domingo, 24 de janeiro de 2016

Onde está Deus?


Onde está Deus?


Perguntam tantos,
Quando vêem a terra tremer,
As águas a chover,
E os ventos a rugirem,
Contra as casas,
Contra as árvores.
Onde está Deus?
Perguntam tantos
Quando desperta a dor,
Acontece a adversidade,
Os olhos se enchem de água,
E a morte traz a saudade.
Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando nos batem e ofendem,
Nos pisam e humilham,
Mesmo que façamos o bem,
Mesmo sem olhar a quem.
Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando predomina a guerra,
Os homens se dão à morte
E parece que sobre a terra,
Já não há sul, já não há norte.
Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Quando a criança tem fome,
E aos olhos suplicantes,
Parece que nada responde,
Nem mesmo por um instante.
Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Porque têm os olhos fechados,
O coração encarcerado,
Num peito que o aperta,
Os braços sempre cruzados,
Num pensamento encerrado.
Onde está Deus?
Perguntam tantos,
Temendo que Ele os ouvisse!
E Ele sempre presente,
Em todo e cada momento,
Em cada um,
Em toda a gente.
Vai-se dando e entregando,
Assim todo e só amor,
Na tempestade
E na bonança,
No vento forte
E na brisa,
Em cada momento de dor,
Em cada morte,
Dando vida.
Sendo batido e ofendido,
Espezinhado e humilhado,
Mas dando sempre a mão
Fazendo-se sempre alcançado.
Está na guerra,
Pela paz,
E ilumina e conduz,
Cada homem sobre a terra.
Está no coração das crianças,
Em cada olhar suplicante,
A todos abraça e conforta,
Sobretudo ao homem errante.
E para O ver e sentir,
É preciso pouca coisa:
Descruzar os braços e sorrir,
Libertar o pensamento,
Deixar o seu coração voar,
Nas asas do eterno amor,
Acolher cada irmã
Abraçar cada irmão,
E amar, amar, amar….

Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Conselhos

....

Assim, procure manter o desejo de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir seu gesto.

Não perca o equilíbrio, mesmo sentindo ventos contrários.

Mantenha a vontade de amar, mesmo sabendo que seu sentimento pode não ser correspondido.

Não perca a luz e o brilho do olhar, mesmo sabendo que muitos obstáculos escurecem seus olhos.

Não perca o seu forte abraço, mesmo sabendo que seus braços enfraquecem.

Não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em seu coração, mesmo sabendo que, muitas vezes, ele será rejeitado.

Seja grande, mesmo sabendo que o mundo é perigoso.

Pe. Antônio Francisco Bohn

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

REAPAIXONE-SE, TODOS OS DIAS, POR QUEM JÁ ESTÁ AO SEU LADO…

“E cada verso meu será pra te dizer que eu sei que vou te amar, por toda a minha vida.”
(Vinícius de Moraes)



Essa mania que temos de enjoar das coisas e das pessoas nos leva a grandes perdas. 
Parece que estamos sempre visando a mais, a outra coisa e, desse modo, não conseguimos desfrutar o que já temos, o que já conquistamos. 
Nutrir sonhos e ser ambicioso é positivo, mas somente olhar para o que se quer muitas vezes nos cega frente a tudo o que já possuímos.

Em meio a essa frenética busca do que almejamos infelizmente podemos acabar nos distanciando de pessoas que estão junto de nós e que nos ajudaram a conquistar o que temos e somos hoje. Desgastamos, assim, um relacionamento que nos fortaleceu, de tanto que nossos olhos só parecem enxergar lá na frente, tornando-nos cegos em relação a quem já está ao nosso lado, lutando e sonhando conosco há um bom tempo.

De tanto ansiarmos pelo novo em nossas vidas, às vezes deixamos de valorizar o que já é parte do nosso dia-a-dia, descuidando-nos das várias riquezas que a vida nos concedeu. Por isso é que tantos relacionamentos deixam de ser amorosos, para se tornarem um descompasso de idéias, desejos e objetivos. 
Por essa razão é que muitas vezes deixamos escapar por entre os dedos o amor maior de nossas vidas, em troca de infidelidades efêmeras e vazias de afetividade.

