Um chefe de família ganhou um cacho de uvas, luzidias, frescas e exuberantes.
Imediatamente lembrou-se de oferecê-lo à sua mulher.
Esta o colocou num lindo prato de porcelana rosáceo e, levando-o à mesa de refeições, entregou-o ao filho mais velho que, gentilmente, repassou-o à irmã caçula.
Aninha sentiu-se tentada a degustar aquelas convidativas uvas roxinhas, mas devolveu-as ao pai, pois entre eles atitudes fraternas eram comuns.
O rosto iluminado daquele senhor revelava que a alegria em recebê-lo de volta fora bem maior da que sentiu quando o ganhara pela primeira vez.
Distribuiu as apetitosas uvas entre todos, dizendo que podemos partilhar e sermos generosos se esquecermos de nosso egoísmo.
Lembrei-me desta história antiga, transmitida pela tradição oral, de fundo religioso, quando podamos uma parreira, na lua nova do último agosto, época recomendada pelos mais velhos como a mais apropriada.
Lembrei-me desta história antiga, transmitida pela tradição oral, de fundo religioso, quando podamos uma parreira, na lua nova do último agosto, época recomendada pelos mais velhos como a mais apropriada.
A planta, da espécie das trepadeiras, de caule resistente, teve o excesso de ramos retirado, descartando-se os fracos, os curtos ou mal posicionados.
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Agora, nossa videira encontra-se sem folhas, com galhos secos, tronco retorcido, aparentando estar sem nenhuma vitalidade.
O bonito é o que não se vê pelos olhos mas se intui pela experiência: ela guarda dentro de si a seiva que energizará seus ramos, com a chegada da primavera.
Para o Natal, deverá estar transbordando de vigor, verdejante, totalmente coberta com folhas grandes, de cinco pontas, que sombrearão todo o espaço sob ela.
Estará carregada de cachos de uvas pendentes, no auge da maturação, com sua inconfundível cor roxa, as bagas redondas, viçosas, talvez miúdas e não muito doces, mas atraentes e saborosas.
Não mais um único cacho para ser repartido na família, mas inúmeros deles, dispostos em louça antiga, de origem italiana.
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Reunidos à mesa, todos poderão saborear as deliciosas e aromáticas uvas, sem esquecer de que há mais prazer em dar do que em receber.
Nossas Letras/ Letras, Arte e Cia / Maria Rita Liporoni Toledo
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