Ouço os sinos:
Dobram, redobram,
Anunciando aos homens
A chegada do Menino.
Onde estão os homens?
Olho a estrela:
Brilha, rebrilha,
Indicando aos homens
O caminho do Menino.
E onde os homens estão?
Vejo o Menino esperando,
Deitadinho entre as palhas,
E renascendo, a cada ano...
E cansando de esperar.
Menino, não te vás embora,
Espera mais um pouquinho!
Sei de uma estrela enorme
Que brilha no alto da noite
Saudando a Tua chegada.
Menino, não te vás embora,
Espera um pouquinho mais!
Sei de três nobres senhores
Que, partindo do Oriente
E seguindo a Estrela-Guia,
Logo Te irão encontrar,
E com ouro, mirra e incenso,
Irão e Te presentear.
E sei também de pastores
Que, seguindo a Fé e a Palavra,
Logo Te irão adorar.
(Não nos shoppings,
Nem nas luzes
De outras muitas estrelas,
Geradas nas mãos dos homens.
- Eis os homens! -
Não nas mil e uma caixas
Vestidas de ouros e pratas
Que se amontoam nas lojas,
Nas casas, nos olhos...
E em muitos corações.
Não no farfalhar das sedas
Ou nos laços de celofane
Que se compram e se vendem
- Filas enormes! -
Em mercados vazios de Fé).
Não, Menino, não vás embora:
Fica e me mostra o caminho
Da Tua estrela luminosa.
Revela-me a paz do Teu ninho.
Envolve-me no hálito-agasalho
Do Amor,
Da confiança na essência do Homem.
Não, Menino, não vás embora:
Fica. E me mostra o caminho
Que leva ao singelo, à ternura,
Às palhas da manjedoura;
A novo sopro de esperança
No humano coração.
Eis o que procuro
Nas madrugadas nebulosas
(Onde a Estrela?)
Destes dias seculares:
O espírito do Teu Natal.
Hoje tão difícil... tão difícil...
Ah, Menino, não te vás!
Eny Miranda
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