quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sementes


Um homem trabalhava em uma fábrica cinquenta minutos de ônibus da sua casa.
No ponto seguinte entrava uma senhora idosa que sempre sentava-se junto à janela.
Ela abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora.

A cena sempre se repetia e um dia, curioso o homem lhe perguntou o que jogava pela janela.
-Jogo sementes, respondeu ela.
-Sementes? Sementes de quê?
-De flores. É que eu olho para fora e a estrada é tão vazia...Gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo caminho. Imagine como seria bom!
-Mas, as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos ... A senhora acha mesmo que estas sementes vão germinar a beira da estrada?
-Acho, meu filho. Mesmo que muitas se percam, algumas acabam caindo na terra e com o tempo vão brotar.
-Mesmo assim... demoram para crescer, precisam de água...
-Ah, eu faço minha parte. Sempre há dias de chuva. E se alguém jogar as sementes, as flores nascerão.
Dizendo isso, virou-se para a janela aberta e recomeçou seu trabalho.
O homem desceu logo adiante, achando que a senhora estava senil.

Algum tempo depois...
Um dia no mesmo ônibus, o homem ao olhar para fora percebeu flores na beira da estrada.
Muitas flores... A paisagem colorida, perfumada e linda!
Lembrou-se então daquela senhora. Procurou-a em vão. Perguntou ao cobrador, que conhecia todos os usuários no percurso.
-A velhinha das sementes? Pois é... morreu há quase um mês.
O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela.
Quem diria, as flores brotaram mesmo, pensou! Mas de que adiantou o trabalho dela?
Morreu e não pode ver esta beleza toda.
Nesse instante, ouviu risos de crianças. No banco à frente, uma garotinha apontava pela janela, entusiasmada.
-Olha, que lindo! Quantas flores pela estrada... Como se chamam aquelas flores?
Então, entendeu o que aquela senhora havia feito.
Mesmo não estando ali para ver, fez a sua parte, deixou sua marca, a beleza para a contemplação e a felicidade das pessoas.
No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se junto à janela e tirou um pacotinho de sementes do bolso...
E assim, deu continuidade à vida, semeando amor, a amizade, o entusiasmo e a alegria.
O futuro depende das nossas ações no presente.
E se semearmos boas sementes, os frutos serão igualmente bons.

Autor desconhecido

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