensinou Nosso Senhor, pelos seus frutos os conhecereis. São muitíssimos os nomes de santos que tiveram pais ou mães igualmente virtuosos: Santo Agostinho e Santa Mônica, São Gregório Magno e Santa Sílvia, Santa Catarina da Suécia e Santa Brígida… e a lista se estende. 
São verdadeiramente almas gigantes, que só puderam se elevar porque receberam uma educação exemplar de seus pais.

Vão aqui quatro conselhos dos santos para você educar os seus filhos. Nem todas são exortações muito agradáveis aos ouvidos, mas, com certeza todas serão de grande valor para a sua família.

1. Ser obediente a Deus


“ Se queremos saber mandar, temos primeiro de saber obedecer, procurando impor-nos mais com o amor do que com o temor.” (São João Bosco)
Antes de impor a autoridade sobre os filhos, é preciso lembrar que há uma autoridade à qual todos os homens devem obedecer. 
Tanto maior será o respeito dos filhos por seus pais, quanto maior for o respeito destes ao Pai dos céus. 
O filho que vê o pai trabalhando, tratando com respeito a sua mulher, cuidando das necessidades da casa e rezando - em suma, cumprindo o seu dever de cristão e pai de família -, não só será dócil às suas instruções, como seguirá o seu exemplo, ao crescer. 
Portanto, em primeiro lugar, o Reino de Deus, isto é, o cumprimento da Palavra. 
As outras coisas virão por acréscimo.

2. Corrigir por amor, não por ira
“ Tome-se como regra nunca pôr as mãos num filho enquanto dura a ira ou cólera; espere-se até que se tenha aquietado por completo.” (Santo Afonso de Ligório)

“Quando, porém, se tornarem necessárias medidas repressivas, e consequentemente a mudança de sistema, uma vez que certas índoles só com o rigor se podem dominar, cumpre fazê-lo de tal maneira que não apareça o mínimo sinal de paixão.” (São João Bosco)

Os conselhos de Santo Afonso e São João Bosco são o mesmo conselho do Autor Sagrado: “Vós, pais, não provoqueis revolta nos vossos filhos” (Ef 6, 4). 
Se é verdade que, como adverte o Livro dos Provérbios, “quem poupa a vara, odeia seu filho” (13, 24), também é verdade que toda correção deve ser feita de modo racional e equilibrado, inspirada pelo amor, não pela ira. 
Caso contrário, também a criança aprende a irar-se, sem que mude de comportamento. 
Aqui, é importante evitar não só as agressões físicas, mas também os gritos e as palavras exasperadas, que mais servem para intimidar as pessoas que para melhorar o seu caráter.

3. Dar bom exemplo

“ Os pais estão igualmente obrigados a dar bom exemplo a seus filhos. 
Estes, principalmente quando pequenos, imitam tudo o que veem, com a agravante de seguirem mais facilmente ao mal, ao qual nos sentimos inclinados por natureza, que o bem, que contraria nossas inclinações perversas. 
Como poderão os filhos comportar-se irrepreensivelmente, se ouvirem seus pais blasfemar a miúdo, falar mal do próximo, injuriá-lo e desejar-lhe mal, prometer vingar-se, conversar sobre coisas indecentes e defender máximas ímpias, como estas: Deus não é tão severo como dizem os Padres; ele é indulgente com certos pecados, etc.? 
O que se tornará a filha que ouve sua mãe dizer: É preciso deixar-se ver no mundo e não se enclausurar como uma freira em casa? 
Que bem se pode esperar dos filhos que veem o pai o dia inteiro sentado na taberna e, depois, chegar bêbado a casa, ou então visitar casas suspeitas, confessando-se uma só vez no ano ou só muito raramente? 

S. Tomás diz que tais pais, de certo modo, obrigam seus filhos a pecar.” (Santo Afonso de Ligório)

As palavras de Santo Afonso são suficientemente claras. 
Aqueles que dão mau exemplo de vida, “de certo modo, os obrigam seus filhos a pecar”. 
Se essa sentença é verdade para o mal, também o é para o bem. 
Pais que vivem uma vida de oração e virtudes excitarão o coração de seus filhos para o serviço de Deus e das almas. 
O casal de beatos Luís Martin e Zélia Guérin educou tão bem suas cinco filhas, que todas elas se tornaram religiosas, entre elas Santa Teresinha do Menino Jesus, que é doutora da Igreja.

O pai que, lendo essas linhas, lamentou não ter dado uma boa educação a seus filhos - pois não tinha conhecido Nosso Senhor quando começou a sua família - deve, antes, louvar a Deus pelo conhecimento que agora tem e ainda pode dar a seus filhos, por meio de conselhos. 

É preciso, agora, buscar a conversão da própria família, sobretudo com uma vida de muita oração e penitência, evitando inquietações e escrúpulos desnecessários, afinal, Deus não nos pede conta daquilo que ignoramos. 
Uma vez conscientes da Sua vontade, todavia, é importante trabalhar com temor e tremor na própria salvação e na dos outros, sabendo que a quem muito foi dado, muito será cobrado.

4. Agir com prudência e vigilância

“Os pais são os culpados, pois quando se trata de seus cavalos, eles mandam aos cavalariços que cuidem bem deles, e não deixam que cresçam sem serem domados, e desde cedo põem neles freio e outros arreios. Mas quando se trata de seus filhos jovens, deixam-nos soltos por todas as partes durante muito tempo, e assim perdem a castidade, se mancham com desonestidades e jogos, e desperdiçam o tempo com espetáculos imorais. (...)

Cuidamos mais de nossos asnos e de nossos cavalos, do que de nossos filhos. 
O que possui uma mula, se preocupa em encontrar um bom cuidador, que não seja nem rude, nem desonesto, nem ébrio, mas um homem que conheça bem o seu ofício. Todavia, quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece. 
E, no entanto, não há arte superior a esta. 
O que é comparável à arte de formar uma alma, de plasmar a inteligência e o espírito de um jovem? 

Quem professa esta ciência deve proceder com mais cuidado que um pintor ou um escultor ao realizar sua obra.” (São João Crisóstomo)
São João Crisóstomo viveu no século IV, mas esse conselho é válido sobretudo para os nossos tempos, em que as crianças são entregues a um sistema educacional corrompido, muitas vezes com a displicência dos pais, que querem passar toda a sua responsabilidade de educá-las para o Estado.

“Quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece”. Essa sentença convida todos os pais a um exame de consciência: como me relaciono com a escola dos meus filhos? 
Sei ou procuro saber o que os professores estão passando para eles, quais livros estão sendo usados para a sua instrução e como é o ambiente em que convivem? 
Em casa, deixo os meus filhos jovens “soltos por todas as partes”, deixando que façam o que querem, sem freios e sem disciplina? 
Converso com eles com frequência, agindo verdadeiramente como pai? 
O exame deve incluir, evidentemente, o propósito de agir com mais pulso e cuidado na orientação da prole.

