O que se quer, o que se deseja ter, o que podemos conseguir,
o que consideramos ser o melhor... São tantas as circunstâncias que estamos
expostos dia a dia, que se torna importante uma reflexão mais calma, mais coerente
acerca da ação e a prática de respeitar.
Se o respeito é bom, o respeitar é ainda melhor, aliás,
muito melhor, pois é a ação de se conhecer e entender os limites do outro, não
se esquecendo nunca da importância de respeitar a nós mesmo, de respeitar os
nossos próprios limites.
Todos nós só podemos dar ao outro aquilo que temos. Talvez
seja por isso que muitas pessoas cometem os maiores desrespeitos por aí, pois
não sabem ou fingem não saber respeitar as limitações naturais de cada um de
nós e, ainda que hoje esses limites possam não ser tão evidentes, um dia eles
se tornarão tão óbvios como tinta preta em pano branco.
Um exemplo bastante claro disso é quando alguém estaciona
seu veículo numa vaga para idoso, ou seja, o indivíduo infrator finge não saber
que à medida que os anos passam, a ordem das coisas também sofrem mudanças.
De um modo até mesmo bastante evidente, um dia esse mesmo
indivíduo estará no lugar do outro, ou seja, ele necessitará que o outro não
seja como ele, que o outro aja com respeito, característica que um dia fingiu
desconhecer.
O respeito, contudo, é detentor de uma imensa complexidade,
mas não precisa ser entendido como uma obscuridade, pois a vida é a melhor
escola para nos iluminar e nos ensinar quais as fronteiras que não podem ser
desconsideradas.
Entretanto, apesar de tratarmos de um assunto relativamente
comum a algumas pessoas, as linhas deste artigo não darão conta de esgotar este
assunto, pois é preciso se ter respeito até daquilo que não está sob nosso
controle.
A partida de alguém que queremos ter por perto, a ausência
de recursos financeiros, as limitações físicas advindas pela muita idade, o
casamento de um filho, a viagem de negócios de alguém que acabou de chegar, por
exemplo, são maneiras de se tentar explicar a dimensão da necessidade de se
respeitar.
São tantas as situações que precisamos levar em conta e agir
com respeito, que se torna clara a importância de um olhar mais atento, mais
sensível. inclusive, até mesmo situações como o grito de alguém que está em
momento de tédio, a euforia de uma pessoa diante do nosso “pouco caso”, o mau
humor de algumas pessoas pela manhã e/ou a visão de mundo tão distante da nossa
de um aluno lá da escola que lecionamos precisam e são dignas de respeito
dentro dos limites que também cabem para nós.
O respeito é como um limite que não se pode ultrapassar,
parece que há alguém ali segurando uma placa de “pare”, dizendo chega, aqui é o
limite, é o meu e o seu limite. É claro que há sempre métodos que nos permitem
uma ultrapassagem, mas, tal como num trânsito, se a ultrapassagem é proibida é
porque, no mínimo, há grandes chances de se ter acidentes, os quais podem ser
fatais.
Quantas brigas, discussões, palavras carregadas de
insensatez poderiam ser evitadas se pudéssemos ser capazes de respeitar,
quantos beijos poderíamos dar a mais em nossos filhos se soubéssemos mesmo
considerar seus pontos de vistas, quantas amizades poderíamos ter conquistado
se detivéssemos em nós o poder de oferecer respeito ao outro.
Quantas maravilhas poderíamos fazer se conseguíssemos
respeitar o poder que não temos sobre o viver e o morrer, poder este que está
apenas nas mãos de Deus. Quantas dores de estômago teríamos nos livrado se
respeitássemos o fim de um romance, a transitoriedade de um emprego, a mudança
e o encerramento de um ciclo ao descobrirmos que ele se tratava apenas de
momentos, de momentos que agora estão findos...
É, pelo que se percebe, ainda há muito que aprendermos
acerca do respeito. Estamos falando sobre os muitos limites, aquilo que é a
divisa entre uma extremidade e outras.
Estamos falando acerca da linha de chegada, do encerramento,
da conclusão e da finalização de uma série de circunstâncias que um dia
julgamos ser a condição para sermos plenos, felizes e termos paz, a qual pode
nos acompanhar mesmo que o “mar” esteja, temporariamente, revolto.
Erika de Souza Bueno - Coordenadora Pedagógica do Planeta
Educação
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