O apóstolo João fora viver em Éfeso; velhinho, João não se cansava de repetir os ensinamentos do
Mestre, de quem tinha sido o discípulo predileto.
Desde a adolescência acompanhara o Senhor e na velhice
compreendia sempre melhor que o centro da mensagem dele tinha sido o amor.
É da tradição que o velhinho João, quase não mais conseguindo
falar, repetia o tempo todo: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
Chama a atenção seu ensinamento: Caríssimos, se Deus assim
nos amou, também nós nos devemos amar uns aos outros.
A ordem lógica seria: “Se Deus nos amou tanto, devemos
amá-lo também”. Mas não: para São João, a resposta ao amor de Deus é o amor ao
próximo.
Deus é Amor, portanto não sente necessidade de ser amado.
Ele quer, isso sim, que nós nos deixemos amar por ele, e só!
Porque, sem seu amor, somos incapazes de amar e de viver.
Amor e vida são inseparáveis. O primeiro amor é voltado para
nós mesmos. Diz a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Quem não se ama, não ama.
Quem não se aceita, não aceita os outros.
Quem só vê defeito em si, acaba vendo nos outros apenas
defeitos.
Quem não crê em si, não crê nos outros.
Quem não aceita o próprio corpo, se acha feio, não vê beleza
nos amigos.
As pessoas que não se amam são pessimistas: enxergam tudo
pelo lado negativo.
A jovem que não se ama reclama que não acha namorado. Mas,
como um jovem vai gostar dela, se nem ela se suporta!?
Quanta gente definha na vida por não se amar! Arruína a sua
existência, faz os outros sofrerem, perde a beleza interior e exterior, porque
não se sente amada, valorizada. É um tesouro e julga ser um lixo.
Não consegue amar e, por essa razão, não é amada. Pior
ainda: quem não se ama, não percebe que os outros a amam e rejeita qualquer
amor.
Torna-se uma companhia chata, desmancha prazeres, solitária
e doente...
Os que se amam são seguros, otimistas, alegres, semeiam
alegria, coragem.
São como o mel que atrai as abelhas: onde elas estão mais
gente quer se reunir.
A mãe que se ama, tem filhos felizes, seguros de si.
O jovem que se valoriza, não sente solidão.
O idoso que se ama, vive feliz no seu silêncio, na sabedoria
que a vida lhe deu.
Para evitar esses males, o desperdício da vida, Deus quer
nos comunicar seu amor.
Quando o aceitamos, sentimos a beleza que nós somos,
nosso próprio valor e tornamo-nos capazes de amar os outros e por eles ser
amados.
Posso ter uma imagem negativa de mim, se Deus nada poupa
para me amar?
Como posso não me valorizar se Deus me chama de filho?
Pensemos....
Pe. José Artulino Besen
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