terça-feira, 31 de julho de 2012

Muito além de uma porta



Se você encontrar uma porta à sua frente, poderá abri-la ou não.
Se você abrir a porta, poderá ou não entrar em uma nova sala.
Para entrar, você vai ter que vencer a dúvida, o titubeio ou o medo.
Se você venceu, você deu um grande passo: nesta sala vive-se.
Mas também tem um preço: são inúmeras as outras portas que você descobre.
O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta.
A vida não é rigorosa: ela propicia erros e acertos.
Os erros podem ser transformados em acertos, quando, com eles, se aprende.
Não existe a segurança do acerto eterno.
A vida é generosa: a cada sala em que se vive, descobre-se outras tantas portas.
A vida enriquece a quem se arrisca a abrir novas portas.
Ela privilegia quem descobre seus segredos, e, generosamente, oferece afortunadas portas.
Mas a vida também pode ser dura e severa: se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela sua frente.
É a repetição perante a criação.
É a monotonia cromática perante o arco-íris.
É a estagnação da vida.
Para a vida, as portas não são obstáculos, são apenas diferentes passagens.

Normalmente, os pequenos detalhes fazem uma enorme diferença em nossas vidas...

(Içami Tiba)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

De Coração para Coração



O que separa corações não é a distância, é a indiferença. 
Há pessoas juntas estando separadas por milhares de quilômetros e outras separadas vivendo lado a lado. Muitas vezes nos importamos com o que acontece no mundo, nos sensibilizamos e pensamos até em fazer alguma coisa, mas nos esquecemos do que se passa ao nosso lado, na nossa casa, na nossa família e mesmo na vizinhança.
Colocamos, sem querer, barreiras entre os corações que nos cercam. 
A indiferença mata lentamente, anula qualquer sentimento; e assim criamos distâncias quando estamos tão próximos.
As  pessoas  se  habituam  tanto  àquelas que convivem com elas que elas passam a não notá-las mais, a não dar mais importância.
Mas, se quisermos transformar o mundo, comecemos por transformar a nós mesmos.
Se quisermos entrar em combates para melhorar algo para o futuro, que esse combate comece dentro da nossa própria casa.
Precisamos olhar os que estão ao nosso lado sempre com olhos novos. 
Comunicar mais, destruir mais barreiras e construir mais pontes. 
Precisamos nos dar de coração a coração.
A melhor maneira de acabar com a indiferença de uma pessoa em relação a nós é amá-la. 
O amor transforma tudo. 
Não permita que pessoas ao seu lado morram de solidão! 
Não permita que elas sintam-se melhores fora de casa que dentro dela! 
Dê atenção, dê do seu próprio tempo! 
Comunique mais. Riam juntos.
Há quanto tempo você não diz para a pessoa que vive ao seu lado que gosta dela? 
A gente não recupera tempo perdido. Mas podemos decidir não perder mais.
Vamos amar os corações que nos cercam e tentar alcançar novamente aqueles que se distanciaram. 
Há sempre tempo para se amar.
E se não houvesse, o próprio amor seria capaz de inventar.

(Letícia Thompson)

domingo, 29 de julho de 2012

A difícil arte de separar


A vida muitas vezes nos parece um campo de trigo contaminado por joio.
Não são raras as situações em que nos aparecem falsidades, mentiras, corrupção e mais um monte de “ervas daninhas” de “joio” que entram em nossa vida, fazendo frente aquilo que de bom procuramos plantar durante a nossa existência.
E essas situações são mais corriqueiras do que pensamos...
Muitas vezes, por desleixo ou descuido, permitimos que outras pessoas entrem em nossas vidas e nelas espalhem o joio.
Quando percebemos, ele já está crescendo, brotando, e ai vem o momento da difícil escolha, da separação entre aquilo que é bom e aquilo que não serve ou não nos é conveniente.
E é de muita importância o momento da separação, entre o bom e o ruim, o bem e o mal.  
Que a separação aconteça no momento certo de forma que ao tirar o “joio” de nossa vida, não eliminemos também de forma inconsciente o “trigo” que plantamos e de que esperamos muito tempo pela colheita.
De qualquer forma esteja atento a este momento da separação, que por mais difícil que seja, tem que acontecer durante a sua vida, porque ora plantamos, e ora colhemos.
Por mais que adiemos a colheita, chega um ponto que ela tem que acontecer para não correr o risco de se perder todo o fruto.

Renato Coan

sábado, 28 de julho de 2012

Tire o pó... se precisar!


Não deixe suas panelas brilharem mais do que você!!!!
Não leve a faxina ou o trabalho tão a sério!!!!! Pense que a camada de pó vai proteger a madeira que está por baixo dela ( rsrsrs).

Uma casa só vai virar um lar quando você for capaz de escrever “Eu te amo” sobre os móveis.
Antigamente eu gastava no mínimo 8 horas por semana para manter tudo bem limpo, caso “alguém …aparecesse para visitar”, porém, depois descobri que ninguém passa “por acaso” para visitar, todos estão muito ocupados passeando, se divertindo e aproveitando a vida.

E agora, se alguém aparecer de repente?
Não tenho que explicar a situação da minha casa a ninguém… as pessoas não estão interessadas em saber o que eu fiquei fazendo o dia todo enquanto elas passeavam, se divertiam e aproveitavam a vida…
Caso você ainda não tenha percebido: A VIDA É CURTA… APROVEITE-A!!!

Tire o pó… se precisar…

Mas não seria melhor pintar um quadro ou escrever uma carta, dar um passeio ou visitar um amigo, assar um bolo e lamber a colher suja de massa, plantar e regar umas sementinhas?
 Pese muito bem a diferença entre QUERER e PRECISAR !!!!

Tire o pó… se precisar… porém lembre-se que você não terá muito tempo livre… 
para beber champanha, caminhar na praia, escalar montanhas, apreciar a natureza, uma noite de luar, a chuva que cai, brincar com os cachorros, ouvir música e ler livros, cultivar os amigos e aproveitar a vida…. !

Tire o pó… se precisar…

Mas lembre-se, a vida continua lá fora !!!! o sol iluminando os olhos, o vento agitando os cabelos, um floco de neve, as gotas da chuva caindo mansamente….
- Pense bem, este dia não voltará jamais!!!

Tire o pó… se precisar… porém, não se esqueça que você vai envelhecer e muita coisa não será mais tão fácil de fazer como agora…

E quando você partir, como todos nós partiremos um dia, também vai virar pó!!!
Ninguém vai se lembrar de quantas contas você pagou, nem de sua casa tão limpinha, mas vão se lembrar de sua amizade, de sua alegria e do que você ensinou.

AFINAL:
“Não é o que você juntou, e sim o que você espalhou que reflete como você viveu a sua vida.”

Desconheço a autoria

Eu chorei...


Ontem chorei... 
Por tudo que fomos. 
Por tudo o que não conseguimos ser. 
Por tudo que se perdeu. 
Por termos nos perdido. 
Pelo que queríamos que fosse e não foi. 
Pela renúncia. 
Por valores não dados. 
Por erros cometidos. 
Acertos não comemorados. 
Palavras dissipadas.
Versos brancos. 
Chorei pela guerra cotidiana... 
Pelas tentativas de sobrevivência. 
Pelos apelos de paz não atendidos. 
Pelo amor derramado. 
Pelo amor ofendido e aprisionado. 
Pelo amor perdido. 
Pelo respeito empoeirado em cima da estante. 
Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. 
Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. 
Pela culpa. 
Toda a culpa... minha.... sua. 
Nossa culpa... 
Por tudo que foi e voou. 
E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. 
Chorei. 
Apronto agora os meus pés na estrada. 
Ponho-me a caminhar sob sol e vento. 
Vou ali ser feliz e já volto.

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A união faz a força

Parábola dos sete vimes

Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer chamou todos os sete e lhes disse:
– Filhos, já sei que não posso durar muito, mas antes de morrer quero que cada um de vocês vá buscar um vime seco e traga aqui.
– Eu também? – perguntou o mais jovem, que só tinha quatro anos. O mais velho tinha vinte e cinco e era um rapaz muito forte; o mais valente da freguesia.
– Tu também – respondeu o pai ao mais jovem.
Saíram os sete filhos; pouco depois retornaram, trazendo cada um o seu vime seco.
O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho e o entregou ao mais novo dizendo-lhe:
– Parta este vime!
O pequeno partiu o vime facilmente.
Depois o pai entregou o outro ao mesmo filho mais novo e lhe disse:
– Agora parta também este!
O pequeno partiu o vime; depois partiu, um a um, todos os outros. Após partir o último, o pai disse outra vez aos filhos:
– Agora tragam outro vime aqui.
Os filhos tornaram a sair; logo estavam outra vez ao pé do pai, cada um com o seu vime.
– Agora me deem aqui – disse o pai.
E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um nó bem firme. Voltando-se para o filho mais velho, o mais forte, disse-lhe assim:
– Toma este feixe! Parta-o!
O filho empregou toda a força que tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.
– Não podes? – perguntou ele ao filho.
– Não, meu pai, não posso.
– E vocês todos juntos são capazes de partir este feixe de vimes? Experimentem!
Não foram capazes de partí-lo.
O pai lhes disse então:
– Meus filhos, o mais pequenino de vocês partiu sem lhe custar nada todos os vimes, enquanto os partiu um por um; e o mais velho e forte de vocês não pôde partí-los todos juntos; nem vocês, todos juntos, foram capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrem-se disto e do que lhes direi: enquanto estiverem unidos, como irmãos que são, ninguém zombará de vocês, nem contra vocês fará mal ou vencerá. Mas caso se separem ou reine entre vocês a desunião, facilmente serão vencidos.

Desconheço a autoria

Fica comigo, Senhor!


Senhor, fica comigo durante este dia,
e guia os meus pensamentos e desejos,
as minhas ações e os meus projetos.

Guia os meus passos
para que caminhem ligeiros
ao encontro dos cansados e desanimados.

Guia as minhas mãos
para que acompanhem aqueles que se perderam no caminho.

Abre os meus braços,
para que eu possa abraçar aos que se sentem sós e sem esperança.

Ilumina os meus olhos
e torna os meus ouvidos atentos ao clamor dos meus irmãos.

Oferece-me um coração terno, capaz de amar sem distinção.

Pai Nosso,
deposito na tua proteção o meu descanso e o de todos
os meus amigos e entes queridos.

Coloco em tuas mãos a nossa terra, as nossas cidades,
o nosso mundo tão retalhado pela violência,
pelas catástrofes, pelas guerras e pelas injustiças...

Ilumina, Senhor, a mente e o coração dos poderosos da terra.

Que eu sempre possa, com a tua graça,
abrir as mãos para partilhar
o que sou e o que tenho
e com a tua ajuda possa ver aparecer a aurora de um mundo novo.

OBRIGADO, SENHOR.
AMEM.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sinceramente egoísta

Todo mundo odeia ser chamado de egoísta, mas todo mundo é. Por mais que busque disfarçar. 
O egoísmo é aquilo que a gente ama tanto que acha que o outro não merece receber ou aquilo que a gente odeia tanto que não somos capazes de confessar.

- Egoísta é o que usa o gelo e não repõe as forminhas.

- Egoísta é o que esconde o resto do doce na gaveta das verduras.

- Egoísta é que vai dormir cedo para não fazer sexo.

- Egoísta é o que desperta cedo para trabalhar e não consegue ficar quieto: acorda junto a casa.

- Egoísta é o que perde algo e põe a família a procurar.

- Egoísta é o que pega quatro revistas ao mesmo tempo no salão e empilha no colo.

- Egoísta é o que sofre sozinho e acha que sua dor não tem igual.

- Egoísta é o que não atende o interfone e a campainha para não ter que falar com os amigos.

- Egoísta é o que corta as unhas dos pés e larga as pontas no sofá.

- Egoísta é o que compra um carro com dois lugares, para não dar carona nas festas.

- Egoísta é o que carrega uma nota de cem reais e nunca pode pagar porque não tem troco.

- Egoísta é o que não diz sua opinião para ver o outro se matar tentando agradá-lo.

- Egoísta é o que não troca o papel higiênico. Mais: abandona o rolo com apenas uma volta do papel.

- Egoísta é aquele que acha que romantismo é perda de tempo e vive reclamando do tédio na relação.

- Egoísta é o que promete mudar (deixar de fumar, deixar de beber) para fingir que tentou.

- Egoísta mesmo é o que não se considera egoísta. Não reparte seu egoísmo com ninguém.

(Fabrício Carpinejar)

Saúde sim. Doença não


“Quem permanece por muito tempo próximo das pessoas que sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre da alegria, fruto do amor” (Bento XVI).
A dor e o sofrimento acompanham o ser humano do nascer até o declinar da vida.
Não fomos criados para o sofrimento, nosso Deus não é masoquista, que sente prazer ao ver o ser humano sofrer, nosso Deus é o Deus da vida. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.

Dizer que a doença é vontade de Deus é mentira. 
A doença é coisa da gente, é de natureza humana e não divina.
Em nenhum momento da vida humana podem os dizer que Deus quis a morte.

Muitas vezes a gente se depara com afirmações do tipo: “foi vontade de Deus que acontecesse aquele acidente… foi vontade de Deus que aquela pessoa morresse de tal doença…é vontade de Deus que aquela pessoa sofra porque deve pagar os seus pecados”.

Nosso Deus não é vingativo, que busca desforra diante do mal cometido.
Nosso Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. “Eu não quero a morte do pecador e sim que ele se converta e viva”.

 Ao paralisar o corpo, a doença impede o espírito a voar. Ao mesmo tempo em que experimentamos a unidade, de outro lado a profunda ruptura.

"A doença é um forte convite à reconciliação e à harmonização com nosso próprio ser”.

Por isso: saúde sim. Doença não.

Dom Anuar Battisti

Para a avó



Cada ruga tua representa uma história
E são tantas...
Quantas experiências...
Quantas histórias para contar...
Quantos conselhos para dar...
Quanta paciência para nos suportar...
Esquecem a sua vida, para viverem a nossa
Sempre cheias de atenção,
De carinho,
De amor.
Uma advogada na nossa vida
Mediadora nas nossas decisões
Você é o meio termo...
O equilíbrio...
A palavra de esperança
O colo que aninha
O ombro que apesar de cansado... apóia
O olhar de complacência
O oásis da segurança que aplaca a sede
 E alimenta o corpo
Você é tudo de bom e de belo
Minha avó querida!

Sandra Mamede

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A paz


A paz no mundo começa dentro de mim,
quando eu me aceito, de corpo e alma,
e reconheço meus defeitos, com paciência e calma,
e em vez de me fragmentar em mil pedaços
eu me coloco inteiro no que penso, sinto e faço
passageiro no tempo e no espaço,
sem nada para levar que possa me prender
sem medo de errar e com muita vontade de aprender

A paz no mundo começa entre nós,
quando eu aceito o teu modo de ser sem me opor ou resistir
e reconheço tuas virtudes sem te invejar ou me retrair,
e faço das nossas diferenças a base da nossa convivência
e em lugar de te dividir em mil personagens
consigo ver-te inteiro, nu, real, sem nenhuma maquiagem,
companheiros da mesma viagem
no processo de aprendizagem do que é ser gente

A paz no mundo começa
quando as palavras se calam e os gestos se multiplicam
quando se reprime a vergonha e se expressa a ternura
quando se repudia a doença e se enaltece a cura
quando se combate a normalidade que virou loucura
e se estimula o delírio de melhorar a humanidade,
de construir uma outra sociedade,
com base numa outra relação,
em que amar é a regra, e não mais a exceção.

