A morte permanece para o homem um mistério. Mistério cercado
de respeito, mesmo para os que não creem em Deus. É interessante notar como
todas as religiões acabam apontando para algo que permanece depois da morte.
Isso já era comum entre as mais antigas religiões do mundo.
Morrer é um fato certo. A morte virá ao nosso encontro e nos
fará despedir-nos de todos. Não sabemos onde, quando e nem como, porque ela é
um ato biológico, é um ato pessoal e um fato social/comunitário. Para não
sermos surpreendidos, somos orientados, ao longo da vida, a construir a nossa
eternidade, através da bondade, da generosidade e do amor dedicado aos outros
(ao próximo).
O caminho pode ser longo ou curto, o importante é que
termine em Deus, de onde, um dia, saímos. O mesmo Senhor que nos deu a vida,
Ele nos acolherá na morte. O mesmo Senhor que nos criou por amor, acolher-nos-á
para um amor infinito e eterno.
A morte causa medos na maioria das pessoas, porque se trata
do desconhecido (mistério). A maioria das pessoas têm uma crença na
imortalidade da alma, embora, muitas vezes, paira a dúvida, a incerteza e a
falta de conhecimento do que seja a morte. E isso causa medos e angústias. Há
outras causas de medo, não tanto da morte, mas do possível sofrimento desse
instante; as seculares ameaças do inferno e a visão assustadora de um Deus
punitivo, propagadas pela religião e pela cultura ocidental, também são causas
de medos.
Muita gente, infelizmente, só dá valor à vida com a
iminência da morte. Ela nos faz lembrar que estamos aqui de “passagem”. Que a
nossa vida terrena, por ser breve, é preciso valorizá-la e aproveitá-la.
Chamamos de “aproveitamento” a valorização das grandes verdades da vida, do
amor, da compaixão, da solidariedade.
A gente pode preparar-se para morrer estando em dia com sua
consciência, quite com os seus deveres afetivos e cumprindo suas tarefas
existenciais com amor e alegria. Se a morte nos pega assim, vamos bem!
É superstição e crendice acreditar que falar sobre a morte é
atraí-la sobre si. Falar sobre a morte de maneira saudável quebra tabus e de
jeito nenhum atrai, antecipadamente, a sua vinda. Ninguém morre na véspera!...
Não basta ter esperança na vida após a morte. Deus quer vida
também antes da morte. Tudo o que fazemos para que a vida seja mais justa, mais
plena, é um ato de fé no Deus que só quer o melhor para seus amados filhos. E o
“Dia dos Finados” é um dia de silêncio, saudade e esperança. Elevemos aos céus
nossas preces pelos Finados. Porque em nossas preces, gestos e devoções,
certamente, está presente nossa fé na ressurreição e na vida eterna.
Dom Girônimo Zanandréa
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