quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Se às vezes digo que as flores sorriem

Se às vezes digo que as flores sorriem 
E se eu disser que os rios cantam, 
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores 
E cantos no correr dos rios...

É porque assim faço mais sentir aos homens falsos 
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes 
À sua estupidez de sentidos... 
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque não me aceito a sério 
Porque só sou essa cousa odiosa, um intérprete da Natureza, 
Porque há homens que não percebem a sua linguagem, 
Por ela não ser linguagem nenhuma...

Alberto Caeiro

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