Geraldo Eustáquio de Souza

terça-feira, 24 de julho de 2012

A roupa de Gandhi

Mahatma Gandhi provou que a "roupa não faz o homem".

Ele só usava uma tanga a fim de se identificar com as massas simples da Índia.

Certa vez ele chegou assim vestido numa festa dada pelo governador inglês.

Os criados não o deixaram entrar.

Ele voltou para casa e enviou um pacote ao governador, por um mensageiro.

Dentro continha um terno.

O governador ligou para a casa dele e perguntou-lhe o significado do embrulho.

O grande homem respondeu:

- Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa.  Se é a roupa que vale, eu lhe enviei o meu terno.

(Desconheço o autor)

A flor da honestidade


Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava as vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio ha muitos anos,ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato a jovem, espantou- se ao saber que ela pretendia ir a celebração, e indagou incrédula:

- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu:

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.

A noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas e as mais belas jóias... Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu as profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.

Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada alem de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.

Finalmente chega o momento esperado o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.

Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado.

Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.

Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca.

Você será sempre um vencedor.

(Desconheço o autor)

domingo, 22 de julho de 2012

De olho nas metas


Era uma vez um cocheiro que dirigia uma carroça cheia de abóboras.

A cada solavanco da carroça, ele olhava para trás e via que as abóboras estavam todas desarrumadas.

Então ele parava, descia e colocava-as novamente no lugar. Mal reiniciava sua viagem, á vinha outro solavanco e... tudo se desarrumava de novo.

Então ele começou a ficar desanimado e pensou: "jamais vou conseguir terminar minha viagem!

É impossível dirigir nesta estrada de terra, conservando as abóboras arrumadas!".

Quando estava assim pensando, passou à sua frente outra carroça cheia de abóboras e ele observou que o cocheiro seguia em frente e nem olhava para trás: as abóboras que estavam desarrumadas organizavam-se sozinhas no próximo solavanco.

Foi quando ele compreendeu que, se colocasse a carroça em movimento na direção do local onde queria chegar, os próprios solavancos da carroça fariam com que as abóboras se acomodassem em seus devidos lugares.

Assim também é a nossa vida: quando paramos demais para olhar os problemas, perdemos tempo e nos distanciamos das nossas metas.

Desconheço o autor

Um pouco de Carpinejar...



"(... ) Carrego, portanto, a certeza de que o maior sedutor não é malandro, não é o esperto, mas o monogâmico. O fiel.
O que tem olhos apenas para sua patroa.
Ele não pescará decotes mais profundos na vizinhança.
Deslizará protetor em sua mulher, com calma oriental, comovido, o olfato sinceramente interessado. Acompanhará as mãos com o corpo.
No fim, se aproximará dos ouvidos para sussurrar uma barbaridade. (...)"

F. Carpinejar


"(...) Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro.
Eu me entrego para dependência.
Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha.
Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história.
Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espirar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la.
Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo.
Aprendi a usar a furadeira e agora entro fácil em parafuso. (...)

 F.Carpinejar

O olhar


Os olhos não mentem.
É poético falar dos olhos.
Romântico usá-los em citações, bonito mencioná-los.
Dóceis ou agressivos, medrosos ou apaixonados, sempre terão algum significado. Personagens possuem olhos assim e através deles pode-se ver a alma, a intenção, o sentimento, a verdade da ação.
Sem falar das pessoas, personagens reais que desempenham papéis e acreditam naquele sentido.
Entretanto, há limite para os olhos.
Eles, apesar de estarem expostos, raramente vêem o que está de fora e sim, enxergam com aquilo que vem de dentro.
Vê-se não o que se quer e sim o que se pode ver.
Cada um faz o que é possível para enxergar a vida.
E, isso nem sempre é a mais fiel das formas.

Tânia Liporoni



sábado, 21 de julho de 2012

Lá vou eu


Lá vou eu mundo afora...

Quero aproveitar a vida, que a mim foi dada sem que eu pedisse. Quero viver cada minuto como se fosse o último. Experimentar tudo que a mim se apresentar. Sem julgar, sem analisar se está certo ou errado. Se é um bem ou é um mal. Pois o que é mal para um, pode não ser para o outro. Depende da contextualização. 

Quero me aventurar, jogar fora tudo que aprendi. Voltar a ser uma Tabula Rasa. Vou reescrever-me... A meu modo,sem interferências dos que me querem bem... Vou ser um bem para mim e não um bem para o outro. Vou ver o mundo com os meus olhos bem abertos, ouvidos atentos aos menores ruídos, às palavras ditas de mil maneiras diferentes... Preciso entendê-las, decifrá-las a meu modo. Preciso sentir o cheiro do mundo... Do mais delicado perfume ao odor da podridão. 

Quero tocar a delicada textura da pele de um recém nascido e a dureza da pedra que fere e machuca. E saber qual é o mal maior. Se aquele que inocente cresce e se transforma nas mãos do homem,incapaz de reagir frente à sua tirania, ou aquela que já está pronta e serve para construir e para derrubar.
Sai da minha frente, pai, deixe-me passar... 