É preciso empregar muita diligência nesses exames, pois, como diz Santa Teresinha do Menino Jesus, as crianças “são como uma cera mole sobre a qual se pode depositar tanto as impressões das virtudes como do mal”, e os primeiros responsáveis por moldar essas pequenas almas são justamente os pais. 

A santa religiosa de Lisieux exclamava: “Ah! quantas almas chegariam à santidade se fossem bem dirigidas!...”

Lembremo-nos sempre que Deus pedirá conta daquilo que fizemos com as almas de nossos filhos e peçamos a Sua graça para imitarmos a Sagrada Família de Nazaré, na qual Nosso Senhor cresceu, rodeado de carinho, atenção e amor.

Padre Paulo Ricardo
https://padrepauloricardo.org

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sinto-me completa


O meu rosto parece-te enrugado?
São as cicatrizes das feridas
que a vida vai-me deixando...
São as marcas de experiências vividas...

Nem tudo é sombra,
nem tudo é sol...

A minha alma machucasse 
e ao mesmo tempo sente-se acarinhada...

perguntas-me se trocava a leveza do sentir,
pela dureza daquilo que me marcou?

Não... Amei tudo o que vivi até aqui...
Nada teria sentido se fosse de outra forma...

Aprendi, ensinei, 
sorri, chorei, 
doei de mim...
Umas vezes sem retorno,
noutras tantas, também recebi...
perdi, ganhei...

E agora queres também saber se valeu a pena?
Valeu e continua a valer, 
com toda a certeza!
Valeu por tudo o que foi e não volta mais...
Vale por tudo o que é...vivido... Sentido...
Valerá, talvez, por tudo o que ainda está para vir, 
enquanto Deus assim mo permitir!

Sou enrugada pela vida... É certo, 
carrego no peito dores, desalentos, desamores...
Alegrias, euforias, emoções e contentamentos...
Memórias intemporais que não se perdem no tempo...

Mas acima de tudo,
sou imensamente feliz com as rugas
que me tornam mais completa...

Com elas aprendi o milagre 
de sentir,
de sofrer, 
de sorrir 
de viver! 

(Rómy Pinto)

O tamanho das pessoas


Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento...

Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri .

É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e até mesmo o amor

Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. E pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos da moda.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de acções e reacções, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade, sem tamanho...

Martha Medeiros

sábado, 29 de novembro de 2014

Perdão, continuidade do amor...


"Vida dividida nas pequenas coisas

Costura do tempo nos aproximando sempre mais 

Mas quando surgiram nossas diferenças

Quando descobrimos nossos maiores defeitos

Manifestações de protestos

Crises nervosas

Discursos desaforados

A promessa de que eu iria embora definitivamente

de sua vida 

E de que nunca mais voltaria a pronunciar o seu nome

Mas depois a saudade

A ausência mensurada

O arrependimento

O pedido de perdão

E o aprendizado de que quanto mais a gente ama

Muito mais a gente precisa perdoar

O amor é motivo de perdão

E o perdão é a continuidade do amor

Obrigado por ter me ajudado a entender isso 

Estar ao seu lado é sempre motivo de festa".


Pe. Fábio de Melo

O que é o amor?


“Quem não vive para servir, não serve para viver”

A palavra amor está desgastada. 
Amar não é gostar. Eu gosto de laranja e a destruo; você gosta de maçã e a consome; um outro gosta de cigarro e o queima. 
Isso não é amor; é egoísmo; é se satisfazer destruindo uma coisa. 
Gostamos de coisas, amamos pessoas.

Muita gente ama assim; queima, anula, destrói o outro para se satisfazer, como se fosse uma coisa; e ainda lhe diz “I love you!”. 
Amar é diferente; é renunciar-se para fazer o outro feliz. Você não pode dizer SIM para o outro, sem dizer NÃO para você. 
Você não pode dar a alguém 100 reais e ao mesmo tempo ficar com esta nota. Amar é servir desinteressadamente, sem esperar recompensa. 

“Quem não vive para servir não serve para viver”, diz o ditado, e é isso que nos faz felizes e santos. Fazer o bem faz bem.

Dom Bosco disse que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. 
Charlie Chaplin disse que “o homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de amar”. 
No amor está a força da vida. Amar é dar-se de maneira espontânea, voluntária. 
Muito mais do que dar coisas aos outros, é dar-se a si mesmo, sua dedicação, seu tempo, seu coração. 
Os infelizes não aprenderam a amar. Só o amor constrói o homem e o mundo.

O amor nunca morre ou acaba, mesmo que seja pregado numa Cruz. 
A razão da frustração do homem pós-moderno é que ele dominou o mundo e as estrelas, a tecnologia e a ciência, mas não aprendeu a amar o irmão que está ao seu lado. 

Há muitas pessoas que ainda são más, porque ainda não fizeram a experiência do amor; nunca foram suficientemente amadas. 

“O amor é a asa que Deus deu à alma para que ela possa subir até ele”, disse Michelangelo. 

A falta de amor desintegra o homem e a humanidade.

Prof. Felipe Aquino

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Deus me quer bem



Eu não tenho direito de me sucumbir aos olhos daqueles que me detestam

Eu não tenho direito de me sucumbir aos olhos daqueles que me querem mal


Por que Deus me quer bem!


Porque que eu vou me ocupar dos comentários daqueles que não me amam?

Porque que eu vou ficar pensando no que os outros estão achando de mim?

Se o que na verdade o que me salva é o que Deus sabe ao meu respeito!


O que você tem que se ocupar é disso.

Esqueça os que não gostam de você,

Esqueça o problema que você tem,

Esqueça da derrota que você sofreu,


E quem sabe esquecendo daquilo que não foi bom

O seu coração possa se ocupar de alguma coisa que é boa nessa vida".


Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

“Asas de Deus”


Esta é uma história real que aconteceu nos Estados Unidos, no chamado Parque Nacional de Yellowstone; que é um parque localizado nos estados de Wyoming, Montana e Idaho, de tão grande que é. 
É o mais antigo parque nacional no mundo. Foi inaugurado a 1 de março de 1872 e cobre uma área de 8980 km².

O parque é famoso porque, entre outras atrações, tem fontes de água quente e por sua variedade de vida selvagem, na qual incluem-se ursos marrons, lobos, bisontes, alces, e outros animais. 
É o centro do grande ecossistema de Yellowstone, que é um dos maiores ecossistemas de clima temperado ainda restantes no planeta. 
A cidade mais próxima do parque Yellowstone é Billings, Montana.

