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terça-feira, 28 de março de 2017

Coração gosta de espaço.


Há momentos em que tudo o que a gente precisa é dar colo para o próprio coração. 
Aconchegá-lo no nosso olhar de escuta. Deixar que perceba que naquele instante todas as outras coisas podem nos esperar um pouco; ele, não. 

Ele é o nosso rei e o nosso reino. 

O papel para desenho e a caixa de lápis de cor. A música e a orquestra. Nossa bússola e nosso mar. A flor, o pólen, a borboleta, ao mesmo tempo. A colméia e o mel. 

O centro, onde tudo principia e para o qual tudo converge. Ele não pode esperar. 

O coração da gente gosta de atenção. De cuidados cotidianos. De mimos repentinos. De ser alimentado com iguarias finas, como a beleza, o riso, o afeto. 
Gosta quando espalhamos os seus brinquedos no chão e sentamos com ele para brincar. 

E há momentos em que tudo o que ele precisa é que preparemos banhos de imersão na quietude para lavarmos, uma a uma, as partes que lhe doem. 

É que o levemos para revisitar, na memória, instantes ensolarados de amor capazes de ajudá-lo a mudar a frequência do sentimento. 

Há momentos em que tudo o que precisa é que reservemos algum tempo a sós com ele para desapertá-lo com toda delicadeza possível. 

Coração gosta de espaço.
Ana Jácomo

sábado, 23 de novembro de 2013

Dizer o amor


Se você ama, diga que ama.
Não tem essa de não precisar dizer por que o outro já sabe.
Se souber, maravilha, mas esse é um conhecimento que nunca está concluído.

Pede inúmeras e ternas atualizações.
Economizar amor é avareza.
Coisa de quem funciona na frequência da escassez.
De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois.

É terrível viver contando moedinhas de afeto. 
Há amor suficiente. 
Há amor para todo mundo. 
Há amor para quem quer conectar com ele. 
Não perdemos quando damos, ganhamos juntos.

Quanto mais a gente faz o amor circular, mais amor a gente tem.
Não é lorota.
Basta sentir nas interações do dia-a-dia, esse nosso caderno de exercícios.

Se você ama, diga que ama. 
A gente pode sentir que é amado, mas sempre gosta de ouvir e ouvir e ouvir.
É música de qualidade. 
Tão melodiosa que muitas vezes, mesmo sem conseguir externar, sente uma vontade imensa de pedir: 
-diz de novo?

Dizer não dói, não arranca pedaço, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração, sem brecha para se encontrar esconderijo na justificativa de falta de tempo.

Sim, dizer, em alguns casos, pode exigir entendimentos prévios com o orgulho, 
com a bobagem do só-digo-se-o- outro disser, 
com a coragem de dissolver uma camada e outra dessas que a gente cria ao longo do caminho e quando percebe mais parecem uma muralha.

Essas coisas que, no fim das contas, só servem para nos afastar da vida. 
De nós mesmos. Do amor...
Se você ama, diga que ama.

Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olhar amorosamente e têm um lugar de encontro.

Diga a sua gratidão. O seu contentamento...
A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe.

E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também passam ser ouvidas. 
Prepare surpresas.
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas.

Reinaugure gestos de companheirismo. Mas não deixe para depois. 
Depois é um tempo sempre duvidoso. 
Depois é distante daqui. 
Depois é sei la´.

Ana Jácomo


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O Bordador


Chega um momento em que a gente se dá conta de que, às vezes, para sermos verdadeiros com nós mesmos, precisamos ter o desprendimento para abençoar as tentativas sem êxito, agradecer pelo o que cada uma nos ensinou, e seguir.

De que, às vezes, para se reconstruir, é preciso demolir construções que, por mais atraentes que sejam, não são coerentes com a ideia da nossa vida.

A gente se dá conta do quanto somos protegidos quando estamos em harmonia com o nosso coração.

De que o nosso coração é essencialmente puro.

Essencialmente, amoroso, o bordador capaz de tecer as belezas que se manifestam no território das formas.

