quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Feliz livro novo

Ontem a noite, perdi o sono e resolvi vagar pela casa em busca de alguma coisa relaxante pra fazer. E, observando cuidadosamente cada pedaço, ainda na penumbra, vi alguns papeis bem dobrados sobre a mesa. Quando abri, lembrei que no dia anterior meu marido havia trazido os papéis que estavam em uma pilha na mesa do caixa eletrônico do banco, onde normalmente preenchemos os envelopes de depósito. Lembrei que ele disse: ‘alguma alma boa deixou isso no banco…”. E parei para ler.

Era um maço de papel com mensagens sobre amor, paz, felicidade, espiritualidade e pensamentos positivos, amizade e tantos outros sentimentos que nem sempre nos lembramos no dia-a-dia. Nesse maço de papel, logo na primeira página, tinha um poema…




“Encerra-se mais um ano em sua vida…

Quando este ano começou, ele era todo seu.

Foi colocado em suas mãos…

Você podia fazer dele o que quisesse…

Era como um Livro em Branco, e nele você podia colocar um poema, um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.

Podia…

Hoje não pode mais, já não é seu.

É um livro já escrito… Concluído.

Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e você não poderá corrigi-lo.

Estará fora de seu alcance.

Portanto, antes que este ano termine, reflita, tome seu velho livro e o folheie com cuidado.

Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência, faça o exercício de ler a você mesmo.

Leia tudo…

Aprecie aquelas páginas de sua vida em que você usou seu melhor estilo. 
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escritas. Não, não tente arrancá-las. Seria inútil. Já estão escritas.

Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue.

Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.

Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.

Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije-o.

Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas mãos do Criador.

Não importa como esteja…

Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras: Obrigado e Perdão.
E, quando o Novo Ano chegar, lhe será entregue outro livro, novo, limpo, branco todo seu, no qual você irá escrever o que desejar…
FELIZ LIVRO NOVO!”

Fiquei encantada não apenas com o poema, nem apenas com as outras mensagens que tinham no maço de papel. Fiquei emocionada com a atitude: alguém, em algum lugar dessa cidade louca, desse mundo louco, se deu ao trabalho de parar alguns minutos, selecionar alguns textos, imprimi-los e espalhá-los para que tantas outras pessoas pudessem ter acesso e de alguma forma fosse abençoadas com essas palavras!

Desejo a quem deixou essas folhas no banco um livro novo cheio de páginas coloridas e alegres, onde as histórias escritas sejam, em sua maioria, cheias de amor e felicidade!

A você que está lendo, desejo mais uma coisa (além de tudo acima): desejo que você também pare alguns minutos e compartilhe alegrias e bençãos para as pessoas que você ama!

Do site ... http://www.girafadepapel.com.br/boas-festas/...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A sensação do não-feito

“Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo”, 
Carlos Drummond de Andrade

.
Muitas pessoas dizem no fim do ano que o próximo será diferente. 
“Farei o que não fiz”; 
Ir à igreja, na academia regularmente, 
fazer dieta, 
ler mais, 
ser mais generoso (a), 
comprar um carro, casa ou reformá-la 
são alguns dos itens que aparecerem no primeiro parágrafo da lista fictícia.

Alguns ficam tristes olhando para trás relendo sua lista imaginária do que não cumpriu. Mas, devemos levar em consideração que se não foi realizado há sempre um bom motivo para isso. 
Se perguntar o porquê não fez determinada coisa vai ajudar a encontrar razões afetivas para explicar o não-feito ou adiamento de determinada ação.

Organizar metas a curto, médio e longo prazo é tradição. Faz parte da “Festa da Virada”, apesar de que a euforia dura um dia. 
O primeiro dia do ano. O resto, míseros 364, chega como um tsunami logo no dia seguinte.

Quero dizer aqui neste breve comentário que não há necessidade de martírio pelo que não foi realizado. 
Há um longo caminho pela frente e que o ano novo seja repleto de boas oportunidades para fazê-lo.

Deixo aqui as palavras de Drummond: “Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.

Por Roney Moraes
Jornalista, Psicanalista, Teólogo

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Como são os olhos de um Pai?


Pergunta a um oftalmologista!
Não!
Pergunta a um filho!


Se lembro bem os olhos do meu Pai eram transparentes, quero dizer, lia-se neles como num livro aberto.


Percebia perfeitamente quando estava contente comigo ou, se o que eu fizera ou tinha dito, não eram do seu agrado.


Não usava lentes que aumentassem ou diminuíssem o seu afecto por mim, eram sempre o mesmo… quer dizer… comprazido ou algo decepcionado.


Os olhos do meu Pai eram, por assim dizer, o meu espelho onde podia ver com meridiana clareza “como andava a minha vida”.


Lembro-me que – deveria ter os meus catorze anos que é uma idade importante num rapaz – ter chegado a casa por altura das férias de Natal e de lhe ter oferecido com grande orgulho e satisfação pessoais, a minha “caderneta” com as “notas” do período escolar.


