quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Janela de mim

Dos meus olhos, janela de mim, vejo um mundo que é só meu.
Janelinhas mínimas para tudo ver.
De vez em quando encontro outras janelas que só vêem a mim. 
Uma janela contempla a outra e dali podem vir relatos, abraços e convites para um café. 
Curiosas sobre as outras janelas, as nossas estão sempre enganadas.

Janela. Para o jardim da praça. Para a casa do vizinho. Para a alma do amigo. Para emoldurar a vida, criando romances de bobos fatos.

Janela de inventar histórias. Câmera que não enquadra: os objetos é que escolhem como se enquadrar. Janela de sonhar. Ou de jogar sonhos pela janela.

No computador, abre-se a janela para um mundo sem fim. Um país de maravilhas que nos aprisiona pequenos, angustiados como coelhos sempre atrasados. 
Fechamos o notebook, exaustos, para finalmente enxergar a simples janela de abrir.

Da janela pra fora, desejo de liberdade. Da janela pra dentro, a história do vizinho em quadrinhos.

As ideias que me vêm são janelas floridas. No papel viram portas. Entro para ver o que há.

Apaixonada, observo a janela do outro, que me dispara o coração e me atiça a curiosidade. Mas se sou eu a paixão do outro, do meu parapeito eu o assisto a me fazer serenata.

A vida é uma sequência de janelas e portas, janelas e portas, sonho e realidade.

Paixão é janela. Amor é porta. Decote e nudez. Namoro e casamento. Gravidez e filho. Preconceito e conceito. Janelas e portas, janelas e portas.
O segredo é entrar e criar novas janelas, emoldurar outras cenas, fazer das verdades sonhos enjanelados.

Para que a vida, parede branca, tenha sempre novos quadros para contemplar.

Cris Guerra

Um comentário: