domingo, 30 de dezembro de 2012

Oração de uma mãe de família, para começar o novo ano

Meu Deus, ofereço-te este ano que começa. 
É uma parcela deste tempo tão precioso, que me deste para te servir. 
Ponho-o sob o sinal da fidelidade.

Faz com que ele seja uma longa ascensão em direção a Ti,
e que, em cada dia, eu esteja cada vez mais rica de fé e de amor. 

Meu Deus, ofereço-te todos os que amo 
e por quem meu frágil coração estremece. 

Contudo, sei que os meus filhos te pertencem;
e que, desde agora, estão salvos, 
e que um rio de amor os conduzirá à bem-aventurança. 

Não permitas que eu lhes falte; 
mas, antes, que eu seja para eles o canal invisível da tua graça, 
que os edifique e console, 
que a minha vida lhes manifeste o teu amor. 

Meu Deus, 
também te ofereço a imensa dor deste mundo que criaste e resgataste, 
os sofrimentos das crianças inocentes, 
o longo exílio dos idosos, 
a angústia dos chefes das nações
e este peso da crise, 
que tão duramente se abate sobre nós todos. 

Meu Deus, 
que uma chispa da tua caridade ilumine em nós as trevas 
e que a aurora da paz se levante neste novo ano. 

Peço-te, tudo isto, 
em união com todos os homens e mulheres, 
que estão aqui e oram comigo, 
em união com os teus santos, com a tua Igreja, 
e com o teu Filho, Príncipe da Paz. 

Adaptado de MADELEINE DANIÉLOU (1880-1956)

Vitória na derrota

É só modificar o jeito como olha para a realidade...
Veja bem, perder Clara representou para você uma grande vitória, só que você ainda não foi capaz de perceber isso. Clara, ao lhe deixar, ao lhe trocar por um vendedor de flores, entregou-lhe uma chave poderosa que abrirá lugares nunca visitados do seu coração.

A tristeza, esse sentimento estranho que nos desinstala tanto, pode ser uma verdadeira fonte de virtudes.
Quando bem interpretado, o sofrimento se transforma num impulso fantástico para as superações que precisamos viver. 
"Toda perda sempre esconde um ganho". Essa frase é comum, já foi muitas vezes repetida, eu sei. Mas como é importante repetir essas coisas. Por isso volto a dizer, escute as mesmas coisas de sempre, mas de um jeito novo, diferente. Um dia eu precisei amar minha dor. 

Era o único jeito que tinha de continuar vivendo. Ou aprendia, ou morreria com ela. Resolvi aprender.
Desde então, minha dor é minha companheira, minha mestra, minha parceira.
Deixou de ser minha inimiga no momento em que eu a olhei nos olhos e acertei conhecê-la com mais propriedade. Quis entrar nos mistérios de seus mecanismos com o intuito de poder administrar melhor as suas conseqüências. 

Eu não a busco, mas, quando chega, abro as portas para que não force as janelas. Deixo que entre, ofereço-lhe uma café, olho nos seus olhos para que cesse o medo e depois me empenho em deixar que fique o tempo necessário, até que se dissolva por si só, pela força do tempo. 

Quando acolhida, a dor se dissipa aos poucos, e, de maneira incrível e surpreendente, o que parecia ser tão definitivo transforma-se em matéria transitória. Pode parecer-lhe estranho, mas eu prefiro que ela se acomode na sala.
Se eu não permito que ela entre, ela fica batendo na minha janela, dia e noite, impedindo-me o sono. Eu poderia muito bem ter escolhido lidar com ela a partir de todo o instrumental filosófico que tenho à minha disposição.
Foram anos e anos ensinando a milenar arte de arquitetar o pensamento, mas descobri que não era o melhor caminho.
Filosofar sobre a dor não amenizar o seu poder, ao passo que acolhê-la com simplicidade, isso sim faz sentido.


Pe. Fábio de Melo - Trecho do livro Tempo de Esperas


Que lugar inspirador o senhor recomenda para 2013?

Peregrine por seu coração. Ele é inspirador.
As pessoas estão frequentando muito a lógica e deixando de lado o sentimento.

O coração tem uma caixa de ferramentas de que você precisará em 2013.
Ali, você encontra a intuição e a capacidade de reagir rápido sem pensar muito. Com isso, não quero ser irracional.
Refiro-me ao coração como metáfora, não como órgão.

A linguagem do coração será cada vez mais importante. Usando seu coração, você volta ao estado de criança. Sem a ingenuidade da criança. Isso lhe dará condições de ser criativo para os desafios do ano. Fará você se adaptar às crises do mundo, como lidar com as novas linguagens.

O coração pode não ser pragmático, mas é sábio. Procure conhecer o interior de sua alma. E assim estará no meio da tempestade, com raios e trovões a sua volta, e se sentirá bem.

Você é um desconhecido, e seu potencial é maior do que você sabe.
Passeando pela alma, você ficará feliz com o que encontrará.
As pessoas temem a confrontação.

No outono, as folhas brincam entre si que não querem cair, mas não adianta: elas cairão.
A paz é uma utopia se associada à ideia de ausência de conflito.
Aceite os conflitos, dê boas-vindas a eles e toque para a frente, porque isso é parte da condição humana.

Paulo Coelho (Entrevista para revista Época)

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 29 de dezembro de 2012

Epigrama nº 4

O choro vem perto dos olhos
para que a dor transborde e caia.
O choro vem quase chorando
como a onda que toca na praia.

Descem dos céus ordens augustas
e o mar chama a onda para o centro.
O choro foge sem vestígios,
mas levando náufragos dentro.

Cecília Meireles

Meus cartões



Ano Novo: Renovam-se as esperanças


As pessoas param, dedicam alguns segundos para refletirem sobre suas vidas, seus amigos, familiares.
Analisam suas atitudes... (É bem verdade que só alguns fazem isso)...
Reúnem-se em festas, abraçam-se, choram, emocionam-se. Dão presentes. Enviam cartões de Natal. Visitam-se, viajam, tiram férias...
É o cenário mais típico de um Natal bem brasileiro. É a forma como fazemos a passagem - alguns se referem assim ao momento do Ano Novo - mas é a passagem para o nada, porque tudo fica, depois da festa, como era antes.

É muita emoção... Mas é só isso. Porque logo em seguida todos voltam à rotina de suas vidas e as
esperanças se anulam e logo morrem. Continuamos sendo o que sempre fomos.
Perpetuamos nossas ações e, paradoxalmente, queremos colher novos frutos.
Não nos damos conta, provavelmente pela emoção que nos toma no momento, que nossas
esperanças precisam de NOVAS atitudes e estas, as atitudes, por sua vez, precisam ser
precedidas de novos e avassaladores pensamentos.

Os conceitos precisam mudar.
É preciso, para que o ano novo seja efetivamente novo, e que assim saia do calendário e se
renove, que pensamentos desabrochem em estado de novidade.
Poucos se dão conta que são hoje o resultado de suas decisões até este momento.

A intenção de mudar é fantástica, mas o que realmente faz a diferença são as nossas atitudes.
Assim, para mudar, não é preciso estar no Final de mais um ano.
Não pode ser uma ação só do calendário gregoriano. Tem que ser uma nova forma de encararmos a nossa vida.
É preciso olhar mais para o nosso interior e menos para o nosso bolso.
Só assim, teremos uma nova vida.

Quer mudar? Mude suas atitudes.
Quer ter novas atitudes? Mude seus pensamentos.
Só assim poderemos dizer que estamos criando uma nova realidade em nossos corações e almas.

É uma ação hipócrita lembrar das pessoas que fazem a diferença em nossas vidas, somente em
uma festa, em um determinado momento do ano, ou em um velório.

Vamos usar este momento para a grande virada, a grande mudança.

