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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Caras sorridentes


Um sorriso não custa nada e rende muito
"Não esqueças que, às vezes, faz-nos falta ter ao lado caras sorridentes" - dizia São Josemaria Escrivá

Ele o recomendava, e (sou testemunha disso) praticava-o em favor dos outros, todos os dias.
Costumava dizer, por experiência própria, que, em muitas ocasiões, "sorrir é a melhor mortificação", porque custa.
Sim, pode nos custar, custar muito, sobretudo nos dias em que não nos sentimos bem ou andamos aflitos e preocupados.
O esforço sacrificado de tentar sorrir por amor, por amor a Deus e por amor aos outros, passando por cima das dificuldades, constitui um belo serviço, pois torna mais amável e alegre a vida dos que convivem conosco.

É estranho, mas alguns pensam que sorrir sem ter vontade é hipocrisia. Não é verdade. Por exemplo, fazer o esforço no lar, de sorrir para evitar preocupações, angústias, tormentos, mau humor ao marido, à mulher, aos filhos, é um grande ato de amor.
O sorriso afetuoso dissipa nuvens, desarma irritações, abre uma nesga de céu por onde pode entrar o sol da alegria e o bom humor.

Por isso, deve-se lutar, esforçadamente, para não privar desse bem os outros.
Sorrir não é só uma reação espontânea, uma atitude "natural" que não se pode controlar; pode e deve, muitas vezes ser um ato voluntário de amor, praticado com esforço consciente, pensando no bem dos outros.

A este propósito, gosto de recordar um cartão de Boas-Festas que um padre amigo me mandou em fins de 1992. Era uma folha de papel simples, xerocada na paróquia, e trazia uma espécie de poema.
Não sei se era da autoria dele ou se o tomara emprestado de alguma publicação ou da internet.
Seja como for, o conteúdo era muito simpático. Debaixo do cabeçalho - um sorriso -, vinham as seguintes frases:

- "Não custa nada e rende muito."
- "Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o dá."
- "Dura somente um instante, mas os seus efeitos perduram para sempre."
- "Ninguém é tão rico que dele não precise."
- "Ninguém é tão pobre que não o possa dar a todos."
- "Leva a felicidade a todos e a toda a parte."
- "É símbolo da amizade, da boa vontade, é alento para os desanimados, repouso para os cansados, raio de sol para os tristes, ressurreição para os desesperados."
- "Não se compra nem se empresta."
- "Nenhuma moeda do mundo pode pagar o seu valor."
- "Não há ninguém que precise tanto de um sorriso como aquele que já não sabe sorrir."
- "Quando você nasceu, todos sorriram, só você é que chorava.
Viva de tal maneira que, quando você morrer, todos chorem e só você sorria."

Padre Francisco Faus

Responsáveis pela nossa vida

Para que vivo eu?
Enquanto não tivermos uma resposta a esta pergunta, uma resposta que nos mostre o significado da nossa existência - a nossa razão de viver, de amar, de lutar, de trabalhar… -, não seremos um autêntico ser humano.

Seremos um bicho mais ou menos pensante que circula, come, bebe, dorme, faz sexo, fuça, desfruta, enjoa, se ilude, se desilude, trabalha, briga, se deprime, vai ao psiquiatra, não sabe o que lhe acontece, envelhece e morre.

Faz já alguns anos, uma crônica jornalística reproduzia a resposta de uma mocinha carioca à pergunta sobre o que achava dos bandos de vândalos e pichadores que danificam instalações públicas: - «Para mim - dizia ela -, as pessoas não sabem mais o que fazer das suas vidas». 
Sem grandes filosofias, essa menina lembrava que nós é que temos de “fazer a nossa vida”, que é preciso “fazer algo com ela”, e que não faremos nada de válido se não “soubermos o que fazer”. 
Justamente por termos uma inteligência e uma vontade livre, somos os responsáveis pela nossa vida. Que fazemos dela? Que faremos dela?

Essa filósofa-mirim trouxe-me à memória outra menina e outra reportagem de jornal. 
No caso, uma reportagem bem triste. Em São Paulo, há vários anos, uma estudante de dezesseis anos despencou - ou se jogou? - da janela de um dos últimos andares de um prédio de apartamentos, onde uma turma de colegas consumia drogas. Morreu na hora. 
Entre os seus papéis, acharam-se rabiscos de umas confissões íntimas.  Desse texto, baste uma amostra: «Vou ver se aqui eu consigo dizer tudo o que sempre quis dizer. 
Em primeiro lugar, eu queria viver. Mas eu vivo, o problema não é esse. O problema é ter que viver para quê? Ou para quem? Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente».

A pobre mocinha não tinha descoberto ainda para que vivia, e por isso se achava perdida, sem sentido e sem rumo. Isso faz pensar que, mesmo na sua trágica desorientação, tinha uma intuição profunda do sentido humano da vida. 
Reparemos que ela não colocava a sua realização em possuir bens, em enriquecer, gozar dos prazeres da vida (como seria de esperar, mexendo-se num ambiente consumista e hedonista), mas numa “razão de viver”, que não conseguia achar: «Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente». 
Só por isso era humana: porque sentia a sede de sentido, sem a qual tudo acaba em absurdo e frustração.

Eu sou fiel a mim mesmo?

À vista desses dois episódios, tornam-se incisivas estas perguntas: - Podemos dizer que estamos configurando, orientando a nossa vida de acordo com um ideal que a cumule de sentido, ou pelo menos que lutamos para chegar a isso? 
Esse ideal move-nos de maneira a vencermos a preguiça, a pressão do ambiente, os impulsos meramente instintivos, a inércia e a moleza, que apagam qualquer ideal?

Estejamos certos de que só vivendo assim - à procura de um ideal que nos encha de sentido - poderemos dizer que somos fiéis a nós mesmos, à grandeza do que nós somos, às  exigências profundas da nossa dignidade de pessoas humanas; em suma, poderemos dizer que somos autênticos seres humanos.

Padre Francisco Faus