segunda-feira, 4 de agosto de 2014

My way: as cicatrizes também podem indicar novos caminhos


A felicidade se define melhor como estar do que como ser. E ela está mais no jeito de ir do que no de chegar, de concluir. Mesmo porque, enquanto vivemos, sempre haverá aonde chegar. 

Amar a corrida e não a linha de chegada. Sem necessariamente abrir mão do coração, cujos caminhos são mais complexos que os caminhos do andar que se faz ao andar. 
Na verdade, não é fácil botar um cabresto nos nossos desejos, subordinando-os ao receituário da razão. E razão convincente; e consequente. 
Também não vale empacar, recusando-nos, radicalmente, a determinadas posições, mesmo sendo válidas. Tampouco não fazer nada. 
Na prática, ora os caminhos se apresentam largos, ora estreitos; ora trilhas, veredas. “Per aspera ad astra”. Por caminhos ásperos se vai até às estrelas.

Tropeçando. Descansando e recomeçando. 
Treinando, ensaiando, escrevendo a vida. 
Aliás, a vida de cada pessoa sempre dá um livro. E livro único, que jamais se repete. Sem poder rasurar nem passar a borracha. 
Mas vivendo e aprendendo. 
Semeando e colhendo. 

Para tudo há que haver um caminho. E com jeito vai. Mas evitando apelar para o jeitinho, essa praga que está na raiz da nossa cultura. 
Também sem quebrar o galho, numa pseudo solução, expressão antiecológica até no nome.

Enquanto caminhamos, temos vida. Não importa tanto o que se faz. A maneira como se faz é que interessa. Competir consigo mesmo na caminhada em busca do aperfeiçoamento. 
Não existe perfeição entre os humanos. 
Nem nos grandes santos nem nos maiores empreendedores. 
Nem nos gênios. Em ninguém. Ninguém, absolutamente ninguém, é dono da verdade.

Mapa, GPS, pontos cardeais, bússola. Setas. Satélite. Guia turístico. 
É triste a paisagem de um rio seco. 
Mas, mesmo assim, desprovido das águas, seu leito ainda serve de caminho pela trilha batida. 

As cicatrizes também podem indicar novos caminhos. 
A soma de momentos fugazes de gozo não agrega felicidade. 
Importa fazer felicidade, e fazer, da felicidade, “my way”.

Antônio de Oliveira

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