Muito antes de alguém morar em Yellowstone, uma grande erupção de um vulcão lançou uma grande quantidade de cinza vulcânica que cobriu todo o oeste dos Estados Unidos, a maioria do centro-oeste, o norte do México e algumas áreas da costa leste do Oceano Pacífico.

Depois de um incêndio florestal que houve no Parque Nacional de Yellowstone, os guardas florestais começaram a sua caminhada até uma montanha para avaliar os danos e um deles encontrou um pássaro todo endurecido como se fosse pedra de cinzas, no chão, na base de uma árvore. 
Ele derrubou o pássaro com uma vara. Quando ele bateu nela delicadamente, três filhotes pequeninos correram sob as asas de sua mãe morta.

A mãe amorosa, diante do desastre que ia acontecer, tinha levado seus filhos para a base da árvore e os colocou debaixo das asas, instintivamente sabendo que a fumaça tóxica subiria. 
Ela poderia ter voado para a segurança, mas se recusou a abandonar seus bebês. 
Em seguida, o incêndio chegou e o calor queimou seu corpo pequeno, mas ela ficou firme para salvar seus filhotinhos… porque ela tinha se disposto a morrer, para que os seus filhotinhos vivessem. 
Que bonito! 

Alguém chamou essa história de “Asas de Deus”, as asas dessa avezinha que morreu queimada para salvar seus filhotes.

Até os animais sabem amar os seus filhinhos. Por isso, nós humanos precisamos amar ainda mais nossos filhos, antes de depois de nascerem. 
Um pai não pode abandonar seu filho, pois nunca um animalzinho tem coragem de abandonar seus filhotinhos. 
O amor de Deus está neles também.

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Quando nos faltar palavras


Quando faltam palavras para explicar o vazio de um dia inteiro...
Quando nossas forças parecem falhar diante de um grande novo desafio...
Quando os dias parecem escurecer e perder as cores com as quais pintamos nossos sonhos...

Quando, mesmo cansados, olhamos para trás e vemos o longo caminho percorrido e ali sabemos que não vale a pena desistir...
Quando no pior desespero não encontramos a saída mais óbvia, ainda que ela esteja a um palmo de distância...
Quando não há mais lágrimas para secar a dor...

É exatamente quando nosso corpo atende os pedidos da nossa alma e coração, e num abraço sincero e caloroso dois ou mais mundos se encontram para compartilhar um único momento.

Um momento de ajuda.
Um momento de alegria.
De compaixão e amor por uma mesma causa.

Dois ou mais universos colidem dentro de um abraço.
Onde os apaixonados encontram seu porto-seguro.
Onde os amigos encontram o conforto de cada angústia.
Onde cada pai e mãe reconhece a saudade e o cuidado por cada filho.
Onde as pontes fraternais que construímos dia após dia ganham reforços.

Abraço cura.
Abraço cuida.
Abraço protege.
Abraço salva.

Porque é no universo de um abraço que os corações estão mais próximos uns dos outros.

desconheço a autoria

O que é Sabedoria?


Há dias venho refletindo sobre a definição de sabedoria motivada por um determinado estudo. 
Seria sabedoria a arte do discernimento? 
Seria sabedoria a arte de não sucumbir às emoções? 
Ou seria sabedoria uma mistura de destreza mental, controle afetivo e experiência de vida?

Para se ter sabedoria de fato são necessários anos vividos. 
Um adulto pode ser mais sábio que um adolescente. Um idoso provavelmente será mais sábio do que todos eles.
Deve haver uma parcela de pessoas que envelheceram naturalmente, valorizando as experiências pelas quais passaram durante a vida e visualizando o engrandecimento pessoal através delas. 
Penso assim, pois venho conhecendo algumas dessas pessoas. 
Demonstram se aborrecer menos, são mais alegres, menos ansiosas e mais saudáveis.

Encontramos na Wikipédia que agir com sabedoria, nos dias de hoje é:
• “fazer o certo na hora certa” – demonstrando experiência e conhecimento sobrepostos
• “respeitar o pensamento alheio” – demonstrando segurança em si
• “ser gentil para com as pessoas” – demonstrando paciência
• “ser humilde” – demonstrando autoconfiança
• “tratar o outro como gostaria de ser tratado” – demonstrando visão de igualdade
• “enxergar o dia-dia, não o seu, e sim ao redor, de situações das mais diversas, e observá-las” – demonstrando entusiasmo pela aprendizagem constante.
William James disse ser sabedoria “a arte de saber o que deixar de lado”. 
Visualizo aqui assertividade, respeito, gentileza, humildade, igualdade e entusiasmo juntos!

Parece-nos ser sabedoria algo bem diferente de inteligência ou esperteza, mas certo “jeito” de lidar com o meio social, com as coisas que movimentam a vida através de um traquejo, sutileza, perspicácia e assertividade que leva a pessoa a manter seu estado de felicidade ou de paz. 

A pessoa sábia também nos inspira à calma, tranquilidade por não se exaltar, pois aparenta já conhecer o caminho, já saber do desenrolar da história por ter vivido algo semelhante, por ter adquirido experiência e assim não se surpreende com as situações.

A pessoa sábia nos passa segurança e confiança no processo, pois não teme perder algo seja moral, seja material ou relacionamento pelo simples fato de conhecer suas capacidades, limitações, fragilidades, condições e de forma natural se envolver apenas com situações que lhes dizem respeito ou para a qual é chamada a colaborar. 
Este “conhecimento de si” é o seu maior tesouro e por sorte ele jamais pode ser roubado. 
É a única coisa que levará consigo eternamente!

Mesmo com a morte, a pessoa sábia lida com total confiança de que encerra seu processo de vida com missão cumprida, entendendo que mesmo não tendo feito coisas que um dia desejou fazer, foi porque tal desejo não lhe pertencia. 
Tal desejo foi um “engano”, portanto a morte não lhe representa perda, mas compleição!

Uma questão curiosa: se temos a chance de nos tornar mais sábios ao percorrer de forma natural nosso processo de vida, se podemos nos tornar mais sábios à medida que vivemos e colecionamos experiências as quais um belo dia se transformam em sabedoria, o que pode nos levar a desenvolver ansiedade na idade madura, a ponto de deixarmos de fazer coisas por medo e de nos sentir diminuídos pelas limitações que podem surgir nesta fase?

O que de fato nos influencia a tal ponto de desistirmos da esperança em que dias melhores virão após os 60, 70, 80 anos de vida?
O que podemos fazer para mudar esta situação? 
Considero que tudo começa no “meu olhar”! 

No meu olhar:
para mim
para minha história
para a minha meta maior
para meu propósito maior
para minhas escolhas
para minha forma de se relacionar com o outro
para minhas habilidades e capacidades...
Por que o olhar?

Porque é para onde olho que vão meus pensamentos. 

São meus pensamentos que me guiam. 
E todo pensamento produz um sentimento. 
E sentimentos são de mais difícil controle do que os pensamentos. 

Logo, ao “olhar” para uma situação de forma equivocada, bagunço meus sentimentos e perco o controle sobre minhas ações. 

O descontrole gera novos maus sentimentos e em poucos segundos posso me ver armadilhado pela minha própria “falta de visão”. 
A falta de visão aqui referida é a falta de visão interna, ou seja, a falta da participação da consciência nas situações.

Se para a sabedoria é necessário movimentar “diversas habilidades” internas, logo preciso conhecer tais habilidades. E para conhecer tais habilidades preciso estar conectado comigo, com meus pensamentos, meus sentimentos e então minhas ações. 

Para exercitar tal conexão é preciso experimentar amor próprio de forma tão profunda que se compreenda a importância de cada passo dado ao escrever sua história pessoal e a relação que esta história tem com a sua eternidade. 

Uma vez que você não corrige os erros agora, eles sempre existirão pra você, eternamente, enquanto a felicidade estará longe, também eternamente!

Sendo assim também contribuo para a definição do conceito de sabedoria, parafraseando Sócrates: "Sabedoria nada mais é do que o resultado de “conhecer-te a ti mesmo”. 
De fato esta é a maior garantia para uma vida mais feliz e tranquila!

Gal Rosa Terapeuta ocupacional em geriatria e gerontologia.


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Ser professor é um lance de amor

Não há melhor explicação.


Eu sempre quis ser professora.

Tornei-me advogada pelos acasos da vida. Blogueira então, nem se fale. Mas professora foi por sonho, por meta e, ouso dizer, alguma vocação.

Nesse caminho que venho trilhando constatei que existe uma profunda diferença entre dar aula e ser professor.

Dar aula é muito bom. É querer compartilhar conhecimento, propagar a informação. Dar aula exige esforço, dedicação, preparo.

Mas existe uma imensa distância entre “dar aula” e ser professor. Porque dar aula é uma atividade, mas ser professor é muito mais do que isso.

Ser professor é, muito antes de ser uma profissão, uma das formas mais genuínas do amor.

Como já dizia o grande mestre Paulo Freire, “eu nunca poderia pensar em educação sem amor. É por isso que me considero um educador: acima de tudo porque sinto amor.”

Porque professor vai além. Além das tarefas estabelecidas em contrato, além das horas pagas no holerite, além da ideia de que aquilo é apenas um meio para se ganhar a vida.

Professor quer saber o nome, quer saber quem é quem, quer saber as histórias, os origens, os rumos pretendidos.

Professor está na chuva para se molhar, para se arriscar diariamente. Para sofrer com as derrotas e vibrar com as vitórias dos alunos. Para corrigir provas como quem assiste a um jogo de futebol, se lamentando quando um craque chuta a bola no travessão. Desacreditando quando um perna de pau acerta a bola no ângulo.

Professor se envolve, mesmo quando tenta evitar.
Professor se perde no cronograma. Não está lá só para cumprir horário e currículo. Está lá para parar a cada dúvida, para ensinar não só a matéria, mas ensinar o melhor do pouco- ou muito- que sabe sobre a vida.
Professor acaba por viver muitas vidas além da sua. Vivencia o crescimento, os obstáculos, as crises, os começos de namoro, as brigas entre amigos, problemas de casa, a conjuntivite alheia, as angústias, os caminhos.
Professor não tem medo de se expor, de se mostrar humano e vulnerável. Não tem medo de roupa preta suja de giz, de pilhas de livros para carregar, da odisseia do fechamento dos diários no fim do ano, nem das provas que parecem dar cria na calada da noite.
Mas tem medo de errar. Ah, se tem. Mas continua, assim mesmo. Continua porque existe algo bem maior por trás desse medo. Algo que nos torna um tanto quanto imune às adversidades, salários brincalhões, poucas horas de sono, pendências infindáveis, conversas paralelas e ao eterno risco que é tentar ensinar.

Só o que sei é que, no fim das contas, ser professor é um lance de amor. Às vezes é sofrido. Às vezes é maçante. Como todo amor. Mas é uma dessas paixões avassaladoras que vicia, e que quem sente, já não consegue ver sentido em viver sem.

Que esse 15 de outubro, mais do que uma data para receber homenagens gostosas ou presentes queridos, seja um dia para lembrarmos o porquê de termos escolhido essa carreira (na verdade, não sei se escolhemos ser professores ou se a vida e a alma já escolhem por nós).

Mas que hoje seja o dia para lembrarmos da sorte que é vivenciar uma verdadeira vocação, poder acreditar no que se faz a cada dia e, acima de tudo, lembrar daquele meio sorriso iluminado que surge no rosto dos alunos quando se dão conta de que aprenderam algo. Não há melhor explicação: é um lance de amor mesmo.

Ruth Manus

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O sábio e o bronco


É muito raro que isso ocorra. Mas, quando também o sono me abandona, concentro-me, ouço atentamente o silêncio.

Os ponderados me ensinaram sempre que ele é sábio.

Sua voz me é acalanto e me acalenta. O sono retorna sempre, no entanto.

E, quando o sol despeja luz em todas as direções, ando pelas ruas, tropeçando em conflitos mínimos, convencido de que pouco restou das lições que povoaram minha madrugada.


Luiz Cruz de Oliveira, professor, escritor, membro da Academia Francana de Letras

Viajar é preciso!


Viajei. Que delicia! Como é bom conhecer novos lugares, experimentar outros sabores, ter contato com outras culturas.

A viagem começa com sonhos, ilusões e curiosidades. Quesitos importantes para desfrutar a vida. Afora fatores de saúde e financeiro, que são realmente limitadores, somente os mais corajosos se permitem aventurar. Sim, pois o comodismo nos faz inventar desculpas para não sairmos do lugar, o tal de: “ Deixar como está, para ver como fica!”

Livres de limitadores, arrumamos as malas com as melhores roupas, visitamos os pontos turísticos mais interessantes, escolhemos bons restaurantes, falamos outra língua ou ao menos escutamos, acordamos em outro horário e assim por diante.

Já saímos de casa preparados para viver “o melhor”. Quando penso em “melhor” , não penso necessariamente no mais dispendioso, mas naquilo que mais se encaixa com o sonho.

A rotina é saudável, pois nos localiza no tempo e no espaço , o que reverte em segurança necessária para tocar a vida. Porém, o excesso dela pode trazer uma monotonia, acomodação que nos rouba o brilho e o sonho; aí, inevitavelmente ficamos reféns de nós mesmos, achando quase tudo difícil e sem graça.

Quando nos deparamos com o novo, reavaliamos nossas escolhas, nossas aquisições. E é nestas paradas que nos localizamos diante do mundo que nos circunda, revemos nosso posicionamento e entendemos o que até então estamos cultuando.

É importante reinventar a vida, elegendo metas que nos motivem trabalhar, relacionar e evoluir. Isso porque, se pensarmos que invariavelmente nascemos, crescemos e morremos; nossa única opção é buscarmos momentos que “recheiem” nossa estadia aqui. Lembro-me da minha avó que sempre dizia: “Da vida a gente só leva o que viveu e onde fomos.”

Claro que há outras formas de levar a vida com criatividade; mas, sem dúvida nenhuma, viajar é, ao meu ver, uma das mais emocionantes!


Heloísa Bittar Gimenes, psicóloga

Onde há um, há outro em potencial


Tenho registrado meus primeiros pensamentos ao acordar. Quero dizer, quando ainda não liguei a turbina do agir. Estou flutuando entre acordada e semi, e os pensamentos me tomam. Hoje foi este: qualquer projeto, coisa animal gente, que se ame, atenção reverência constância entusiasmo, traz aprendizado.

Aprendemos, sem dúvida, com um tipo de disponibilidade, que eu chamo amor, mas alguém pode chamar de outra coisa. Há quem aprenda com o humor e, às vezes, o humor é sádico e ama o grotesco. Há quem perca o amigo e não a piada. Eu perco a piada. Não consigo achar graça em ridicularizar ou humilhar gentes bichos pedras. Sinto mal estar íntimo com a feiúra, com o mal, com a destrutividade.

Não há feio que resista ao bom trato, à delicadeza, à atenção desinteressada. Pode ser bicho coisa gente: aparece alguma beleza que os olhos não registraram.

Não há mal que resista ao silêncio, ao recolhimento, ao vazio quando não há revide, ou violência de volta. Pode ser gente bicho coisa: aparece algum tipo de pudor e paralisia do ato maldoso que a ideia do mal não registrou.

Não há destrutividade que resista ao labor, ao movimento, à mudança de estado, quando não se permite sucumbir à violência do bate-volta, quando se refreia o ímpeto e o ódio. Pode ser coisa gente bicho: tudo permanece íntegro, quando a compaixão dirige a ação para novos ares, para novos projetos, novos estados de ser.

Acordei acreditando na maior beleza, no maior bem, na maior criatividade. Quem semeia chuvas colhe primavera. Quem quer o pouco chega a ter mais. O feio não lhe parece a quem ama o bonito.

Esperar e contemplar são qualidades fora de moda, mas estou aprendendo a cultivá-las mais e melhor. Perigoso alterar aquilo que ainda não estamos prontos para acrescer, multiplicar.

Tempo de novas mudas e colheitas. O mundo é vasto e mais vasto é o que não sei, não conheço, não fiz. Ainda não.

Hei de me cultivar e multiplicar.

Amanhã é outro dia, e serei outra amanhã.


Maria Luiza Salomão, psicóloga, psicanalista, autora de A alegria possível (2010)

domingo, 5 de outubro de 2014

O amor é simples

Conta uma testemunha ocular de Nova York :


Num frio dia de dezembro, alguns anos atrás, um rapazinho de cerca de 10 anos, descalço, estava em pé em frente a uma loja de sapatos, olhando a vitrina e tremendo de frio.

Uma senhora se aproximou do rapaz e disse:

- Você está com pensamento tão profundo, olhando essa vitrina!

- Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos - respondeu o garoto...

A senhora tomou-o pela mão, entrou na loja e pediu ao atendente para dar meia duzia de pares de meias para o menino. Ela também perguntou se poderia conseguir-lhe uma bacia com água e uma toalha. O balconista rapidamente atendeu-a e ela levou o garoto para a parte detrás da loja e, tirando as luvas, se ajoelhou e lavou seus pés pequenos e secou-os com a toalha.

Nesse meio tempo, o empregado havia trazido as meias. Calçando-as nos pés do garoto, ela também comprou-lhe um par de sapatos.

Ela amarrou os outros pares de meias e entregou-lhe. Deu um tapinha carinhoso em sua cabeça e disse:

- Sem dúvida, vai ser mais confortável agora.

Como ela logo se virou para ir, o garoto segurou-lhe a mão, olhou seu rosto diretamente, com lágrimas nos olhos e perguntou:

- Você é a mulher de Deus?

A vida é curta, quebre regras, perdoe rapidamente, beije lentamente, ame de verdade, ria descontrolavelmente, e nunca pare de sorrir, por mais estranho que seja o motivo. E lembre-se que não há prazer sem riscos. A vida pode não ser a festa que esperávamos, mas uma vez que estamos aqui, temos que comemorar!!!

sábado, 27 de setembro de 2014

Caminhar a vida



Um caminho
Uma história
Que se junta a tantas outras
De vidas simples ou difíceis
Todas com os seus quês
E sem grandes porquês
Que a caminhar se faz o caminho.


Caminho fácil para uns
Difícil para outros
O mesmo para todos.


É o sentimento,
A intenção
Talvez a aflição
Que dá cor ao momento.


Um caminho
Uma vida
Que se percorre a andar;
Venham as companhias
E com elas alegrias
Que eu não quero parar.

