terça-feira, 8 de maio de 2012

Encomenda


Todos os nossos pensamentos e atitudes são como uma encomenda anônima que a gente faz pro destino. Inconscientemente, queremos que nossas ações desencadeiem uma série de acontecimentos cujo roteiro já foi definido na nossa cabeça.
Antes dos dez anos a gente aprende: não é assim.

A gente costuma achar que o mundo inteiro pensa da mesma forma que a gente.
A gente costuma achar que somos amados pelos mesmos motivos pelos quais amamos.
Mas se as rosas que eu jogo ao vento te ferem como flechas, de quem é a culpa? Minha que não é.

Por essas e outras é que as pessoas vivem doentes, na incessante busca pelos cem por cento de satisfação.
A gente apelida essa utopia de ‘amor perfeito’, de ‘amor de verdade’ e de inúmeras coisas, como se o amor – puro e simples – não fosse o bastante.
E o amor – simples, sem adereços – já é tão complexo, tão raro, que muitos que conheço já se aproximam dos trinta sem saber o que é.

A gente ama e, inconscientemente, encomenda um amor igual.
O que nos bate a porta não é menor, não é pior, é diferente.
É o amor que um outro alguém construiu, esperando receber em troca um espelho do que sentia.

******
Eu sei muito bem, a raiva que dá
A gente soca as paredes sem se importar
Mas o que é que nos faz quebrar a cara de novo,
e de novo, sem jamais desistir?
Eu sei muito bem, mas não sei procurar,
A gente compra, troca, finge, mas jamais quer ficar...
Olhamos pra quem nos quer como quem já não quer mais
E tudo que a gente quer é ser deixado em paz.

Mas a noite vem,
E tira de nós
Lágrimas dos olhos, e o brilho da voz
De tanto gritar até a garganta sangrar
A gente fecha os ouvidos
pra voz que não quer calar, e ela diz:

Eu preciso, você também.
Todo mundo precisa de alguém.

desconheço o autor

Nenhum comentário:

Postar um comentário