sábado, 12 de janeiro de 2013

Organize o luto...

Não se apresse em forjar as respostas para suas perguntas. 
Tenha paciência com suas circunstâncias. 
[...]
É, meu jovem amigo, a Filosofia é quase nada perto da sedução da simplicidade. 
Há mais encanto nos gestos, nas flores, que nas formulações elegantes que nossas palavras são capazes de produzir. 
Desculpe-me pela ousadia, mas, muito mais que receber respostas para sua dor, do que você verdadeiramente precisa é aprender a perder. 

Eu sei que não é fácil, mas é um caminho que você não poderá evitar. 
Se quiser recomeçar a sua vida de um jeito certo, terá de reconhecer que a batalha está perdida. 
Sem medo, tenha a coragem de se reconhecer perdedor. 
Não permita que esta derrota lhe retire a coragem de enfrentar novos desafios. A vida continua. 

Organize este luto. Há sepultamentos que são necessários para o prosseguimento da vida. 
Não prolongue no tempo o sofrimento. Não seja orgulhoso. 
Assuma a perda de forma criativa. A perda sofrida pode se transformar num ganho. 
É só permitir que dela você receba os ensinamentos. 

Semente que não aceita morrer não pode reproduzir frutos. É a regra vegetal a nos propor um jeito sábio de viver. 
Diante desse sofrimento, há um jardim de ensinamentos que precisa ser cultivado. 
Desculpe-me falar tanto de jardins, jardineiros e floristas. Sei que isso aguça ainda mais a sua angústia. 
Não se preocupe, olhar de frente o nosso inimigo já é um recurso que nos ajuda a desvanecer sua força. 

Os fantasmas só deixam de nos assombrar no dia em que fixamos neles os nossos olhos. 
Os fantasmas sobrevivem é do nosso medo. Somos nós que os alimentamos. 

Meu caro, eu vou ficando por aqui. Agora quem pede uma resposta sou eu. Estou curioso para saber apenas uma coisa. Em algum momento, naqueles breves dias de convivência, você lhe ofereceu flores?  

"Só as flores respondem o que as palavras ainda não sabem perguntar."

Pe. Fábio de Melo

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