Quero o meu filão no mundo para nós construído. Preciso apossar-me da minha parte, para viver a meu modo e provar que consigo sobreviver sem ajuda de quem quer que seja. Eu me basto. Eu sou capaz de fazer-me melhor do que sou. Vou fazer da minha vida o que realmente quero. Vivê-la sem as leis dos homens e as de Deus.

E assim, lá fui eu mundo afora...

E agora volto, meu pai... Apenas volto e preciso de seu amparo, da sua proteção, do seu aconchego. 
Eu sou seu filho. Blasfemei, apoderei-me do que não era meu e perdi. Deixei que minha cólera fosse extravasada sem me importar em quem e por quê. Explorei meu irmão. O mundo que pensei viver tão plenamente vivi em perdição. Sem leis, sem regras e me perdi... Eu me perdi de mim... Não me bastei... 

Encontrei tudo que procurava, tudo que pensei ser o bom para mim e que na realidade foi tão ruim. Desperdicei minha vida sem ver a fome, as injustiças, a explosão da violência entre os homens. 
Fui espectador de inomináveis sofrimentos, que como não eram meus, assistia-os impassível. 
O confronto foi doido... 

Vivi duas vidas em uma. Fui mau. 

Mas de repente senti brotar em mim uma nova vida. Resgatei a força do amor. 
Aos poucos me tornei bom. 

E estou aqui novamente em sua casa meu pai. Eu que não mais consegui ver a dor sem me condoer. Não mais consegui não me envolver com os problemas que não pensava meus. 
Abracei corpos inertes. 
Partilhei a fome dos meus irmãos, sentindo sua dor em mim, em nós. 
Nossas lágrimas se misturando e já nem sabíamos o por quê... 
Tal era o sofrimento, a dor, o desamparo. 
Ouvi palavras ditas com força tal, que machucavam, que feriam mais que as pedras. 
Nos excluíam em vida, da vida. 

E eu, que queria viver a vida sem as leis dos homens e de Deus, as vivi... 
E agora, sentia em mim, no meu irmão, na terra sugada até que não mais produzisse, na água que agora rareia em grande parte do mundo que não sabe partilhar, que não consegue usá-la de modo que a use seu irmão. 
Quero voltar para sua casa, pai, e seguir novamente suas leis e as leis de Deus, para ser digno da vida que a mim foi dada sem que eu pedisse...

Nossas Letras > Letras, Arte e Cia > Heloisa Pereira de Paula Reis

Ocaso e descaso


Entre as dezenas de justificativas para se colocar fim a uma história,você simplesmente escolheu nenhuma. Apenas uma despedida fria e... um silêncio incompreensível e inexplicado.

Nas memórias dos casais desfeitos há sempre para narrar aos amigos um último olhar, um derradeiro toque, um beijo melancólico de despedida ou mesmo uma apocalíptica discussão.

Entre nós, contudo, nada de olhares. Nenhum toque ou beijo, tampouco um bate-boca. Sem acusações ou mea-culpa, sem choro ou ironia, em meio a evasivas você tão somente saiu de cena.

Os bits do ambiente virtual onde nos conhecêramos foram calmamente se enchendo de caracteres até que surgisse, completa e inexorável, a frase que seus lábios me negaram dizer pessoalmente: ‘Sim, estou colocando um fim na nossa história. Tchau. Fica com Deus.’

Destoando completamente do imenso respeito que tivemos o tempo todo um pelo outro, apenas assisti, perplexo, à desconsideração de sequer poder argumentar ou cobrar uma explicação.

O calor de todos os nossos beijos, aquele arrepio suave provocado pelos toques de carinho. O som, ao mesmo tempo firme e doce, da sua voz. Tudo foi substituído pela secura de um teclado morto. E o fim descrito como uma sentença no monitor sem alma.

Nos dias seguintes, inutilmente esperei que emergisse daquela tela luzente uma nova mensagem, que desmentisse o mal entendido. Ou mesmo uma ligação que dissesse: ‘Seu beijo me faz falta!’

O celular e o computador, porém, ficaram inúteis. Tanto quanto têm sido inúteis as inúmeras perguntas que torturam meu pensamento sem descanso.

Como pode decidir sozinha que ficaríamos melhor separados?

Nossas Letras > Letras, Arte e Cia > Ronaldo Silva

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Das Pedras


Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida…
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.

Cora Coralina

Cartas de um amor impossível....


“Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente
te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo.”

(de Abelardo a Heloísa)


É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo.”

(de Heloísa Abelardo)

Blog Isa Sonhadora

Colo


Pra dar colo é preciso pegar no colo? Nem sempre... 
Há pessoas que dão colo com as palavras, com o que elas carregam e transmitem. Elas reconfortam sem presença física, estando, apesar disso, presentes.
É possível se dar a alguém, ser importante, fazer importante, às vezes mesmo com um gesto aparentemente banal. 
Estamos atravessando uma era em que as pessoas se encontram muito mais profundamente que antes. 
Elas se acarinham, se amam, se sustentam, amenizam a solidão e ajudam a curar feridas e secar lágrimas.
Distância? Não existe! 
Não é bem assim, ela existe, mas não percebemos. 
Eu estou aqui e estou aí ao mesmo tempo, da mesma maneira como meus amigos estão em toda parte e dentro de mim. 
A gente só alcança o que está perto, não?
Jesus atravessou séculos e ainda hoje nos pega no colo, ainda hoje falamos com Ele, choramos o calvário e a crucificação. 
Ainda hoje nos sentimos amados e podemos seguir seu exemplo.
Quando você quiser abraçar alguém, dar colo, reconfortar e seus braços não alcançarem essa pessoa, dê um telefonema, escreva uma carta, envie um e-mail!... 
Seu carinho vai chegar da mesma forma, com o mesmo calor. 
Nunca duvide disso!...

Letícia Thompson

Ninguém é uma ilha



Colhemos o que plantamos. Precisamos estar conscientes que tudo o que fazemos tem uma repercussão um dia ou outro.
Mas colhemos também o que não plantamos. Como estamos nessa terra imensa que gira, gira e sempre volta ao mesmo lugar, colhemos o que plantam outras pessoas, feliz e infelizmente.
 Colhemos o que plantam nossos filhos, pais, amigos... e a sociedade de forma geral. Todos os caminhos que escolhemos geram mudanças nas vidas de outras pessoas e vice-versa.
Se fôssemos uma ilha, tudo estaria centrado em nós. Teríamos o mundo em volta e sobreviveríamos. Mas não... não somos uma ilha e precisamos uns dos outros.
Uma ilha, por mais bela que seja, isolada no meio de um oceano, sem dar e sem receber, não passa de uma ilha solitária.
Não podemos viver sós, a sós, só pensar em nós. Não fomos feitos pra isso. Precisamos de amor, compreensão, do dar e receber, de mãos estendidas e precisamos compartilhar.
O convívio com outras pessoas é enriquecedor e acontece de ser também cheio de desapontamentos, o que nos faz crer que seria melhor evitar relacionamentos.
Muitas vezes é justamente quando alguma coisa dói em nós que nos sentimos vivos. Percebemos que ainda temos sensibilidade, emoções que se afloram e nos fazem até chorar, mas são elas que dão sentido à nossa vida.
Precisamos sentir a vida e os corações que pulsam dentro dela, provar do amargo e do doce e ter a certeza de não estarmos sós.
A solidariedade é a ponte que vai nos ligando uns aos outros, como uma grande corrente onde mãos se tocam e se sustentam e dizem ao mesmo tempo: "preciso de você" e "pode contar comigo."


Letícia Thompson

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Alegria na Tristeza



O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.

Martha Medeiros

Do verbo ser


Eu sou frio, sem agasalho. Já fui chuva, sou mais não.
Sou outono, Sou vento, às vezes tempestade.
Sou Clarice, Sou Neruda, Sou Quintana. Sou Che, Sou Pagu, Sou Renato, Sou Joana.
Sou vinho tinto, queijo e chocolate branco. 
Sou serra, Sou trilha, Sou montanha. 
Sou tudo que é cítrico, bem temperado, apimentado e gelado.
Sou sorvete de flocos, Sou estrogonofe. 
Sou macarrão. Sou limão do sumo à sobremesa. 
Sou farofa e batata palha em tudo que você possa imaginar.
Sou música, muita, muita, muita e sempre. Sou música ao vivo. 
Sou literatura, Sou crônica, apaixonadamente. Sou cinema, barzinho, teatro e Sou drama, literalmente.
Sou carta, Sou papel, Sou foto, muita foto. 
Sou internet, Sou comunicação, Sou declaração, Sou amigos antigos, Sou amores longos, Sou ovelha “tons de inverno” da família.
Sou revista adolescente, Sou videoclipe, Sou séries bobas, Sou lilás e roxo.
Sou Rock, Reggae, MPB. Sou cruz de malta, Sou signo touro dos aspectos bons aos ruins.
Felizmente Sou Anti- alguns “ismos”: capitalismo, machismo, racismo. 
Infelizmente às vezes Sou de alguns “ites”: amidalite, paixonite, preguicite e não me irrite!
Sou pijama o dia inteiro, Sou roupão, não sou roupa não. 
Sou cortinas fechadas, Sou almofadas espalhadas, Sou rede, Sou chão e ventilador. 
Sou tênis velho, Sou rasteirinhas, Sou pé descalço. 
Sou joaninhas, estrelas, malabares e mandalas sem significado.
Sou banho frio, perfumes, lápis de olho, cabelo solto, cheio e malcriado, como também sou...
Sou esmalte forte.
Sou efeito sanfona, Sou praia à noite e não sou sol nem luz, obrigada!
Sou Ilha Grande, São Paulo, Ponte Rio - Niterói, quero ser Paris.
Sou mais escrita que leitura, mais salgado que doce, mais show que boate, mais emoção que razão, mais grito que cara feia, mais noite que dia e mais ainda madrugada.
Sou festa, Sou oração. 
Sou da impaciência à explosão. 
Mas Sou retorno, reflexão, Sou redenção.
Sou respeito pra quem tem, desaforo pra quem pede, perdão pra quem merece. 
Sou tombos feios, mas também aprendizados. 
Sou choro sem razão, mas Sou reservas escondidas de fortaleza. 
Sou intensidade, Sou expressão. 
Sou muitos sonhos, mas Sou determinação.
Sou muito, tudo, sempre e mais. 
Sou coração disparado, Sou cabeça a mil, sou infinitos porquês. 
Sou fênix, Alice, Ariel, Sou Yo! mesma. 
E agora é a sua vez!

