sábado, 14 de janeiro de 2012

O Ano Novo chega cheio de desejos


Segundo o autor Eckhart Tolle, “o desejo é a necessidade de acrescentar algo a você mesmo”. Quando desejamos a nós mesmos e aos outros muitas felicidades, cada uma dessas tais felicidades têm um nome. Elas podem se chamar dinheiro, saúde, sorte, casa nova, viagens, um bom e novo emprego e tantas outras coisas que talvez supomos que nos falte. Ou ainda, se já as temos, não queremos perdê-las.
Assim, podemos perceber que, bem juntinho com os desejos, habitam os medos.

Jean-Yves Leloup nos ensina que “o desejo e o medo estão ligados: temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo”. Isso, à primeira vista, nos parece incompreensível, mas podemos observar que a história da humanidade se movimenta a partir dessas duas palavras.

O que são as guerras senão o desejo de mais poder? Mas toda guerra se veste com o escudo do medo, ou pelo menos da incerteza.
O desejo de viver plenamente está ligado ao medo da morte, da possibilidade de se perder essa vida.
O desejo de se ter uma valorizada imagem social, ter poder de decisão, traz dentro de si o medo de ser rejeitado pela sociedade, de não ser considerado apto ou importante.

Até no próprio bebê que apenas deseja sua mãe, habita o medo de não tê-la por perto para alimentá-lo. “Todos os medos são medos de perder alguma coisa e, portanto, tornar-se menor, ser menos”, complementa Tolle.

O que normalmente nos ocorre é que, terminada a festa do Ano Novo, findados tantos abraços, nós percebemos que a vida continua fluindo da mesma forma e que aqueles desejos desejados só acontecerão se nós mesmos formos atrás de realizá-los. Não há festa ou abraço que possa transformar o difícil caminho da disciplina, da determinação ou da vontade.
E assim, voltamos a sentir os medos da criança que sonhou com a fantasia e depois se decepcionou percebendo que aquilo tudo era papel colorido...

Penso que a chegada do Novo Ano pode nos levar a uma atitude mais profunda. Que tal a coragem de furar a pele da realidade para alcançar e compreender quem somos nós? Além da minha fronteira que é a pele que me envolve, quem me habita? É preciso ir até o fundo, raspar o fundo de mim... Essa é a viagem para um Novo Ano.
Para isso, teremos talvez que fazer um passeio pela melancolia, entrar no silêncio, sair da festa... Não abandonar a alegria, mas reconhecê-la vestida com outra roupa. Continuaremos a caminhar carregando nossos desejos, mas, quem sabe, não teremos mais força para olhar para os nossos medos... Feliz Ano Novo.

Jane Mahalem do Amaral

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