Saul Brandalise Jr  (Texto tirado do Blog Amadeirado)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Esperar e ter paciência...

Meu nome é paciência. Meu verbo é o esperar. 
O que eu aprendi é que não há desejo sem espera e que aguardar é um dos verbos da Esperança. 
Não perco nada na espera. 
Antes, ganho. 
 Ganho o desejo.  
      Ganho o prelúdio. 
           Ganho o significado do tempo. 
Esperar demora. 
    E ensina.
        E adestra a ansiedade. 
Eu espero tudo que consigo imaginar. 
E espero também que nada se realize. 
É o comando da calma. 
A gente vai ficando calminha, calminha, até que a espera vira um capítulo. 
De capítulo em capítulo, forma-se uma história que só termina no ponto final. 

Be Lins

Feliz ano-novo

Por que desejar feliz ano-novo se há tanta infelicidade à nossa volta? Será feliz o próximo ano para afegãos e palestinos, e os soldados norte-americanos sob ordens de um governo imperialista que qualifica de "justas" guerras de ocupações genocidas?

Serão felizes as crianças africanas reduzidas a esqueletos de olhos perplexos pela tortura da fome? Seremos todos felizes conscientes dos fracassos de Copenhague, que salvam a lucratividade e comprometem a sustentabilidade?

O que é felicidade? Aristóteles assinalou: é o bem maior a que todos almejamos. E meu confrade Tomás de Aquino alertou: mesmo ao praticarmos o mal. De Hitler a madre Teresa de Calcutá, todos buscam, em tudo que fazem, a própria felicidade.

A diferença reside na equação egoísmo/altruísmo. Hitler pensava em suas hediondas ambições de poder. Madre Teresa, na felicidade daqueles que Frantz Fanon denominou "condenados da Terra".

A felicidade, o bem mais ambicionado, não figura nas ofertas do mercado. Não se pode comprá-la, há que conquistá-la. A publicidade empenha-se em nos convencer de que ela resulta da soma dos prazeres. Para Roland Barthes, o prazer é "a grande aventura do desejo".

Estimulado pela propaganda, nosso desejo exila-se nos objetos de consumo. Vestir esta grife, possuir aquele carro, morar neste condomínio de luxo — reza a publicidade — nos fará felizes.

Desejar feliz ano-novo é esperar que o outro seja feliz. E desejar que também faça os outros felizes? O pecuarista que não banca assistência médico-hospitalar para seus peões e gasta fortunas com veterinários de seu rebanho espera que o próximo tenha também um feliz ano-novo?

Na contramão do consumismo, Jung dava razão a São João da Cruz: o desejo busca sim a felicidade, "a vida em plenitude" manifestada por Jesus, mas ela não se encontra nos bens finitos ofertados pelo mercado. Como enfatizava o professor Milton Santos, acha-se nos bens infinitos.

A arte da verdadeira felicidade consiste em canalizar o desejo para dentro de si e, a partir da subjetividade impregnada de valores, imprimir sentido à existência. Assim, consegue-se ser feliz mesmo quando há sofrimento.

Trata-se de uma aventura espiritual. Ser capaz de garimpar as várias camadas que encobrem o nosso ego.
......
Feliz ano-novo é, portanto, um voto de emulação espiritual. Claro, muitas outras conquistas podem nos dar prazer e alegre sensação de vitória. Mas não são o suficiente para nos fazer felizes. Melhor seria um mundo sem miséria, desigualdade, degradação ambiental, políticos corruptos!

Essa infeliz realidade que nos circunda, e da qual somos responsáveis por opção ou omissão, constitui um gritante apelo para nos engajarmos na busca de "outros mundos possíveis". Contudo, ainda não será o feliz ano-novo.

O ano será novo se, em nós e à nossa volta, superarmos o velho. E velho é tudo aquilo que já não contribui para tornar a felicidade um direito de todos.
........
Se o novo se faz advento em nossa vida espiritual, então com certeza teremos, sem milagres ou mágicas, um feliz ano-novo, ainda que o mundo prossiga conflitivo; a crueldade travestida de doces princípios; e o ódio disfarçado de discurso amoroso.

