Enquanto meu corpo se inclina para apanhar as primeiras
folhas do Outono que caem, meu espírito ainda brinca na Primavera, minha alma
se regozija no Verão da vida e o meu ser se prepara para o Inverno.
Hoje, foi um dia em que acordei nostálgica, sentindo
saudades, pensando em pessoas e experiências de meu passado e, também, naquelas
que, embora presentes, o tempo tem se encarregado de efetuar mudanças.
Como todas as manhãs, caminhando pelos jardins e praças da
cidade, contemplei o verde das árvores e senti o frescor da brisa que sempre me
fizeram tanto bem. Inexplicavelmente, enquanto por ali passava, senti os meus
olhos se encheram de lágrimas.
Daquelas árvores tão fortes, as primeiras folhas começavam a
cair. Observei que, ao lado das mais saudáveis, pequenas mudas haviam sido
plantadas em substituição àquelas que não resistiram aos embates do tempo.
Imediatamente, fui levada a uma reflexão profunda sobre a semelhança com o
dia-a-dia da vida do ser humano.
A sistematização das coisas e a mecanização da vida das
pessoas, como nas estações do ano, vão mudando e destruindo os comportamentos
humanos, até exigirem uma providência para uma nova vida.
O amigo já não existe, foge. As faltas já não são perdoadas,
as desculpas já não mais são aceitas. Predominam as desconfianças, as
incertezas, a falta de amor e da amizade. Os bons e nobres sentimentos se
esmaecem. As folhas se secam e perdem a vida nos galhos.
Outono é tempo de substituições. O tempo de desvalorização
de tudo e de todos, e o tempo onde a integridade e a retidão não são
valorizadas precisam cair, como folhas secas e mortas que são. Por pressões do
vento outonal, precisam dar lugar a uma renovação de vida que brotará cheia de
esperanças.
O tempo de desamor é um tempo de início de Outono. Por isso,
chorei...
Daisy Marisa de Ferreira Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário