segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Dia mundial do enfermo

No dia 11 de fevereiro comemoramos o Dia Mundial do Enfermo. Por isso, considero oportuna uma reflexão sobre um dos pontos que mais suscita questionamentos entre as pessoas: o sofrimento. 
A dor nos acomete de diversas maneiras e, nos momentos difíceis, muitos se interrogam: Por que? Por que eu? Por que nesta hora em que eu era tão necessário?

Aparentemente, nunca vamos conseguir sondar as razões do sofrimento até as suas profundidades: dores físicas, psíquicas, mentais, a sensação de ser inútil, sentir-se alquebrado, já sem forças. 
A enfermidade é, de fato, uma tragédia, se a olharmos apenas em si. É uma tragédia que faz parte do nosso dia-a-dia.

Por isso, aqueles que não creem, pautando-se pela superficialidade das coisas, chegam a pensar na eutanásia como “solução” extrema para a enfermidade, o sofrimento e a dor. Na verdade, isto atenta contra a dignidade do ser humano, constituindo-se em pecado contra a vida, o maior dom de Deus. 
Apenas a fé pode nos conduzir a encarar o sofrimento de forma positiva, como uma situação que pode ser fecunda e libertadora.
Entretanto, toda enfermidade é um período de humildade, de humilhação mesmo, que expõe nossas próprias fraquezas, submetendo-nos à dependência de outros, encarregados de cuidar de nós. 
É momento de nos colocarmos face-a-face com nossa finitude humana, diante do Deus vivo e verdadeiro.

Experimentar nossas próprias limitações torna-nos mais humanos e, por isso mesmo, mais próximos de Deus. Por outro lado, a aceitação do sofrimento não pode jamais significar um conformismo masoquista diante dos problemas. 
Deus nos concedeu aptidões para ser empregadas na construção do mundo e na promoção do próprio ser humano.

Que o Cristo, Médico dos corpos e das almas, por intercessão de São Lucas, padroeiro dos médicos, os abençoe a todos!

Finalizo, relembrando o conteúdo de um texto profundamente consolador: a mensagem do Papa Paulo VI, do dia 8 de dezembro de 1963, na conclusão do Concílio Vaticano II, dedicada “aos pobres, aos doentes e a todos os que sofrem”:

“Para vós todos, irmãos que suportais provações, visitados pelo sofrimento sob infinitas formas, o Concílio tem uma mensagem muito especial. O Concílio sente, fixados sobre ele, os vossos olhos implorantes, brilhantes de febre ou abatidos pela fadiga, olhares interrogadores, que procuram em vão o porquê do sofrimento humano, e que perguntam ansiosamente quando e de onde virá a consolação.

Irmãos muito amados, sentimos repercutir profundamente em nossos corações de pais e pastores os vossos gemidos e a vossa dor. E a nossa própria dor aumenta ao pensar que não está no nosso poder trazer-vos a saúde corporal nem a diminuição das vossas dores físicas, que médicos, enfermeiros, e todos os que se consagram aos doentes, se esforçam por minorar com a melhor das boas vontades.

Mas nós temos algo de mais profundo e de mais precioso para vos dar: a única verdade, capaz de responder ao mistério do sofrimento e de vos trazer uma consolação sem ilusões: a fé e a união das dores humanas a Cristo, Filho de Deus, pregado na cruz pelas nossas faltas e para a nossa salvação. Cristo não suprimiu o sofrimento; não quis sequer desvendar inteiramente o seu mistério: tomou-o sobre si, e isto basta para nós compreendermos todo o seu preço.

Ó vós todos, que sentis mais duramente o peso da cruz, vós que sois pobres e abandonados, vós que chorais, vós que sois perseguidos por amor da justiça, vós de quem não se fala, vós os desconhecidos da dor, tende coragem: vós sois os preferidos do reino de Deus, que é o reino da esperança, da felicidade e da vida; Vós sois os irmãos de Cristo sofredor; e com Ele, se quereis, vós salvais o mundo.

Eis a ciência cristã do sofrimento, a única que dá a paz. Sabei que não estais sós, nem separados, nem abandonados, nem sois inúteis: vós sois os chamados por Cristo, a sua imagem viva e transparente. Em seu nome o Concílio vos saúda com amor, vos agradece, vos assegura a amizade e a assistência da Igreja, e vos abençoa.”

D. Eusébio Scheid

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