segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A convivência supõe a paciência


Li em algum lugar que um frio terrível se abatera sobre o reino dos animais.
Frio tão intenso que, se alguém ficasse sozinho, acabaria congelando. Por isso os animais se agrupavam, um encostado no outro, para que se aquecessem.
O porco espinho fez o mesmo, mas logo desistiu: ficou incomodado com as pequenas espetadas de seu colega porco-espinho. Preferiu dormir sozinho. Resultado: morreu congelado.
E assim, a cada dia morria um porco-espinho no reino dos animais. Nenhum suportava as espinhadas do outro.
Prevendo um fim trágico para todos, entraram num acordo: ficar todos bem juntinhos, se aquecendo, apesar dos espinhos, para não morrerem.

Essa historinha traz uma lição importante: ninguém consegue viver sozinho e ninguém consegue conviver sem algum tipo de sacrifício. Cada pessoa tem “espinhos” que incomodam outros, e os outros têm alguns espinhos que a irritam.
Os espinhos são os defeitos pessoais, as limitações, manias. São o modo de falar, de agir, a aparência externa, limites emocionais, cacoetes, pequenas coisas que nos irritam.

Percebo os defeitos do outro e ele percebe os meus. Fica a escolha: viver sem incômodos e morrer, ou conviver com eles para viver.
Essas coisas dependem muito de nosso olhar, de nossos sentimentos: atrás de um espinho podemos ver uma roseira ou um espinheiro. Se vemos uma roseira, vale a pena suportar os espinhos devido à beleza da rosa.

Se vemos um espinheiro, tomamos distância. No romantismo do namoro e do noivado, os defeitos parecem pequenos encantos, porque o amor é muito forte, é ainda paixão. Depois, no casamento, se entra na rotina, e os defeitos “encantadores” viram motivo de confusão…

A convivência tem por objetivo ajudarmos as pessoas a se aperfeiçoarem. Pelo afeto, compreensão e diálogo ajudá-las a superarem seus limites. Se exijo que o outro não tenha nenhum defeito, tudo bem, somente que o outro também exigirá isso de mim e acabaremos morrendo de solidão, de tédio.

Atingimos a arte de conviver suportando as pequenas “espetadas” de cada dia, sabendo que nossa paciência ajudará o outro a ser melhor. Vale a pena conviver com pequenas limitações, pois a alegria do estarmos juntos com os outros é muito maior.

Se nos isolamos para não nos incomodarmos com os defeitos alheios, acabaremos aumentando o tamanho de nossos defeitos pessoais. O isolamento nos torna incapazes de nos enxergarmos a nós mesmos e nos torna amargos frente à vida.

O outro é meu espelho e eu sou o espelho dele. Às vezes, o que mais me irrita nas pessoas é aquilo que eu tenho e também as irrita. Dizem que vemos nos outros os defeitos que não enxergamos em nós!
Mas não é só por isso, por interesse pessoal, que aceitamos os pequenos sacrifícios impostos pela convivência.

Nosso objetivo é maior vai além: existimos para que o outro possa existir. Fomos criados para multiplicar a solidariedade e não a solidão. Ninguém é uma ilha.

Precisamos de humildade, se não quisermos acabar sozinhos. Apesar de alguma “espetada“, a convivência enche nossa vida de calor humano. E então, vale a pena viver!

Pe. José Artulino Besen*

Pais, não irriteis vossos filhos

"Pais, não irriteis vossos filhos.
Pelo contrário, criai-os na educação e doutrina do Senhor" (Ef 6,4).
 
São Paulo pede que os pais não irritem os filhos, mas os criem na educação e doutrina do Senhor, isto é, criem os filhos na lei do amor e da misericórdia. Podemos citar algumas atitudes que deixam os filhos profundamente machucados e plantam neles o sentimento de insegurança, inferioridade.
 
 
Esquecer os acertos, lembrar os erros: é necessário corrigir, mas o elogio estimula, reforça as qualidades.
 
Os pais resolverem suas diferenças com discussões: os filhos precisam mais de pais que se amem do que de pais que os amem.
 
Apelar para a "honra" da família: às vezes, na melhor das intenções, diante do erro do filho vem o lamento "Meu filho, você estragou o nome da família!". Pouco importa o sofrimento de quem errou: conta mais o nome da família.
 
Comparar os filhos entre si: sem querer, os pais elegem um filho como alegria da casa, modelo para os outros, os desmancha-prazeres.
 
Comparar os filhos com os filhos dos outros: os filhos do vizinho parecem sempre ser melhores. Então as comparações, como se as pessoas fossem feitas em série. Filho não é artigo de comparação, mas projeto de pessoa, de vida.
 
Sonhar o futuro para os filhos: em vez de a criança amadurecer, descobrir sua vocação, seu gosto profissional, os pais passam a fazer as escolhas em seu lugar, geralmente achando que aquilo que acham o melhor também o seja para os filhos. Uma coisa é abrir perspectivas, horizontes, outra é tomar o lugar de quem deve decidir.
 
Cobrar o sucesso material, esquecendo os valores humanos, espirituais: numa época marcada pelo valor do dinheiro, do poder e do prestígio, os pais preferem orientar os filhos para aquilo que dá sucesso, garantia financeira, o tal do “futuro garantido”. O que realiza mesmo o ser humano são os valores humanos (verdade, lealdade, sinceridade, honestidade, espírito comunitário) e espirituais (o amor a Deus, a capacidade de perdoar, ser fraterno).
 
Não admitir que o filho está crescendo em idade, sabedoria e graça: o filho não nasce pronto, nem é um baú onde os pais depositam suas certezas. O filho é um projeto em desenvolvimento. Normalmente aprende-se errando, o que é desagradável, mas é assim mesmo. Se os pais se recordassem mais de sua infância e juventude, seriam muito mais compreensíveis...
 
Querer que a criança e o jovem já sejam adultos: não se pode pular etapas, exigir o que o filho ainda não pode dar. Criança-adulta não é normal!
 
Não amar o filho como ele é: o filho não é aquele que a gente sonha, mas o que se tem. E, sem dúvida, boa parte dele, de seu temperamento, qualidades e manias é herança dos pais. O fruto cai perto da árvore! Ama-se alguém não porque seja bom, mas se ama para que seja sempre melhor.
 
Uma palavra final: quando amam de verdade, os pais podem muito mais do que todas as pedagogias e psicologias. Só o amor constrói!
Pe. José Artulino Besen*

sábado, 28 de janeiro de 2012

Sol real

Certa vez um pai, muito sensível, percebeu que uma de suas filhas estava sofrendo e lhe perguntou o que estava acontecendo com ela.

A garota respondeu que havia sido criticada pelas amigas por ser uma pessoa simples, não gostar de ostentação e por não ter preocupação excessiva com a estética.

Ela estava se sentindo rejeitada e triste.

O pai, grande educador, percebendo o sofrimento da filha, disse-lhe, com carinho: "Filha, algumas pessoas preferem um bonito sol pintado num quadro, outras preferem um sol real, ainda que esteja coberto pelas nuvens."

Em seguida perguntou-lhe: "Qual é o sol que você prefere?"

Ela pensou um instante e respondeu: "O sol real."

E o pai completou: "Mesmo que as pessoas não acreditem no seu sol, ele está brilhando. Você tem luz própria. Um dia, as nuvens que o encobrem se dissiparão e as pessoas irão enxergá-lo. Não tenha medo das críticas dos outros, tenha medo de perder a sua luz."

Muitos jovens se sentem reféns da opinião dos outros, e sofrem muito quando são criticados, pois seu desejo mais ardente é ser aceito pelos colegas.

Um fato, também muito corriqueiro na vida dos jovens, e que nem todos conseguem superar, é a rejeição.

O desprezo, a indiferença, os comentários maldosos, são geradores de muitos dissabores na alma juvenil, quando os pais descuidam da orientação e atenção adequadas.

O jovem, ainda imaturo e inseguro, diante de uma situação de grande estresse pode enveredar pelo caminho das drogas, da depressão, da degenerescência moral.

Por isso se faz importante a atenção dos pais, nesses dias em que as nuvens pairam sobre os corações juvenis, obscurecendo-lhes o sol interior.

Ensine ao seu filho a arte de construir a própria felicidade, ainda que tudo pareça conspirar contra.

Mostre a ele que o que os amigos pensam dele ou deixam de pensar, não intensificará a sua luz interior, nem a diminuirá.

Diga-lhe que o que faz a diferença é o que ele realmente sente e é.

Ensine seu filho a não se escravizar ao consumismo atormentado, à neurose de buscar a beleza física a qualquer custo, a não depender da opinião dos outros para ser feliz.

Ensine ao seu filho que a verdadeira beleza está na alma, e não numa silhueta bem definida.

Diga-lhe que a beleza física é passageira, como as flores de um dia, e que o Espírito é o ser imortal que sobrevive à matéria e transcende o tempo. 

 
"Mesmo que as pessoas não acreditem no seu sol, ele está brilhando. Você tem luz própria. Um dia, as nuvens que o encobrem se dissiparão e as pessoas irão enxergá-lo. Não tenha medo das críticas dos outros, tenha medo de perder a sua luz." 

Acredite nessa verdade, e ajuste o olhar do seu filho para que ele também possa ver em si mesmo um sol real brilhando, mesmo que, por vezes, esteja encoberto pelas nuvens. Pense nisso, e, se guardar algum tipo de medo, que seja o de perder a própria luz.
 
Com base no Capítulo. 6, do livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, de Augusto Cury
Do blog Dose diária de poesia

Não se iluda


Não se iluda com meus olhos firmes e profundos,
eles ainda sabem sonhar e vagar sem rumo por aí.
 
Não se iluda com meus muros intransponíveis,
eles se desmancham no ar, ao mais leve e sutil dos toques.
 
Não se iluda com tamanha determinação,
ela pode se afogar no poço mais raso da minha insegurança.
 
Não se iluda com o sorriso estampado no rosto,
ele pode esconder o sabor amargo de mais um adeus.
 
Não se iluda com a imagem de heroína invencível, ela é frágil, sonhadora,
e carrega lembranças pelos cantos a suspirar!
 
São olhos, ruínas, fraquezas e lágrimas...
Verdades tão comuns de uma mulher, com tempos de menina...
Sobrevivente de antigas desilusões e aberta a novas emoções.
 
Não se iluda...
Ainda sou essa simples criatura que sabe e precisa amar,
mas que de tempos em tempos se permite chorar.
 
Andréa Maia

Velhice

Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice, de saudade.

Toda saudade é uma espécie de velhice.

É por isso que os olhos dos velhos vão se enchendo de ausências. 'Memória fraca', dizem os jovens.

Engano: é que a sua alma sabe o que merece ser lembrado.

Esquecem-se do que aconteceu ontem, mas se lembram do que aconteceu há muito tempo, como se fosse hoje.

Rubem Alves

Filhos


"Se não conversar com os seus filhos

sobre as coisas menores,


eles não conversarão com você

sobre as coisas maiores"

Jay McGraw

Perseverança


Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer,


nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar,


nenhuma carga me fará baixar a cabeça.


Quero ser diferente.


Eu sou.


E se não for, me farei...


Caio Fernando Abreu

Minha alegria


"Minha alegria cabe num fim de tarde. 
Na brisa que aconchega meu rosto, no sossego da paisagem, na volta pra casa. 
Cabe no outono e na primavera, nas conquistas da trajetória, na emoção das surpresas. 
Nas idéias surgidas após uma expectativa. 
Cabe no que é simples e incomparável por assim ser. 
Na carta que chega, na música alta, na foto que pendurei na parede, na poesia. 
Cabe no armário, mas gosto de tirá-la, mantê-la em uso pra afastar tempo ruim..."

Yohana Sanfer

Estas flores


Estas flores...
têm a capacidade de avivar minhas cores,
colorir meu sorriso
e de me fazer acreditar em sonhos.
Mais:
posso crer que meus sonhos estão abertos
e prontos para voar
com primeira borboleta da estação.
Estas flores todas...
que inauguram a primavera,
têm a capacidade
de acender a luz em meus olhos
e iluminar as manhãs
antes mesmo do sol nascer.
Ah! estas flores...
que inundam minha vida de perfume,
são elas que me deixam leve feito a brisa
e pronta para ser feliz como um passarinho.

(Basilina Pereira)

A ilusão é salgada


Alegria de festa é curiosa, é temporária, é turbilhão. Transitória, finita e muitas vezes, superficial.  Como maquiagem, sai com água e sabão. Termina com a última música.

É como a vida, quando fica desprovida de empolgação. Não rende novidade, não deixa marcas.
Quando a noite acaba a festa vai junto. A alegria fica fosca e some. A mão que te tirou pra dançar nem acena no dia seguinte. Os abraços são esquecidos, os diálogos parecem que nunca existiram.  Tudo que podia, agora é censurado, é irreal.

Os sorrisos desbotam, os olhares desviam-se. E dança só a da solidão.

Só resta a bagunça, a sujeira misturada ao colorido no chão, vestígios de desordem e aquela dorzinha de cabeça lembrando que algo saiu de controle.


A vida ilustra um lindo cenário, depois sacode a gente pra fora dele.  Não tem nada de festa. Às vezes parece mais é ressaca, das boas.

Pobre de quem não tiver na bolsa um engov.

Autoria: Yohana Sanfer

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O CAMINHO DA PERFEIÇÃO

A convivência diária nos apresenta inúmeras oportunidades de exercitar a misericórdia. Em geral estamos dispostos a suportar as fraquezas das pessoas mais queridas, das crianças, dos idosos, dos doentes ou dos loucos. Aí a misericórdia flui mais facilmente. Mas, quando se trata de lidar com pessoas egoístas, grosseiras, agressivas, dominadoras, competitivas, arrogantes, falsas, traidoras... a nossa disposição já não é a mesma.

Por que não as consideramos também como enfermas, como necessitadas de cura? Se o
fizemos, certamente conseguiremos ser mais misericordiosos para com elas e contribuiremos
para a sua cura efetiva.

"Ajudai-me, Senhor, para que os meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais
suspire nem julgue as pessoas pelas aparências eterna, mas perceba a beleza interior dos
outros e possa ajudá-los

Ajudai-me, Senhor, para que os meus ouvidos sejam misericordiosos, de modo que eu esteja
sempre avento às necessidades dos meus irmãos, e não me permitais permanecer indiferente
diante de suas dores e lágrimas.

Ajudai-me, Senhor, para que a minha língua seja misericordiosa, de modo que eu nunca fale
mal dos meus irmãos; que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão.

Ajudai-me, Senhor, para que as minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas
obras e não se cansem jamais de fazer o bem aos outros, enquanto, de minha parte, aceitarei
as tarefas mais difíceis e penosas.

Ajudai-me, Senhor, para que sejam misericordiosos também os meus pés, para que levem sem
descanso ajuda aos meus irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço: o meu repouso seja o servir
a outros.

Ajudai-me, Senhor, para que meu coração seja misericordioso, se torne sensível aos
sofrimentos dos outros; ninguém receba uma recusa do meu coração.
Que eu conviva sinceramente, mesmo com aqueles que abusam de minha bondade.

Quanto a mim, me  encerro no Coração misericordiosíssimo de Jesus, silenciando aos outros o quanto tenho que sofrer" (Santa Faustina).

Escrito por Rhawy Chagas Ramos

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O que é viver bem?


Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem?

Ela disse-lhe: “Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você, não pense.

Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.

Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?

Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.”

"Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."

Cora Coralina

Hoje...


Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado.

As escolhas que você procura,

os amigos que você cultiva,

as leituras que você faz,

os valores que você abraça,

os amores que você ama,

tudo será determinante para a colheita futura."


Padre Fábio de Melo

Agradecimento

Eu gostaria de lhe agradecer pelas

inúmeras vezes que você

me enxergou melhor do que eu sou.

Pela sua capacidade de

me olhar devagar,

já que nessa vida muita gente já me

olhou depressa demais.

Padre Fabio de Melo

Boa semente


"Não são as ervas más que sufocam a boa semente


e sim a negligência do lavrador."

Confúcio

Mágoa


Não permita que a mágoa o perturbe. 
Procure manter-se calmo, para sentir o amor de Deus dentro de você. 
Não se deixe afligir com o que se passa ou te fazem, cada um tem sua causa.
Deixe que Deus mude o curso dos acontecimentos, e aguardecom paciência. Sentimentos rancorosos fazem com que paralisamos nossos planos e deixamos de praticar o bem.
Evite a revolta. 
Se alguém o magoou, não revide, apenas releve e lute pelos seus ideais. 
Deus fará a sua justiça. 
Perdoe. 
Você precisa dormir em paz.

Simone Luzzi

Senhor!


Senhor, 

Livrai-me do pecado de omissão; 

de ser sol e não aquecer; 

de ser árvore e não frutificar; 

de ser semente e não produzir. 

Livrai-me de que alguém sinta frio porque não lhe dei o meu calor; 

de que alguém sofra porque não lhe dei minha palavra; 

de que o mundo não se transforme porque na hora 

de abrir meus braços eu os fechei, 

na hora de ir em frente eu não quis caminhar, 

na hora de ser vigilante eu simplesmente dormi. 

Amém.

Pe.José Gilberto de Luna

A semente


Só germina e produz, a semente que morre. 

Mas, morta, ela continua viva na árvore, nas folhas, nas flores, nos frutos. 

Não tenha medo de morrer um pouco pelos seus. 

Você viverá a vida de todos eles. 

Perdida é a semente que não germina. 

(Frei J.Carlos)

Como ser feliz


Felicidade não tem um tom festivo. Não é um evento, uma animação. Nem é algo programado no superlativo de tão emocionante.  Alguma coisa estática, que paralisa o tempo, e, assim, fica-se... feliz.

Digo: quando isto acontecer, serei plena; quando atingir tal etapa, serei realizada; ou, quando eu tiver aquilo, serei feliz.

Como se a alma ficasse cristalizada nesta quadra. Penso que a felicidade está mais relacionada com a tranquilidade.

Saber que as coisas se movimentam, o mundo gira e tudo muda.
Saber também da fragilidade da vida e estar sereno mesmo assim.

Se e´que serenidade é adquirida de alguma forma. Mas, é possível encontrar alegria apesar dessa fragilidade, dos problemas administráveis até chegar o próximo, pois há uma sucessão deles.

Dá para ser feliz, sem expectativas muito altas, sorvendo as pequenas coisas, os minúsculos momentos.

É factível sim ter uma grande pequena felicidade.


Nossas Letras - Letras, Arte e Cia -Tânia Liporoni

Oração para depois dos 50...

O texto em questão chamou minha atenção porque, ainda que em uma linguagem bem descuidada, traduzia, na sua essência, exatamente aquilo que, acredito eu, inviabiliza nossas relações afetivas.

Como não tem uma autoria, resolvi adaptar, reorganizar e reescrever na medida em que faz sentido para mim. E assim ficou ele:


Senhor, estou envelhecendo e por isso não posso perder mais meu tempo. Então quero lhe pedir que me ajude a me livrar de algumas tolices.

Livra-me do engano de achar que devo dizer algo em toda e qualquer ocasião. Livra-me deste desejo enorme que tenho de querer pôr ordem na vida dos outros. Livra-me de desejar impor minha visão da realidade só porque considero lamentável não passar adiante a sabedoria que acumulei.

Livra-me da chatice de querer contar tudo com detalhes e minúcias e dá-me asas no assunto para voar diretamente ao ponto que interessa.

Senhor, também não me permita algumas coisas: dar conselhos, principalmente para quem não pediu, seja ele amigo, irmão ou filho; julgar como absurdo as atitudes do outro, como se eu fosse imune a qualquer coisa parecida e ficar falando de doenças ou descrevendo minhas dores
(pois com a idade elas vão aumentando!).

Ensina-me, Senhor, a fazer silêncio e a ouvir com alguma paciência, mesmo que seja a descrição minuciosa das dores do outro; ensina-me a aceitar as pessoas mesmo quando elas me desapontam, fugindo do ideal que eu criei para elas e ensina-me a maravilhosa sabedoria de reconhecer que posso estar errada em várias ocasiões.

Assim, Mestre, conceda-me a graça de me tornar, a cada ano que passa, uma pessoa amável, sem causar no outro o desconforto das pessoas maçantes, desagradáveis e sem a empáfia dos orgulhosos.
Se assim eu conseguir, Senhor, sei que estarei envelhecendo com sabedoria.
Amém.
E que assim seja.

Nossas Letras - Letras, Arte e Cia - Jane Mahalem do Amaral

domingo, 22 de janeiro de 2012

Saudade do mundo que vejo


Há saudades que caminham comigo aconchegadas num lugar gostoso que a memória tem. Sei que estão lá, mesmo quando demoro um bocado de tempo para apreciar as histórias que me contam.
São porta-jóias que guardam encantos que não morrem. Caixinhas de música, que, ao serem abertas, derramam melodias que me fazem dançar com elas de novo.
São saudades capazes de amenizar o frio de alguns instantes com os seus braços de sol.

Mas existem também saudades que pousam no meu coração de vez em quando e ficam de lá me olhando com aquele olho comprido do quer escuta.
Não falam de lugares, pessoas ou épocas da minha vida.
São espelhos que não refletem feições conhecidas.
São saudades que entornam perfumes que somente a alma reconhece.
Que sobrevoam regiões por onde apenas as emoções caminham. Que destampam ausências que a gente algumas vezes prefere ignorar.

