segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Procura...

Procura...


"Procuro sinais de algum amor teu. Vestígios de noites passadas.
Tu não me vês, estou incógnita a te observar. Como sempre estive, olhando pelas janelas, de longe, coração apertado.
Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências. Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos, e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos.
Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris. Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não.
Difícil saber. Bato minhas asas em retirada.
Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira.
À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro.
Porque tu és o único que habita a minha solidão."

 
                                              
“E mesmo estando rodeado de pessoas, insisto em me sentir sozinha. Me falta algo, me falta alguém,
me falta você.”

Caio Fernando Abreu

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