quinta-feira, 31 de maio de 2012

Em nome do pai, do filho e... do amor



Dizem nossos avós que tempos bons foram aqueles vividos quando eram ainda crianças, quando um fio do bigode tinha mais valor que a própria palavra.

É certo que não existia tanto diálogo entre pais e filhos como nos dias atuais, ou pelo menos as conversas não eram tão abrangentes, a ponto de se referirem a sexo, drogas, bebidas, religião, esportes etc. Falava-se mais amiúde sobre estudo, trabalho e casamento, embora o estudo ficasse por desígnio do respeitado professor; o trabalho, por conta do lastro monetário familiar, e o casamento, Deus é que sabia, pois dando certo ou não o casal vivia junto, na felicidade ou na desavença, até que a morte os separasse.

Enfim, no que tange à palavra respeito, considero que nossos avós, ou o povo mais antigo se preferem assim dizer, foram felizes cada qual a seu modo. Aliás, é procedente dizer que “ os tempos mudaram “, se fizermos uma análise dos anos 90 e da atual década de 2000. Os tempos mudaram mesmo, consistentemente ! Uma garota era beijada pela primeira vez por volta dos 18 anos, hoje aos 12 ela é quem beija o garoto. A virgindade dos homens ia, exceto casos mais ousados, até os 20 anos aproximadamente, hoje, salvo raras exceções, com 15 anos o jovem conhece o corpo feminino pelo avesso.

As drogas estão aí pelas calçadas do mundo e a bebida é condição “ sine qua non” para que a moçada participe das baladas, apimentadas por uma sensualidade quase sempre vulgar ao ritmo do funk.

Mas o propósito desta crônica não é relatar as mudanças de comportamento dos jovens, mas sim desmitificar o fato de que hoje todos perderam o respeito e o reconhecimento pelos mais velhos, principalmente no que tange à gratidão entre filhos e pais. Dias atrás, presenciamos uma cena digna de louvor relacionada a respeito, amor e gratidão de um filho pelo seu pai. Este, daquele tipo machão, que costuma falar grosso e alto, estopim curto, sempre dono da última palavra. Aquele, o filho moderno na dosagem certa, bebe socialmente, foge de drogas e ama andar a cavalo.

Foi numa manhã e o ar ainda frio impedia que o carro do pai desse partida ao motor. Uma, duas, três vezes, tenta que tenta e nada. Tendo que abrir seu estabelecimento comercial, ele chama o filho para dar uma olhada no motor . Lá vem o meninão. Fuça aqui, fuça ali, depois de uma meia hora eis que o carro funciona. O jovem entra no bar e diz : – Pronto, pai, tá feito ! Ao que o homem durão pergunta : – Quanto lhe devo ? E o filho responde: – Já está pago há muito tempo...

A frase curta e seca, dita de pronto pelo filho, repleta de gratidão e respeito, só podia mesmo arrebentar o íntimo do pai durão e estopim curto, que costuma falar grosso, mas naquele instante nada pode dizer com os lábios, já que a alma de pai roubou a palavra, e falou pelos olhos, embargados num misto de emoção ...e alegria!

Hélio França

Nenhum comentário:

Postar um comentário