Autoria: Yohana Sanfer

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sem etiqueta, sem preço

A nota é internacional e diz, mais ou menos assim:
Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.

Eis que o sujeito desce na estação do metrô de Nova York, vestindo jeans, camiseta e boné.
Encosta-se próximo à entrada. Tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram a bagatela de mil dólares.

A experiência no metrô, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.
A iniciativa, realizada pelo jornal The Washington Post, era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

A conclusão é de que estamos acostumados a dar valor às coisas, quando estão num contexto.
Bell, no metrô, era uma obra de arte sem moldura. 
Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
Esse é mais um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas, que são únicas, singulares e a que não damos importância, porque não vêm com a etiqueta de preço.
Afinal, o que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes?
É o que o mercado diz que podemos ter, sentir, vestir ou ser?

Será que os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detêm o poder financeiro?
Será que estamos valorizando somente aquilo que está com etiqueta de preço?

Uma empresa de cartões de crédito vem investindo, há algum tempo, em propaganda onde, depois de mostrar vários itens, com seus respectivos preços, apresenta uma cena de afeto, de alegria e informa: Não tem preço.
E é isso que precisamos aprender a valorizar. Aquilo que não tem preço, porque não se compra.

Não se compra a amizade, o amor, a afeição. Não se compra carinho, dedicação, abraços e beijos.
Não se compra raio de sol, nem gotas de chuva.

A canção do vento que passa sibilando pelo tronco oco de uma árvore é grátis.
A criança que corre, espontânea, ao nosso encontro e se pendura em nosso pescoço, não tem preço.

O colar que ela faz, contornando-nos o pescoço com os braços não está à venda em nenhuma joalheria. E o calor que transmite dura o quanto durar a nossa lembrança.
*   *   *
O ar que respiramos, a brisa que embaraça nossos cabelos, o verde das árvores e o colorido das flores é nos dado por Deus, gratuitamente.
Pensemos nisso e aproveitemos mais tudo que está ao nosso alcance, sem preço, sem patente registrada, sem etiqueta de grife.
Usufruamos dos momentos de ternura que os amores nos ofertam, intensamente, entendendo que sempre a manifestação do afeto é única, extraordinária, especial.
Fiquemos mais atentos ao que nos cerca, sejamos gratos pelo que nos é ofertado e sejamos felizes, desde hoje, enquanto o dia nos sorri e o sol despeja luz em nosso coração apaixonado pela vida.

Redação, a partir de comentário
de Willian Hazlitt, que circula pela Internet.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O caminho de crescimento



O caminho de Deus é uma aprendizagem, com tudo o que implica aprender, desde a consolação, ao desânimo, passando muitas vezes por uma falta de acreditar em nós próprios, nos outros e até em Deus.

Quando uma criança nasce, é rodeada de carinho, de ternura, e tudo o que ela faz é objeto de compreensão, até de alegria, (até mesmo coisas que parecem “más”), ou seja, quantas vezes as mães não se alegram porque o bebê sujou as fraldas, o que é sinal que tudo está bem...
Assim o bebê é só consolações, tudo o que faz é bem aceite e fonte de alegria, está totalmente protegido para que nada de mal lhe aconteça. Tudo quanto sejam agressões ao seu bem estar, são imediatamente afastadas porque a sua ligação/comunhão com os pais é total e permanente.

Mas depois começa a crescer e já se aventura a decidir algumas coisas por si só, sem atender àquilo que os pais lhe dizem, e começam as "dores", (porque mexeu no lume e se queimou), porque fez isto ou aquilo, e lá chegam também as primeiras reprimendas.
Continua a crescer e cada vez mais acha que já sabe tudo, há até um momento em que se quer afastar dos pais por achar que aquilo que lhe dizem não serve a sua vida.

Agora muitas vezes os erros são maiores e as suas conseqüências mais pesadas.
Por vezes sente um desejo enorme de se recolher nos braços dos pais, mas o orgulho e muitas vezes uma sensação de culpa, de vergonha, impede-o de o fazer, ou de ser inteiramente verdadeiro com eles, acatando aquilo que eles lhe dizem para o seu bem.

E a vida vai continuando e as coisas boas vão alternando com as menos boas e vai descobrindo que afinal as coisas que os pais lhe diziam eram coisas boas e até as vai ensinando aos seus filhos.

À medida que se vai aproximando da idade mais avançada vai-se dando conta de que tem de confiar naqueles que o amam e assim vai-se deixando conduzir, ajudar, e vai redescobrindo as alegrias e consolos de esperar e confiar em alguém que o ama verdadeiramente e o ajuda a viver a sua vida.
Claro que esta descrição é a de uma vida em termos gerais, que acontece, mais parecida ou menos parecida, com muitas pessoas.

Com certeza já reparaste na similitude daquilo que te quero dizer.
Nesta vida voltada para Deus, ao principio tudo são consolações, alegrias, descobertas, sentimo-nos protegidos, parece que nenhum mal nos pode acontecer e isso porque a nossa vida é então uma descoberta e é sobretudo uma oração constante, uma constante comunhão com Deus, na Eucaristia, na Confissão, na entrega, não queremos viver mais nada.

