quarta-feira, 20 de março de 2013

A ausência do pai na educação dos filhos

Tiveram um filho. O pai estava orgulhoso e trabalhava muito. Não podia perder tempo porque era necessário sustentar a família. Era preciso ganhar dinheiro e essa era a sua principal missão. Não tinha a menor dúvida disso. Se ele a conseguisse cumprir, tudo correria bem e a família seria feliz.

E o pequeno foi crescendo. «Pai, algum dia quero ser como tu. Podes ajudar-me nos trabalhos de casa?». «Gostaria muito, meu filho, mas hoje não é possível. Tenho muito que trabalhar. 
Quando tiveres a minha idade já verás. A vida não é nada fácil. Mas não te preocupes, porque daqui a algum tempo teremos um pouco mais de dinheiro e eu, um pouco mais de tempo. 
Agora pede à tua mãe. Ela tem mais jeito do que eu para essas coisas».

No dia em que o rapaz fez treze anos agradeceu ao pai: «Obrigado pela bola de futebol. Podemos jogar os dois?». «Infelizmente, hoje não pode ser. Tenho muito que trabalhar. 
Mas o que não vão faltar são oportunidades». «Que pena, pai. Mas não importa. Um dia quero ser como tu. Quero aprender a trabalhar muito».

Anos mais tarde, o filho regressou da universidade. Já era um homem responsável. «Filho, estou orgulhoso de ti. Vamos dar um passeio e falar com calma». «Hoje não posso, pai. Tenho compromissos inadiáveis». «Não importa. Ocasiões não nos vão faltar. Daqui a pouco entro na reforma e vai-nos sobrar tempo para conversarmos com serenidade».

Um tempo depois, o pai aposentou-se e o filho, já casado, vivia numa casa das redondezas. Resolveu telefonar-lhe: «Filho, gostaria muito de estar contigo». 
«Seria ótimo, pai, mas neste momento estou com a corda no pescoço. Tenho trabalho até à ponta dos cabelos que, por sinal, já estão a ficar brancos. 
Quando isto passar, tenho a certeza de que não nos vão faltar oportunidades para pormos a conversa em dia». 
Ao desligar o aparelho, o pai deu-se conta de que o filho tinha cumprido o seu desejo. 
Era igual ao seu pai.

Nos dias de hoje, um dos maiores problemas na educação dos filhos é a ausência do pai. 
A educação, para ser equilibrada, necessita dos dois progenitores. A presença paterna na família é diferente e complementar à materna. 
A falta de um modelo na educação, masculino ou feminino, implica quase sempre um desequilíbrio naquele que é educado.

À juventude atual, parecem faltar valores que naturalmente compete ao pai transmitir. 
Como diz I. Iturbe, se a educação dos filhos fosse comparada a um filme, poderíamos dizer que o pai converte-se no principal protagonista ao chegar o delicado momento da adolescência. Os filhos tendem a prestar-lhe mais atenção, especialmente se são rapazes. Sentem nesse momento uma certa confusão e desorientação. 
Necessitam de um apoio firme e seguro. É isso que procuram no seu pai: um modelo com o qual possam identificar-se. 
Se o pai está ausente, outros modelos virão ocupar esse vazio, com grande probabilidade de não serem modelos propriamente exemplares.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria


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