De que, sabedores ou não, é ele que tem as chaves para as portas que dão acesso aos jardins de Deus.

E, vez ou outra, quando em plena comunhão criativa, entra lá, pega uma muda de planta e traz para fazê-la florescer no canteiro do mundo.

Ana Jácomo

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Ao longo da estrada ...


Eu sei que às vezes é quase irresistível não dar trela àquela voz traiçoeira, nossa velha conhecida, que nos incita a desistir dos nossos sonhos com ares de quem propõe a coisa mais bacana do mundo. 
Não nos esparramarmos, doídos pra caramba e também com um algum conforto, na autopiedade, essa areia movediça ávida por engolir nosso lume.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não desdobrar a lista de decepções que mantemos atualizada com zelo de colecionador para nunca nos faltar matéria-prima pra lamúria.
Não relembrar sem economia de minúcias cada frustração vivida com o olhar amarrado e a tristeza viçosa que só fazem aumentar a dor da vez.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não eleger um algoz e acentuar um pouquinho mais as nossas feições sofridas para as novas poses do nosso álbum de vítima. 
Não nos responsabilizarmos pela parcela de participação que nos cabe em boa parte das encrencas em que nos metemos, e que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, às vezes nem é tão pequena como é mais fácil acreditar.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não ficar morando na dor como se dor fosse casa de veraneio. 
Não arriscar um passo fora do terreno da nossa desesperança porque sentimos que nos sobra cansaço e nos faltam pernas. 
Eu sei que às vezes é quase irresistível. Eu sei que às vezes a gente não consegue mesmo resistir. 
E sei que quando não resistimos, está tudo bem: esse lugar também passa.

De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para tornar muito mais irresistível o nosso amor paciente e generoso por nós mesmos. 
Para desdobrar com maior frequência, na memória, a lista que conta as conquistas todas de que já fomos capazes, nós que tantas vezes parecemos tentar desmentir as nossas pérolas.

De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para fazer valer, na prática, o nosso respeito à oportunidade inestimável de estarmos aqui. 
A nossa intenção de não desperdiçar esse ouro que é o tempo, essa maravilha que é o corpo, essa graça que é a vida. 
Essa que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, sempre inventa maneiras para se vestir de convite irrecusável de novo.

Ana Jácomo

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Perseverança

Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir.
Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena.
 O coração marejado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. 
Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.

Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. 
Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. 
Perseverança não é somente acreditar na própria rede. 
Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.

Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar.
 E eu estarei lá na beira da praia de novo.

 (Ana Jácomo)

domingo, 18 de novembro de 2012

Nossa caixa de lápis de cor...

Tenho uma amiga que quando percebe que eu estou triste costuma me perguntar quem roubou a minha caixa de lápis de cor. Tem vez que nem pergunta, apenas comenta:
- "Poxa, dessa vez levaram as cores que você mais gosta!"

A tristeza afrouxa um pouco, por mais que eu esteja chateada.

Primeiro, porque é muito bom a gente se sentir olhado com carinho. Depois, porque essa expressão tem uma inocência capaz de fazer gente grande tocar em coisas sérias sem ficar com medo de queimar a mão.

De vez em quando, ao ouvir a pergunta, acontece de uma lágrima ou outra escapulir, afeitos que alguns sentimento são a desaguar no rosto quando o coração fica apertado. 
Mas, algumas vezes, quando eu choro diante dessa indagação não é pelas cores que não encontro na caixa nem por lembrar de quem supostamente as roubou.

Choro por perceber que ainda dou aos outros o poder de roubá-las.

Por notar que, no fim das contas, quem rouba os meus lápis de cor preferidos sou eu.

Ana Jácomo

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A música de cada um


Há no coração de cada um de nós, por essência, uma música que é somente nossa, inigualável, intransferível.
Por várias razões, conhecidas ou não, às vezes aprendemos desde muito cedo a diminuir, gradativamente, o seu volume e a inventar ruídos que nada tem a ver com ela para nos relacionarmos com nós mesmos e com os outros.
Até que chega um tempo em que desaprendemos a entrar no nosso próprio coração para ouvi-la e, porque não passeamos mais nele, porque não a ouvimos mais, não é raro esquecermos completamente que ela existe.
Mas, como toda ignorância, toda indiferença, toda confusão, não são capazes de apagar a beleza original dessa partitura impressa na alma, ela continua tocando, ainda que de forma imperceptível.
Continua tocando, à espera do dia em que, de novo ou pela primeira vez, possamos aumentar o seu volume, trazê-la à tona, compartilhá-la.
Continua tocando, e alguns são capazes de ouvi-la mesmo quando não conseguimos. Todo encontro genuíno de amor é também o encontro de duas pessoas que conseguem ouvir a música uma da outra e sentir alegria e descanso com aquilo que ouvem. Conseguem ouvir, não importa quantos ruídos tenham inventado pelo caminho, tantas vezes para se proteger da dor afastando a vida.

Ana Jácomo

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ser sensível


Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia.
Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade.
Essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta.
Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada.
Esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza.
Esse cuidado espontâneo com os outros.
Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada.
Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido.

Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia.
Essa saudade, que faz a alma marejar, de um lugar que não se sabe onde é, mas que existe, é claro que existe.
Essa possibilidade de se experimentar a dor, quando a dor chega, com a mesma verdade com que se experimenta a alegria.
Essa incapacidade de não se admirar com o encanto grandioso que também mora na sutileza.
Essa vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí, porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a idéia de um mundo que possa acordar sorrindo. Pra toda gente. Pra todo ser. Pra toda vida.

Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer, mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim."

Ana Jácomo

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Tomara....


Tomara que os olhos de inverno das circunstâncias mais doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo os nossos olhos de sol.
 Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece.
 Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer, ínfima, tímida, para ver também um bocadinho de céu.
 Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo.
 Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem de sentir confiança.
 Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente.
 Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.
 Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo.
 Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso.
 Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes.
 Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito.
 Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria.  
 Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz.
 Tomara...

Ana Jácomo

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Da natureza do sonho




Cultivei a semente da árvore também para os passarinhos, 

sem saber se vinham. 

Mesmo que não viessem, só por aguardá-los, 

eles já cantavam no meu coração. 



Ana Jácomo

O momento novo

Lindo! Eu acho que já passei por este caminho....
Igualzinho ao que acontece com todas as pessoas, num trecho ou outro da estrada, eu já senti tanta dor que parecia que os golpes haviam me quebrado toda por dentro.
Não sabia se era possível juntar os pedaços, por onde começar, nem se o cansaço me permitiria movimentos na direção de qualquer tentativa.
Quando o susto é grande e dói assim, a gente precisa de algum tempo para recuperar o fôlego outra vez. Para voltar a caminhar sem contrair tanto os ombros e a vida.
Um espaço para a gente quase se reinventar.

O tempo passa.
O fôlego retorna.
Parece milagre, mas as sementes de cura começam a florescer nos mesmos jardins onde parecia que nenhuma outra flor brotaria.
A alma é sábia: enquanto achamos que só existe dor, ela trabalha, em silêncio, para tecer o momento novo. E ele chega.

Ana Jácomo

Com o coração aberto


Às vezes, na estranha tentativa de nos defendermos da suposta visita da dor, soltamos os cães. Apagamos as luzes.
Fechamos as cortinas.
Trancamos as portas com chaves, cadeados e medos.
Ficamos quietinhos, poucos movimentos, nesse lugar escuro e pouco arejado, pra vida não desconfiar que estamos em casa.
A encrenca é que, ao nos protegermos tanto da possibilidade da dor, acabamos nos protegendo também da possibilidade de lindas alegrias.
Impossível saber o que a vida pode nos trazer a qualquer instante, não há como adivinhar se fugirmos do contato com ela, se não abrirmos a porta.
Não há como adivinhar e, se é isso que nos assusta tanto, é isso também que nos dá esperança.
É maravilhoso quando conseguimos soltar um pouco o nosso medo e passamos a desfrutar a preciosa oportunidade de viver com o coração aberto, capaz de sentir a textura de cada experiência, no tempo de cada uma.
Sem estarmos enclausurados em nós mesmos, é certo que aumentamos as chances de sentir um monte de coisas, agradáveis ou não, mas o melhor de tudo, é que aumentamos as chances de sentir que estamos vivos.
Podemos demorar bastante para perceber o óbvio: coração fechado já é dor, por natureza, e não garante nada, além de aperto e emoções mofadas.
Como bem disse Virginia Woolf, “não se pode ter paz evitando a vida.”

Ana Jácomo

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O chamado


Escrevi esse texto há muitos anos, foi publicado no livro "Parto de Mim".
Na época em que foi escrito, eu ainda não havia entendido direito esse chamado. Agora, sei do que se trata. Sabê-lo, acolhê-lo, faz grande diferença na minha vida.
Desejo que cada pessoa possa ouvir e realizar o seu.


Quero encontrar algo nesse mundo que me traga, a cada noite, a dádiva de um cansaço bom. Que me permita olhar para as horas vividas com uma clara convicção de que valeu a pena vivê-las. Que me conduza ao sono sereno que nasce depois dos desafios que o coração compra. Que me convide a desejar um novo dia, certa de que haverá um motivo para o qual levantar. E por sabê-lo, por lembrá-lo, eu possa experimentar a paz de adormecer sorrindo.

Quero encontrar algo nesse mundo que seja minha reza, meu lugar sagrado. Meu acorde mais harmonioso. Meu compromisso e minha liberdade. A âncora que me ligue à terra. A ponte que me leve ao céu. Algo que me encante e me entusiasme. Que me acalente e me acorde. Que me comova e me encoraje. Que me faça colocar os pés na vida, enamorada e entregue. Uma fonte de contentamento que independa de qualquer condição externa para me alimentar.

Quero encontrar algo nesse mundo que seja a expressão mais fluida do meu amor. Que esteja sintonizado com os propósitos da minha alma para a jornada que realizo. Que me ajude a dançar mais gostoso com a vida. Que seja capaz de devolver lume aos meus olhos, quando tudo me parecer opaco. Um tesouro que, de verdade, me enriqueça.

Quero encontrar algo nesse mundo que faça eu me sentir útil na minha passagem por aqui. Que me incentive a continuar no meu caminho quando as circunstâncias tentarem me convencer a desistir dele. Que me ajude a fazer contato com o meu sol toda vez que chover muito forte e eu sentir medo. Que seja uma certeza quando os ventos marotos tirarem tudo do lugar.

Quero encontrar essa preciosidade, da qual eu sinto uma imensa saudade, como se estivesse na minha vida desde sempre. Quero tatuá-la nos meus dias. Quero que suas digitais estejam presentes naquilo que eu puder oferecer de melhor ao mundo. Algo que fique, quando eu passar. Algo que me traga, a cada noite, a dádiva, de um cansaço bom.

Ana Jácomo

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Quem dera eu aprendesse


Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último para dizer “obrigada”.
O último para dizer “me desculpa”.
O último para dizer “eu te amo”.
O último para abraçar cada pessoa amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro.
O último para apreciar a vida com o entusiasmo que não guarda nenhuma delícia nem ternura pra depois.
O último para fazer as pazes. Para desfazer enganos. Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último pra esquecer tolices.
O último para ignorar o que, no fim das contas, não tem a menor importância.
O último para rir até o coração dançar.
O último para chorar toda dor que não transbordou e virou nódoa no tecido da vida.
O último para aprontar todas as artes que a emoção quiser.
O último para ser útil em toda circunstância que me for possível.
O último para não deixar o tempo escoar inutilmente entre os dedos das horas.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último para me maravilhar diante de cada expressão da natureza com o olhar demorado de quem olha pela primeira vez.
O último para ouvir aquela música que acende sóis por toda a extensão da minha alma. 
O último para ler, de novo, o poema que diz tanto de mim que eu me sinto caber nos olhos do poeta que o escreveu.
O último para desembaraçar os fios emaranhados dos medos que me acompanham.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
Eu não perderia uma chance para me presentear com os agrados que me nutrem.
Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu amor.
Para expressar a minha admiração.
Para destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem.
Para compartilhar. Eu não adiaria delicadezas. Não pouparia compreensão. Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último, porque pode ser.

Ana Jácomo

sexta-feira, 30 de março de 2012

Que Deus ouça minhas preces…

Que Deus ouça as preces que lhe dirijo
quando amanheço revigorada e anoiteço tranquila.

Quando consigo manter uma relação mais gentil
com as lembranças difíceis que, às vezes, ainda me assombram.

Quando posso desfrutar do contentamento mesmo sabendo
que existem problemas que aguardam eu me entender com eles.

Quando não peço nada além de força para prosseguir,
por acreditar que, fortalecida, eu posso o que quiser,
em Deus...
Ana Jacomo

domingo, 4 de março de 2012

Gente feliz

"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta."

Tanto significado e beleza em uma frase apenas.
É que realmente tem gente que nos faz sentir ternura, afeto, carinho, amor.
Desperta em nós o melhor e o mais bonito que existe do lado de dentro. 
Expõe a nossa alma com tanta doçura que parece nos fazer ultrapassar o infinito.
Tem gente que nos toca tão fundo, que deixa na nossa memória uma sinfonia, a mais linda melodia, o som do amor.

Eu sei que também tem gente, e como tem, que toca a gente com tristeza, deixando muitas mágoas, tentando imprimir em nós toda a aridez que existe dentro de si.
Elas existem, é fato, mas que existam bem longe de mim.
Que Deus me abençoe com um escudo inviolável, que a minha alma fique protegida para que o meu coração siga em paz, sempre.

Porque eu gosto é de gente feliz, de bem com a vida.
Gente leve, de coração grande e alma generosa.
Gente preciosa, encantada.
Gente que sabe amar, que é gente de verdade.

(Ana Jácomo) (de jakutinga blogspot)

A gente...

"O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma.

Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura.

A gente não precisa de certezas estáticas.

A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar.

De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura.

De duvidar até acreditar com o coração isento das crenças alheias.

A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos.

A gente precisa é de um olhar fresco, que não envelhece, apesar de tudo o que já viu.

É de um amor que não enruga, apesar das memórias todas na pele da alma.

A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, finalmente, viver.

A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, florir, esparramar seus ramos, compartilhar seus frutos..."

(Ana Jácomo)

domingo, 25 de setembro de 2011

Último... (lindo texto!!!)

 


Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último para dizer “obrigada”.
O último para dizer “me desculpa”.
O último para dizer “eu te amo”.
O último para abraçar cada pessoa amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro. O último para apreciar a vida com o entusiasmo que não guarda nenhuma delícia nem ternura pra depois.
O último para fazer as pazes. Para desfazer enganos. Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último pra esquecer tolices.
O último para ignorar o que, no fim das contas, não tem a menor importância.
O último para rir até o coração dançar.
O último para chorar toda dor que não transbordou e virou nódoa no tecido da vida. O último para aprontar todas as artes que a emoção quiser.
O último para ser útil em toda circunstância que me for possível.
O último para não deixar o tempo escoar inutilmente entre os dedos das horas.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
O último para me maravilhar diante de cada expressão da natureza com o olhar demorado de quem olha pela primeira vez.
O último para ouvir aquela música que acende sóis por toda a extensão da minha alma.
O último para ler, de novo, o poema que diz tanto de mim que eu me sinto caber nos olhos do poeta que o escreveu.
O último para desembaraçar os fios emaranhados dos medos que me acompanham.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
Eu não perderia uma chance para me presentear com os agrados que me nutrem. Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu amor. Para expressar a minha admiração. Para destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem. Para compartilhar. Eu não adiaria delicadezas. Não pouparia compreensão. Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último,
porque, PODE SER...

Ana Jácomo