sábado, 26 de agosto de 2017

O lápis✏

Nenhum texto alternativo automático disponível.


O menino observava seu avô escrevendo em um caderno, e perguntou:


— Vovô, você está escrevendo algo sobre mim?


O avô sorriu, e disse ao netinho:


— Sim, estou escrevendo algo sobre você. Entretanto, mais importante do que as palavras que estou escrevendo, é este lápis que estou usando. Espero que você seja como ele, quando crescer.


O menino olhou para o lápis, e não vendo nada de especial, intrigado, comentou:


— Mas este lápis é igual a todos os que eu já vi. O que ele tem de tão especial?


— Bem, depende do modo como você olha. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir vivê-las, será pessoa de bem e em paz com o mundo, respondeu o avô.



— Primeira qualidade: assim como o lápis, você pode fazer coisas grandiosas, mas nunca se esqueça de que existe uma "mão" que guia os seus passos, e que sem ela o lápis não tem qualquer utilidade: a mão de Deus.



— Segunda qualidade: assim como o lápis, de vez em quando você vai ter que parar o que está escrevendo, e usar um "apontador". Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas ao final, ele se torna mais afiado. Portanto, saiba suportar as adversidades da vida, porque elas farão de você uma pessoa mais forte e melhor.



— Terceira qualidade: assim como o lápis, permita que se apague o que está errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos trazer de volta ao caminho certo.



— Quarta qualidade: assim como no lápis, o que realmente importa não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro dele. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você. O seu caráter será sempre mais importante que a sua aparência.



— Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida deixará traços e marcas na vida das pessoas, portanto, procure ser consciente de cada ação, deixe um legado, e marque positivamente a vida das pessoas.

Quem deixou meus pais envelhecerem?


Para nossos filhos que estão nos vendo envelhecer sem saber como lidam com este fato . Compartilhe com eles. Quem sabe comecem a nos entender melhor .

Quem deixou meus pais envelhecerem?

Meus pais não são velhos.
Quer dizer, velho é um conceito relativo.
Aos olhos da minha avó são muito moços.
Aos olhos dos amigos deles, são normais.
Aos olhos das minhas sobrinhas, são muito velhos. Aos meus olhos, estão envelhecendo.
Não sei se lentamente, se rápido demais ou se no tempo certo.
Mas sempre me causando alguma estranheza.
Lembro-me de quando minha mãe completou 60 anos. Aquele número me assustou.
Os 59 não pareciam muito, mas os 60 pareciam um rolo compressor que se aproximava.
Daqui uns anos ela fará seus 70 e eu espero não tomar um susto tão grande dessa vez.
Afinal, são apenas números.

Parece-me que a maior dificuldade é aprendermos a conciliar nosso espírito de filho adulto com o progressivo envelhecimento deles.
Estávamos habituados à falsa ideia que reina no peito de toda criança de que eles eram invencíveis.
As gripes deles não eram nada, as dores deles não eram nada.
As nossas é que eram graves, importantes e urgentes.
E de repente o quadro se inverte.

Começamos a nos preocupar- frequentemente de forma exagerada- com tudo o que diz respeito a eles.
A simples tosse deles já nos parece um estranho sintoma de uma doença grave e não uma mera reação à poeira.
Alguns passos mais lentos dados por eles já não nos parecem calma, mas sim uma incômoda limitação física.

Uma conta não paga no dia do vencimento nos parece fruto de esquecimento e desorganização e não um simples atraso como tantos dos nossos.
Num dado momento já não sabemos se são eles que estão de fato vivendo as sequelas da velhice que se aproxima ou se somos nós que estamos excessivamente tensos, por começarmos a sentir o indescritível medo da hipótese de perdê-los- mesmo que isso ainda possa levar 30 anos.
Frequentemente nos irritamos com nossos pais, como se eles não estivessem tendo o comportamento adequado ou como se não se esforçassem o bastante para manterem-se jovens, vigorosos e ativos, como gostaríamos que eles fossem eternamente.
De vez em quando esbravejamos e damos broncas neles como se estivéssemos dentro de um espelho invertido da nossa infância.
Na verdade, imagino eu, nossa fúria não é contra eles.
É contra o tempo.
O mesmo tempo que cura, ensina e resolve é o tempo que avança como ameaça implacável.
A nossa vontade é gritar “Chega, tempo! Já basta!
60 já está bom!
65 no máximo!
70, não mais do que isso!
Não avance, não avance mais!”.
E, erroneamente, canalizamos nos nossos pais esse inconformismo.
O fato é que às vezes a lentidão, o esquecimento e as limitações são, de fato, frutos da idade.
Outras vezes são apenas frutos da rotina, tão naturais quanto os nossos equívocos.
Seja qual for a circunstância, eles nunca merecem ter que lidar com a nossa angústia.
Eles já lidaram com os nossos medos todos- de monstros, de palhaços, de abelhas, de escuro, de provas de matemática- ao longo da vida.
Eles nos treinaram, nos fortaleceram, nos tornaram adultos.
E não é justo que logo agora eles tenham que lidar com as nossas frustrações.
Eles merecem que sejamos mais generosos agora.
Mais paciência e menos irritação.
Menos preocupação e mais apoio.
Mais companheirismo e menos acusações.
Menos neurose e mais realismo.
Mais afeto e menos cobranças.
Eles só estão envelhecendo.
E sabe do que mais?
Nós também.
E é melhor fazermos isso juntos, da melhor forma.

POR RUTH MANUS