“Esta manhã,
dirigindo-me idealmente a todos os idosos, embora consciente das dificuldades
que a nossa idade comporta, quereria dizer-vos com profunda convicção: é belo
sermos idosos. (…) Recebemos o dom de uma vida longa. Viver é belo também na
nossa idade, não obstante algum “achaque” e alguma limitação. Que no vosso
rosto haja sempre a alegria de nos sentirmos amados por Deus, nunca a
tristeza”.
“A qualidade de uma
sociedade, gostaria de dizer de uma civilização, julga-se também pela forma
como os idosos são tratados e pelo lugar que lhes é reservado na vida em comum.
Quem dá espaço aos idosos dá espaço à vida”, advertiu o Papa, com 85 anos
de idade, nos jardins da residência, perante hóspedes, voluntários e membros da
comunidade.
Bento XVI deixou votos de que as famílias e instituições
públicas façam mais para que os idosos “possam permanecer nas suas próprias
casas”, defendendo que os mais velhos representam “uma grande riqueza” por
causa da sua sabedoria de vida. “Conheço bem as dificuldades, os problemas e
limites desta idade e sei que estas dificuldades, para muitos, são agravados
pela crise econômica”, precisou.
O Papa lamentou que numa sociedade “dominada pela lógica da
eficiência e do lucro” não se saiba acolher os idosos, considerados como “não
produtivos, inúteis”.
“Muitas vezes, sente-se o sofrimento de quem é
marginalizado, vive longe da sua própria casa ou está na solidão”, prosseguiu.
Entre os presentes estavam idosos do Haiti, que ficaram sem
casa após o sismo de 2010.
Bento XVI apresentou-se como bispo de Roma mas
também como “um idoso” que visita pessoas da sua idade.
“Por vezes, numa certa idade, volta-se o olhar para o
passado, lamentando o tempo em que se era jovem, se tinha energia fresca, se
faziam planos para o futuro. Assim, o olhar turva-se de tristeza, considerando
esta fase da vida como o tempo do entardecer”, observou o Papa, que lembrou que
na Bíblia a longevidade era considerada “uma bênção de Deus” que hoje tem de se
“apreciar e valorizar”.
“Caras irmãs e irmãos
idosos, por vezes os dias parecem longos e vazios, com dificuldades, poucos
compromissos e encontros: nunca percais a coragem, vós sois uma riqueza para a
sociedade, também no sofrimento e na doença. E esta fase da vida é um dom
também para aprofundar a relação com Deus. O exemplo do Beato João Paulo II foi
e é ainda iluminante para todos nós.”
Papa Bento XVI - Spe Deus
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