sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Os fins da corrupção - Gabriel Chalita


“Fim” pode ser finalidade, objetivo, intenção. Nesse sentido, o “fim” da corrupção é o enriquecimento ilícito e o exercício do poder sem compromisso com a ética. E esse “fim” faz com que a corrupção seja uma praga que corrói o Estado e os cidadãos.

Um dos sintomas mais graves da corrupção é a perda da capacidade de indignação. É o discurso no botequim, na esquina, na escola de que sempre foi assim e assim continuará. Surgem frases de efeito, mas ausentes de dignidade: “fulano rouba, mas faz”. Justificando o injustificável. O correto é fazer e não roubar.

A corrupção retira da criança o cuidado essencial na vida escolar; do idoso, o amparo; do jovem, as perspectivas de uma formação profissional digna. A corrupção retira a casa do sem-teto, o tratamento do esgoto, a melhoria da cidade. É um ralo faminto que absorve o que pertence a todos.

Ao denunciar e punir aqueles que têm na vida esse “fim”, a mídia e os órgãos de controle e fiscalização prestam um relevante serviço à sociedade. Mas é preciso trabalhar por outro fim. O fim como término, encerramento. É preciso encerrar as tristes páginas que maculam nossa história. Os caminhos são dois: um, a educação – educar as pessoas para não negligenciarem os valores corretos; dois, a tecnologia – utilizar as ferramentas informáticas para dar objetividade às relações entre o Estado e os cidadãos. Transparência, clarificação dos processos e procedimentos. É disso que precisamos.

A educação dá resultado a médio e longo prazos. A tecnologia é mais rápida. A educação age na formação da consciência. E a tecnologia como uma consciência externa que amedronta aqueles que não a desenvolveram internamente. O medo da punição também é um remédio eficaz para essa praga.

Por mais difícil que pareça, combater a corrupção é possível e necessário. Como diria Aristóteles: é fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.

Gabriel Chalita


Nenhum comentário:

Postar um comentário