Nascemos independente da nossa vontade. Mas a vida é um
encanto. E nos encanta.
Os primeiros risos, as primeiras flores, os primeiros
amanheceres, os primeiros anos... as primeiras descobertas. Vamos desbravando a
vida e enfrentando o desconhecido maravilhados.
Então vêm os primeiros nãos. As primeiras quedas, as
primeiras decepções, as primeiras lágrimas que não nos impedem, nem por isso,
de ir em frente.
Mas um dia o desconhecido, o inexplicável, pode tirar nossa
vontade de viver. As perdas, as grandes, aquelas sem volta que, por mais alto e
forte que gritemos, fazem-se de surdas. E a vida perde seu sentido...
Os amanheceres e entardeceres tornam-se uma e a mesma coisa:
enfado. Nos recusamos a ver a luz do dia, o sol que brilha, a vida que palpita,
os pássaros que cantam e as flores que, teimosas, continuam se abrindo em total
indiferença à nossa dor.
E é preciso, nesse momento onde queremos parar mas que a
vida não pára, é preciso reaprender a viver.
Não aceitamos nossas perdas irreparáveis e absurdas, mas
precisamos aprender a viver com elas e apesar delas. E ver a vida com outros
olhos. Talvez, reconhecer de vez nossa pequenez diante do desconhecido. E
reviver. A pequenos passos, tímidos, lentos, tal qual criança que ainda não viu
nada, mas com a sabedoria dos velhos que já sabem que a vida é um poço de
mistérios.
E vamos assim, não importa nossa idade, desbravando
novamente a vida. Vamos sorrir novamente. Ver a luz do dia, olhar nos olhos dos
que ficaram e que estiveram do nosso lado mesmo quando estivemos
temporariamente cegos a tudo o mais. Ver as flores, que nunca desistiram de
viver e experimentar o dia-a-dia, novos gostos dessa nova vida que se oferece a
nós.
Tudo pode ter um fim. Mas todo fim pode ser o início de um
recomeço. E a vida continua linda. E Deus sabe do que precisamos para nos pôr
de pé e Ele nos guia, se nos abandonamos a Ele nessa nova chance de recomeçar.
Letícia Thompson
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