sábado, 14 de janeiro de 2012

Bom mesmo é ser bicho


Penso que bom mesmo é ser bicho.

Sendo fêmea, você não ficaria pensando em fazer plástica pra enxertar algumas plumas de pavão se você fosse uma andorinha. Nem ficaria se matando na academia pra ficar com as pernas torneadas da onça. Os machos iriam apenas querer que você fosse saudável.

E também não ligariam se você fosse das antigas. Muito pelo contrário. Você seria tratada com respeito, a mais velha do bando, a matriarca. Já pensou? Que realidade invejável!

Bom mesmo poderia ser livre da pressão do mercado, da exigência de nível superior, pós superior, ultra master superior. Ficar livre das amarras artificiais e apenas preocupar-se em estar vivo e deixar filhotes pra perpetuar a espécie.

Não haveria pressa, nem trânsito caótico. Nem moda da estação, nem televisão pra encher sua cabeça de notícias desanimadoras e deprimentes. Haveria apenas a troca da estação, com novos frutos, novas flores e novas tarefas: recolher-se ou reproduzir-se.

Não haveria a preocupação humana tola de acumular bens. A única preocupação seria a de prover-se e prover sua cria. Não haveria briga senão pelo estritamente vital: comida ou parceria.

Aí, fico vendo o rumo do mundo e me pergunto: será que não estamos cegos? Por que devo me juntar a esses milhões de pessoas que correm freneticamente atrás do que é supérfluo? Dá uma vontade tão grande de correr pra liberdade!

Pena que no mundo dos humanos, pra se dizer realmente livre, é preciso salário, casa e veículos próprios!

Josiana Paula Borges

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