A diferença é que estaremos conscientes de que, para se ter um feliz ano-novo, é preciso abraçar um processo ressurrecional: engravidar-se de si mesmo, virar-se pelo avesso e deixar o pessimismo para dias melhores.

Frei Betto

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Espero...


"Eu escrevo teu nome nessas pedras, que vou jogando por onde passo. 

No fundo, espero que você me siga, mas não tenho coragem de pedir.

Aí, tem gente que vem, sem nem ser chamado, sem nem se importar com o fato do nome escrito ali, ser outro.
As pessoas não ligam pra essas pequenezas, sabe? Eu ligo. Ligo pra tudo.

Sou mais de detalhes, que do todo. Sempre fui.
O fato é que fico olhando pra trás pra ver se você tá vindo e já tropecei umas quantas vezes. Esses dias mais.
Isso porque não sinto teu cheiro no ar, não ouço o teu riso passeando pelas horas. E sinto falta. E sinto um quase-medo.

Embora, não tenha a menor ideia de quê. Sabe quando você pressente o monstro no escuro, mesmo sem poder vê-lo? É assim. Não sei se você entende, não sei se alguém entende e, realmente, não me importo. Não me importo mais com um monte de coisas. Dos benefícios do tempo.

Hoje, parei e sentei bem aqui na beira desse rio que me atravessa. Só pra te pensar bem forte e te fazer sentir amor do lado de lá.
Sim, porque você ainda não atravessou a ponte, bem sei.

Mas, ando me sentindo fraca e cansada.

Tenho andado demais, jogado pedras demais, esperado demais e você não me alcança.
Talvez, seja melhor mergulhar e afogar os pensamentos.

Espero que você consiga chegar a tempo e salvar os mais bonitos."

Briza Mulatinho

A viagem

“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. 

E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. 

Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:

“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. 

O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. 

É preciso ver o que não foi visto, 
ver outra vez o que se viu já, 
ver na primavera o que se vira no verão, 
ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, 
ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. 

É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. 

É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”

José Saramago

O relógio do coração...

Há tempos em nossa vida que se contam de forma diferente. 

Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.

Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário nos mostrar que eles ficaram por anos em nossas agendas.

Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.

Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na Terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.

E há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados da folhinha.

Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembrança de horas.

Há eventos que marcaram, e que duram para sempre, o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, um sonho realizado. Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra "eternidade".

Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo. Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz eu estava na ocasião.

O relógio do coração - hoje eu descubro - bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso. Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.

Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo. É olhar as rugas e não perceber a maturidade. É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças da vida.

Pense nisso. Consulte sempre o relógio do coração: ele te mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

Alexandre Pelegi 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Floresça onde for plantado

Aprenda a florescer... 
Ela era uma jovem das famílias mais ricas de Los Angeles. Prestes a se casar, seu noivo foi convocado para o Vietnã. Antes, deveria passar por um treinamento de um mês.

Apaixonada, ela optou por antecipar o casamento e partir com ele. Ao menos poderia passar o mês do treinamento próximo dele, antes de sua partida para terras tão longínquas e perigosas. Próximo à base do deserto da Califórnia onde se daria o treinamento, havia uma aldeia abandonada de índios Navajos e uma das cabanas foi especialmente preparada para receber o casal.

O primeiro dia foi de felicidade. Ele chegou cansado, queimado pelo sol de até 45 graus. Ela o ajudou a tirar a farda e deitar-se. Foi romântico e maravilhoso. Ao final da semana estava infeliz e ao fim de dez dias estava entrando em desespero. O marido chegava exausto do treinamento que começava às cinco horas da manhã e terminava às dez horas da noite. Ela era viúva de um homem vivo, sempre exaurido.

