"É bom estar só. É um tempo que precisamos para
organizar pensamentos e sentimentos. Tempo de colocar as ideias para funcionar e
traçar metas e estratégias para levar a vida para frente. Estar só é bom mas não
é coisa fácil. Muitas vezes adiamos aquela sessão com a gente mesma porque a
conversa vai ser muito longa. A verdade é que, estando só, ficamos frente a
frente com nossos defeitos, desejos e pendências. E tudo isso dói, cobra da
gente, nos tira das fantasias e nos joga na real. É que o medo é maior que o
tempo que podemos dar para estar só.
Mas não vamos confundir estar só com sentir-se
só. Estar só é diferente de sentir-se só. Sentir-se só e muito triste. É estar
no meio de uma multidão e ser invisível. É ver as pessoas passando vivendo a
vida e você parada nela. É ver a chuva molhando a terra e não perceber que é
primavera. É caminhar descalça tendo um par de sapatos. Sentir-se só e muito
triste. Triste de dar dó.
Mas estar só, de vez em quando, é bom. É
necessário. Importante para abafar todas as vozes que enfeitiçam, paralisam e
nos escondem de nós mesmas. É preciso se olhar no espelho secreto e reconhecer
quem somos e o que queremos. Sem enganos, sem trapaças, sem medos. Por isso dói.
Dói porque nos obriga a deixar tudo em ordem, definido, sem máscaras.
E arrancar máscaras não é para qualquer um. É
preciso coragem para a gente se despir sem a arte do photoshop. Mostrar a face
sem a maquiagem do disfarce é um ato de bravura. Com tanto tempo de uso a
máscara já se acha dona da face. Aderiu tão fortemente que só a vontade não
basta para desmascará-la. É preciso persistência, força e paciência.
E depois de arrancá-la o que eu coloco no lugar? Qual é meu rosto? Como são meus traços? Nem a gente se reconhece. Nem a gente consegue digitalizar a nossa face. É uma gestação delicada, demorada, dolorida. Mas no final a criatura nasce. Perfeita com suas imperfeições. Linda sem nenhuma maquiagem. Aprimorada arte final. Agora me reconheço. Essa aqui sou eu!"
E depois de arrancá-la o que eu coloco no lugar? Qual é meu rosto? Como são meus traços? Nem a gente se reconhece. Nem a gente consegue digitalizar a nossa face. É uma gestação delicada, demorada, dolorida. Mas no final a criatura nasce. Perfeita com suas imperfeições. Linda sem nenhuma maquiagem. Aprimorada arte final. Agora me reconheço. Essa aqui sou eu!"
Crisbalbueno
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