Eram ótimas notas, a média de dezoito valores atribuíra-me o terceiro lugar na minha classe.


Mas quando vi os olhos do meu Pai tive uma surpresa enorme: não mostravam nenhuma satisfação especial, talvez até, houvesse neles algum laivo de decepção.


Fiquei, penso eu com toda a justiça, alterado, e perguntei:


‘Mas… Pai… média de dezoito… o terceiro da aula!!!’


A resposta foi “demolidora”:


‘Bom… está bem! Mas houve pelo menos dois colegas teus que tiveram médias de dezenove e vinte, um terá ficado em segundo lugar e o outro terá sido o primeiro da classe!’


Fiquei sem palavras, sem explicação nenhuma que pudesse aduzir: o que o meu Pai acabara de dizer era absolutamente verdade!


Olhei os seus olhos de novo e então vi neles uma centelha de incentivo, de desafio.


A verdade é que, no período seguinte, pela Páscoa pude entregar-lhe a “caderneta” com média de vinte e classificação de primeiro da classe.


Os seus olhos então, disseram-me claramente:


‘Vês como eu tinha razão e tu podias…’


Os olhos de um Pai vêm muito… muitíssimo mais longe que os olhos de um filho!



Publicada por Spe Deus

sábado, 5 de dezembro de 2015

A malícia da fofoca



Quem de nós gostaria que falassem mal de nós pelas costas?
Ninguém, não é verdade? No entanto, é justamente isto a fofoca! 
O que é a fofoca, senão falar mal dos outros quando eles não estão presentes?

Pois bem, sendo esta a realidade da fofoca, que frutos ela traz consigo? Algo que todos nós nos queixamos diariamente e que aparentemente não tem nenhuma relação, mas tem: a maldade que há no mundo!

Como assim, alguns perguntarão? Qual é a relação que pode haver entre a fofoca, algo tão inofensivo para muitas pessoas, e a maldade do mundo?

Vamos explicar. Todo dia no meu trabalho sacerdotal encontro pessoas, e vocês também, que dizem que há muita maldade no mundo. Que há muitas pessoas más, que querem o teu mal, que estão à espera da primeira oportunidade para passar a perna em você. De fato, infelizmente, esta é uma realidade inegável do nosso mundo. É uma realidade em muitos ambientes de trabalho e até, infelizmente, em muitas famílias!

E agora podemos nos perguntar: de onde surge um mundo como este onde as pessoas querem o teu mal? Surge quando se dá acesso a uma primeira porta da falta de amor entre as pessoas: falar mal delas, fofocar. 
Fofocar, falar mal de alguém quando ela não está presente, é a primeira porta da falta de caridade. Quando eu falo mal de alguém, eu não quero o bem desta pessoa. Daí para o segundo passo, desejar o mal, é apenas um pulinho.
Falar mal de alguém e desejar o seu mal estão unidos na mesma estrada: a estrada do mal, da maldade. E é uma estrada oposta ao que tanto desejamos que é o amor, a civilização do amor.

O amor gera algo maravilhoso: a união entre as pessoas, a solidariedade, a ajuda mútua. Quem ama, vê a todos como irmãos. 
E esta é a verdade, pois todos somos filhos de Deus. 

O amor congrega, une. 
Faz ver os colegas de trabalho como irmãos; a cunhada, a sogra, como irmãos.

Se o amor gera a união, o que gera a fofoca? 
Algo muito perverso: a desunião. 

Um mundo dominado pela fofoca ao extremo seria a lei da selva: salve-se quem puder! 
A desunião máxima: cada um para si buscando seu interesse, onde é inevitável a guerra.

Portanto, grande parte do mal deste mundo, deste ar pesado que se respira em tantos ambientes das pequenas e grandes cidades, o ar da desunião, da crítica, das puxadas de tapete etc, é fruto desta primeira porta da maldade, só aparentemente inofensiva, que é a fofoca.

Façamos, portanto, o propósito de eliminá-la da nossa vida! 
Como dizia um santo, “se é para falar mal, cala-te”! 
Vejamos a todos como irmãos, pois assim o somos. O que fazemos com um irmão que se comporta mal: rezamos por ele, procuramos corrigi-lo. E se ele não quer ser corrigido? 
Continuemos rezando por ele. Mas nunca falemos mal dele. Esta é a atitude de um cristão.

Será um sonho imaginar um ambiente de trabalho, uma reunião familiar, sem fofoca!!! Conheço ambientes de trabalho, famílias, que são assim, onde as pessoas vivem assim. 
Mas disto depende de cada um de nós. 

Comecemos por dar exemplo e, pouco a pouco, vamos ajudando as pessoas a verem todo o seu mal para que também a eliminem das suas vidas. Será o início da construção da civilização do amor.


Padre Paulo M. Ramalho