Escreveu para a mãe, dizendo que não aguentava mais e perguntando se deveria abandoná-lo. Alguns dias depois, recebeu a resposta. A velha senhora, de muito bom senso lhe enviou uma quadrinha em versos livres que dizia mais ou menos assim:

"Dois homens viviam em uma cela de imunda prisão. Um deles olhava para o alto e enxergava estrelas. O outro, olhava para baixo e somente via lama." Abraços. Mamãe."

A jovem entendeu. Ela e o marido estavam em uma cela, cada um a seu modo. Olhar estrelas ou contemplar a lama era sua opção. Pela primeira vez, em vinte dias de vida no deserto, ela saiu para conhecer os arredores. Logo adiante surpreendeu-se com a beleza de uma concha de caracol. Ela conhecia conchas da praia, mas aquelas eram diferentes, belíssimas. Quando seu marido chegou naquela noite, quase que ela nem o percebeu tão aplicada estava em separar e classificar as conchas que recolhera durante todo o dia.

Quando terminou o treinamento e ele foi para a guerra, ela decidiu permanecer ali mesmo. Descobrira que o deserto era um mar de belezas. De seus estudos e pesquisas resultou um livro que é considerado a obra mais completa acerca de conchas marinhas, porque o deserto da Califórnia um dia foi fundo de mar e é um imenso depósito de fósseis e riquezas minerais. Mais tarde, com o retorno do esposo do Vietnã, ela voltou a Los Angeles com a vida enriquecida por experiências salutares. Tudo porque ela aprendera a florescer onde Deus a colocara.

Existem flores nos jardins bem cuidados.

Existem flores agrestes em pleno coração do árduo deserto.

Existem flores perdidas pelas orlas dos caminhos enfeitando veredas anônimas.

Muitas sementes manifestam sua vida a partir de um pequeno grão de terra, florescendo, perdido entre pedras brutas, demonstrando que a sabedoria está em florescer onde se é plantado. Florescer, mesmo que o jardineiro sejam os ventos graves ou as águas abundantes. Florescer, ainda que as condições de calor e umidade nem sempre sejam as favoráveis...

Desconheço a autoria

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Oração da família na Noite de Natal

Menino Santo, que vieste ao mundo para nos salvar,
estamos reunidos para agradecer o dom e a graça de sermos família.
Em torno desta mesa queremos que nossa vida seja partilha.

Neste ano que passou, procuramos viver a harmonia e a concórdia, 
mas nem sempre conseguimos, confessamos que somos limitados,
que temos nossos pecados.

Hoje, queremos celebrar o perdão, 
sabemos que a vida é muito curta, não queremos perder tempo
cultivando as intrigas e as inimizades. 
Por isso, perdoamos a todos os que nos ofenderam 
e suplicamos o perdão de todos a quem ofendemos.

Menino Deus, pedimos também por todos os que não estão aqui hoje, 
nossos amigos e parentes, 
inclusive por aqueles que partiram para nunca mais voltar, 
que sejam todos abençoados.

Expulsa deste lar e de nossas vidas, tudo aquilo que não provém de ti.
Purifica nossas almas para que esta festividade 
nos transforme em criaturas melhores.
E que sempre, em toda circunstância, saibamos reconhecer tua divindade e poder.

Que nossa família jamais se afaste de ti.

Louvamos e rendemos graças por cada um aqui presente,
suas histórias e conquistas.

Senhor, nos propomos construir uma história de amor verdadeira entre nós.

Que no ano que se aproxima possamos todos viver em unidade, sem divisões.
Nossa família, Senhor, quer que tua santa vontade se realize em cada um de nós.
Queremos nos consagrar a teu serviço...

Bem vindo à nossa casa, Santo menino, nasce aqui e agora, 
faz de nós o teu presépio. Amém!


domingo, 23 de dezembro de 2012

12 000 visitas...


Coloque paz em seu coração!

Final de Ano. Todo fim é um convite à reflexão. Pensamos sobre as conquistas, as decepções, as alegrias, tristezas, realizações, enfim, fazemos uma análise do que fizemos e, principalmente, do que não fizemos. Somado ao Natal que por si só simboliza renascimento, ou seja, mudar e renascer para uma nova vida.

O convite à reflexão é positivo porque faz pensar, mas esse pensar muitas vezes traz recordações, lembranças e saudades, principalmente, para aqueles que estão longe de quem amam ou por terem perdido alguém significativo. A vontade de rever, de abraçar, de conversar, de estar junto se faz presente e a saudade chega a doer. Nesse momento, devemos lembrar que o amor verdadeiro não separa, não morre, mas sobrepõe-se a qualquer outro sentimento e para sempre permanece vivo.

Nesta época, em geral, cada ser busca ocupar seu tempo com tudo e todos, menos consigo mesmo. Por ser uma época que sugere a introspecção, muitos se sobrecarregam com as compras, como forma de fugir, inconscientemente, do que sentem. São os presentes, os enfeites, a decoração, as comidas, bebidas, roupas, mas... e os sentimentos? Ficam de lado como se não existissem? Por que olhar só para fora? Será que olhar para fora e se ocupar com o externo protege e impede a tristeza? E quem disse que temos que estar feliz nessas ocasiões?
Por exemplo, a tradição da troca de presentes perdeu o sentido real. Esse é um ato que demonstra, ou deveria demonstrar, generosidade, amor, perdão e união. Hoje, muitas pessoas o fazem por obrigação e hipocrisia. Qual o valor que há nisso? Qual o valor que há em estar com pessoas só porque é Natal, mas que no decorrer do ano nem lembram de você?

As convenções estabelecidas de como se deve passar o Natal tendem a diminuir, permitindo que cada um busque passar essa data de acordo com seus verdadeiros valores e aquilo que pede seu coração. Devemos e merecemos estar felizes, mas como reflexo do que estamos sentindo e não por mera convenção. Não há nada contra presentes, encontros ou ambientes alegres, mas é preciso questionar o verdadeiro sentido, mergulhar mais na profundidade do interior dos próprios sentimentos, proporcionando assim verdadeiros encontros.

Por que nessa época do ano todos ficam mais fragilizados e sensíveis e para a maioria é uma época de muita nostalgia? O Natal por si só nos remete à infância, mesmo aqueles que não tiveram uma infância feliz, esperavam ansiosos pelo velhinho de barbas brancas e roupa vermelha. Era uma época em que se ganhava (ou não) presente, havia (ou não) festas, alegria, pessoas. Havia a magia do sonho. Todos se encontravam para festejar. Com o tempo, as pessoas vão se afastando, indo para outro plano, os caminhos vão se distanciando, os sonhos vão sendo esquecidos, assim, não há mais com quem comemorar, nem o que festejar e aquela alegria sentida vai ficando distante da que um dia existiu.

Não devemos seguir padrões ou fazer festa porque é Natal, devemos sim é estar próximos de quem amamos e, principalmente, de nós mesmos. Devemos é resgatar nossos sonhos, não esperando mais pelo bom velhinho, mas acreditando que cada um de nós é capaz de vencer, de viver, de ser feliz pelo que se é e não pelo que se tem.
Neste Natal e final de ano, substitua a tristeza pela alegria, a saudade pelas boas lembranças, o comodismo pela mudança, os maus tratos pelo cuidado, a agressividade pelo carinho, as lágrimas pelo sorriso, a descrença pela fé e esperança, as brigas pela união, a culpa pelo perdão, o ódio pelo amor. E permita que esses sentimentos positivos perdurem em todos os dias do próximo ano, tornando 2013 um ano totalmente diferente e maravilhoso para você. Assim, não só coloque, mas sinta paz em seu coração!

