sábado, 9 de junho de 2012

O Outono e a vida


Enquanto meu corpo se inclina para apanhar as primeiras folhas do Outono que caem, meu espírito ainda brinca na Primavera, minha alma se regozija no Verão da vida e o meu ser se prepara para o Inverno.


Hoje, foi um dia em que acordei nostálgica, sentindo saudades, pensando em pessoas e experiências de meu passado e, também, naquelas que, embora presentes, o tempo tem se encarregado de efetuar mudanças.


Como todas as manhãs, caminhando pelos jardins e praças da cidade, contemplei o verde das árvores e senti o frescor da brisa que sempre me fizeram tanto bem. Inexplicavelmente, enquanto por ali passava, senti os meus olhos se encheram de lágrimas.


Daquelas árvores tão fortes, as primeiras folhas começavam a cair. Observei que, ao lado das mais saudáveis, pequenas mudas haviam sido plantadas em substituição àquelas que não resistiram aos embates do tempo. Imediatamente, fui levada a uma reflexão profunda sobre a semelhança com o dia-a-dia da vida do ser humano.


A sistematização das coisas e a mecanização da vida das pessoas, como nas estações do ano, vão mudando e destruindo os comportamentos humanos, até exigirem uma providência para uma nova vida.


O amigo já não existe, foge. As faltas já não são perdoadas, as desculpas já não mais são aceitas. Predominam as desconfianças, as incertezas, a falta de amor e da amizade. Os bons e nobres sentimentos se esmaecem. As folhas se secam e perdem a vida nos galhos.


Outono é tempo de substituições. O tempo de desvalorização de tudo e de todos, e o tempo onde a integridade e a retidão não são valorizadas precisam cair, como folhas secas e mortas que são. Por pressões do vento outonal, precisam dar lugar a uma renovação de vida que brotará cheia de esperanças.


O tempo de desamor é um tempo de início de Outono. Por isso, chorei...


Daisy Marisa de Ferreira Gomes

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