Mas depois há que descer do Tabor!
É Ele mesmo que quer que comecemos a enfrentar a vida do dia a dia, que enfrentemos o mal que corre o mundo e então começamos a reparar em tanta coisa má que acontece e questionamo-nos, perguntamos-Lhe até: Como é possível, porque deixas isto acontecer!!!
E Ele na Sua bondade infinita vai-nos mostrando às vezes dolorosamente que não interfere na nossa liberdade e por isso aquilo que fazemos sem pensarmos tem as suas conseqüências.

É o tempo de crescimento, de percebermos que temos também a nossa parte para fazer, a nossa vida a construir.
Então por vezes o nosso arrebatamento já não é tão intenso, o nosso acreditar tão real, e assim isso reflete-se na nossa entrega, na nossa oração, na nossa comunhão.
Ai as dores de crescimento!
E nós também somos assim!
Antes a oração fluía, a alegria era constante, tudo era fácil e nós nem conseguíamos descortinar as coisas más, pois passavam-nos ao lado.
Mas agora, Santo Deus, parece que o mal nos entra pelos olhos adentro, parece que envolve a nossa vida, e temos dores e dificuldades e não conseguimos rezar...
Mas Ele sabe que nós precisamos desse crescimento, para nos fortalecermos, para podermos enfrentar todas as dificuldades, contrariedades, provações que vão chegando conforme o mundo se torna mais egoísta e a nossa idade vai avançando e tornando mais penoso o nosso viver.
A Fé está lá, mas parece não querer dar sinais de vida, parece que o alimento que lhe damos não chega...
É o tempo de lutar, lutar contra nós próprios, lutar contar tudo aquilo que dentro de nós grita: Desiste, não vale a pena!
Lutar sempre! Se não consigo rezar o terço, digo apenas: Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim pecador!
E repito e volto a repetir sempre em todo o momento porque Ele me ouve, e sente a minha angústia, porque Ele não deixa de me responder!
Lembramo-nos então daquilo que Ele nos dizia quando começamos nesta vida e percebemos que já nessa altura Ele nos avisava dos perigos que estavam para vir, das dificuldades que havíamos de viver...
E procuramos mais comunhão, mais entrega, com mais perseverança, na confiança e na esperança de que Ele nos está a provar, porque nos ama com amor infinito e nos quer preparar para o que há-de vir: «Vigiai, porque não sabeis quando vem o ladrão...»
E então louvamos!

Louvamos por estas dificuldades, por estas provações e acabamos por não as entender como um mal, mas sim como um bem que nos ajuda a crescer.

E Ele responde-nos e exorta-nos à luta constante, exorta-nos a darmos testemunho dessa luta para que aqueles que a estão a viver saibam e percebam que é na perseverança, na comunhão de oração que Ele responde, mesmo que pareça escondido de nós...

Então passada a luta, (quanto tempo demorará?), Ele vem, toma-nos ao Seu colo e diz-nos cheio de amor: Descansa agora nos meus braços de eternidade e goza o louvor e a alegria para sempre!

Joaquim Mexia Alves
spedeus.blogspot.com.br

Avareza


Eu preciso guardar para que a mim não falte nunca, seja lá o que for. Mas guardar a sete chaves, de modo que ninguém veja, que ninguém saiba. Nem eu, para que não corra o risco de gastar.

Vou sempre negar que tenho o que a mim pedem.

Mas isso me mantém em constante estado de atenção. Ajo como se em cada canto estivesse alguém a espreitar-me, a seguir meus passos. Desconfio até de minha sombra. Muitas vezes me volto rápido, para saber o que ela faz atrás de mim...

Ao conversar com alguém preciso cuidar do que falo, para que nada transpareça, para que meu olhar não se encaminhe a esconderijos, onde mantenho meus bens trancafiados, para que não suspeitem de que ali está meu tesouro. Faço-me parecer um pobre coitado, para que me pensem um portador de nada, um sem bens, nem eira nem beira. Às vezes me pergunto, porque faço assim comigo. Imagino que seja para ter não que dividir o que tenho, para não precisar presentear seja lá quem for... Para não ter que suprir as necessidades dos que estão ao meu redor...

Mas que vida é essa que não vivo, que tormento é esse que me aprisiona e do qual não consigo me livrar? Quero e preciso tirar férias de mim e não consigo. Preciso de paz e não me dou o direito de tê-la, tão envolvido estou nesse desejo exacerbado pelos bens materiais, esse sórdido apego pelo dinheiro, essa avidez pelo acúmulo de bens.
Ao pensar-me usufruindo o que guardei durante anos, fico em estado de pânico. Transpiro em bicas, sinto meu coração acelerar... Preocupo-me tanto com o que acumulo, que sequer me alegro em saber o quanto possuo. O medo de perder faz com que eu me isole cada vez mais e mais, tendo como companheira a insatisfação pessoal, a carência afetiva, a dificuldade em dar e receber amor.

Desespero-me ao pensar que ao morrer terei que deixar tudo que possuo, para ser gasto livremente, sem preocupação alguma, por alguém que não eu. Gostaria de sabê-la intacta. Ah que bom seria pudesse eu levar tudo comigo. Pobre de mim, avarento que sou, vítima e cúmplice de mim mesmo.

Mas o que fazer se nada posso?

 Heloisa Pereira de Paula Reis