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sábado, 22 de junho de 2013

Acontece com qualquer um

Ela estava insatisfeita com pequenos detalhes e se calou. Fingiu não ver o que a incomodava, pensou ser uma fase ruim. 

O tempo passou. 
A distância entre eles aumentou. 
Os compromissos sempre em primeiro lugar. 
A falta de tempo era a desculpa mais usada para justificar a ausência. 

Culpa de quem? Da modernidade? Dele? Dela? 
Não sei dizer. Só sei que o coração já estava aflito, muito aflito. Ela já não tinha forças para fazer mais nada. 

Estava cansada de lutar. Falar mais o quê? Sentimentos não podem ser cobrados como se fossem contas a pagar. 
Aonde foi parar aquele amor? Aonde será que se escondeu aquele homem por quem ela se apaixonara? E a euforia dos reencontros? A ansiedade pela chegada dele?

A saudade estava doendo tanto que até lhe faltava o ar. 
Era uma saudade de momentos que se perderam no tempo. 

Fisicamente, ele estava ali, mas o olhar não a buscava mais com a mesma urgência de antes. 
A razão o fez cego. 

Ela se deixou levar pelas ocasiões e foi conivente com o comodismo. O amor? 

Este pede pausa para descanso. 
Preferiu esperar pela recuperação da morada: o coração. 

Os mortais tentam se reencontrar nesse caos. 
Lutam para desembaraçar os seus caminhos. Desistir? Jamais! 

Desistir de nós mesmos, do amor é o mesmo deixar de viver. 
Respire, levante o olhar e permita que a vida retire o véu que confunde sua alma.

Aline Cabral  - Nossas Letras