São saudades de um mundo que tem cheiro de quintal lá da infância da gente.
Que é macio para todos os seres que nem lençol recém-trocado.
Que tem o timbre de voz amada quando toca o nosso ouvido.
Um mundo bacana onde as pessoas têm clima de passeio.
Onde não existem armas, visíveis ou não.
Onde a gente vive com o sentimento de estar brincando de roda uns com os outros: se um leva um tombo reflete na roda inteira.

São saudades de um mundo contente feito céu estrelado.
Feito flor abraçada por borboleta.
Feito café da tarde com bolinho de chuva.
Onde a gente se sente tranqüilo como se descansasse num cafuné.
Onde, em vez de nos orgulharmos por carregar tanto peso, a gente se orgulha por ser capaz de viver com mais leveza.
Um mundo onde as pessoas confiam umas nas outras, não pode ser de outro jeito se estamos em família na humanidade.
Um mundo onde a culpa deixou de ser uma desculpa para não sermos felizes.

São saudades de um mundo onde o respeito não tem cheiro de mofo: todos somos iguais e todos somos diferentes e isso é claro, natural e indiscutível.

São saudades de um mundo que lembra a pureza de amarelinha desenhada com giz no terreno da escola. Que lembra a alegria de chegar no céu quando a gente pulava amarelinha. Que lembra a melodia gostosa da risada do amigo.

Saudades de um mundo sem hipocrisia. Sem diz-que-me-diz-que. Sem jogo.
Ninguém quer ferir ninguém, por nenhum motivo.
As boas intenções são mesmo boas.
Há em cada pessoa um cuidado, um bem-querer, um zelo amoroso, com relação a todas as outras, porque essa é a natureza do coração humano.
Um mundo onde todas as formas de vida são abençoadas por todas as formas de vida.

São saudades de um mundo onde a gente pode falar de coisas inocentes sem temer parecer ridículo.
Onde podemos ser sensíveis e expressar a nossa sensibilidade sem sermos olhados como vítimas de uma doença grave.
Onde a busca pelo conforto da alma é tão necessária quanto a busca pelo conforto do corpo.
Onde podemos caminhar pelas ruas, descontraídos, sem temer ser atacados por outro ser humano.

Um mundo no qual, em vez de propagar o medo, as pessoas utilizam a sua energia para propagar o amor.

Saudades de um mundo que às vezes eu sinto tão intensamente que já parece de verdade. Já parece existir, de alguma forma.
Um mundo no qual habito toda vez que eu o vejo.

(Ana Jácomo)

Onde está Deus?



Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando vêem a terra tremer,
As águas a chover,
E os ventos a rugirem,
Contra as casas,
Contra as árvores.

Onde está Deus?
Perguntam tantos
Quando desperta a dor,
Acontece a adversidade,
Os olhos se enchem de água,
E a morte traz a saudade.

Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando nos batem e ofendem,
Nos pisam e humilham,
Mesmo que façamos o bem,
Mesmo sem olhar a quem.

Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando predomina a guerra,
Os homens se dão à morte
E parece que sobre a terra,
Já não há sul, já não há norte.

Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando a criança tem fome,
E aos olhos suplicantes,
Parece que nada responde,
Nem mesmo por um instante.

Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Porque têm os olhos fechados,
O coração encarcerado,
Num peito que o aperta,
Os braços sempre cruzados,
Num pensamento encerrado.

Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Temendo que Ele os ouvisse!
E Ele sempre presente,
Em todo e cada momento,
Em cada um,
Em toda a gente.

Vai-se dando e entregando,
Assim todo e só amor,
Na tempestade
E na bonança,
No vento forte
E na brisa,
Em cada momento de dor,
Em cada morte,
Dando vida.
Sendo batido e ofendido,
Espezinhado e humilhado,
Mas dando sempre a mão
Fazendo-se sempre alcançado.
Está na guerra,
Pela paz,
E ilumina e conduz,
Cada homem sobre a terra.

Está no coração das crianças,
Em cada olhar suplicante,

A todos abraça e conforta,
Sobretudo ao homem errante.

E para O ver e sentir,
É preciso pouca coisa:
Descruzar os braços e sorrir,
Libertar o pensamento,
Deixar o seu coração voar,
Nas asas do eterno amor,
Acolher cada irmã
Abraçar cada irmão,
E amar, amar, amar….

Joaquim Mexia Alves