quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Fragmentos - Martha Medeiros

 


Quando sentávamos lado a lado em algum lugar para apreciarmos uma paisagem ou para lermos um livro ou simplesmente para batermos um papo, eu achava que tinha morrido e ido para o céu.

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É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo - tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes. É a morte experimental: um ensaio para você saber o que significa a morte ainda estando vivo.

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Mas, por ora, não existe futuro, não existe passado, não existe o tempo, eu olho a chuva pela janela e ela existe lá fora, eu não existo aqui dentro.

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Deixe de colocar sua felicidade na mão dos outros. Comece um caso de amor consigo mesmo.

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Simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.

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Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei.

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A verdade é que o que dizemos não tem tanta importância. Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. O que você diz - com todo o respeito - é apenas o que você diz.

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Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.

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Eu merecia um prêmio pela bofetada que fingia não estar levando.

Martha Medeiros

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