quinta-feira, 30 de julho de 2015

Família: a Escola e o Hospital mais perto



Durante a sua viagem à América Latina, o Papa Francisco quis falar da família logo no primeiro país que visitou, o Equador. Uma abordagem em sintonia com a realização do Sínodo da Família, em Outubro. Fê-lo de um modo brilhante e carinhoso, colocando diversas questões e desafios.

Ficou célebre a sua frase: «a família é o hospital e a escola mais perto», explicando que é na família que cada pessoa pode ser ajudada e socorrida, com amor e carinho, em tempos difíceis, como é na família que se aprende a viver, a amar, a servir, a ter atitudes boas e justas.

Se a família é boa, com critérios e valores éticos, o amor vai fazer que haja união e paz, que não haja ninguém 'descartável', que as crianças não sejam desprezadas e tenham carinho, que os idosos não sejam colocados a um canto e recebam amor, que os esposos se estimem, amem, ajudem.

Lembro-me de um acontecimento que vem a propósito da história que o Papa contou acerca da sua mãe, dizendo que quando lhe dói um dedo, lhe doem todos; quando um filho anda mal, parece que todos a fazem crescer na atenção, no amor, na dedicação. Mas vamos ao acontecimento que desejava contar.

Estava eu à mesa com várias pessoas amigas e de família, quando uma médica nos disse: «Perguntei a uma paciente minha, mãe de vários filhos, de qual deles gostava mais. A mãe de família, simples e modesta, mas cheia de sabedoria e de experiência, respondeu: 'do filho que está doente e do que tarda em casa'». 
Seja ele qual for, mais novo ou mais velho, mais esperto ou menos, mais bonito ou mais feio, pouco importa: «ama o que está doente, seja ele qual for, e o que tarda em chegar a casa, porque não dorme sem o ouvir chegar». Que resposta maravilhosa e sábia. Que encanto! É assim o amor quando é verdadeiro.

A família, se é mesmo família, unida e com paz, espaço onde há carinho, diálogo, respeito, amor, é o hospital mais perto, pois todos se unem a tentar curar dores e feridas, sofrimentos e tempestades, situações difíceis. E é a escola mais perto, onde o amor faz viver e aprender a riqueza das relações justas, sinceras, delicadas, carinhosas.

Mas hoje damo-nos conta que há muitas famílias sem pão e sem amor, sem paz e sem diálogo, sem carinho e sem meios que ajudem a crescer na estima e na alegria. Há 'cancros familiares' gerados pelo adultério, pela falta de diálogo, pela falta de atenção e carinho de uns com os outros. 'Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão' afirma o adágio popular.

Sem emprego e sem ordenado justo, como pode haver paz e alegria, carinho e doação mútua? 
Sem respeito e delicadeza entre o pai e a mãe, como podem os filhos crescer no amor e no desejo de serem bons? 
Se os idosos da casa são colocados de lado e desprezados, como podem os jovens da família crescer na estima e no amor para com eles?

'Casa de pais, escola de filhos' afirma outro sábio provérbio popular. E todos constatamos que é mesmo assim. A família é o hospital e a escola mais perto. 
Um lar em harmonia é um dom precioso. O amor floresce como as flores e exala perfume.

Vamos esquecendo muitas vezes que família que não reza, não é 'igreja doméstica' viva, unida, em harmonia e dedicação. 
Se Deus está presente, tudo se renova e vivifica, há mais paz, mais amor, mais verdade. 
Há mais alegria, mais encanto, mais força para amar e servir, mais capacidade de diálogo e de perdão. 
O Deus que é Amor vai fazendo maravilhas no seio da família.
Dário Pedroso, s.j.

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