sexta-feira, 17 de maio de 2013

Memória


A memória por vezes, é uma maldição. Meu querido amigo Amilcar Herrera confessou “Eu desejaria, um dia, acordar havendo me esquecido do meu nome…” 
Não entendi. Esquecer o próprio nome deve ser uma experiência muito estranha. 
Aí ele explicou: “Quando me levanto e sei que meu nome é Almicar Herrera, sei também tudo o que se espera de mim. 
O meu nome diz o que deve ser, o que devo pensar, o que devo falar. 
Meu nome é uma gaiola em que estou preso. Mas se, ao acordar, eu tiver me esquecido do meu nome, terei me esquecido também de tudo que se espera de mim. 
Se nada se espera de mim, estou livre para ser aquilo que nunca fui. Começarei a viver minha vida a partir de mim mesmo e não a partir do nome que me deram e pelo qual sou conhecido”.

Rubem Alves 

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