Por que procurar alguém lá fora quando já existe alguém que nos ama e nos dedica parte de sua vida à nossa? 
Por que achar que todo o amor que um dia uniu dois corações apaixonados morre de uma hora para outra, sem possibilidades de renovação? 
Por que parar de sorrir para a pessoa que dorme ao nosso lado, de lhe roubar beijos furtivos, de lhe tocar as mãos, de lhe perguntar como se sente, de lhe enviar mensagens apaixonadas e de lhe declarar o nosso amor e admiração?

Os sentimentos podem parecer adormecidos, dada a carga de trabalho excessiva e de preocupações que se avolumam em nossa vida, mas, se já houve amor sincero, possivelmente ainda há uma fagulha dele que possa ser reacesa. 
Precisamos ser gratos à pessoa que esteve ao nosso lado por tempos, pois tudo o que obtivemos e construímos deve-se a ela também. 
Gratos e dispostos a reencontrar dentro de nós os sentimentos que pareciam perdidos, porque provavelmente o amor está entre eles, esperando por força e motivação de nossa parte.

Amores acabam, sim, mas não é fácil algo tão pungente e mágico, como o é um amor verdadeiro, arrefecer por completo. 
Não podemos deixar o tempo transformar em túmulo os nossos desejos, principalmente em relação a alguém que entrou na nossa história e a tornou melhor e mais completa. 
É preciso acordar disposto a alimentar o amor, todos os dias, a qualquer momento, onde estiver. 
É preciso lembrar que estamos juntos com alguém que pelo menos já foi o amor de nossas vidas e que muito provavelmente sempre o será.

Cultivemos os sentimentos que nos uniram com nosso amado, dedicando-lhe parte significativa de nossa atenção, de nosso olhar, de nossa vida. 

Se acalmarmos os nossos passos e não permitirmos que a frieza do mundo lá fora adentre nossos sentidos, estaremos prontos para amarmos de novo e de novo quem sempre esteve ali bem juntinho, nos momentos de gozo e de sofrimento, lutando por nós e acreditando em nossos sonhos. 
Porque o amor possui uma força descomunal e uma capacidade inesgotável de se reinventar, ressignificando nossa vida, sempre a tornando mais gostosa de se viver, junto às pessoas que nos amam de verdade. 

Antes de desistirmos, portanto, é preciso que busquemos nos apaixonar e nos reapaixonar pelos olhos cúmplices que buscarão pelos nossos todos os dias, até o fim de nossas vidas.

 Marcel Camargo
Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Gritos desnecessários


Perdoe-me o aparente equívoco do título deste artigo. Da contradição. 

Gritos são sempre desnecessários. Gritos no sentido que utilizo neste texto. 
Um grito de gol é necessário. É bom. 
Um grito de chamamento também. Uma metáfora de uma força que nos impulsiona a prosseguir. 
Um grito de adeus em um porto para um navio que se vai. Os imigrantes viveram muito isso em tempos de despedidas definitivas.

O grito de que trato é outro.
Um grito de uma mãe para um filho. 
Um grito de um namorado para a namorada. Pelo menos na situação que presenciei dias desses. 

Em uma saída de faculdade. Havia muita gente e muito barulho e não deu para saber detalhes. Deu para ouvir um homem gritando para uma mulher. Tratando-a como um objeto. Utilizando palavras desnecessárias em qualquer tipo de relação. E com tom acima do adequado. Namorados brigam. Seres humanos se desentendem. Há sentimentos contraditórios nas relações: paixão e ciúme, desejo e medo, confiança e desequilíbrio. E é de equilíbrio que falo, quando falo dos gritos desnecessários. Não poderiam esses dois conversar em local menos tumultuado? Ouvi dele, aos berros: "Há anos que te aturo e você me apronta essa?”. São anos de relação? Não há intimidade para limpar a sujeira em ambiente mais acolhedor? 
No mesmo dia, vi uma mãe gritando com uma criança. E, de novo, o grito. O grito desnecessário. 

Crianças não aprendem com gritos. Aprendem com palavras que tocam e com exemplos que dignificam a vida.
Há muitos desequilíbrios por aí. Pessoas que se perdem por acumularem problemas e despencarem todos eles de uma hora para outra. Da forma errada. Com a pessoa errada. No tom errado.
Aprendemos com os exemplos e com suas ausências. Essas cenas nos ajudam, talvez, a contracenar em outro tom, o tom do respeito.
Ah, como este conceito é bem-vindo: respeito! 
Com ele, só os gritos de entusiasmo, mesmo assim, no momento certo, com as pessoas certas, no limite certo.

Por: Gabriel Chalita