Dizem nossos avós que tempos bons foram aqueles
vividos quando eram ainda crianças, quando um fio do bigode tinha mais valor que
a própria palavra.
É certo que não existia tanto diálogo entre pais e filhos como nos dias atuais, ou pelo menos as conversas não eram tão abrangentes, a ponto de se referirem a sexo, drogas, bebidas, religião, esportes etc. Falava-se mais amiúde sobre estudo, trabalho e casamento, embora o estudo ficasse por desígnio do respeitado professor; o trabalho, por conta do lastro monetário familiar, e o casamento, Deus é que sabia, pois dando certo ou não o casal vivia junto, na felicidade ou na desavença, até que a morte os separasse.
Enfim, no que tange à palavra respeito, considero que nossos avós, ou o povo mais antigo se preferem assim dizer, foram felizes cada qual a seu modo. Aliás, é procedente dizer que “ os tempos mudaram “, se fizermos uma análise dos anos 90 e da atual década de 2000. Os tempos mudaram mesmo, consistentemente ! Uma garota era beijada pela primeira vez por volta dos 18 anos, hoje aos 12 ela é quem beija o garoto. A virgindade dos homens ia, exceto casos mais ousados, até os 20 anos aproximadamente, hoje, salvo raras exceções, com 15 anos o jovem conhece o corpo feminino pelo avesso.
As drogas estão aí pelas calçadas do mundo e a bebida é condição “ sine qua non” para que a moçada participe das baladas, apimentadas por uma sensualidade quase sempre vulgar ao ritmo do funk.
Mas o propósito desta crônica não é relatar as mudanças de comportamento dos jovens, mas sim desmitificar o fato de que hoje todos perderam o respeito e o reconhecimento pelos mais velhos, principalmente no que tange à gratidão entre filhos e pais. Dias atrás, presenciamos uma cena digna de louvor relacionada a respeito, amor e gratidão de um filho pelo seu pai. Este, daquele tipo machão, que costuma falar grosso e alto, estopim curto, sempre dono da última palavra. Aquele, o filho moderno na dosagem certa, bebe socialmente, foge de drogas e ama andar a cavalo.
Foi numa manhã e o ar ainda frio impedia que o carro do pai desse partida ao motor. Uma, duas, três vezes, tenta que tenta e nada. Tendo que abrir seu estabelecimento comercial, ele chama o filho para dar uma olhada no motor . Lá vem o meninão. Fuça aqui, fuça ali, depois de uma meia hora eis que o carro funciona. O jovem entra no bar e diz : – Pronto, pai, tá feito ! Ao que o homem durão pergunta : – Quanto lhe devo ? E o filho responde: – Já está pago há muito tempo...
A frase curta e seca, dita de pronto pelo filho, repleta de gratidão e respeito, só podia mesmo arrebentar o íntimo do pai durão e estopim curto, que costuma falar grosso, mas naquele instante nada pode dizer com os lábios, já que a alma de pai roubou a palavra, e falou pelos olhos, embargados num misto de emoção ...e alegria!