Frei Filipe

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Amor de Complemento


Não há como se livrar do sofrimento
O sofrimento é natural
Tudo que é natural na vida é aquilo que não foi acrescentado
Faz parte da condição humana
O sofrimento está em mim, está em você
Nós experimentamos de forma pequena ou grande
Por que somo limitados
O nosso limite é tão grande que a gente não sabe viver sem o outro
Por isso a gente sofre quando os outros vão embora da nossa vida
A condição de limite, nos faz pensar o outro como parte de nós
Eu por que sou limitada, por que tenho limites, eu preciso amar
O amor nasce do limite
Quando a gente reconhece que não da conta da vida sozinhos
Talvez seja por isso que dói tanto no coração da gente no momento que a gente é traído por quem a gente ama
Talvez seja por isso que doa tanto no coração da gente no momento em que a gente trai quem a gente ama
Por que quando eu sou traído eu fico ainda mais limitado
O amor do outro me faz viver a experiência do complemento
Eu me torno maior por que você me ama
E eu fico maior quando eu amo alguém
Por isso que o sofrimento é natural quando as pessoas vão embora das nossas vidas
Por isso a gente sente tanta saudade
A gente sente tanta saudade das pessoas que são especiais na nossa vida
A saudade é uma concretização do limite
Eu sinto tanto a sua falta
A saudade nos ajuda a mensurar o quanto que nós amamos
Retire aquela pessoa da sua vida, pense na sua vida sem essa pessoa
E você vai descobrir o quanto você a ama
É experiência de limite, por isso que o amor é dor
O amor é sofrimento
E quanto mais a gente mergulha na capacidade de amar
Maior será no sensibilidade para o sofrimento
Você se pergunta " Quanto mais a gente ama, mais a gente sofre?"
Lamento informar que é
Por que a experiência de amar é a experiência de tocar o limite
Por isso o sofrimento está tão atrelado ao amor
A gente não sofre quando não ama
Não há causas para sofrer quando você não ama
Eu me perguntou: " É possível viver nessa vida sem o envolvimento do amor?"
Não é possível!
Eu me experimento limitada o tempo todo
E o tempo todo eu estou precisando de alguém do meu lado
Alguém que olhe nos meus olhos e diga, eu estou aqui
Alguém que segure na minha mão na hora de atravessa um túnel difícil
"Júlia eu estou aqui do seu lado"
É o momento em que mergulhamos na mais bonita aventura humana
que é quando você sabe EU PRECISO DE VOCÊ
Quando a vida vai te apertando tanto, que não resta outro grito nessa vida a não ser
EU PRECISO DE VOCÊ
Por que você foi amado você sofre
Não há amor sem sofrimento, nem sofrimento sem amor
Por isso não temos que criar uma ilusão dentro de nós
A partir de hoje minha vida vai ser linda, não vai ter dificuldades
Infelizmente essa notícia não podemos dar aos amantes
As pessoas que verdadeiramente amam nessa vida, elas sofrem por grandes causas sim
Seja honesto com você!
O momento que você mais sofreu na sua vida, foi o momento que você mais amou
Ou por que você identificou o amor traído, ou o amor ausente
Nossa caixa de sofrimento não é tão feia assim!
Ela está cheia de amores, de situações bonitas que você precisa reorganizar
Aparentemente embrulhadas em papéis feios e estranhos
A gente não chora por quem não fez diferença na vida da gente não!
Se a gente está sofrendo por alguma causa é por que aquilo é importante pra nós
Por isso não podemos fechar a porta e dizer: "Aqui você não entra"
Eu não tenho como deixar de sofrer por que eu não tenho como deixar de amar
As melhores coisas da vida, para serem boas de verdade você precisa ter alguém do seu lado as piores também.
Seja para viver a alegria extrema ou a dor extrema precisamos de pessoas do nosso lado dizendo EU TÔ AQUI
Não tem como mudar essa perspectiva, o sofrimento nasce do limite
O limite nos esbarra o tempo todo seja por que traí, por que fui traído, seja por que tem ciúme, por que sou ciumento, por que quero aprisionar, por que sinto dor...
De repente você acorda e a vida não é mais do jeito que você queria, as pessoas que você ama foram embora e nós ficamos aqui com essa vida precisando dar um jeito nela
A vida me expulsando e dizendo :"E agora, o que você vai fazer?"
Primeiro ponto - Eu não posso mudar o fato de ter que sofrer

Ai vem a pergunta 
 -Se eu vou ter que sofrer nessa vida então eu preciso descobrir COMO SOFRER

Pe. Fábio de Melo

sábado, 13 de setembro de 2014

Nosso mundo interior


A maior e mais bela viagem que fazemos é a que nos leva ao nosso interior. Eis a romaria das romarias.
Luzes e trevas nos habitam, lodo e ouro estão dentro de nós, feridas e potencialidades coabitam em nosso íntimo. 
Normalmente não somos ajudados a entrar em nós mesmos, temos medo e nos sentimos ameaçados.

Todos que entram no seu mundo interior tornam-se iluminados, livres, leves, ousados, criativos. 
São homens e mulheres corajosos nas dificuldades, pacíficos na adversidade, alegres na aridez, compreensivos e compassivos com os que erram. 
Quem vai ao seu interior acaba encontrando Deus, com sua presença iluminadora, criadora, irradiante. 
Quanto mais descemos às profundezas tanto mais alçaremos altos voos.

Quando fugimos do nosso interior, somos obrigados a criar máscaras, aparências, artificialidades, duplicidades, atitudes postiças para poder sobreviver, mas isso, é um desgaste colossal de energias e acabamos nos sentindo incompletos, insatisfeitos, desintegrados, interiormente divididos, quebrados, inadequados. 
Somos condenados a viver na obscuridade, na dependência e até no vicio.

Para entrar no santuário interior da nossa alma, há uma condição: não ter medo de nossas sombras. Pelo contrario, é preciso abraçá-las, aceitá-las, reconhecê-las para então poder curá-las ou com elas nos reconciliarmos.

Iremos perceber que nossas sombras, fraquezas, feridas quando aceitas, nos jogam nos braços de Deus, transformam-se em potencialidades, tornam-se nossas aliadas para a libertação, nos jogam para o alto, proporcionam descobertas de valores, são verdadeiros remédios. 
No fundo isso significa que sem espinho na carne, não há progresso, nem ascensão, nem maturidade e profundidade.

Para podermos entrar e habitar no nosso interior necessitamos de humildade e compaixão. 
Vale a pena pagar o preço de tudo isso, pois, viajar para o nosso interior é ir ao encontro de nosso maior tesouro, da riqueza que nos habita. 
Negociando com nossas sombras crescemos em lucidez e nos sentimos completos e alegres por habitar em nossa casa, nos sentimos alicerçados, encontramos o descanso, a paz.

No fundo de nós mesmos habitam a luz, a fonte, o amor, valores que foram soterrados pelos escombros das feridas, decepções e golpes da vida, deixando-nos amarrados por couraças defensivas, golpeando-nos com flagelações e sempre procurando os culpados de tudo isso. 
As feridas não permanecem inativas. Elas continuam a nos condicionar e nos tiranizam na busca de compensações, gratificações, perfeccionismo, ativismo, infantilismo.

Quando descemos aos nossos abismos nos libertamos dos laços que nos aprisionam e saltamos para o reino de liberdade porque Deus, do mal, tira o bem e “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus “. 
Vamos descobrindo que nossas feridas são santuários onde encontramos Deus, que nossas fraquezas são fonte de grandes alegrias porque Deus manifesta sua grandeza na nossa fraqueza. 
Ainda mais, pecados, fraquezas, feridas nos movem à luta pela superação das mesmas, nos amadurecem e são uma escola de humildade, de experiência com a misericórdia de Deus e de compaixão pelas limitações dos outros.

Dom Orlando Brandes

Educar para a felicidade

Suas crianças podem (e devem) ajudar você em casa


As crianças quando pequenas querem ajudar e fazer as coisas por si mesmas.

Podemos aproveitar esses primeiros anos para que desenvolvam a autonomia e a vontade, através do fomento de sua colaboração na vida diária do lar.

O objetivo é que elas se sintam úteis e importantes na vida familiar e na administração da casa.

No último post, falamos da educação “no positivo” de nossos filhos como ferramenta muito eficaz para que cresçam em autonomia e responsabilidade.

As crianças quando pequenas querem ajudar e fazer as coisas por si mesmas.

Podemos aproveitar esses primeiros anos para que desenvolvam a autonomia e a vontade, através do fomento de sua colaboração na vida diária do lar.

O objetivo é que elas se sintam úteis e importantes na vida familiar e na administração da casa.

Na vida moderna, todos membros da família devem contribuir com as atividades e serviços da casa, ou seja, a vida no lar é uma tarefa em comum.

Dentro dessa perspectiva, é muito saudável que as crianças ajudem com algumas tarefas em casa.

Mesmo que quebrem algum prato ou objeto, ou no início não consigam fazer as atividades de forma perfeita e rápida, é importante os pais darem essa oportunidade aos filhos.

Isso faz com que cresçam em espírito de serviço e também em autoestima, porque se sentem úteis.

Também aprendem a serem mais prudentes, a segurarem as coisas com mais cuidado.

Percebem causas e consequências de suas atitudes e comportamentos.

As orientações para as crianças devem ser bem concretas: como, onde e quando devem fazer uma tarefa.

Cada criança ou filho deveria ter um ou mais encargos a realizar como:

- colocar a mesa

- tirar a mesa

- lavar a louça

- tirar os lixos

- regar as plantas

- apagar as luzes

- recolher a roupa suja

- atender ao telefone

- fazer pequenos concertos

- repor o papel higiênico nos banheiros

- ajudar os irmãos menores na lição de casa

- lavar o carro

Através desses e de outros encargos, os filhos desenvolvem, além da autonomia e força de vontade a ordem, a constância, a responsabilidade pelas consequências, a organização do tempo e, principalmente, o respeito e o afeto pelos outros membros da família.

JÚLIA MANGLANO - Blog Estadão

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Para a educação dos seus filhos

Vão aqui quatro preciosos conselhos dos santos para a educação dos seus filhos. Nem todas são exortações muito agradáveis aos ouvidos, mas, com certeza todas serão de grande valor para a sua família.

“Como poderão os filhos ser bons, se os pais não prestam? 
Só por milagre”. 
Com essa frase, Santo Afonso de Ligório resume a grave responsabilidade dos pais na formação da consciência de seus filhos. 
Como ensinou Nosso Senhor, pelos seus frutos os conhecereis. 
São muitíssimos os nomes de santos que tiveram pais ou mães igualmente virtuosos: Santo Agostinho e Santa Mônica, São Gregório Magno e Santa Sílvia, Santa Catarina da Suécia e Santa Brígida… e a lista se estende. São verdadeiramente almas gigantes, que só puderam se elevar porque receberam uma educação exemplar de seus pais.

Vão aqui quatro conselhos dos santos para você educar os seus filhos. Nem todas são exortações muito agradáveis aos ouvidos, mas, com certeza todas serão de grande valor para a sua família.

1. Ser obediente a Deus


“ Se queremos saber mandar, temos primeiro de saber obedecer, procurando impor-nos mais com o amor do que com o temor.” (São João Bosco)

Antes de impor a autoridade sobre os filhos, é preciso lembrar que há uma autoridade à qual todos os homens devem obedecer. Tanto maior será o respeito dos filhos por seus pais, quanto maior for o respeito destes ao Pai dos céus. 
O filho que vê o pai trabalhando, tratando com respeito a sua mulher, cuidando das necessidades da casa e rezando - em suma, cumprindo o seu dever de cristão e pai de família -, não só será dócil às suas instruções, como seguirá o seu exemplo, ao crescer. 
Portanto, em primeiro lugar, o Reino de Deus, isto é, o cumprimento da Palavra. As outras coisas virão por acréscimo.

2. Corrigir por amor, não por ira

“ Tome-se como regra nunca pôr as mãos num filho enquanto dura a ira ou cólera; espere-se até que se tenha aquietado por completo.” (Santo Afonso de Ligório)

“Quando, porém, se tornarem necessárias medidas repressivas, e consequentemente a mudança de sistema, uma vez que certas índoles só com o rigor se podem dominar, cumpre fazê-lo de tal maneira que não apareça o mínimo sinal de paixão.” (São João Bosco)

Os conselhos de Santo Afonso e São João Bosco são o mesmo conselho do Autor Sagrado: “Vós, pais, não provoqueis revolta nos vossos filhos” (Ef 6, 4). 
Se é verdade que, como adverte o Livro dos Provérbios, “quem poupa a vara, odeia seu filho” (13, 24), também é verdade que toda correção deve ser feita de modo racional e equilibrado, inspirada pelo amor, não pela ira. 
Caso contrário, também a criança aprende a irar-se, sem que mude de comportamento. 
Aqui, é importante evitar não só as agressões físicas, mas também os gritos e as palavras exasperadas, que mais servem para intimidar as pessoas que para melhorar o seu caráter.

3. Dar bom exemplo

“ Os pais estão igualmente obrigados a dar bom exemplo a seus filhos. 
Estes, principalmente quando pequenos, imitam tudo o que veem, com a agravante de seguirem mais facilmente ao mal, ao qual nos sentimos inclinados por natureza, que o bem, que contraria nossas inclinações perversas. 
Como poderão os filhos comportar-se irrepreensivelmente, se ouvirem seus pais blasfemar a miúdo, falar mal do próximo, injuriá-lo e desejar-lhe mal, prometer vingar-se, conversar sobre coisas indecentes e defender máximas ímpias, como estas: Deus não é tão severo como dizem os Padres; ele é indulgente com certos pecados, etc.? 
O que se tornará a filha que ouve sua mãe dizer: É preciso deixar-se ver no mundo e não se enclausurar como uma freira em casa? 
Que bem se pode esperar dos filhos que veem o pai o dia inteiro sentado na taberna e, depois, chegar bêbado a casa, ou então visitar casas suspeitas, confessando-se uma só vez no ano ou só muito raramente? 

S. Tomás diz que tais pais, de certo modo, obrigam seus filhos a pecar.” (Santo Afonso de Ligório)

As palavras de Santo Afonso são suficientemente claras. 
Aqueles que dão mau exemplo de vida, “de certo modo, os obrigam seus filhos a pecar”. 
Se essa sentença é verdade para o mal, também o é para o bem. 
Pais que vivem uma vida de oração e virtudes excitarão o coração de seus filhos para o serviço de Deus e das almas. 
O casal de beatos Luís Martin e Zélia Guérin educou tão bem suas cinco filhas, que todas elas se tornaram religiosas, entre elas Santa Teresinha do Menino Jesus, que é doutora da Igreja.