Depois de ler este artigo, você pode fazer o seguinte exercício para começar a projetar coisas positivas para o próximo ano. Feche os olhos e imagine-se no último dia do ano. Faça uma retrospectiva do ano que termina como se ele já tivesse passado e agradeça tudo de bom que você conquistou. Faça uma carta para registrar tudo que aconteceu em sua vida. Guarde com muito carinho e quando chegar esta data efetivamente leia e veja o que realmente conseguiu realizar e lembre-se sempre de agradecer.
Como diz um trecho da música "Canção do Terceiro Milênio" interpretada por Leonardo:

"Vamos todos fazer nosso sonho se realizar
Ninguém deve passar pela vida sem acontecer
O sol nasce pra todos, ninguém vai ficar sem brilhar
E é por essas e outras que a gente tem que
Agradecer..."
Celebre o Natal e, acima de tudo, irradie a luz que existe dentro de você em cada dia do novo ano que vai chegar! E se eu pudesse lhe deixar um presente, deixaria uma semente que começasse a germinar dentro de você e aos poucos fosse contagiando a todos que estão à sua volta. Deixaria uma semente dos mais nobres dos sentimentos... Assim, deixo-lhe uma semente de amor!

Rosemeire Zago
(Do Site Somos todos um)

sábado, 22 de dezembro de 2012

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

Prioridades

"Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato.

Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando e ainda por cima detesto.

Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade.

Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida.

Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.

Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também.

Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.

Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.

Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento - não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e mortais."

Lya Luft

O Natal verdadeiro

Silêncio! O Natal está chegando.
Já podemos ouvir os sons que chegam das ruas.
Já podemos ver as árvores enfeitadas de luzes.
Na televisão muitas propagandas falam do Natal.
Crianças correm e pedem presentes.
As lojas se enchem de pessoas que correm de um lado ao outro cheias de pacotes.
Comemoram-se as compras, as vendas, o consumo. 
Mas o verdadeiro Natal não é esse.
O verdadeiro Natal chega silencioso a cada vida, e toma conta de cada coração que não tenha perdido a doçura de sentir.
Este natal chega de graça, e também cheio de graça, trazido pelo brilho suave da mais bela das luzes, 
a luz da fé.
Por isso neste Natal mais que presentes é preciso distribuir amor.
É preciso abraçar nossos amigos. 
Dividir a nossa mesa com aqueles que têm fome. 
É preciso amar nossas famílias. 
Caminhar com os nossos filhos.
Reaprender a doçura de sentir. Sentir como é bom estar vivo.
Sentir como é bom ter um lar. 
Sentir a grandeza do amor de Deus por meio do presente maior que poderia nos ser dado: Seu filho Jesus.
E cada um que celebre esta noite. 
Cada homem, cada mulher, que entenda que o Natal não é consumo, é doação. 
Que entenda que o Natal não é uma data, é celebração. 
Que sinta o coração encher-se de esperança. 
Tem a obrigação de ensinar a cada dia, o valor da fé, da amizade, da solidariedade, e celebrar o verdadeiro nascimento de Jesus, que nasceu para que o mundo fosse melhor.
Que nasceu para que o mundo fosse amor.
para celebrarmos uma noite verdadeira, onde amizade, agradecimento e esperança, pudessem ser vividos em sua plenitude.
Que neste Natal, o maior presente que possamos dar a alguém não seja material, mas seja o olhar de amor capaz de justificar e dar sentido a vida.

Aluísio Cavalcante Jr.


Feliz Natal


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

...minha experiência como paciente de câncer


[......] vejo a doença como um grande desafio na minha vida.

Não sei se teria vontade e coragem de rever minha historia de forma tão ampla e profunda se algo tão mobilizador não tivesse acontecido comigo.

A doença foi um ponto de transformação e acho que colhi coisas positivas desta experiência dolorosa.

Hoje sinto que me expresso mais, que amo mais, que me sinto mais livre e mais capaz e que consigo lidar com as minhas questões.

Acima de tudo, aprendi a lidar com tais questões sem deixar de ser eu mesma.

Andréa Baptista

"O mundo despedaça todas as pessoas, e posteriormente, muitos se tornam fortes nos lugares partidos."
Ernest Hemingway