terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Na paz não pode haver medo

 
Quem não passou pela experiência da angústia? Ou não perdeu o sentido da paz pessoal, da paz interior? E então lamentou: «Perdi a paz»!?
Não se pode confundir paz com ausência de problemas. Paz com panos quentes. Paz como sinônimo de distância de dificuldades.
Há dois tipos de paz: a paz da lama e a paz que vem de Deus.

Todos conhecem a lama, o pântano. Num dia de sol, olhando-se por cima, a lama nos apresenta uma visão de luz: ela reflete os raios do sol. Se olharmos para dentro dela, porém, veremos quantos vermes e matéria em decomposição estão escondidos, como uma bela sepultura que esconde um corpo putrefato. A paz da lama é a paz que vem do medo, da covardia de enfrentar a vida. Se meu adversário é mais forte do que eu, calo me, dou lhe as mãos. Mas o ódio continua em mim. Se o problema me amedronta, fujo dele, finjo que não existe. Mas ele continua, recolhido, num dia voltando com força total. Para que na minha casa não haja discussões, finjo nada ver, deixando cada um fazer o que bem entende. Até passo por bonzinho, compreensivo. Mas o câncer do mal vai se alastrando…

Não é essa a paz a que devemos aspirar e, sim, a paz que Jesus nos veio trazer: a paz fruto da verdade, do amor, da busca do bem, do bom combate.

A paz fruto da justiça, da reta remuneração do trabalhador, do pleno emprego, do respeito às minorias, do perdão nunca negado. Paz sem justiça é paz garantida pela força. Não é paz: é medo!

Jesus disse que seu Reino sofre violência, que só os fortes o possuirão. Quis nos prevenir que a luta faz parte da busca da amizade com Deus, com as pessoas, mesmo as mais queridas, do enfrentamento ativo dos problemas. A busca da justiça pode até provocar gestos violentos dos injustiçados. Nela o mal é vencido numa guerra sem descanso. Uma guerra diferente: conduzida por amor. Nela gastamos energias, pois sabemos que é uma luta pelo bem.

Uma família unida, sadia, é fruto do diálogo, da exigência, do combate ao egoísmo. Somente quem não ama contempla o outro se encaminhando para o precipício e nada faz.
As exigências do amor às vezes provocam sofrimentos, incompreensões. São como cirurgia: dói, dá medo, e depois traz saúde.
Quem foge da dificuldade não terá a paz verdadeira. O covarde não conhece o sabor da paz fruto do perdão, da verdade, da justiça. A ressurreição de Cristo foi posterior à prisão, flagelação e morte.

A paz que Jesus nos oferece é fruto da busca incansável da verdade, no amor.

Vivamos na Paz que é posse do amor de Deus e que transborda em amor ao próximo.

Pe. José Besen

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