O pai que, lendo essas linhas, lamentou não ter dado uma boa educação a seus filhos - pois não tinha conhecido Nosso Senhor quando começou a sua família - deve, antes, louvar a Deus pelo conhecimento que agora tem e ainda pode dar a seus filhos, por meio de conselhos. 
É preciso, agora, buscar a conversão da própria família, sobretudo com uma vida de muita oração e penitência, evitando inquietações e escrúpulos desnecessários, afinal, Deus não nos pede conta daquilo que ignoramos. 
Uma vez conscientes da Sua vontade, todavia, é importante trabalhar com temor e tremor na própria salvação e na dos outros, sabendo que a quem muito foi dado, muito será cobrado.

4. Agir com prudência e vigilância

“Os pais são os culpados, pois quando se trata de seus cavalos, eles mandam aos cavalariços que cuidem bem deles, e não deixam que cresçam sem serem domados, e desde cedo põem neles freio e outros arreios. 
Mas quando se trata de seus filhos jovens, deixam-nos soltos por todas as partes durante muito tempo, e assim perdem a castidade, se mancham com desonestidades e jogos, e desperdiçam o tempo com espetáculos imorais. (...)
Cuidamos mais de nossos asnos e de nossos cavalos, do que de nossos filhos. 
O que possui uma mula, se preocupa em encontrar um bom cuidador, que não seja nem rude, nem desonesto, nem ébrio, mas um homem que conheça bem o seu ofício. 
Todavia, quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece. E, no entanto, não há arte superior a esta. 
O que é comparável à arte de formar uma alma, de plasmar a inteligência e o espírito de um jovem? Quem professa esta ciência deve proceder com mais cuidado que um pintor ou um escultor ao realizar sua obra.” (São João Crisóstomo)

São João Crisóstomo viveu no século IV, mas esse conselho é válido sobretudo para os nossos tempos, em que as crianças são entregues a um sistema educacional corrompido, muitas vezes com a displicência dos pais, que querem passar toda a sua responsabilidade de educá-las para o Estado.

“Quando se trata de procurar um professor para a alma da criança, contratamos o primeiro que aparece”. 
Essa sentença convida todos os pais a um exame de consciência: como me relaciono com a escola dos meus filhos? Sei ou procuro saber o que os professores estão passando para eles, quais livros estão sendo usados para a sua instrução e como é o ambiente em que convivem? Em casa, deixo os meus filhos jovens “soltos por todas as partes”, deixando que façam o que querem, sem freios e sem disciplina? Converso com eles com frequência, agindo verdadeiramente como pai? O exame deve incluir, evidentemente, o propósito de agir com mais pulso e cuidado na orientação da prole.

É preciso empregar muita diligência nesses exames, pois, como diz Santa Teresinha do Menino Jesus, as crianças “são como uma cera mole sobre a qual se pode depositar tanto as impressões das virtudes como do mal”, e os primeiros responsáveis por moldar essas pequenas almas são justamente os pais. A santa religiosa de Lisieux exclamava: “Ah! quantas almas chegariam à santidade se fossem bem dirigidas!...”

Lembremo-nos sempre que Deus pedirá conta daquilo que fizemos com as almas de nossos filhos e peçamos a Sua graça para imitarmos a Sagrada Família de Nazaré, na qual Nosso Senhor cresceu, rodeado de carinho, atenção e amor.

https://padrepauloricardo.org/blog/quatro-conselhos-dos-santos-para-a-educacao-dos-seus-filhos?

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Desesperadamente


Sigo desesperadamente o sorriso,
pois é ele que relativiza minha história.

Sigo desesperadamente a alegria,
pois é ela que me traz a leveza.

Sigo desesperadamente a esperança,
pois é ela que me faz alcançar as estrelas.

Sigo desesperadamente a Fé,
pois é ela que me faz seguir em frente.

Sigo desesperadamente a vida,
pois é ainda a melhor opção.

Desesperadamente me vejo em desespero,
pois sei que não há certezas...

E diariamente a cama se encontra obsessivamente arrumada
nessas idas e vindas,

Desesperadamente blindei o que não suportei,
guardei as fotos e os fatos, deixei apenas na memória.

Aceitei o que não respondi.
ainda assim, apesar dos pesares,
desesperadamente procuro caminhos, novos lugares.

Outras emoções.
E nesse emaranhado todo,
“calmamente” ainda me encontro em mim.

Heloísa Bittar Gimenes, psicóloga

sábado, 6 de setembro de 2014

Momentos felizes


Para mim a felicidade pode estar em um vaso de flores. E quando vem de pessoas a quem amo, descubro que sou amada também. Consigo visualizá-la em potes de temperos, ingredientes essenciais para uma existência.

Penso nisso quando me lembro de que fui inúmeras vezes àquele lugar e no seu interior bem me acomodei. A cada aceno, um bom pedido de “quero mais”. Foi justo lá que tantas coisas aconteceram. Vi, espantada, um menino entrar literalmente dentro de uma televisão de 40 polegadas. Participei de rodas. Assustei-me com a história da Velha Palmira. 
Desci ladeira abaixo com carrinhos de rolimã, pés descalços e jabuticaba pretinha na boca. Fiz guerra de travesseiro. Joguei baralho à noitinha, corri pela casa e aprontei muita bagunça. Disputei o último pedaço de pizza e caí na piscina. Joguei água para o alto e brindei à passagem do ano e à vida. Entrei de cabeça no brincar de ser feliz. Mas tinha alguém ali, talvez ainda muito mais feliz por nós...

O tempo passou. E num certo dia estou atravessando a mesma avenida, observando as mesmas casas, talvez até as mesmas pessoas, quem sabe? Sim, estava voltando e a via com um brilho claramente resgatado. Atrevo-me a dizer que o tempo às vezes é um labirinto, mas basta uma só recordação, uma única memória, para achar a saída que tanto procurávamos.

Ela achou, ela estava ali, naquele lugar que escolheu para fazer morada, quando finalmente descobriu que dentro do seu coração já havia uma morada também. Recebeu-me com um sorriso que parecia brotar mel. De cada espaço, quadro pendurado, objeto organizado, orquídea na parede evolavam carinhosas boas-vindas.

Nossa casa é onde o nosso coração está e este coração é capaz de transpor blocos de cimento e concreto. É tão forte, que a ele ficamos atados, sem vontade de ir embora. Ela desdobrou seu lar ao mostrar que a felicidade não é mais clandestina. Dela tenho mais uma vez a honra de compartilhar.


Talita Machiavelli, professora